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3 Usos dos Espaços Verdes Urbanos

Critério 3.1 Área de Influência

DESCRIÇÃO

A população residente na área de influência do espaço verde representa o grupo principal de potenciais frequentadores desse espaço. A “área de influência” indica a relação entre o número de residentes no local e o tamanho da área verde. O número de residentes na área de influência por m2 pode indicar o uso potencial, mas também a potencial pressão de actividades humanas no espaço verde e consequentemente uma forte influência na qualidade de vida do bairro.

INDICADOR: Número de potenciais utentes por espaço verde urbano (residentes por m2)

ANÁLI

S

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Método:

Dadas as dimensões deste espaço, a população potencial pode considerar-se como sendo a do concelho de Lisboa.

Fontes:

• Dados do INE sobre a população da Área Metropolitana de Lisboa – Instituto Nacional de Estatística – (INE 2001, www.dgaa.pt/livro/pdf/cap_07_01.pdf)

Benchmark:

Segundo Magalhães (1992) um parque Sub-urbano, com características semelhantes às do Parque Florestal de Monsanto, tem como população base 250 000 habitantes e como utentes potenciais a população urbana e eventualmente a população da região.

Na avaliação deste indicador propõe-se que o número de potenciais utentes não seja superior à área do espaço verde a dividir por 6 m2.

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AVALI

AÇÂO

Informação recolhida:

O Parque Florestal de Monsanto é uma vasta área com cerca de mil hectares (765,8 hectares de área útil).

A área de influência deste parque é nitidamente superior à proposta pelo indicador, de 500 m ou 5 minutos a andar a pé. Por um lado, raramente as pessoas se deslocam a pé a este espaço. Por outro lado, devido às suas dimensões e à quantidade de equipamentos que possui, este espaço atrai pessoas de toda a cidade de Lisboa e mesmo de fora do concelho. A população do concelho de Lisboa é, segundo o senso de 2001 do INE, de 564 657 habitantes, que se deslocarão, mais frequentemente, ao Parque Florestal de Monsanto e constituirão a sua população potencial. Contudo, a população da área da Grande Lisboa também frequenta, por vezes, este espaço, embora com menor regularidade.

Na avaliação deste indicador propõe-se que o número de potenciais utentes não seja superior à área do espaço verde a dividir por 6 m2, o que resultaria em 1 276 333 potenciais utentes.

Constata-se que a população utente potencial é inferior à aconselhada (564 657 < 1 276 333). Contudo, se considerarmos a população correspondente à Área Metropolitana de Lisboa (2 662 949 habitantes (INE 2001, www.dgaa.pt/livro/pdf/cap_07_01.pdf)) esta é já superior, embora nem toda frequente, na verdade, o Parque Florestal.

Relativamente à proposta de Magalhães (1992) (250 000 habitantes) verificamos que se considerarmos a população do concelho como a população potencial deste espaço, temos cerca do dobro de utentes potenciais.

Disponibilidade de dados:

O Directa X Indirecta O Indisponível

Observações:

A área de influência deste parque é nitidamente superior à proposta pelo indicador, de 500 m ou 5 minutos a andar a pé.

AVALIAÇÃO DO CRITÉRIO

OBSERVAÇÕES:

Na Alemanha recomenda-se que cada cidadão tenha 6m2 de espaço verde à sua disposição e a uma distância de 500m. Inversamente, o tamanho do espaço verde disponível dividido por 6m2 dará o máximo de habitantes que devem viver em redor do espaço verde no sentido de cumprir a exigência de 6 m2 por residente, o que pode ser definido como a sua capacidade de carga. A população que vive a 500m de distância é a chamada população da área de influência. Esta população é provavelmente a que mais frequenta o local e deve constituir o público-alvo dos questionários. As escolas também devem estar representadas na área de influência bem como a vida comercial existente, uma vez que pode ser útil para ajudar a custear a manutenção do espaço. A área de influência é um conceito particularmente importante para compreender o potencial desempenho dos espaços verdes.

AVALIAÇÃO:

A área de influência deste parque é nitidamente superior aquela proposta pelo indicador, de 500 m ou 5 minutos a andar a pé. Por um lado, raramente as pessoas se deslocam a pé a este espaço. Por outro lado, devido às suas dimensões e à quantidade de equipamentos que possui, este espaço atrai pessoas de toda a cidade de Lisboa e mesmo de fora do concelho. A população do concelho de Lisboa é, segundo o senso de 2001 do INE, de 564 657 habitantes, que se deslocarão, mais frequentemente, ao

Parque Florestal de Monsanto e constituirão a sua população potencial. Contudo, a população da área da Grande Lisboa também frequenta, por vezes, este espaço, embora com menor regularidade.

Conforme o benchmark proposto (Magalhães, 1992 ou URGE) esta população ultrapassa ou não os valores para a população potencial ideal para este espaço.

O que se observa é que ainda existe uma sub-utilização deste Parque e uma concentração de utentes em fins-de-semana do Verão e Primavera.

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Critério 3.2 Acessibilidade

DESCRIÇÃO

A localização e acessibilidade dos espaços verdes nas cidades, mais do que o tamanho ou as condições ecológicas, são os factores determinantes da frequência da sua utilização. Aconselha-se uma distância máxima a pé de 500m da residência ao espaço verde. Os níveis de acesso podem também ser medidos pelo número de entradas; número de entradas para o espaço verde, facilidade no acesso, possibilidade de atravessar a área a pé ou de bicicleta. O nível de acessibilidade a um espaço verde pode ser aumentado com um bom serviço de transportes públicos, embora a sua relevância no uso diário seja bastante limitada.

INDICADOR 1: Número de entradas no espaço verde urbano

ANÁLI

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Método:

O número de entradas no espaço verde deve ser contado numa visita ao local. Este número pode ser relacionado com o perímetro da circunferência do espaço verde em metros.

Fontes:

• Observação directa Benchmark:

Uma entrada por cada 100m de perímetro (limite)

AVALI

AÇÃO

Informação recolhida:

O Parque Florestal de Monsanto, devido à sua elevada dimensão (aproximadamente 1000 ha, 7 658 000 m2 de área útil, com um perímetro de cerca de 20 km), possui inúmeras entradas, na sua maioria constituídas por estradas de acesso. De forma genérica, este Parque tem catorze (14) entradas.

Disponibilidade de dados:

X Directa O Indirecta O Indisponível

INDICADOR 2: Formas mais comuns de acesso pelos utentes

Informação recolhida:

A forma mais comum de acesso pelos utentes deste espaço é o automóvel, sobretudo para os particulares. Já as escolas, costumam aceder a este espaço de autocarro, da própria instituição de ensino ou fazendo uso dos transportes disponibilizados pelos próprios serviços do Parque. O Parque dispõe de cerca de 300 quilómetros de vias alcatroadas. As estradas que dão o acesso a este Parque Florestal são a auto-estrada de Lisboa-Cascais; a estrada do Alvito; a estrada 24 de Janeiro; a estrada da Serafina; a estrada dos Montes Claros; Pina-Manique; C.R.I.L. (Sector Ocidental da Cidade de Lisboa).

Os transportes públicos que fazem o acesso a este espaço verde são: Autocarro (Carris): 11, 14, 23, 24, 29, 43, 48 e 70

Eléctrico (Carris): 15 e 18 (Ajuda)

Campolide: Estação de Campolide e Estação de Benfica

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Método:

Questionário feito aos utentes do espaço (no local) Pergunta aos utentes:

- Como é que se deslocou a este espaços verde?

>50% 50% x <25% <25%

A pé De bicicleta De carro

De transportes públicos

A percentagem de respostas dá o grau de desempenho para cada categoria. Mais de 50% numa categoria pode ser considerado muito significativo, entre 50 e 25% significativo e abaixo de 25% não significativo.

Fontes:

• Questionários Benchmark:

Dependendo da natureza do espaço verde, o objectivo principal é o de reduzir a dependência do tráfego de carros privados (menos que 25%, se possível menos que 10%) e incentivar o acesso a pé (mais de 70%). O transporte público também é aceitável como meio de transporte, mas a atenção deve ser posta no indivíduo e não em transportes motorizados.

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AVALI

AÇÃO

Das respostas aos questionários observamos que:

89% dos utentes se desloca aqui utilizando o automóvel, 5,5% a pé,

4,4% utilizando os transportes públicos, 1,1% de bicicleta.

Estas formas de acesso vão contra o que é desejável de uma deslocação preferencial a pé, bicicleta ou transportes públicos. Mas as dificuldades no acesso justificam esta utilização do automóvel.

Disponibilidade de dados:

O Directa X Indirecta O Indisponível

INDICADOR 3: Número de lugares de estacionamento relacionado com o número médio de visitantes de carro

ANÁLI

S

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Método:

O número de lugares de estacionamento perto do espaço verde (menos de 100m) deve dividir-se pelo número de visitantes que chegam de carro.

Fontes:

• Autarquia – Divisão de Matas Benchmark:

Não há valores de referência, mas tendo em conta os objectivos do indicador 2 pode dizer- se que os lugares de estacionamento não devem ser incentivados para não aumentar o tráfego na zona.

AVALI

AÇÃO

Informação recolhida:

Devido ao facto de quase todos os utentes deste espaço verde aqui acederem utilizando o automóvel particular, o número de parques de estacionamento é elevado – cerca de 26 parques ou zonas de estacionamento.

No Parque Florestal de Monsanto existem, no total, 1000 a 2000 lugares de estacionamento. É importante notar que há muitos automóveis que estacionam ao longo da estrada pelo que se torna difícil determinar o número de lugares de estacionamento disponíveis.

AVALI

AÇÃO

O plano de revitalização do Parque Florestal de Monsanto contemplou, nesta área, algumas obras de ampliação dos parques de estacionamento do Bairro do Calhau e da Mata de São Domingos de Benfica, a construção de dois novos parques no Bairro da Serafina e no Miradouro dos Montes Claros.

A única forma de contrariar esta utilização do automóvel seria a criação de acessos entre este Parque e a cidade, tanto através de ciclovias, como de caminhos pedonais ou transportes colectivos.

Disponibilidade de dados:

X Directa O Indirecta O Indisponível

AVALI

AÇÂO

Informação recolhida:

Os autocarros que ligam o Parque Florestal de Monsanto ao resto da cidade são os números 11, 14, 23, 24 e 29, 72 com horários das 9.30h às 20.00h (de segunda a sexta feira) e das 10.00h às 20.00h (aos sábados, domingos e feriados). A frequência destes autocarros é de cerca de quarto em quarto de hora. Estes autocarros atravessam todo o Parque Florestal, embora haja

INDICADOR 4: Número e frequência dos transportes públicos que ligam o espaço verde a áreas urbanizadas da cidade

ANÁLI

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Método:

O número e frequência de transportes públicos que ligam o local à cidade pode obter-se durante ao local (ver as paragens que se situam a menos de 100m do espaço verde). Uma vez que a frequência não é constante durante a semana, deve considerar-se a frequência (número de autocarros ou eléctricos por hora) em dias de trabalho (antes das 19h ou depois das 19h) e durante os fins-de-semana. Para os fins-de-semana, pode fazer-se a média de autocarros ou eléctricos no caso de haver diferenças entre sábados e domingos.

Fontes:

• Observação directa

• Parques de Lisboa (1999), Conjunto de brochuras sobre os principais parques da cidade de Lisboa, Divisão de Ambiente e Espaços Verdes, Câmara Municipal de Lisboa

Benchmark:

A frequência deve ser pelo menos de cada quarto de hora durante a semana (9.00-19.00) independentemente do número de linhas, aplicando-se o mesmo aos fins-de-semana. No período da tarde (19.00-22.00) pelo menos cada 20m.

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AVALI

AÇÃO

algumas zonas mal servidas de transportes públicos. A Divisão de Matas, responsável pela gestão do Parque Florestal, faz pressão constante sobre as empresas rodoviárias para que estas zonas sejam mais bem servidas em termos de transportes colectivos.

Desde o dia 9/12/2001 que uma grande variedade de transportes alternativos – bicicletas, charretes, mini-comboios e várias carreiras da Carris (11, 23, 29 e 48) – fazem o transporte dos utentes dos parques de estacionamento, localizados nas periferias do Parque. No período Primavera/Verão, há um incremento significativo dos transportes colectivos à disposição dos utentes, bem como quando se realizam eventos específicos, como feiras ou concertos.

Disponibilidade de dados:

X Directa O Indirecta O Indisponível

Observações:

Pode-se considerar que o espaço está relativamente bem servido de transportes públicos, embora estes devessem passar com mais regularidade e estabelecer ligação com mais áreas do Parque Florestal.

INDICADOR 5: Obstáculos ao acesso

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Método:

O acesso aos espaços verdes e ao seu uso, pode ficar comprometido com a existência de factores que impeçam fisicamente a sua utilização e que podem ser particularmente significativos para os que têm mobilidade reduzida. Tais obstáculos incluem ruas difíceis de atravessar, caminhos difíceis de utilizar quando está mau tempo, portões difíceis de atravessar. Estes obstáculos podem ser analisados através de inspecção local.

Fontes:

• Observação directa

• Entrevista (Divisão de Matas) Benchmark:

Inexistência de grandes obstáculos

AVALI

AÇÃO

Informação recolhida:

Um dos principais obstáculos ao acesso ao Parque Florestal de Monsanto é o facto de se tratar de uma pequena montanha, o que isola o espaço do resto da cidade de Lisboa e dificulta o acesso a pé ou de bicicleta. Outro obstáculo importante é o facto de quase todo o Parque Florestal estar separado do resto

AVALI

AÇÃO

da cidade por estradas e vias de acesso – Linha do Caminho-de-ferro, Avenida de Ceuta, Radial de Benfica e CRIL. Existem algumas passagens pedonais sobre o caminho-de-ferro e o parque de estacionamento do Calhau, ao pé de Benfica, que facilitam o acesso. Contudo, é já impossível aceder a Monsanto a partir da zona das Amoreiras.

Ao contrário daquilo que é publicitado, aquando da realização de espectáculos nocturnos, no anfiteatro Keil do Amaral, não existe um serviço de autocarros adequado para fazer o acesso da cidade a este Parque, obrigando as pessoas a trazer o automóvel ou a utilizar o táxi. Mais problemático, ainda, é o facto de publicitarem a existência destes autocarros nocturnos aquando da divulgação dos espectáculos e depois estes não serem disponibilizados. Falta, por isso, uma coordenação entre as entidades organizadoras dos espectáculos e o serviço de transportes que assegura o acesso àquela zona – a Carris. Devido a todos estes obstáculos à acessibilidade, o Parque Florestal de Monsanto, não é uma zona verde de passagem mas sim um local onde as pessoas acedem para passar um período de tempo maior, uma manhã, uma tarde, um final de tarde depois do trabalho ou mesmo o dia todo.

Questões que deviam ser alteradas para melhorar a acessibilidade ao Parque Florestal de Monsanto são:

• Uma melhor coordenação entre a empresa transportadora – Carris – e os serviços que promovem actividades culturais neste espaço,

• Um aumento do número de percursos feitos pelos autocarros e da sua frequência, • Uma melhoria das acessibilidades através de ciclovias, com entradas no Parque

Florestal, para bicicletas,

• Uma melhor sinalização sobre as acessibilidades a este Parque, nas vias de acesso e não apenas no seu interior,

• Melhorar a sinalização no interior do próprio Parque Florestal de Monsanto. No ano de 2004 foi feita a reparação de 24km de pistas florestais e construção de locais de inversão de marcha, com vista a melhorar os acessos e a circulação, às viaturas de emergência.

Foram ainda construídos e melhorados alguns parques de estacionamento automóvel e construídas novas Pistas Cicláveis no Parque.

A Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta pretende a breve prazo começar a alugar bicicletas aos visitantes, num espaço a criar junto ao Parque da Serafina, facilitando assim a vida a quem quiser gozar um pouco de «descanso activo» naquele local. Numa primeira fase, as bicicletas só serão alugadas aos fins-de-semana, mas não está descartada a hipótese de a iniciativa se estender também aos dias úteis.

No que se refere às actividades de educação ambiental e, de acordo com informação da Divisão de Matas, que tutela os 16 hectares vedados do Parque Florestal, «a afluência é inferior à que gostaríamos que fosse. Para transportar 50 miúdos é preciso alugar um autocarro e esse é um factor limitante. As escolas privadas têm mais capacidade financeira para suportar as deslocações». A distância é, portanto, um factor limitativo para as próprias actividades de educação ambiental, conduzindo a uma distinção entre escolas com mais e menos recursos financeiros.

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AVALI

AÇÃO

Desta forma pode-se que concluir que a acessibilidade a este Parque Florestal é um dos problemas que vai exigir mais empenho por parte da autarquia e um maior número de medidas, de forma a tornar este espaço verde mais acessível a todos os cidadãos.

Disponibilidade de dados:

X Directa O Indirecta O Indisponível

AVALIAÇÃO DO CRITÉRIO

OBSERVAÇÕES:

A acessibilidade aos espaços verdes pode ser avaliada com base no modo como as pessoas acedem aos espaços e com base no tempo de permanência. Considerando os indicadores, deve fazer-se uma avaliação crítica da facilidade de acesso ao espaço verde pelos residentes. Deve analisar-se se o número de entradas e de equipamentos existentes vai ao encontro das expectativas das pessoas. Avaliar o papel dos transportes públicos no uso do espaço verde. Analisar se é possível melhorar a acessibilidade do espaço verde. Da análise feita e especialmente se os resultados forem pouco satisfatórios, é necessário identificar os obstáculos à acessibilidade. AVALIAÇÃO:

Como resultado das diferentes características deste Parque Florestal, pode dizer-se que este jardim é de acessibilidade difícil para os residentes e outras pessoas que aí se desloquem a pé, de transportes públicos ou de bicicleta. Apenas o automóvel permite um acesso mais confortável e facilitado.

As suas dimensões, a quantidade de equipamentos e a acessibilidade dificultada, fazem com que as pessoas que acedem a este espaço aqui se tenham de deslocar de propósito, de forma programada, para uma estadia mais ou menos prolongada. É difícil utilizar este espaço como local de passagem, integrado nos percursos do dia-a-dia, como a deslocação para o trabalho. Um dos investimentos da autarquia neste espaço verde deverá passar pela melhoria das acessibilidades.

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