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4. Estruturas Ecológicas – Casos de Estudo

4.5. Ásia e Pacifico

Os países da Ásia e do Pacífico apresentam um elevado nível de pobreza e diversos problemas políticos e institucionais, contudo, há uma preocupação com a conservação da biodiversidade. Existe um número relativo de projectos a serem desenvolvidos nesse sentido, que vão desde corredores locais a programas de delimitação de EEN.

O interesse na Estrutura Ecológica surgiu nos anos 90, quando o governo da Coreia do Sul publicou, em 1995, o Plano Nacional Countryside Green Network. No mesmo ano a Ecosystem Conservation Society – Japan organizou em Tóquio o The Ecological Network Symposium para a apresentação do modelo da Estrutura Ecológica, o que contribuiu para que este tema passasse a ser abordado em várias políticas governamentais (Bennett e Mulongoy, 2006).

Estruturas Ecológicas – Casos de Estudo 49 Bennett e Mulongoy (2006) afirmam que a Coreia do Sul e o Japão são os únicos países asiáticos que realizaram planos nacionais de Estruturas Ecológicas desenvolvidos a partir de políticas governamentais. No entanto, até à dada esses planos não passam de projectos-piloto locais. As forças condutoras para o estabelecimento de Estruturas Ecológicas são as ONG’s em cooperação com voluntários internacionais e institutos de pesquisa, tais como a WWF e a International Conservation.

As ONG’s nos países mais pobres tentam incorporar o desenvolvimento social nos seus projectos, com o objectivo de promoverem oportunidades para o equilíbrio entre uma economia sustentável e a conservação da biodiversidade. O “Terai Arc Landscape” no Nepal desenvolvido pela WWF é um bom exemplo disso, como se descreve a seguir.

4.5.1. Nepal – Terai Arc Landscape

Em 2001 foi iniciado o Terai Arc Lanscape Program (TAL) que constitui uma iniciativa conjunta do Nepal’s Department of National Parks and Wildlife Conservation, do Ministry of Forests and Soil Conservation do Nepal, da WWF’s Nepal Programme, de ONG’s e das comunidades locais (Secretariat of The Convention on Biological Diversity, 2010).

Foi a primeira iniciativa de conservação da Paisagem a ser tomada pelo His Majestry’s Government of Nepal e constitui um esforço ambicioso para assegurar o desenvolvimento sustentável e a conservação da biodiversidade, num país pobre e instável, quer culturalmente quer politicamente.

O Terai é uma faixa de terra ao longo do sopé dos Himalaias e ocupa uma área de 23.199 km2 no Nepal. Inclui quatro áreas protegidas e as respectivas zonas tampão, 75% das florestas remanescentes do Terai e do sopé da Churia. Cerca de 6,7 milhões de nepaleses vivem nesta zona, embora em condições de vida bastante precárias (Ministry of Forests and Soil Conservation, 2004; Secretariat of The Convention on Biological Diversity, 2010).

Foram identificadas cinco zonas prioritárias para o desenvolvimento do TAL (Fig. 18): dois corredores, o de Basanta e Khata, que estão representados na figura, e três áreas críticas porque se encontram num ponto de estrangulamento (bottleneck), que compromete a continuidade ecológica – Mahadevpuri, Lamahi e Dovam. Na figura estão também representadas os corredores entre as áreas protegidas e as respectivas zonas tampão (Secretariart of The Convention on Biological Diversity, 2010).

De acordo com o Secretariat of the Convention on Biological Diversity (2010, p. 24), o TAL visa alcançar num prazo de dez anos os seguintes objectivos:

 “Reforçar as áreas protegidas já existentes;

 Conservar as florestas remanescentes e restaurar as florestas degradadas;  Estabelecer florestas comunitárias;

 Introduzir práticas de gestão eficazes nas zonas tampão adjacentes;  Criar corredores entre as áreas críticas.”

Estruturas Ecológicas – Casos de Estudo 50 Fig. 18 – Terai Arc Landscape. Fonte: www.wwfnepal.org.

Em 2004, o governo do Nepal criou o TAL-Nepal Strategic Plan, revisto periodicamente, que define as estratégias para ser possível alcançar a visão do TAL, “uma paisagem global única onde a biodiversidade é conservada, a integridade ecológica é salvaguardada e a subsistência sustentável da população é assegurada” (Ministry of Forests and Soil Conservation, 2004, p. ix).

O objectivo principal do TAL-Nepal Strategic Plan é “conservar a biodiversidade, as florestas, os solos e as bacias hidrográficas do Terai e das colinas da Churia para assegurar a integridade ecológica, económica e sociocultural da região”. Este objectivo é assegurado através de políticas de conservação, mas tem por base outros documentos importantes da região (Tenth Plan, Millennium Development Strategy,

Sustainable Development Agenda for Nepal e Nepal Biodiversity Strategy) que se focam principalmente na

redução da pobreza, na igualdade entre homens e mulheres, na conservação da biodiversidade e na subsistência sustentável das populações (Ministry of Forests and Soil Conservation, 2004, p. 6).

Para a implementação do TAL estão a ser promovidos projectos de sensibilização para o desenvolvimento sustentável da comunidade e cursos de educação ambiental para os proprietários locais (Secretariart of The Convention on Biological Diversity, 2010).

Uma das formas de integrar as comunidades locais na conservação e restauro dos processos ecológicos é através da floresta comunitária, uma vez que a população é largamente dependente da renda em madeira e outros produtos florestais. Desde 2002, 22 mil hectares de florestas comunitárias foram entregues á população, para além de subsídios para fogões de baixo consumo de combustível e de biogás, que utilizam fezes de gado em vez de lenha, o que permitiu que cerca de 162 hectares de floresta fossem protegidos (Secretariart of The Convention on Biological Diversity, 2010).

De acordo com o Ministry of Forests and Soil Conservation do Nepal (2004), o TAL representa um novo paradigma no planeamento e implementação da conservação, baseando-se em princípios científicos, como o princípio das metapopulações, pois a conservação deixa de ser feita ao nível das áreas protegidas para

Estruturas Ecológicas – Casos de Estudo 51 passar a ser feita ao nível da Paisagem, o que permite a conservação de todos os processos ecológicos e da biodiversidade.

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