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A IMPORTÂNCIA DA EFICÁCIA DO SISTEMA PENAL PARA A

PRISÃO APÓS CONDENAÇÃO EM SEGUNDA INSTÂCIA PRISON AFTER CONDEMNATION IN SECOND INSTANCE

4. A IMPORTÂNCIA DA EFICÁCIA DO SISTEMA PENAL PARA A

SOCIEDADE.

A decisão do Supremo Tribunal Federal, redundou em um novo modelo de assegurar a punição em face daqueles que cometem crimes e não respondem por eles, em virtude da morosidade do sistema jurisdicional em aplicar a pena. Além, claro, de pôr fim a indústria dos recursos em caráter meramente protelatório, visando uma possível prescrição punitiva, enquanto o acusado responde pelo crime em liberdade, tendo uma vida normal, como se não houvesse praticado nenhum fato delitivo contra a sociedade. A infinidade destes recursos respalda-se no princípio de presunção de inocência, garantido constitucionalmente.

Porém, o princípio da presunção de inocência é assegurado até o segundo grau, com o devido processo legal, a ampla defesa e o contraditório, ou seja, vindo o réu a ser condenado em segunda instância, poderá cumprir a pena por lhe restar apenas o recurso especial e extraordinário, ambos sem efeito devolutivo,

possibilitando, desta forma, que a sentença seja cumprida, enquanto o recurso é julgado.

Deste modo, o indivíduo não será considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória, mas se foi condenado por duas vezes, sendo inclusive a segunda por um órgão colegiado, deve-se imediatamente iniciar o cumprimento de sua pena privativa de liberdade, enquanto mantem o seu direito constitucional de recorrer e demonstrar sua inocência.

A ineficácia da justiça tem tirado o sono dos brasileiros há muitos anos, por verem fatos que nunca se resolveram ou que mesmo tendo sido resolvidos com sentenças em sentido condenatório, o acusado não sofreu a penalidade prevista na lei, em razão de múltiplos recursos, com desígnio de apenas alongar a ação penal, resultando em possível prescrição do direito do Estado em punir o delinquente,

trazendo o sentimento de insegurança e impotência para a sociedade, que não vê a justiça ser aplicada de forma eficaz.

O ilustre Ministro Teori Zavascki, ao proferir seu voto durante o julgamento do Habeas Corpus 126.292/SP, deixou claro que a grande quantidade de recursos, meramente protelatórios, representa um mecanismo inibidor da eficácia da jurisdição penal:

(...) isso significa que os apelos extremos, além de não serem vocacionados à resolução de questões relacionadas a fatos e provas, não acarretam a interrupção da contagem do prazo prescricional. Assim, ao invés de constituírem um instrumento de garantia da presunção de não culpabilidade do apenado, acabam representando um mecanismo inibidor da efetividade da jurisdição penal. (BRASIL, Supremo Tribunal Federal, 2016).

Já o ilustre Ministro Luís Roberto Barroso explanou exemplos, citando casos concretos, da morosidade da justiça, resultado da infinidade de recursos da defesa:

(...) alguns exemplos emblemáticos auxiliam na compreensão do ponto. No conhecido caso “Pimenta Neves”, referente a crime de homicídio qualificado ocorrido em 20.08.2000, o trânsito em julgado somente ocorreu em 17.11.2011, mais de 11 anos após a prática do fato. Já no caso Natan Donadon, por fatos ocorridos entre 1995 e 1998, o ex Deputado Federal foi condenado por formação de quadrilha e peculato a 13 anos, 4 meses e 10 dias de reclusão. Porém, a condenação somente transitou em julgado em 21.10.2014, ou seja, mais de 19 anos depois. Em

caso igualmente grave, envolvendo o

superfaturamento da obra do Fórum Trabalhista de São Paulo, o ex-senador Luiz Estêvão foi condenado em 2006 a 31 anos de reclusão, por crime ocorrido em 1992. Diante da interposição de 34 recursos, a execução da sanção só veio a ocorrer agora em 2016, às vésperas da prescrição, quando já transcorridos mais de 23 anos da data dos fatos. (BRASIL, Supremo Tribunal Federal, 2016).

Deve-se levar em consideração que pessoas são assassinadas, roubadas, sofrem abusos sexuais e muitas vezes os autores desses delitos não respondem por simplesmente nada, em decorrência da vagarosidade na aplicação da pena.

Os crimes acontecem e os culpados não são responsabilizados, desde o crime de homicídio aos crimes de corrupção que se alastram por todos os setores do país.

5. CONCLUSÃO

Como demonstrado no decorrer deste artigo, o inicio do cumprimento da pena privativa de liberdade após sentença em segunda instância, em sentido condenatório, não viola a Constituição Federal e o princípio da presunção de inocência, pois este princípio é respeitado em primeiro e segundo grau.

Desta forma, parece mais razoável e adequada a possibilidade de prisão antes do trânsito em julgado da sentença penal condenatória, não sendo o princípio da presunção de inocência negligenciado. Portanto conclui-se que este princípio no âmbito da prisão após condenação em segunda instancia é uma medida de peso em uma balança, juntamente com o interesse da coletividade em ver os alegados culpados por provas de fato e de direito (sendo assegurado sempre o devido processo legal, o contraditório e a ampla defesa), cumprindo as suas penas, não deixando brechas para a impunidade daqueles que realmente cometeram os crimes e assim foram condenados em segunda instância, por um juízo colegiado e competente.

Desta forma, o réu deve imediatamente iniciar a pena pelo crime que foi condenado, ainda que pendente recurso especial ou extraordinário, impedindo que esse recurso suspenda a execução da pena. Os recursos extraordinário e especial visam resolver problemas de caráter mais amplo, que atingem toda a sociedade, não casos particulares que nada tem a acrescentar quanto ao âmbito constitucional e federal. 6. REFERÊNCIAS https://stf.jusbrasil.com.br/noticias/392095806/stf-admite-execucao-da-pena-apos- condenacao-em-segunda-instancia https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/14715763/habeas-corpus-hc-84078-mg https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/22217631/habeas-corpus-hc-237762-sp- 2012-0064930-6-stj?ref=juris-tabs

NUCCI, G. de S. Manual de processo penal e execução penal. 15. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Forense, 2018.

http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=310153 http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4697570

XV ERIC – (ISSN 2526-4230)