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132 mais preocupo.

I: É a primeira, é o cinco.

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P2 identifica que sem a terapia a mudança não teria ocorrido relacionando desta forma o ressurgimento da vontade de cuidar de si ao processo terapêutico.

I: “Que importância ou significado atribui a esta mudança?”, um: “sem importância”, dois: “importância pouco significativa”, três: “importância moderada”, quatro: “muito importante”, e cinco: “extremamente importante.”

P2: Se calhar é muito importante, embora não tinha sido ainda o suficiente para passar da vontade pró fazer mas, acho que foi importante. I: E qual destas?

P2: O “muito importante”...

I: “Muito importante”, “extremamente importante” ou “importância moderada”?

P2: “Muito importante”...

I: “Muito importante”, o quatro. Ok. (Pausa). Então, já temos aqui a nossa listinha. (Pausa).

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P2 confere o grau de “muito importante” à mudança identificada apesar de referir que ainda não foi o suficiente para passar a adoptar outra atitude.

I: O que é que acha que esteve na origem desta mudança? P2: Não faço a mínima ideia.

(Pausa)

I: Hum. Por exemplo, factores que tenham mais a ver consigo própria ou factores mais exteriores que possam ter influenciado nesta mudança... P2: Não... Acho que nem uma coisa nem outra. Acordei assim, de manhã, a ter saudades de me maquilhar.

I: No entanto identifica que foi a terapia, de alguma forma, que possa ter contribuído para...

P2: Tipo talvez, sim. I: Ok.

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Apesar de P2 relacionar a vontade de se maquilhar ao processo terapêutico, não consegue identificar os factores que estiveram por detrás desta mudança.

I: Que pontos pessoais seus, ou seja, que pontos fortes pessoais seus ajudaram a fazer uso da terapia? (Pausa) Para lidar com os seus problemas.

P2: Se calhar o facto de ter estudado Psicologia na escola e saber que é importante.

I: Acha que o facto de ter estudado Psicologia é um ponto forte?

P2: Sim. Pra já porque gostei muito, foi uma das disciplinas que eu gostei mais. E já disseram que eu dava uma óptima psicóloga porque apesar de estar com os problemas que estou, mas tenho duas, a minha irmã do meio e uma daquelas minhas amigas dizem que eu dava uma óptima psicóloga. Ainda há pouco tempo a minha irmã disse “tu é que tinhas que ter ido para psicóloga, davas uma óptima psicóloga”, e então se calhar por isso, sei a importância que tem a Psicologia, não é?

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P2 menciona que o facto de ter estudado Psicologia e de compreender a importância desta, se assume como uma mais-valia para o processo terapêutico.

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I: Ok.

I: E verifica mais pontos fortes? Que possam ajudar na terapia? P2: Não sei...

I: Quer pensar um bocadinho?

P2: (Risos) não, não, minha cabeça não anda boa para pensar. Nem para raciocinar, não chega a lado nenhum. Passei de aluna modelo no curso de... de costura. Passei de aluna modelo da professora para mais taralhoca que lá estou, não consigo pensar, não consigo raciocinar. I: Ok. Mas isto era um pouco que qualidades também identifica que podem ser úteis para a terapia.

P2: ... não sei. I: É mais esta, é isso? P2: Sim...

I: Ok. (Pausa).

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P2 não identifica mais nenhum ponto forte reforçando também que não consegue reflectir muito sobre as questões por limitações ao nível do pensamento.

I: Houve algumas situações ou factos da sua vida actual que ajudaram a fazer uso da terapia? Ou seja, coisas que podem ter acontecido, podem ter facilitado a terapia.

P2: Não (sorrisos) só coisas que prejudicaram a terapia. I: Foi? (sorrisos)

P2: O facto de continuar a acontecer coisas más I: as questões que falou, não é?

P2: não há terapia que aguente.

I: Mas não há nada que possa ter ajudado a nível, por exemplo, da família, do emprego, da relação com os outros?

P2: O emprego não posso trabalhar, família é muito cobras, qual delas a mais venenosa, não ajudam ninguém, muito pelo contrário. Ainda antes do Natal apanhei uma pilha de nervos horrível com a minha irmã mais velha, então, família, esqueça lá isso.

I: Hum hum... Ok...

P2: Amigas também, como lhe disse, só me sobraram aquelas três. O resto fugiu tudo, ninguém quer ouvir os problemas de ninguém, ninguém quer dar o ombro amigo para ninguém chorar hoje em dia, então... I: Então acabou, acha que não houve nenhum factor da sua vida que tenha ajudado?

P2: Pois, que tenha ajudado, não. Só desajudado. I: Só desajudado, ok.

P2: Infelizmente.

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P2 reforça a influência de factores externos como obstáculo ao processo terapêutico admitindo que prejudicaram a sua evolução na terapia.

I: P2, que pontos fracos pessoais seus podem ter tornado difícil o uso da terapia. Ou seja, identificou à pouco aquele ponto forte, lembra-se? Agora o que queríamos ver era um ponto fraco, alguma limitação que possa existir em si. Às vezes as pessoas têm umas certas limitações, uma certa resistência.

P2: Não sei... Se calhar o facto de não me conseguir conformar com as injustiças. Não conseguir aceitá-las de maneira nenhuma, não conseguir conformar mesmo de maneira nenhuma com elas.

I: Com estas injustiças que lhe têm acontecido, é isso?

P2: É isso. Acredito que... que se calhar prejudica mas, de facto, é mais forte que eu, e não consigo aceitar as injustiças nem me conformar com elas.

I: Ok...

P2: Não consigo aceitar que aquela, mula que não se lhe pode chamar outra coisa fosse a conduzir com a cabeça na lua, e que tenha dado cabo da minha vida. E que seja a responsável pelos piores dois anos da minha vida. Tudo o que passei, coisas horrendas na vida, nada se compara ao facto, do que tenho sofrido devido ao atropelamento.

I: Hum, hum. (Pausa). Ou seja, acaba por ser a aceitação de certas limitações que ocorreram na sua vida, é isso?

P2: Exacto.

I: Hum, hum. Só, é só esse ponto que considera ou há mais algum que P2: que me lembre, só esse.

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Não há aceitação nem adaptação a

uma nova fase de vida.

Incapacidade de conciliação na sua situação contextual, remetendo tudo para o exterior.

I: Ok. (Pausa). Que factos da sua vida, apesar da P2 já me ter falado um bocadinho disso, mas, assim de uma forma breve, que factos na sua vida podem ter tornado o uso da terapia mais difícil?

P2: Só mesmo esse porque todos os outros factos que me aconteceram de mal na vida... ultrapassei-os sempre e, e estava bem, estava super bem. Tanto que ajudei a minha irmã do meio a sair duma depressão. Ajudei também uma amiga minha a melhorar muito mais da dela, não saiu porque aquilo acho que já é crónico. E se eu ‘tivesse mal não ajudava ninguém a ultrapassar depressões, não é? Por isso, todas as outras coisas más que me aconteceram na vida, eu levei-as sempre bem. Quando se tem saúde, tem-se tudo e forças pra lutar contra tudo e contra todos. E quando a gente se vê limitado, não é?, até a minha casa, pra limpar tem que ser às prestações porque fico com dores horríveis... I: ... hum, hum. Então podemos dizer que os factos da sua vida que acabaram por tornar, que podem ter tornado mais difícil o uso da terapia, tem a ver com essas questões que lhe foram surgindo?

P2: Exacto, foi mesmo só a parte do atropelamento, porque as outras todas...

I: E os problemas que depois levou, ao nível físico. P2: Exacto, e psicológico.

I: Psicológico, também. P2: E social, e tudo. I: Hum, hum.

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Mais uma vez P2 refere a importância da saúde.

Identifica também factores externos como obstáculo ao processo terapêutico.

P2: Até o facto de eles telefonarem-me a humilhar, porque da seguradora telefonavam-me a humilhar-me, a dizer-me as piores barbaridades. O perito da seguradora que lá foi a casa também dizia-me as piores barbaridades que se possa imaginar. Quando foi para pagar a roupa que ficou toda rasgada parecia que estava na feira, a regatear, não é? Uma parka que me custou sessenta euros ele queria-me dar vinte euros por ela, por exemplo, e parecia que estava na feira e então todo este desenrolar, todo esse Carnaval de coisas horríveis.