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P1 - Não sei, me deu assim uma... como dizer... um impulso assim para

viver,/

mais motivação para investir em si e na sua vida

mas não sei, não tenho palavras para dizer como a senhorita me pode ajudar... como dizer.../

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Pede ajuda à entrevistadora porque não sabe como se expressar

I - Tente dizer as palavras que lhe vierem à cabeça que eu depois posso

tentar ajudar... Viver de uma forma mais...

P1– Mais com alegria, mais assim... antes não gostava... o meu... de

mim... não gostava de mim... como dizer... eu tenho todos os dias de pintar cabelo, arranjar... isto é meu no meu dia-a-dia, no meu hábito, só não gostava de olhar no espelho, não gostava eu mesmo de mim como a senhorita diz, assim... só agora gosto de olhar no espelho, agora me vejo, antes olhava no espelho, só a cabeça na estava lá.

I - Agora consegue-se ver? P1– Agora consigo ver...

I - E cuida-se é isso, tem um cuidado maior?

P1 – Sim, sim, é, maior... antes só levava um fato de treino rápido, ia no

trabalho.../

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P1 refere que um aspeto que se alterou com a terapia foi o cuidado consigo própria. Descreve que antes da terapia não gostava de si mesma e fazia as coisas por rotina. Actualmente sente-se mais alegre, gosta de se ver e tem cuidado consigo própria.

Investimento em si mesma através do investimento no aspecto físico

Diz bem? Não sei...

I - Sim, ótimo... sim, percebi.

P1– É por causa que não encontro as palavras assim, não sei como

dizer...

I - Mas estamos aqui as duas e é normal também isso acontecer, por isso

é que eu também estou aqui, não se sinta de qualquer forma constrangida./

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refere a sua dificuldade em comunicar com o I, algo que é contido por este.

Outra coisa que eu gostava de perceber M. é como é que a M. se foi sentindo com a, neste caso a Dr.ª T1, ou seja, na terapia, nas sessões como é que a M. se sentia?

P1– Senhorita me sentia muito bem, assim, como pensava que conhecia

a senhorita Dr.ª T1 de sempre... não sei, ela tem assim... como dizer... um dom... um dom... para ajudar as pessoas a ficar calmas, para não ficarem ansiosas.../

P1 refere a capacidade empática e contentora das suas angústias por parte da terapeuta como algo que a fez sentir mais próxima e mais à vontade com a terapeuta.

esperava cada semana para chegar à sessão da senhorita, para me encontrar e falar das... não sei,/

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P1 refere a necessidade que sentia pelo momento da terapia, do encontro com a terapeuta e do espaço para falar e pensar os seus problemas.

dizia os meus problemas todos assim de coração e depois ficava toda aliviada, assim.../

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P1 transmite a sensação de alívio, ao poder falar abertamente de todos os seus problemas.

I - Ou seja, falou-me que por um lado sentia que a Dr.ª T1 lhe parecia

uma pessoa que já conhecia há muito tempo...

P1– Sim, de muito tempo e... I - E quase muito familiar...

P1– Sim, sim, sim... e que me ajudou muito. I - E que se sentia bem...

P1– Sentia-me bem na companhia da senhorita. I - E sentia algum alivio, é isso?

P- Sim, sim, sim.

I – Acho que a M. estava a dizer isso, que se sentia aliviada quando

falava das coisas, ou seja, sentia-se bem, acolhida... P1– Sim, sim, sim./

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P1 valida o seu sentimento de bem- estar na terapia, por se sentir confortável na relação e, por se sentir bem acolhida e aliviada ao falar dos seus problemas.

Espaço contentor para elaborar as questões.

I - Entretanto queria também perceber como é que a M. tem estado, ou

seja, de uma forma geral como é que...

P1 - Quando cheguei aqui primeira vez ou? I - Não, agora como é que tem estado.

P1– Estou bem, mantenho aquela sensação de medo... por causa que as

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P1 refere que actualmente ainda tem medo que os pensamentos que tinha anteriormente voltem, uma vez que a terapia já terminou. No

sessões já acabaram e... para não voltar aqueles... os meus pensamentos que tinha antes quando cheguei cá. Isto penso primeira vez e depois me lembro de senhorita, o que me diz e depois passa, vão embora.

I - Ou seja, por um lado tem o receio das sessões terem acabado? P1– Sim.

I - E de voltar um pouco ao mesmo, não é? P1– Sim.

I - Mas por outro lado também desconstrói isso, ou seja, põe isso de lado

e pensa na Dr.ª T1.

P1 - E como ela me falou o que eu preciso fazer e depois... os

pensamentos passam não... Sinto-me mais calma assim no trabalho, não me importo, chego em casa como a senhorita diz, para escutar uma música, ou fazer uma coisa que gosto ou dançar... 1 hora assim, fico lá, não penso noutras coisas./

entanto, quando tem esses pensamentos, consegue pensar nas palavras da Dr.ª T1 e sentir-se mais calma, fazendo o que falaram na terapia.

Única coisa é por causa, aquele sono, não posso dormir, comecei como a senhorita diz, fazer alguma coisa até noite... croché...

I - Mas quê, tinha dificuldade em dormir, é isso?

P1 – Dificuldade em dormir à noite. E fico até 10 assim e depois

começo a dormir como a senhorita me ensinou faz alguma coisa, vou olhar no televisão, croché... consegui, só dias quando são bons, dias quando consegue dormir, dias quando não...

I - Há dias que consegue dormir outros dias não, mas antes nunca

conseguia dormir bem?

P1 – Não, sempre estava assim.../

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P1 transmite uma diminuição da dificuldade em dormir, referindo que ao contrário do que se passava antes da terapia consegue ter algumas noites em que dorme bem, o que relaciona com as estratégias sugeridas pela terapeuta.

com uma cara assim de cansada, agora não trabalho muitas horas, só 8 horas por dia, só antes quando trabalhava estava melhor do que... nestas 8 horas por dia... agora quando trabalhava menos ficava mais cansada do que trabalhava antes, não sei porquê, penso que é do pensamento... I - Agora cansa-se mais?

P1 - Agora estou bem, só quando cheguei cá 1ª vez... sempre pensava no

trabalho, que eu não consigo trabalho para poder ganhar dinheiro, pagar as coisas, assim sempre estava com estes pensamentos, só agora comecei, quando foi a terapia com a senhorita Dr.ª T1 começou a melhorar.

I - Ou seja, tem andado mais calma, é isso? P1 - Sim, sim, sim.

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P1 refere que começou a descentrar-se tanto dos problemas financeiros relacionados com o trabalho e que o facto de ter reduzido o horário de trabalho lhe permite descansar mais e sentir-se mais repousada, algo que leva a uma diminuição dos níveis de ansiedade

I - Se eu percebi bem M. também com a Dr.ª T1 começou a pensar em

formas de ultrapassar as questões do sono, não era? Estratégias que a têm ajudado, mas no entanto actualmente há dias que consegue dormir bem e outros que não, mas sente-se mais calma e tranquila, é isso?

P1 - Isto, é sinto-me mais calma mais tranquila, não estou assim...

ansiosa, não tenho aquele mau estar como tinha... agora sou mais calma, não sei.../

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P1 valida que uma mudança que ocorreu com a terapia é actualmente sentir-se mais calma, com diminuição do mal-estar que sentia antes.

I - Gostava de saber M. como é que se descreveria a si própria?

P1 - ... Como me descreveria... Sou uma pessoa que gosta de ajudar

outras pessoas... não sei como é que... ás vezes sou uma pessoa assim, não tenho... não sei como dizer, eu queria falar assim... eu sou uma pessoa assim boa, ajudo as pessoas quando precisa, só não sei se sempre estou a receber... coisas maus das pessoas que ajudo ninguém... Não sei como hei de explicar...

I - A ver se eu percebi bem, a M. gosta de dar, apoiar, ajudar os outros... P1– Sim./

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P1 descreve-se como uma pessoa boa, que gosta de ajudar os outros. No entanto, sente que após os ter ajudado estes são maus e não valorizam ou retribuam esse cuidado que tem para com eles

I - No entanto dos outros, não dão da mesma forma...

P1 - Não, eles são maus para mim. Assim penso eu que fiz alguma coisa

eu, que eu.../

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P1 refere sentir que os outros não valorizam o que faz por eles e destaca que as pessoas são más para ela, culpabilizando-se por isso.

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encontrar-me com ele, por causa que ele sempre gosta assim, como dizer, picar... fazer as pessoas, não sei como dizer o português...

I - Ou seja, ele fala para si de uma forma que não era boa, é isso? P1 - Sim, sim, sim./

como ele fala para ela.

I - Mas isso acontece com o seu irmão ou com as outras pessoas

também, ou seja a M. sentir que dá muito mais do que aquilo que recebe, é isso?

P1 - Sim, sim, sim.

I - Mas isso acontece com toda a gente que está a sua volta ou é só com

algumas pessoas como por exemplo...

P1 - Não sei, estas pessoas que conheço eu, assim não conheço muitas

pessoas...

I - Na família, no trabalho?

P1– No trabalho e na minha família, os irmãos. I – A família toda?

P- Sim, toda. Tenho um outro irmão que estou melhor... em Espanha

agora, a minha irmã que é Roménia, esta é mais, ficou melhor.

I – Neste momento a M. também tem a sua própria família... P1– Sim.

I - E deles também sente?

P1– Ah não, não. Os meus não, eles não. Eles só disseram que... às

vezes, antes.

I – É a sua família antes, ou seja, a sua mãe... não, tem mais a ver com

os seus irmãos...

P1 - Os irmãos. Eu ajudei todos os irmãos e queria tudo bom para eles...

só quando preciso deles eles não estão.

I - Para além dos seus irmãos também acontece com as pessoas do

trabalho ou pessoas com que se vai cruzando?

P1– Não, é só com eles.

I - E vamos pensando M., o que é que a M. podia dizer mais de si

própria, ou seja descrever-se, só contou essa caraterística sua, que acha que dá mais do que recebe.../

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P1 concluiu que este sentimento de dar mais do que recebe só é referente aos irmãos e que no trabalho e na sua família nuclear não sente isso. Refere ter ajudado muito os irmãos, mas que estes não retribuem quando precisa.

mais coisas que podiam defini-la, para eu também conhecer melhor...

P1 - Sou um boa trabalhadora, gosto de trabalhar... trabalhar, trabalhar e

trabalhar só isto fecha aqui. Antes gostava ir à discoteca, escutar música, ler um livro, só agora no último tempo não sei o que se passou, não tive vontade de nada, só trabalhar, chegar a casa dormir, sair do trabalho, voltar.../

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P1 descreve-se com uma pessoa trabalhadora, com gosto no que faz. Refere que anteriormente tinha outros interesses mais lúdicos, mas que quando veio para a terapia estava desmotivada, sem vontade para nada, só trabalhava.

I – Ou seja, é o seu objectivo?

P1 - Assim foi antes agora sou melhor de quando fui à terapia. Comecei

a ver... de outra maneira, de outra forma.../

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P1 transmite a ideia que com a terapia mudou a forma como vê as coisas e que se sente melhor com isso.

I - Como por exemplo?

P1 - Para estar assim mais com o meu filho, para quando ele precisa

para ir passear ir a outros lugares... foi dias que não gostava sair, não gostava ir noutro sitio, só no trabalho e em casa, trabalho e casa...

I - Ou seja, a M. antes dedicava-se muito ao trabalho, neste momento

olha mais para a sua família.

P1 - Sim, sim... tenho mais tempo para o meu filho que antes não tinha,

por isso falei com a senhorita para me ajudar para ter mais paciência para o meu filho por causa que quando o meu filho queria... gosta brincar, gosta, e eu não estava lá, sempre estava pensando no trabalho, no dinheiro, que vou fazer, que preciso pagar a conta, preciso fazer aquilo, nunca não estava lá quando ele precisava de mim, agora comecei mais ter tempo para ele, mais dar tempo para ele, para poder ir fazer uma caminhada.

I - Mas é bom para o seu filho ou também é bom para si? Para os dois?

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P1 refere que antes de iniciar a terapia se dedicava muito ao trabalho e tinha preocupações constantes com o trabalho e o dinheiro. Neste momento, após a terapia, sente maior disponibilidade e para a sua família, nomeadamente para estar com o filho e considera que isso é bom para ambos.

(Diminuição dos pensamentos recorrentes o que lhe deu uma possibilidade de se focar mais na relação com o filho).

P1 - É para os dois e para mim. I - Faz-lhe bem?

P1 - Sim, faz-me bem./ I - Antes não lhe apetecia?

P1– Não, ir à cozinha não gostava. Agora já comecei a estar na cozinha. I - Ou seja, começa a ter uma maior satisfação naquilo que faz?

P1– Sim, sim. Antes não me preocupava, só me preocupava trabalhar,

trazer o dinheiro para ter tudo, para poder pagar as contas. Não tinha aquela vontade... estar com eles juntos. Só queria sair ir no trabalho, voltar./

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P1 transmite que antes da terapia as suas preocupações diziam respeito ao trabalho e a dinheiro e que não tinha vontade de estar com a família. No entanto, agora tem maior satisfação no que faz e já voltou a cozinhar.

I – Ou seja, a M. descreveu-se, primeiro disse que sentia que dava mais

aos outros que aquilo que recebia e agora também falou um pouco de como se descreveria um pouco antes da terapia e um pouco depois.Será que a M. poderia descrever de uma outra forma, ou seja, ou dando exemplos ou falando de determinadas características suas que ainda não tenha falado.

P1 - ... Não sei assim fazer a minha característica... I - Já falou de algumas até agora...

P1– Sim, isto... eu sempre dediquei a minha vida para os outros, sempre

de quando fui pequena... ia no verão trabalhar e ganhava dinheiro, não comprava roupa para mim, comprava para os meus irmãos, sempre pensava nas outras pessoas.

I - Actualmente também?

P1– Actualmente mesma coisa acontece. Nunca penso comprar uma

coisa para mim, sempre para o meu filho, o meu marido, a minha cadelinha, não sei porque sou assim.

I - Ou seja, nota que existe uma coisa que vem da sua infância até agora

que é igual, que é a questão de querer ver os outros bem, dar aos outros...

P1 - E eu não penso em mim... e a senhorita me ajudou para pensar e ver

e olhar na minha cara.

I - Pensar um pouco mais em si também, não só nos outros, é isso? P1– Sim, sim./

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P1 descreve a sua necessidade de ajudar os outros, em detrimento dela própria. Refere que antes da psicoterapia só pensava nos outros e actualmente, apesar de continuar a pôr o outro em primeiro lugar, já consegue pensar um pouco em si mesma.

I – ... Sim, de que outra forma... Outra questão que eu lhe queria

perguntar é e os outros, como é que acha que os outros, os que a rodeiam a poderiam descrever? O que é que acha que os outros vêm em si?

P1 - A minha colega diz que... eu preciso de estar mais rir, para não ficar

assim muito... como dizer, não sei,... não sou uma pessoa assim muito... sociável.

I - Ou seja, de se dar com toda a gente?

P1– Sim, ela diz para estar mais, para rir... eu sou muito séria... ela é

brasileira, gosto muito dela que sempre esta a rir... gostava eu estar assim, só não sei porque não sou.

I - Essa sua colega descreveria-a como sendo um pouco séria e que

deveria ser mais sociável e rir mais...

P1– Mais sociável, mais rir... é a única pessoa com quem fui no dia da

ascensão do filho dela.../

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P1 descreve-se como uma pessoa séria e pouco sociável. Refere que a colega do trabalho lhe diz que devia ser mais alegre e P1 gostava de ser assim.

I - Mas por exemplo a sua família e os outros, como é que acha que os

outros a vêm, nem quer dizer que eles digam não é, mas o que é que eles imaginam de si, que pessoa é que acham que a M. é, por exemplo?

P1 - O meu filho diz que nunca ninguém tem mãe como só ele... para

pensar no bem dele e se não estava eu como sou assim ele até agora não tinha nada, que ensinei bem, ele sabe como sou eu... não sei...

I - E os outros para além do seu filho? O seu filho diz que é uma ótima

mãe, é isso?

P1 - Sim diz que nunca lhe faltou nada./

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P1 refere que o filho tem muito orgulho em si e na educação que lhe deu, nunca lhe tendo faltado nada.

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