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ÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

No documento Teoria e Pratica Da EJA (páginas 67-81)

ÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

Com o avanço da legislação educacional brasileira voltada para a Educação de Jovens e Adultos, o papel do educador em relação à EJA possui três dimensões de ensino, sendo

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elas a dimensão política, a dimensão pedagógica e a dimensão ética.

O professor é um educador que contribui para a educação do educando e sendo assim tem que estar pautado em socializar seus conhecimentos, visando uma educação de qualidade para o educando; torna-se educador, no decorrer de sua existência, ensinando o conhecimento ao aprendiz; com isso o educador ganhou uma parte importante de responsabilidade sobre que é ensinar:

Na atuação pedagógica deve ser acrescentada a dimensão educativa, que lhe é imputada por força de sua própria definição institucional. O Professor é um educador... e, não querendo sê-lo, torna-se um deseducador. Professor-Instrutor qualquer um pode ser dado que é possível ensinar relativamente com o que se sabe; mas Professor/ Educador nem todos podem ser, uma vez que só se educa o que se é (ROMÃO, 2001, p.61 ).

De algum modo todos somos educador, mas o educador é institucionalizado estabelecendo relações metódicas, formais e sistemáticas com outros educadores sempre procurando orientar e mediar o conhecimento cognitivo:

Enquanto o saber sistematizado, com densidade epistemológica, pode ser adquirido em curós, treinamento e capacitações, o ser educador vai se construindo com o saber adquirido na teia das relações historicamente determinadas, que vão construindo as dúvidas, perplexidades, convicções e compromissos. Por isso, não há como fugir de uma analise da inserção do Professor na sociedade concreta, abordando todas as dimensões de seu papel – atribuído ou conquistado. E não se trata de qualquer Professor e de qualquer sociedade; trata-se do Educador de jovens e adultos, na sociedade brasileira, neste final de século (ROMÃO, 2001, p.64 ).

Na Dimensão Política, devemos reconhecer que o empenho na Educação Básica é dar um enfoque maior em que o compromisso do educador é a mobilização e organização dos projetos da Educação Básica. Sendo educadores nos gestos, atitudes, palavras de ordens; tornando- se necessário identificar com clareza os aliados e adversários.

Em Escolas Públicas, o educador tem sido alvo de movimentos reivindicatórios, onde se reflete o cargo do educador que estuda as formas e estratégias de aula trocando experiências com outros educadores capacitados e, assim, em uma sala de aula tentam mudar o mundo pela

educação e resultam em grandes gestos, iniciativas cotidianas, e a persistência.

Atualmente, faz-se necessário a superação da concepção autoritária, em que o educador se coloca como único detentor do conhecimento e que tem o papel de repassar todas as informações, todo o conteúdo para o educando; o educador autoritário impõe um jeito impaciente de ensinar à sua atividade e com isso espera que os educandos absorvam os conhecimentos por ele demonstrados. Essa concepção autoritária de ensino implica em uma avaliação de classificar os educandos por quantidade de conhecimento obtido no decorrer das aulas.

Com a Dimensão ética, a educação passou a ser um instrumento de desenvolvimento de diferenças econômicas entre os indivíduos nas classes sociais dentro da sociedade, onde muitas vezes o papel do professor resume-se a reproduzir as diferenças colocadas socialmente. Essa é uma profissão difícil que exige segurança, tranquilidade, equilíbrio, competência, compromisso, e acaba sendo pouco reconhecida. A formação do educador vem sofrendo falta de reconhecimento social. Um ponto fundamental é a relação com o educando perseguindo uma qualidade na prática do alfabetizador e sua experiência como leitor e escritor. Educar implica em ser referência para os alunos e a formação inicial não determina a qualidade do alfabetizador, mas contribui para que essa qualidade melhore paulatinamente nos espaços de formação continuada.

A construção do conhecimento é uma formação científica que surge com um ponto de reflexão e uma pergunta, base para que seja a prática do educador pesquisador; às vezes responde-se as perguntas e com isso configura-se um educador crítico-reflexivo.

A formação é uma pratica de conhecimento e todo conhecimento nasce com uma pergunta. A pergunta é o primeiro passo do conhecimento. As perguntas surgem na ação, em sua grande maioria. Tentar responder as perguntas antes que elas surjam na cabeça do alfabetizador é, no mínimo, pouco racional. No entanto, isto que acontece nas formações que antecedem à ação. Temos, então, o absurdo de responder a perguntas não formuladas e depois, quando elas aparecem, não ter um momento de formação para respondê-las (BARRETO, 2001, p.81 ).

Neste sentido, é fundamental o educador participar efetivamente de programas de formação continuada, onde a maioria das dificuldades enfrentadas ocasionam uma certa angústia e o professor não consegue resolvê-las, sentindo a necessidade de uma assessoria pedagógica como uma das melhores formas de interferir na realidade, e assim é aplicada essa teoria em prática e com isso a formação não tem a finalidade de trabalhar discursos e sim a prática com os educadores. A forma de estabelecer o conhecimento teórico é observando a prática.

A única forma segura de identificar a teoria que sustenta a pratica do alfabetizador é a observação da pratica do próprio alfabetizador. É nesta pratica que se exprime no que o alfabetizador realmente acredita. Esta observação pode ser feita pela observação direta ou pelos relatos do próprio alfabetizador (BARRETO, 2001, pp.84-85 ).

Os conteúdos administrados devem ser o mais claro e assimiláveis possíveis, lembrando-se que ensinar o educando não é transmitir conhecimento, e sim criar as possibilidades para sua produção ou construção do conhecimento, pois quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender.

Paulo Freire (1987) propõe que seja trabalhada a conscientização como forma de resgatar as pessoas da condição de vida que se encontram, isso implicaria numa transformação total da teoria e prática, que é abordado a necessidade da conscientização com objetivo de libertar os oprimidos da violenta opressão a que estão submetidos conduzindo para um viver generosamente autêntico, crítico.

De acordo com Freire (1987) é usada uma concepção apontada por “Educação Bancária”, como instrumento de opressão às classes menos favorecidas, que seriam libertas mediante o fundamental papel da educação. Na Educação Bancária, o educando é visto como indivíduo que não sabe de nada, alguém que recebe conhecimento dos educadores que julgam saber de tudo, onde o educando é aquele que recebe depósitos na mente e os armazena.

A narração de que o educador é o sujeito, conduz os educandos à memorização mecânica do conteúdo narrado. Mais ainda, a narração os transforma em “vasilhas” em recipientes a serem “enchidos” pelo educador. Quanto mais vá “enchendo os recipientes com seus “depósitos, tanto melhor educador será. Quanto mais se deixem docilmente “encher” tanto melhores educandos serão (FREIRE, 1987, p.58).

A Educação Bancária instiga o desacordo na medicação entre educador-educando, onde o educador é visto como quem educa, que sabe e pensa, impõe a disciplina, opta pelos conteúdos e métodos, mostrando-se que é a autoridade na sala de aula, em que os educandos não sabem nada, só escutam, são disciplinados, não podendo ser ouvidos.

Para Freire (1987), essa perspectiva de trabalho docente é identificada como processo de alienação, não tendo criatividade nenhuma na sala de aula, uma vez não criativo não saberá transformar essa relação. Esse silêncio que o educador realiza no educando acaba criando a condição de um sujeito passivo que não participa do processo educativo.

O educador, que aliena a ignorância, se mantém em posições fixas, invariáveis. Será sempre o que sabe, enquanto os educandos serão sempre os que não sabem. A rigidez desta posições nega a educação e o conhecimento como processos de busca (FREIRE,1987,p.58).

Para superar a Educação Bancária que é a prática que produz o falso saber tornando o educando um sujeito não critico, e poder conseguir trabalhar a educação como prática e tendo liberdade, é sugerido a Educação Problematizadora, onde a realidade é inserida no contexto educativo, sendo valorizado o diálogo, a reflexão e a criatividade, de modo a construir a libertação.

Em verdade, não seria possível à educação problematizadora que rompe com os esquemas verticais característicos da educação bancária, realizar-se como prática da liberdade, sem superar a contradição entre o educador e os educandos. Como também não lhe seria possível fazê-lo fora do dialogo (FREIRE, 1987, p.68).

Assim, a realidade da Educação problematizadora é inserida no contexto educativo, sendo valorizado o diálogo, a reflexão e a criatividade, de modo a construir a libertação, buscando trabalhar a teoria dialógica, opondo-se à manipulação das classes menos favorecidas pela cultura mediante os meios de comunicação, no qual devem ser conduzidas ao diálogo. Freire (1987) diz que a teoria da ação dialógica escrita pela organização e síntese cultural é forte arma de combate à manipulação se usada pela liderança revolucionária. O diálogo é necessário na educação como prática da liberdade, estando presente em todos os momentos

do processo ensino-aprendizagem, da busca e opção pelos conteúdos, métodos, temas geradores e seus significados até as relações homens-mundo.

O diálogo aparece como o grande incentivador da educação mais humana e até revolucionária, o educador antes dono da palavra passa a ouvir, e segundo Freire (1987) “não é no silencio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão”, assim foi chamado de mediatização pelo mundo, em relação ao educador-educando.

É necessário que no diálogo, e na mediação haja humildade e fé no educando, o diálogo começa na busca do conteúdo programático, ou seja, a listagem de conhecimentos que o aluno tomará contato em determinado ano, série, escola. Para o educador, o conteúdo não é uma doação ou uma imposição, mas a devolução organizada, sistematizada e acrescentada ao povo daqueles elementos que esta lhe entregou de forma desestruturada.

Para a escolha do conteúdo programático é proposto que seja construído a partir de temas geradores, e o conteúdo para o educando passa a ser investigado e destacado para tornar o trabalho em equipe de forma interdisciplinar. Na alfabetização (de adultos), o destaque é feito por meio de palavras geradoras, já que o objetivo é o letramento, porém de forma crítica e conscientizadora.

É mostrada a teoria da ação dialógica sendo apoiada pela colaboração, organização e síntese cultural, tendo como compromisso a libertação das pessoas oprimidas que são vistas em um sentido, onde muitas vezes a vida é proibida de ser vivida. Isto devido às condições precárias em que vivem, convivendo com injustiças, misérias e enfermidades, onde é obrigada a manter a condição de opressão. F o n t e : P H O T O S . C O M

Impõe-se, pelo contrario, a dialogicidade entre a liderança revolucionária e as massas oprimidas, para que, em todo o processo de busca de sua libertação, reconheça na revolução o caminho da superação verdadeira da contradição em que se encontram, como um dos pólos da situação concreta de opressão. Vale dizer que devem se engajar no processo com a consciência cada vez mais crítica de seu papel de sujeitos da transformação (FREIRE, 1987, pp. 123-124).

Nos dia de hoje, a idade jovem e adulta veio ser reconhecida e é constituída e exigidos saberes, habilidades, socializações, informações, conhecimentos, valores, que são próprios dessas idades, independentemente dos anos de escolarização tidos na infância, saberes que são construídos no conjunto de relações e experiências e que são exigidos para lidar com o trabalho, e a sua cultura, tornando-se importante que a educação oferecida aos alunos jovens e adultos seja dotada de estatuto teórico-metodológico próprio.

Os educandos e educadores vão se transformando em sujeitos reais da construção e reconstrução em relação da qualidade na aprendizagem, e no saber onde não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino, cabe ao professor continuar pesquisando para melhor atualização de conhecimentos. A pesquisa se faz importante também, pois nela se cria o estímulo e o respeito à capacidade criadora do educando.

Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses que fazeres se encontram um no corpo do outro. Enquanto ensino continuo buscando, reprocurando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para constatar, constatando, intervindo educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade (FREIRE, 1996, p.29).

A escola e os educadores precisam respeitar o educando podendo, assim, trabalhar seu conhecimento empírico, sua experiência anterior e aconselha-se a discussão sobre os problemas sociais que as comunidades carentes enfrentam e a desigualdade que as cercam. As teorias e as novas descobertas realizadas precisam ser debatidas e aceitas mesmo que parcialmente, porém é importante que se preserve de alguma forma, o conhecimento obtido anteriormente e as formas tradicionais de educação.

Qualquer forma de discriminação seja ela: racial, política, religiosa, de classe social é imoral e lutar contra ela é um dever por mais que se reconheça a força dos condicionamentos a enfrentar, sendo uma ação de reprovação, pois a discriminação nega radicalmente a democracia e fere a dignidade do ser humano.

O educador representa muito na vida do educando, onde um gesto mal interpretado pode ser fatal, e o que pode ser considerado um gesto insignificante pode valer como força formadora para o desenvolvimento intelectual e acadêmico do educando.

Às vezes, mal se imagina o que pode passar a representar na vida de um aluno um simples gesto do professor. O que pode um gesto aparentemente insignificante valer como força formadora ou como contribuição à do educando por si mesmo (FREIRE, 1996, P.42).

Portanto, ensinar exige bom senso, observando como os educadores estão agindo ao cobrar os conteúdos das suas disciplinas, o exercício ou a educação do bom senso vai superando o que há nele de tendência natural na avaliação que é feita. O educador que pensa certo deixa manifestar aos educandos que a beleza de se estar no mundo é a capacidade de perceber que ao intrometer-se no mundo ele conhecerá e transformará o mundo.

O educador que desacata a curiosidade do seu educando, a sua linguagem, a sua ortografia, que ironiza o aluno, que o minimiza entre outras ofensas em defesa da ordem em sala de aula, transgride os princípios fundamentais éticos de nossa existência e esta transgressão jamais poderá ser vista ou entendida como virtude, mas como abertura com a dignidade.

Se há uma pratica exemplar como negação da experiência formadora é a que dificulta ou inibe a curiosidade do educando e, em conseqüência, a do educador. É que o educador que, entregue a procedimentos autoritários ou paternalista que impedem ou dificultam o exercício da curiosidade do educando, termina por igualmente tolher sua própria curiosidade. Nenhuma curiosidade se sustenta eticamente no exercício da negação da outra curiosidade (FREIRE, 1996, p.85).

Com isso, o educando deve ser civilizado e determinado a lutar pelos direitos dos professores, apoiando sua luta por salários mais justos e respeito por sua profissão. O responsável da classe deve priorizar o empenho da formação permanente dos quadros do magistério como

tarefa altamente política e repensar a prática das greves, inventando uma nova maneira de lutar que seja mais eficaz.

A maioria dos educadores luta pela dignidade de sua função, não sendo somente importante como pode ser interpretada como uma prática ética. Quanto às comunidades carentes, a mudança é difícil, mas é possível, baseando-se neste saber fundamental, é que a ação político-pedagógica poderá ser programada com esperança, respeito e conscientização, não impondo a população expulsada e sofrida que se revolte, que se mobilize ou se organize para se defender.

Mas sim trata de mostrar aos demais grupos populares um desafio para que percebam a violência e a profunda injustiça que caracterizam sua situação, desta forma a educação se faz presente como interferir no mundo.

Consiste em uma exclusividade humana, em que o ato de educar exige segurança, competência profissional, comprometimento e generosidade. O educador que não leva a sério sua formação, não quer aprofundar e melhorar o seu conhecimento; não tem força moral para coordenar as atividades de sua classe. Existem educadores preparados com seu conhecimento atualizado, mais a maioria deles são autoritários e arrogantes em relação ao educando, onde a incapacidade profissional e o despreparo comprometem a autoridade do educador.

[...] nenhuma autoridade docente se exerce ausente desta competência. O professor não que não leve a serio sua formação, que não estude, que não se esforce para estar à altura de sua tarefa não tem força moral para coordenar as atividades de sua classe. Isto não significa, porém, que a opção e a pratica democrática do professor ou da professora sejam determinadas por sua competência científica. Há professores e professoras cientificamente preparados mas autoritários a toda prova. O que quero dizer é que a incompetência profissional desqualifica a autoridade do professor (FREIRE, 1996, pp. 91-92).

Seguindo esta linha de raciocínio é importante que o educador tenha autoridade, mas não seja autoritário:

A autoridade coerentemente democrática, fundando-se na certeza da importância, quer da liberdade dos educandos para a construção de um clima de real disciplina,

jamais minimiza a liberdade. Pelo contrario, aposta nela. Empenha-se em desafiá-la sempre e sempre; jamais vê, na rebeldia da liberdade, um sinal de deterioração da ordem (FREIRE, 1996, p.93).

Educar não é transferir conhecimento e sim criar possibilidades para sua produção ou sua construção, não existe educador sem educando em uma sala de aula esperando para ter o conhecimento desejado, no entanto o educando é a única razão para o educador estar ali, o educador não pode deixar escapar nenhum detalhe de seu educando devendo sempre despertar e instigar a curiosidade e capacidade critica, exigindo pesquisa para conhecer e o que ainda não conhece comunicar a novidade.

Para instruir os educandos é necessário respeito, criatividade, deixar de ser ingênuo passando a ser um indivíduo crítico no sentido de ser curioso em relação à aprendizagem dos educandos. Ensinar é dar vida as palavras, onde o educador que não consegue expressar aquilo que pensa com exemplos práticos de nada serve o que ele fala. Saber, quer dizer segurança no que diz. Segundo Paulo Freire (1996), o professor deverá ensinar a pensar certo, sendo a prática educativa a disponibilidade ao risco, a aceitação do novo e a utilização de um critério para alargar o ensino antigo, estando presente a rejeição a qualquer tipo de descriminação. Ainda destaca a importância de propiciar condições aos educando, em suas socializações com os outros e com o professor, de testar a experiência de assumir-se como um ser histórico e social. Acredita-se que a educação é uma forma de transformação da realidade, que não é neutra e nem indiferente, mas que tanto pode destruir a ideologia dominante como mantê-la. Segundo Paulo Freire (1996), os educadores têm a precisão de criar condições para a construção do conhecimento para os educandos como parte de um processo em que o educador e o educando não se reduzam à condição de objeto um do outro, porque ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção. Os educandos e os educadores precisam ser acatados em sua autonomia, portanto a autoavaliação é um excelente recurso para ser utilizado dentro da prática pedagógica,

necessitando de estímulos que despertem a curiosidade e, em decorrência disso, a busca para chegar ao conhecimento. O educador não deve barrar a curiosidade do educando, pois é de fundamental relevância à sua imaginação, intuição, senso investigativo, enfim, sua capacidade de ir além, e instigar a ser um indivíduo curioso.

Paulo Freire (1996) protege a conquista de conhecimento e afetividade por parte do educador para que tenha liberdade, autoridade e competência no decorrer de sua prática docente, acreditando que a disciplina verdadeira não está na quietude do individuo presente e sim naquele que é um ser crítico.

A autoridade e liberdade do educador deve ser exercida de forma que a liberdade deve ser vivida em sua totalidade com a autoridade em uma relação lógica, centrada em experiências estimuladoras de decisão e responsabilidade.

Noutro momento deste texto me referi ao fato de não termos ainda resolvido o problema de tensão entre a autoridade e a liberdade. Inclinados a superar tradição autoritária, tão presente entre nos resvalamos para formas licenciosas de comportamento e descobrimos autoritarismo onde só houve o exercício da autoridade (FREIRE, 1996, p.104).

Na maioria das vezes, o educador tem que saber escutar o educando, pois é somente escutando, crítica e pacientemente, que se é capaz de falar. O educador como um ser histórico, político, pensante, crítico e emotivo deve procurar mostrar o que pensa, indicando diferentes caminhos sem conclusões acabadas e prontas, para que o educando construa assim a sua autonomia.

Escutar é obviamente algo que vai mais além das possibilidades auditiva de cada um. Escutar, no sentido aqui discutido, significa a disponibilidade permanente por parte do sujeito que escuta para a abertura à fala do outro, ao gesto do outro, às diferenças do outro. Isto não quer dizer, evidentemente, que escutar exija de quem realmente escuta sua redução ao outro que fala (FREIRE, 1996. p.119).

No documento Teoria e Pratica Da EJA (páginas 67-81)