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P4: Só os filhos. Porque mesmo pessoas, não.

I: Hum, hum. Então foi mais os filhos que a ajudaram nestas mudanças também, para além da terapia. P4: Sim, sim./

I: E por outro lado foi a sua iniciativa e força de vontade./ P4: E também foi a fisioterapeuta.

I: Então?

P4: Que me apoiou bastante. I: Ah, boa.

P4: Foi também a assistente da fisioterapeuta, elas lá na Local. Também apoiaram-me bastante. Falavam-me muito também para eu mudar, “vê se você muda.” E também a médica de família falou muito comigo.

I: Hum, hum. Os técnicos que a acompanharam.

P4: Sim, sim. Falavam também muito comigo. Disseram, a minha médica disse “você não é aquela pessoa que eu conheci.”

I: Hum, hum.

P4: “Você tem que dar a volta nisto tudo e começar a pensar em si e deixar o mundo girar em volta de si porque assim não dá. Senão, você com os problemas que tem, já é tudo muito grave,” porque tenho sinusite aguda crónica. Estou com tiróide na garganta que vou à consulta no dia 2 de Setembro. Depois ela me disse que “com a psiquiatria que você vai, com os medicamentos que você toma, você está com nódulo na garganta, você está com problema na cervical, com tudo isto, você tem que pensar em si e não pensar nas pessoas, naquilo que falam e que deixam de falar. Você tem que pensar naquilo que você está a fazer.” Por acaso ela deu-me bom conselho e eu segui.

I: Ou seja, para além da terapia houve aqui técnicos que a ajudaram muito e os seus filhos.

P4: E também a médica também que me deixou mais para eu andar até ao Local A, e que a médica no ultimo dia que eu fui à consulta, ela me disse “essas dores, você vai ter que andar com elas para o resto da sua vida.” E eu pensei “não, não vou aceitar. Deus vai-me ajudar, não vou aceitar essas dores. Vou andar para ver se eu consigo sentir a minha perna.” E andei, fui até ao Local A, vim do Local A a pé. Mas devagarinho. Saí de casa às 9h e cheguei quase às 13h. Mas eu disse “valeu a pena.” (Ri-se).

I: Foi mesmo um desafio a si própria.

P4: Eu vou desafiar mesmo porque não dá. O J. disse “o quê Dr.ª?”, “a sua mãe vai andar com essas dores para o resto da vida.” E eu disse “não, para o resto da vida não pode ser porque eu também estou a pensar em trabalhar.”

I: Hum, hum./

P4: Eu disse “eu quero trabalhar, o meu trabalho é tudo, eu estou maluca dentro de casa.” Porque o meu refúgio sempre foi o trabalho.

I: Hum, hum.

P4: Por isso é que agora sinto-me mal sem estar a trabalhar. Porque eu qualquer problema que eu tinha ia para o trabalho e esquecia os problemas.

I: Hum, hum.

P4: Mas agora não tenho trabalho para ir. I: Por causa dos problemas de saúde. P4: Sim, de saúde. Estou de baixa. I: Hum, hum./

P4: Por isso é que estou assim. Minha Nossa Senhora. Consegui mesmo. Eu disse “não, P4, pensa bem, tu tens que dar a volta por cima porque já começaste a dar a volta por cima psicologicamente. Já estás a melhorar, tens que melhorar da perna também, fisicamente.” Foi isso que eu fiz.

I: Puxar por si própria também, não é?

P4: Sim, puxei mesmo. Com dores. Dei mesmo. Eu e o G. G. a dizer “mãe, faz flexões. Mãe, abaixa, faz flexões porque tens muita barriga.” (Ri-se). Lá na praia. Na praia, no paredão.

I: Sim.

P4: Depois vim para casa./

I: P4, queria-lhe perguntar também que pontos fortes pessoais a P4 tem que possam ter ajudado no uso da terapia. Acho que já me falou um pouco disso. Mas que características suas podem ter ajudado na terapia. P4: Porque eu também sou uma pessoa muito decidida.

I: Hum, hum.

P4: Quando decido que tenho que fazer uma coisa, faço. Por isso é que também ajudou-me bastante. I: Ser decidida, o ter iniciativa.

P4: Sim, tudo, é. I: E ter força.

P4: Ter força para fazer. Quando sinto que tenho que fazer aquela coisa, faço. Mesmo que tenha que fazer mal a mim própria, mas mal do outro sentido, não é daquele. Faço aquilo que é para conseguir os objectivos.

I: Sim.

P4: Por acaso sou assim (ri-se).

I: Criar objectivos. Há assim mais pontos fortes que acha que a P4 tem que ajudam? Mais algum ou são só estes?

P4: Mais é esses.

I: É estes./ Hum, que factos, na sua situação de vida atual, ajudaram a fazer uso da terapia. Houve assim alguma coisa que tivesse acontecido que a ajudou a lidar melhor com os problemas? Por exemplo, na família, houve alguma coisa que ajudou a lidar melhor com os problemas? Ou no emprego. Ou nas relações com as pessoas. P4: Nas relações com as pessoas e com as famílias também.

I: Hum, hum. Que ajudou a fazer uso da terapia? P4: Sim.

I: Ou seja, que a terapia corresse melhor. P4: Sim.

I: Pode-me explicar um bocadinho? O que é que os outros ajudaram nisso, também?

P4: A minha família (52:09 ?) por acaso ajudaram-me bastante. Começaram-me também para eu ir. I: Hum, hum.

P4: Vai à terapia, a terapia é boa. A minha irmã, o meu irmão também, que é o Jo., que já veio cá. I: Sim, eu conheci, sim, P4.

P4: Ele até, antes disso, ele já tinha-me falado que ia-me arranjar uma psicóloga lá do 52:32 ?). I: Hum, hum.

P4: Que ele me disse. E disse “não, não quero” e a psicóloga até vinha cá em casa para vir ter comigo. Ele marcou com a psicóloga e eu não quis porque eu para mim psicologia era... tudo coiso. Por isso eu não quis. Eu disse “não, quando eu quiser tenho a Instituição aqui que tem também psicólogo.”

I: Hum, hum.

P4: Se eu precisar, venho aqui e falo. E também estive em Local E com o G., a assistente social também esteve a falar comigo, e a médica do G. disse “eu te conheço desde que o G. tem 15 dias, que veio para cá, você não era uma mãe assim. você precisa de ir a uma psicóloga para lhe ajudar a ver se define as coisas e se percebe as coisas, se percebe aquilo que está a fazer, se é bem ou se é mal para si e para os seus filhos. Também disseram- me isso, também para eu vir cá e eu disse “não, tenho aqui a Instituição, venho aqui à Instituição.” Por acaso, tiveram a apoiar-me bastante.

I: Hum, hum./

P4: As pessoas que queria, quer eram da minha confiança e de amizade, que não eram da minha família, não me apoiaram. Isso é que eu fiquei um bocadinho triste.

I: Os amigos? P4: Sim.

I: Sem ser da família?

P4: Que eu pensei que era amigos. Porque esses não são amigos. I: Hum.

P4: Que amigos é para essa hora que nós precisamos dos amigos. Para mim eu sou assim. I: Hum, hum.

P4: Mas da minha família, de alguns amigos, alguns mas de Lisboa, não é daqui. Vizinhos, também alguns, tive o apoio. Mas da pessoa mesmo que eu queria, fiquei magoada, que não me apoiou que é a pessoa que eu sempre apoiei, sempre ajudei. Mais do que a minha família. Assim, não senti bem. Mas agora a mágoa já passou. I: Já passou.

P4: Já passou (ri-se). Agora estou em paz comigo, olha, já passou tudo. Mas na altura eu não podia nem ver essa pessoa à minha frente.

I: Hum...

P4: Via ela a vir, fingia, saía para o outro lado porque eu não queria ver essa pessoa. Fiquei mesmo chocada. Porque eu não esperava isso dessa pessoa.

I: E houve assim mais alguma coisa que ajudou a terapia, na sua vida? P4: Hum... Ajudou mais...

I: Foi mais este apoio? P4: Sim./

I: Agora vamos ver se a P4 acha que há assim algum ponto fraco, pessoal, seu, que possa ter tornado a terapia mais difícil.

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