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Sudoeste da Austrália Gondwana Link

4. Estruturas Ecológicas – Casos de Estudo

4.7. Austrália

4.7.2. Sudoeste da Austrália Gondwana Link

Em 1999 a população local de Albany e de Jerranungup começaram a desenvolver o Gondwana Link. Mas a partir de 2002, o projecto passou a ser um esforço coordenado entre várias organizações: Bush Heritage Australia, Friends of the Fitzgerald River National Park, Fitzgerald Biosphere Group, Greening Australia, Green Skills, The Nature Conservancy e The Wilderness Society (Bradby, 2008).

O Gondwana Link é um dos projectos de conservação da biodiversidade mais ambiciosos da história da Austrália. De acordo com Bradby (2008), coordenador do projecto, este foi concebido com o objectivo de restaurar a conectividade ecológica (por terras privadas e públicas) ao longo dos parques nacionais Fitzgeral River e Stirling Range até às florestas Karri e Jarrah do sudoeste do continente, que perfaz uma distância de 1000 km. A ligação completa, como afirma Alexandra de Blas, membro da Bush Heritage Australia, deve estar concluída dentro de 10 a 15 anos (Blas, 2007).

Segundo Bradby (2008), os esforços iniciais deste projecto concentraram-se em duas áreas (Fig. 21):  Fitz-Stirling – criar uma Paisagem ecologicamente permeável entre os dois parques;

 Great Western Woodland – melhorar a protecção, conservação e gestão de mais de 16 milhões de hectares de áreas naturais.

Blas (2007) afirma que desde o início do projecto já foram protegidos mais de 6.000 hectares, dos quais 1.250 foram revestidos com espécies autóctones. Para ajudar na protecção dessas áreas são feitas aquisições. Aproximadamente cinco milhões de dólares já foram gastos desde o início do projecto (Blas, 2007).

Estruturas Ecológicas – Casos de Estudo 56 Fig. 21 – Áreas onde se concentra o Gondwana Link. Fonte: Bradby, 2008.

Para a implementação do Gondwana Link existe a colaboração de comunidades indígenas, de agricultores, de empresas e do governo. As comunidades locais e indígenas estão a fortalecer a sua cultura e economia, através desta iniciativa, porque esta dinamiza as relações com a terra e promove emprego (Bradby,2008). O Gondwana Link é actualmente reconhecido a nível nacional como um dos principais exemplos de conservação a nível da Paisagem e de colaboração, que permite a reabilitação e o restabelecimento dos processos ecológicos (Bradby, 2008).

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4.8. Síntese

Pelos casos apresentados verifica-se que o número de terminologias é muito variado, o que pode causar confusão em termos comparativos. Na Europa existe uma concordância relativamente ao termo utilizado,

Ecological Network, mas nos outros continentes tal não se verifica.

Segundo o estudo feito, conclui-se que na Europa as iniciativas existentes de Estruturas Ecológicas de cada país são sobretudo feitas pelos governos. Nos restantes continentes as Estruturas Ecológicas são sobretudo dirigidas por ONG’s.

Relativamente aos objectivos, de acordo com Bennett e Wit (2001, p. 22) as iniciativas de Estruturas Ecológicas existentes no Mundo apresentam seis propósitos genéricos distintos: “conservar as espécies, conservar os habitat, conservar os processos ecológicos evolutivos, facilitar o uso sustentável dos recursos naturais, facilitar o desenvolvimento sustentável e conservar o herança cultural (incluindo as culturas indígenas) ”. O quadro (Quadro 2) seguinte apresenta os objectivos dos casos de estudo apresentados, segundo estes objectivos:

Quadro 2 – Objectivos das Estruturas Ecológicas apresentadas de acordo com os objectivos referidos por Bennett e Wit (2001).

Estruturas Ecológicas – Casos de Estudo Conservar espécies Conservar habitat Conservar processos ecológicos Usos sustentável dos recursos naturais Desenvolvi mento sustentável Conservar herança cultural

Estrutura Ecológica da Área

Metropolitana de Lisboa X X X X X Estrutura Ecológica da Área

Metropolitana do Porto X X X X

Estrutura Ecológica Municipal de Sintra X X X X X

Estónia – Green Network X X X X

Holanda - EEN X X X X X

Alemanha - Biotopverbund X X X X X X Saxónia (Alemanha) – Estrutura

Ecológica X X X

Flórida (EUA) – Florida Ecological

Greenways Network X X X Edmonton (Canada) - Estrutura

Ecológica X X X

Brasil - Corredor Central da Mata

Atlântica X X X X X

Nepal - Terai Arc Landscape X X X X X Camarões, Gabão e Congo – Tri-Dom

Ecological Network X X X X

Austrália – National Reserve System X X X X Austrália – Gondwana Link X X X

Estruturas Ecológicas – Casos de Estudo 58 Como se pode observar pelo quadro, quase todos os casos apresentados apresentam os três primeiros objectivos. Por sua vez os dois últimos objectivos ainda não incorporam todas as iniciativas e a conservação da herança cultural é referido apenas nos países da Europa.

Relativamente aos exemplos apresentados para Portugal, considera-se que existem diferentes tipos de abordagem, principalmente entre os dois exemplos de Estrutura Ecológica Metropolitana e considera-se que tal sucede devido à falta de objectividade da legislação e de não existir uma cooperação a nível nacional na elaboração das diversas Estruturas Ecológicas.

É de salientar, que nos países e cidades mais desenvolvidos como é o caso da Estónia, Holanda, Alemanha e da cidade de Edmonton, a Estrutura Ecológica não é composta apenas por áreas limitadas de elevado valor ecológico, que na sua maior parte já se encontra sobre protecção legal, mas também por outras áreas que contribuem de alguma forma para o alcance dos objectivos que a delimitação e implementação de uma Estrutura Ecológica assegura.

Nestes casos as componentes que incluem a Estrutura Ecológica são semelhantes àquelas que são definidas por Bennett (áreas nucleares, corredores ecológicos, stepping stones, zonas tampão e áreas de uso sustentável).

Nos países menos desenvolvidos, as Estruturas Ecológicas muitas vezes resumem-se a uma redelimitação das áreas protegidas já existentes, como acontece no caso do Corredor Central da Mata Atlântica. Nestes países, as necessidades das populações locais sobrepõem-se muitas vezes à protecção dos ecossistemas e às preocupações com a conservação da Natureza e da Paisagem, pelo que é mais difícil o desenvolvimento de Estruturas Ecológicas eficazes.

A implementação da Estrutura Ecológica é mais fácil nos locais com uma população mais baixa, como por exemplo a Estónia, do que num país como a Holanda, onde a densidade populacional é mais elevada. No entanto, em ambos os países já estão a ser implementadas as respectivas Estruturas Ecológicas.

O planeamento e a gestão das Estruturas Ecológicas deve ser baseado num quadro descentralizado. A Alemanha e a Holanda, por exemplo, dividem as tarefas e os planos necessários para a delimitação e implementação desta figura de acordo com as divisões administrativas dos países. Na América do Norte também existe uma abordagem descentralizada, pois a responsabilidade recai sobre os diversos estados. Considerando-se o número elevado de iniciativas e a sua diversidade, conclui-se que seria benéfico uma maior cooperação transfronteiriça e inter-continentes, para permitir uma continuidade das várias Estruturas Ecológicas existentes à volta do Mundo.

Defende-se ainda a criação de uma base de dados a nível global que contenha informações actualizadas sobre todos os programas de Estruturas Ecológicas existentes, para facilitar a troca de dados e experiências entre países e pessoas interessadas no tema.

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5. Caso de Estudo – Concelho de Cinfães

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