• Nenhum resultado encontrado

I: Sempre para melhor. Ok.

E o que é que gostaria que tivesse mudado e não mudou? Há alguma coisa que a P4 veja que gostava de ter mudado na terapia e não conseguiu?

P4: Não. Consegui tudo aquilo que eu queria, estou a conseguir. Estou a conquistar, a fazer conquistas (ri-se).

I: Ainda as está a fazer. P4: Sim.

I: Sim. Ok. Então não há assim nada que tenha... P4: Não...

50

P4 refere que tudo o que se tinha proposto mudar na terapia mudou mas que é um processo que continua, continua a trabalhar no sentido de mudar ainda mais.

I: Eu apontei aqui as mudanças que a P4 me falou e em cada mudança eu gostaria que classificássemos. E em cada mudança gostava que nós víssemos o grau de expectativa que a P4 tinha e o grau de surpresa com que ficou com cada mudança. Por exemplo, aqui na primeira mudança que é “não cuidava de mim, não me vestia bem e etc” não é? Isto mudou. A P4, temos aqui uma escala, se a P4 quiser pode ver mas eu posso ler. É esta escala, esta aqui, que é, classificarmos 1 é dizer que a P4 contava muito com essa mudança, achava que ela ia acontecer. O 2 “de certo modo contava com essa mudança”, o 3 “nem contava com isso nem estou surpreendida com isso”, o 4 “de certo modo fiquei surpreendida por esta mudança” e o 5 “muito surpreendida com esta mudança.” Eu queria que a P4 nesta, o não se cuidar de si, não se vestir bem, como é que classificava?

P4: Muito surpreendida.

I: Muito surpreendida com esta mudança.

51

Relativamente ao facto de ter voltar a cuidar de si, a preocupar-se com a sua imagem, P4 reconhece ter ficado muito surpreendida com a mudança.

Em relação ao “não tratava da casa, não gostava de estar em casa.” A P4 contava com essa mudança, de certo modo contava com essa mudança, nem contava com isso nem ficou surpreendida com isso, de certo modo surpreendida com essa mudança, ou muito surpreendida com essa mudança?

P4: Também. I: Também 5.

52

Em relação ao cuidar da casa, de gostar de estar dentro da sua casa, P4 encontra-se muito surpreendida com esta mudança.

Medo de estar em casa. Contava muito com essa mudança, é a mesma escala, contava com ela, de certo modo contava com ela, 3 não contava com isso nem estou muito surpreendida com isso, o 4 de certo modo surpreendida com essa mudança, e o 5 muito surpreendida.

P4: Muito surpreendida também. I: Também.

53

Na questão de já não sentir medo de estar em casa, P4 revela estar muito surpreendida com a mudança.

E o não fazer mal a si mesma?

P4: Também muito surpreendida. (Ri-se). I: É? Muito surpreendida.

54

P4 revela estar muito surpreendida com o facto de já não ter vontade de fazer mal a si mesma.

O 5, não fazer mal aos filhos. Porque gritava muito, não é? P4: Muito surpreendida. Fiquei tudo.

I: Sim.

55

P4 refere estar muito surpreendida com o facto de já não ter vontade de gritar com os seus filhos.

Deixou de ter rancor em relação ao marido e aquelas ideias de lhe fazer mal.

P4: Muito surpreendida. I: Muito surpreendida.

56

P4 diz estar muito surpreendida com o facto de já não ter vontade de fazer mal ao seu marido e de já não sentir raiva.

Agora é outra classificação, que é: em relação ao não cuidar de si e da forma como se vestia, qual é o grau de probabilidade de ocorrência da mudança. Ou seja, se não tivesse começado a terapia, era muito provável esta mudança ocorrer sem terapia, temos o 1, o 2 “algo improvável sem a terapia”, o 3 “nem provável nem improvável”, o 4 “algo provável sem a terapia”, ou seja sem a terapia também conseguia, e o 5 “muito provável sem a terapia”.

P4: Sem a terapia não conseguia.

57

P4 diz que sem a terapia, a mudança de vontade de cuidar de si, da sua imagem, teria sido muito improvável de acontecer.

I: Não conseguia? Então é “muito improvável sem a terapia.” P4: Sim.

I: Que é, sem a terapia não tinha acontecido, que é o que isto quer dizer.

P4: Sim.

I: E o “não tratava da casa, não gostava de estar em casa”? P4: Também não conseguia.

I: Não conseguia sem a terapia.

58

P4 refere que sem a terapia esta mudança não teria ocorrido. E “medo de estar em casa”?

P4: Também foi tudo com a terapia (ri-se).

59

P4 refere que sem a terapia esta mudança não teria ocorrido. I: O não fazer mal a si mesma.

P4: Também.

60

P4 identifica que não teria alterado a vontade de fazer mal a si mesma sem a terapia.

1 O não fazer mal aos filhos e o gritar muito. P4: (Acena afirmativamente).

61

P4 diz que sem a terapia não teria modificado o seu comportamento com os seus filhos.

I: Deixar de ter rancor ao marido e fazer-lhe mal. P4: Também.

I: Muito improvável sem a terapia. Acha que se calhar não acontecia. P4: Não, não. Não acontecia mesmo.

62

P4 refere que sem a terapia esta mudança não teria ocorrido. I: Sim. Que importância ou significado atribui a esta mudança? Isto é

outra classificação, que é, esta mudança o não cuidar de si mesma e de se vestir bem, “não tem importância” para si é o 1, “importância pouco significativa” é o 2, “importância moderada” é o 3, o 4 “foi muito importante”, e o 5 “extremamente importante.”

P4: Extremamente importante.

I: O “começar a cuidar de si e vestir-se bem”.

63

P4 diz que o facto de voltar a ter vontade de cuidar de si foi uma mudança extremamente importante.

O “começar a tratar da casa e gostar de estar em casa?” P4: Também.

I: Também foi extremamente importante. P4: É.

64

P4 identifica que o facto de voltar a gostar da sua casa e de cuidar desta foi uma mudança extremamente importante.

I: “Medo de estar em casa.” P4: Também é importante.

65

P4 refere que o facto de se sentir bem em sua casa foi uma mudança extremamente importante.

I: “Não fazer mal a si mesma.” P4: Também.

I: Também extremamente importante.

66

P4 diz que o não ter vontade de fazer mal a si mesma foi uma mudança extremamente importante. “Não fazer mal aos filhos, gritar muito.”

P4: Também.

67

P4 identifica que o facto de não gritar com os seus filhos foi uma mudança extremamente importante. I: E o “deixar de ter rancor em relação ao seu marido?”

P4: Também.

68

P4 refere que o facto de deixar de ter sentimentos de rancor em relação ao seu marido foi uma mudança extremamente importante. I: Na sua opinião, o que é que teve na origem destas mudanças todas,

P4?

P4: Na minha opinião, achei muito bem.

I: Mas o que é que levou a estas mudanças? Gostava que falasse de características suas que ajudaram a mudar ou características da própria

69

P4 reconhece que sem a terapia nenhuma destas mudanças teria ocorrido pois sem o apoio da terapia P4 não tinha capacidade de

190

I: Hum, hum.

P4: Sozinha não conseguia ir lá. I: Foi com a terapia que conseguiu. P4: Foi.

I: Mas, por outro lado, também, queria-lhe perguntar se isto lhe faz sentido, também há determinadas características suas que a ajudaram, com a terapia, a conseguir.

P4: Sim, sim. Eu também tive força de vontade. I: Força de vontade.

P4: Sim.

I: E houve assim mais alguma coisa, para além da força de vontade que possa ter ajudado a que estas mudanças acontecessem?

P4: Tive força de vontade. Tive também iniciativa própria para poder fazer isso.

I: Hum, hum.

70

No entanto, P4 identifica uma característica sua – a força de vontade, motivação – como uma característica que fomentou o processo terapêutico.

P4: E ajuda também dos filhos.

I: Hum, hum. Ajuda dos filhos. Sim, e por exemplo, lá fora houve alguma coisa que a ajudou?

P4: Não.

I: Houve os filhos.

P4: Só os filhos. Porque mesmo pessoas, não.

I: Hum, hum. Então foi mais os filhos que a ajudaram nestas mudanças também, para além da terapia.

P4: Sim, sim.

I: E por outro lado foi a sua iniciativa e força de vontade. P4: E também foi a fisioterapeuta.

I: Então?

P4: Que me apoiou bastante. I: Ah, boa.

P4: Foi também a assistente da fisioterapeuta, elas lá na Local. Também apoiaram-me bastante. Falavam-me muito também para eu mudar, “vê se você muda.” E também a médica de família falou muito comigo.

I: Hum, hum. Os técnicos que a acompanharam. P4: Sim, sim. Falavam também muito comigo.

71

No exterior, no seu contexto, P4 identifica os seus filhos, técnicos e familiares como figuras de suporte que também ajudaram a promover todas as mudanças trabalhadas durante a terapia.

Disseram, a minha médica disse “você não é aquela pessoa que eu conheci.”

I: Hum, hum.

P4: “Você tem que dar a volta nisto tudo e começar a pensar em si e deixar o mundo girar em volta de si porque assim não dá. Senão, você com os problemas que tem, já é tudo muito grave,”

72

P4 refere que a sua médica de família lhe deu apoio para a mudança.

porque tenho sinusite aguda crónica. Estou com tiróide na garganta que vou à consulta no dia 2 de Setembro. Depois ela me disse que “com a psiquiatria que você vai, com os medicamentos que você toma, você está com nódolo na garganta, você está com problema na cervical, com tudo isto,

73

P4 menciona algumas questões de saúde que também comprometiam o seu bem-estar emocional.

você tem que pensar em si e não pensar nas pessoas, naquilo que falam e que deixam de falar. Você tem que pensar naquilo que você está a fazer.” Por acaso ela deu-me bom conselho e eu segui.

I: Ou seja, para além da terapia houve aqui técnicos que a ajudaram muito e os seus filhos.

P4: E também a médica também que me deixou mais para eu andar até ao Local D, e que a médica no ultimo dia que eu fui à consulta, ela me disse “essas dores, você vai ter que andar com elas para o resto da sua vida.” E eu pensei “não, não vou aceitar. Deus vai-me ajudar, não vou aceitar essas dores. Vou andar para ver se eu consigo sentir a minha perna.” E andei, fui até ao Local D, vim do Local D a pé. Mas devagarinho. Saí de casa às 9h e cheguei quase às 13h. Mas eu disse “valeu a pena.” (Ri-se).

I: Foi mesmo um desafio a si própria.

74

P4 identifica que as sugestões dadas pela médica de família foram úteis para o seu processo terapêutico. Refere também que por a ter confrontado com determinadas questões, esta confrontação a motivou para não aceitar as suas limitações físicas.

P4: Eu vou desafiar mesmo porque não dá. O J. disse “o quê Dr.ª?”, “a sua mãe vai andar com essas dores para o resto da vida.” E eu disse “não, para o resto da vida não pode ser porque eu também estou a pensar em trabalhar.”

I: Hum, hum.

P4: Eu disse “eu quero trabalhar, o meu trabalho é tudo, eu estou maluca dentro de casa.” Porque o meu refúgio sempre foi o trabalho. I: Hum, hum.

P4: Por isso é que agora sinto-me mal sem estar a trabalhar. Porque eu qualquer problema que eu tinha ia para o trabalho e esquecia os problemas.

I: Hum, hum.

P4: Mas agora não tenho trabalho para ir. I: Por causa dos problemas de saúde. P4: Sim, de saúde. Estou de baixa. I: Hum, hum.

P4: Por isso é que estou assim. Minha Nossa Senhora. Consegui mesmo. Eu disse “não, P4, pensa bem, tu tens que dar a volta por cima porque já começaste a dar a volta por cima psicologicamente. Já estás a melhorar, tens que melhorar da perna também, fisicamente.” Foi isso que eu fiz.

I: Puxar por si própria também, não é?

P4: Sim, puxei mesmo. Com dores. Dei mesmo. Eu e o G. G. a dizer “mãe, faz flexões. Mãe, abaixa, faz flexões porque tens muita barriga.” (Ri-se). Lá na praia. Na praia, no paredão.

I: Sim.

P4: Depois vim para casa.

75

P4 refere que o seu trabalho é uma área muito importante da sua vida que a ajudava a gerir os problemas pois, de certo modo, os evitava. Menciona que o facto de obter resultados através do apoio psicológico também a motivaram a alcançar resultados ao nível físico.

I: P4, queria-lhe perguntar também que pontos fortes pessoais a P4 tem que possam ter ajudado no uso da terapia. Acho que já me falou um pouco disso. Mas que características suas podem ter ajudado na terapia. P4: Porque eu também sou uma pessoa muito decidida.

I: Hum, hum.

P4: Quando decido que tenho que fazer uma coisa, faço. Por isso é que também ajudou-me bastante.

I: Ser decidida, o ter iniciativa. P4: Sim, tudo, é.

I: E ter força.

P4: Ter força para fazer. Quando sinto que tenho que fazer aquela coisa, faço. Mesmo que tenha que fazer mal a mim própria, mas mal do outro sentido, não é daquele. Faço aquilo que é para conseguir os objectivos.

I: Sim.

P4: Por acaso sou assim (ri-se).

I: Criar objectivos. Há assim mais pontos fortes que acha que a P4 tem que ajudam? Mais algum ou são só estes?

P4: Mais é esses. I: É estes.

76

P4 identifica que por ser uma pessoa com iniciativa e decidida conseguiu alcançar os objectivos na terapia.

Hum, que factos, na sua situação de vida actual, ajudaram a fazer uso da terapia. Houve assim alguma coisa que tivesse acontecido que a ajudou a lidar melhor com os problemas? Por exemplo, na família, houve alguma coisa que ajudou a lidar melhor com os problemas? Ou no emprego. Ou nas relações com as pessoas.

P4: Nas relações com as pessoas e com as famílias também. I: Hum, hum. Que ajudou a fazer uso da terapia?

P4: Sim.

I: Ou seja, que a terapia corresse melhor. P4: Sim.

77

P4 refere que o apoio da sua família foi um factor que facilitou o processo terapêutico pois encorajaram-na a pedir apoio psicológico e, já no apoio, a ir às sessões.

192