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Apêndice X: Composição do investimento – SCN antigo

4. Trajetória da produtividade do trabalho no Brasil pós-Plano Real e seus fatores

4.5. Índices de Rasmussen-Hirschman

Os índices de Rasmussen-Hirschman, idealizados inicialmente por Poul Norregaard Rasmussen e posteriormente desenvolvidos por Albert Otto Hirschman, evocam uma noção longamente abordada pela literatura econômica, na qual o setor industrial, em virtude de sua capacidade de demandar insumos e fornecer produtos de e para outros setores da economia, tem o poder de dinamizar a economia como um todo. A identificação das atividades econômicas ligadas à indústria com maior habilidade de encadeamento seria, portanto, de especial interesse no que tange às decisões de investimento e às políticas públicas de fomento voltadas ao setor industrial.

Partindo do modelo básico de Leontief, a metodologia proposta pelos autores permite identificar os efeitos em cadeia retrospectivos e prospectivos das diversas atividades econômicas. De acordo com Hirschman (1961: pp. 168-169), a agricultura em geral caracteriza-se pela escassez de efeitos em cadeia. Em princípio, as atividades econômicas voltadas à produção primária excluem qualquer grau considerável de cadeia retrospectiva e,

mesmo seus efeitos prospectivos podem ser considerados fracos, uma vez que grande parte da produção agrícola se destina diretamente ao consumo ou à exportação. Assim, em razão de sua falta de estímulo direto para a instituição de novas atividades através dos efeitos em cadeia, a superioridade da indústria sobre a agricultura seria esmagadora9.

Na concepção da matriz insumo-produto, portanto, existe um último setor cuja produção se dirige inteiramente para a demanda final e que, por sua vez, adquire insumos de outros setores; o penúltimo setor vende a sua produção ao último setor para a demanda final e adquire insumos de alguns, ou de todos os outros setores da economia, com exceção do último setor, e assim por diante, até chegar ao primeiro setor, cuja produção se encaminha para todos os setores subseqüentes e, possivelmente, também, para a demanda final que, contudo, não utiliza insumos de nenhum setor (Hirschman, 1961: p. 171).

Hirschman (1961: p. 174) aponta, ainda, para a importância da cadeia retrospectiva como processo de desenvolvimento, uma vez que os efeitos gerados ocorrem “não só da produção secundária para a primária, como também da terciária retroagindo para ambas – a secundária e a primária”. De acordo com o autor (pp. 179-180), os efeitos em cadeia retrospectivos seriam, assim, muito mais nítidos que os em cadeia prospectiva. De fato, a cadeia prospectiva jamais poderia manifestar-se em forma pura, pois ela faz-se sempre acompanhar da cadeia retrospectiva, que resulta da pressão da demanda. A antecipação da demanda seria, deste modo, condição para o surgimento de efeitos em cadeia prospectivos. Vale notar, no entanto, que ainda que não se possa considerar a cadeia prospectiva como um processo autônomo de incentivo, ela agiria como poderoso reforço da cadeia retrospectiva.

Discutiu-se anteriormente que o Sistema de Contas Nacionais (SCN) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ao estabelecer duas categorias de referência, isto é, atividades econômicas e produtos, possibilita o cálculo de dois sistemas de Leontief. Especificamente, o sistema associado às matrizes de coeficientes técnicos que cruzam as informações por atividade econômica, permite, por sua vez, calcular os índices de Rasmussen- Hirschman.

O cálculo dos índices baseia-se na matriz inversa de Leontief , apresentada no capítulo 3. Seguindo Rasmussen (1963: pp. 127-129), seja um elemento da matriz , interpretado como a medida física de produção que mensura a quantidade produzida pela atividade e consumida pela atividade , necessária para a produção de uma unidade na

9 Todavia, a crescente complexidade das relações intersetoriais incita a estender a análise não somente à agropecuária, mas também ao setor de serviços.

atividade destinada à demanda final. Desta maneira, a soma dos elementos da coluna é dada por:

onde representa o aumento total na produção de todas as atividades econômicas necessário para que a atividade produza uma unidade adicional destinada à demanda final. Dito de outro modo, representa o consumo intermediário total da atividade em relação à produção da economia como um todo, inclusive em relação à produção da própria atividade .

Analogamente, a soma dos elementos da linha é dada por:

onde representa o aumento total na produção da atividade necessário para que todas as atividade econômica produzam uma unidade adicional destinada à demanda final. Dito de outro modo, representa a produção total da atividade destinada ao consumo intermediário da economia como um todo, inclusive ao consumo intermediário da própria atividade .

A média da soma dos elementos da coluna é dada por:

onde representa uma estimação do aumento médio na produção de uma atividade econômica qualquer necessário para que a atividade produza uma unidade adicional destinada à demanda final ou, em outras palavras, representa o consumo intermediário médio da atividade em relação à produção de uma atividade econômica qualquer.

Da mesma forma, a média da soma dos elementos da linha é dada por:

onde representa uma estimação do aumento médio na produção da atividade , necessário para uma atividade econômica qualquer produza uma unidade adicional destinada à demanda final ou, em outras palavras, representa a produção média da atividade destinada ao consumo intermediário de uma atividade econômica qualquer, podendo esta ser a própria atividade .

Com o objetivo de realizar comparações entre as atividades econômicas, faz-se necessário normalizar as médias das colunas e das linhas da matriz . Por conseguinte, a

A partir do exposto acima, é possível construir o índice de poder de dispersão e o índice de sensibilidade da dispersão :

O índice de poder de dispersão da atividade , , avalia os efeitos em cadeia retrospectivos da atividade , isto é, mede como um aumento na demanda final da atividade impacta a produção da economia como um todo. Quando tem-se que, dada a definição de , o aumento de produção das atividades econômicas necessário para que a atividade produza uma unidade adicional destinada à demanda final é relativamente grande. Em outras palavras, quando , então a atividade tem um considerável poder de encadeamento retrospectivo.

O índice de sensibilidade de dispersão da atividade , , avalia os efeitos em cadeia prospectivos da atividade , isto é, mede a dependência da economia em relação à produção da atividade , frente a um aumento na demanda final da de todas as atividades econômicas. Quando tem-se que, dada a definição de , o aumento de produção da atividade necessário para atender a um aumento na demanda final da economia é relativamente grande. Em outras palavras, quando , então a atividade tem um considerável poder de encadeamento prospectivo.

Deve-se levar em consideração, no entanto, que os índices acima descritos representam médias, não sendo capazes de determinar a verdadeira extensão do poder e sensibilidade de dispersão das atividades econômicas. A modo de esclarecimento Rasmussen (1963: p. 132) cita alguns exemplos. Por um lado, pode ocorrer que uma determinada atividade tenha um alto índice de poder de dispersão e, no entanto, que a maioria das atividades econômicas permaneça inalterada frente a um aumento na demanda final da atividade Neste caso, pode-se afirmar que a atividade tem um peso relativamente grande sobre apenas uma ou algumas poucas atividades econômicas. Por outro lado, é possível que determinada atividade tenha um alto índice de sensibilidade de dispersão que, contudo, seja

causado por fortes demandas unilaterais sobre a atividade , no sentido em que apenas uma, ou apenas umas poucas atividades econômicas dependem em grande escala da atividade .

O raciocínio desenvolvido pelo autor instiga, portanto, a medir os coeficientes de variação associados aos índices de poder e sensibilidade de dispersão. Tem-se, assim:

Segundo Rasmussen (1963: p. 133), interpreta-se como um coeficiente de variação que mostra de que maneira o impacto de um aumento na demanda final da atividade se distribui através da economia. Deste modo, se for relativamente alto, então o impacto de um aumento na demanda final da atividade se concentra em poucas atividades econômicas. Se, ao contrário, for relativamente baixo, então o impacto de um aumento na demanda final da atividade se distribui de maneira uniforme entre as atividades econômicas.

Analogamente, interpreta-se como um coeficiente de variação que mostra como a demanda pela produção da atividade para consumo intermediário se distribui na economia. Deste modo, se for relativamente alto, então a demanda pela produção da atividade se concentra em poucas atividades econômicas. Se, ao contrário, for relativamente baixo, então a demanda pela produção da atividade se distribui de maneira uniforme na economia.

Do exposto acima, pode-se dizer, que se determinada atividade econômica tiver um poder de dispersão acima da média, cujo coeficiente de variação associado for relativamente baixo, então no caso de um aumento na demanda final pelos produtos de dita atividade econômica, haverá um aumento relativamente grande na produção da economia como um todo. No esforço de realizar uma análise mais profunda sobre as relações intersetoriais da economia brasileira, nomear-se-á este tipo de atividades econômicas como atividade

econômica chave. Este adjetivo, utilizado por Rasmussen (1963: p. 135), tem por objetivo

ilustrar a importância da identificação das atividades econômicas com forte poder de

aumentar a demanda final da economia de modo a elevar a produção em todas as atividades econômicas, as políticas públicas devem ser voltadas às atividades econômicas chaves, pois uma expansão destas atividades levaria a um aumento geral da produção.

Ainda, será definido, nesta dissertação, um segundo parâmetro de classificação das atividades econômicas. Caso uma atividade econômica chave tiver uma sensibilidade de dispersão acima da média, cujo coeficiente de variação associado for relativamente baixo, então dita atividade se caracteriza por ter, ao mesmo tempo, forte poder de encadeamento

retrospectivo e prospectivo. A este tipo de atividades econômicas dar-se-á o nome de atividade econômica estratégica.

As matrizes insumo-produto elaboradas pelo IBGE e construídas em concordância com o “System of National Accounts 1993” (SNA 93) das Nações Unidas referem-se aos anos 2000 e 2005. Vale notar que a estrutura destas matrizes está organizada conforme as 56 atividades econômicas do SCN novo, não sendo possível encontrar ditas informações de acordo com o SCN antigo10. Sendo assim, as Tabelas 41 e 42 apresentadas resumem os cálculos realizados para a identificação empírica das atividades econômicas chaves e

estratégicas da economia brasileira.

Percebe-se, inicialmente, que nenhuma das atividades econômicas pertencentes ao setor agropecuário podem ser consideradas como chaves ou estratégicas. No âmbito do setor industrial, as atividades econômicas 202. Minério de ferro (IE) e 203. Outros da indústria

extrativa (IE) apresentam forte poder de encadeamento retrospectivo. Através da

correspondência entre o SCN novo e a Classificação Nacional de Atividades Econômicas 1.0 (CNAE 1.0) – ver Apêndice D – percebe-se que a atividade econômica 203. Outros da

indústria extrativa (IE) consiste em uma miscelânea que envolve a extração de carvão

mineral, de minerais metálicos não ferrosos, de pedra, areia e argila e de outros minerais não metálicos.

A indústria de transformação, por sua vez, detém quase a totalidade das atividades econômicas que podem ser consideradas chaves e estratégicas. Dentre as indústrias de baixa intensidade tecnológica, as atividades econômicas com um forte poder de encadeamento retrospectivo são a atividade econômica 301. Alimentos e bebidas (IBIT) e 334. Móveis e

produtos das indústrias diversas (IBIT). A atividade econômica 301. Alimentos e bebidas (IBIT), que ademais apresenta forte poder de encadeamento prospectivo, sendo considerada

uma atividade estratégica da economia brasileira, engloba as seguintes atividades: (i) abate e

preparação de produtos de carne e de pescado; (ii) processamento, preservação e produção de conservas de frutas, legumes e outros vegetais; (iii) produção de óleos e gorduras vegetais e animais; (iv) laticínios; e (v) moagem, fabricação de produtos amiceláceos e de rações balanceadas para animais.

Tabela 41: Atividades econômicas chaves e estratégicas – Matriz Insumo-Produto 2000

Atividades Econômicas Chave Estratégica

101 Agricultura, silvicultura e exploração florestal 0,86 4,90 1,58 2,94

102 Pecuária e pesca 0,95 4,51 0,84 5,14

201 Petróleo e gás natural 0,91 4,40 1,28 3,35

202 Minério de ferro 1,07 4,00  0,68 6,28

203 Outros da indústria extrativa 1,01 4,14  0,84 4,94

301 Alimentos e bebidas 1,26 3,89  1,32 3,76 

302 Produtos do fumo 1,11 3,81  0,56 7,40

303 Têxteis 1,04 4,74 1,08 4,75

304 Artigos de vestuário e acessórios 1,00 4,21 0,58 6,78

305 Artefatos de couros e calçados 1,24 3,99  0,67 7,31

306 Produtos de madeira, exclusive móveis 1,00 4,71 0,79 5,93

307 Celulose e produtos de papel 1,08 4,51 1,16 4,21

308 Jornais, revistas, discos 0,97 4,27 0,96 4,29

309 Refino de petróleo e coque 1,20 4,17  1,93 2,45 

310 Álcool 1,08 3,92  0,77 5,11

311 Produtos químicos 1,13 3,87  1,89 2,42 

312 Fabricação de resina e elastômeros 1,32 3,36  1,05 3,91 

313 Produtos farmacêuticos 0,89 4,39 0,68 5,76

314 Defensivos agrícolas 1,25 3,42  0,72 5,85

315 Perfumaria, higiêne e limpeza 1,06 3,88  0,69 5,96

316 Tintas, vernizes, esmaltes e lacas 1,10 3,58  0,65 6,07

317 Produtos e preparados químicos diversos 1,08 3,74  0,86 4,66

318 Artigos de borracha e plástico 1,20 3,54  1,22 3,38 

319 Cimento 1,03 3,92  0,62 6,53

320 Outros produtos de minerais não metálicos 1,11 3,66  0,76 5,31

321 Fabricação de aço e derivados 1,08 4,07  1,31 3,40 

322 Metalurgia de metais não ferrosos 1,08 4,11  0,91 4,78

323 Produtos de metal, exclusive máquinas e equipamentos 1,07 3,90  1,17 3,51 

324 Máquinas e equipamentos, inclusive manutenção e reparos 1,08 3,76  0,95 4,22

325 Eletrodomésticos 1,19 3,38  0,56 7,14

326 Máquinas para escritório e equipamentos de informática 0,89 4,49 0,54 7,30

327 Máquinas, aparelhos e materiais elétricos 1,08 3,97  0,96 4,46

328 Material eletrônico e equipamentos de comunicações 1,04 4,07  0,72 5,92

329 Aparelhos e instrumentos médico-hospitalar, medida e óptico 0,83 4,82 0,61 6,62

330 Automóveis, camionetas e utilitários 1,11 3,59  0,57 6,95

331 Caminhões e ônibus 1,14 3,60  0,57 7,19

332 Peças e acessórios para veículos automotores 1,15 4,01  0,98 4,73

333 Outros equipamentos de transporte 0,88 4,68 0,58 7,12

334 Móveis e produtos das indústrias diversas 1,04 3,84  0,64 6,22

401 Eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana 0,91 5,70 2,19 2,32

501 Construção 0,94 4,28 0,75 5,38

601 Comércio 0,75 5,38 2,39 1,61

701 Transporte, armazenagem e correio 0,92 4,63 2,37 1,73

801 Serviços de informação 0,89 5,14 1,81 2,48

901 Intermediação financeira e seguros 0,88 5,33 2,10 2,16

1001 Atividades imobiliárias e aluguel 0,57 6,90 0,82 4,70

1101 Serviços de manutenção e reparação 0,78 5,05 0,75 5,21

1102 Serviços de alojamento e alimentação 1,06 3,90  0,73 5,38

1103 Serviços prestados às empresas 0,86 4,93 2,19 1,85

1104 Educação mercantil 0,80 4,86 0,56 7,01

1105 Saúde mercantil 0,88 4,42 0,55 7,05

1106 Outros serviços 0,84 4,71 0,80 4,93

1201 Educação pública 0,68 5,70 0,53 7,36

1202 Saúde pública 0,82 4,72 0,53 7,41

1203 Administração pública e seguridade social 0,82 4,82 0,69 5,65

Média 1,00 4,33 1,00 5,02

Elaboração própria.

No caso das indústrias de média-baixa intensidade tecnológica, são consideradas atividades econômicas chaves a 309. Refino de petróleo e coque (IMBIT), a 310. Álcool

(IMBIT), a 318. Artigos de borracha e plástico (IMBIT), a 319. Cimento (IMBIT), a 320. Outros produtos de minerais não metálicos (IMBIT), a 321. Fabricação de aço e derivados (IMBIT), a 322. Metalurgia de metais não ferrosos (IMBIT) e a 323. Produtos de metal, exclusive máquinas e equipamentos (IMBIT). Dentre estas, apenas as atividades econômicas

309. Refino de petróleo e coque (IMBIT), 318. Artigos de borracha e plástico (IMBIT), 321.

Fabricação de aço e derivados (IMBIT) e 323. Produtos de metal, exclusive máquinas e equipamentos (IMBIT) podem ser consideradas estratégicas. Um olhar mais detalhado sobre a

atividade econômica 320. Outros produtos de minerais não metálicos (IMBIT), mostra que ela inclui atividades como: (i) fabricação de vidro e produtos de vidro; (ii) fabricação de artefatos de concreto, cimento, fibrocimento, gesso e estuque; (iii) fabricação de produtos cerâmicos; e

(iv) aparelhamento de pedras e fabricação de cal e de outros minerais não metálicos. Além

disso, a atividade econômica 323. Produtos de metal, exclusive máquinas e equipamentos

(IMBIT) é formada pelas seguintes atividades: (i) fabricação de estruturas metálicas e obras de

caldeiraria pesada; (ii) fabricação de tanques, caldeiras e reservatórios metálicos; (iii) forjaria, estamparia, metalurgia do pó e serviços de tratamento de metais; (iv) fabricação de artigos de cutelaria, de serralheria e ferramentas manuais; (v) manutenção e reparação de tanques, caldeiras e reservatórios metálicos; e (vi) fabricação de produtos diversos de metal.

Das indústrias de média-alta intensidade tecnológica, são atividades econômicas chaves a 311. Produtos químicos (IMAIT), a 312. Fabricação de resina e elastômeros

(IMAIT), a 314. Defensivos agrícolas (IMAIT), a 315. Perfumaria, higiene e limpeza (IMAIT),

a 316. Tintas, vernizes, esmaltes e lacas (IMAIT), a 317. Produtos e preparados químicos

diversos (IMAIT), a 324. Máquinas e equipamentos, inclusive manutenção e reparos (IMAIT),

a 325. Eletrodomésticos (IMAIT), a 327. Máquinas, aparelhos e materiais elétricos (IMAIT), a 330. Automóveis, camionetas e utilitários (IMAIT), a 331. Caminhões e ônibus (IMAIT) e a 332. Peças e acessórios para veículos automotores (IMAIT). Destas, apenas as atividades econômicas 311. Produtos Químicos (IMAIT) e 312. Fabricação de resina e elastômeros

(IMAIT) são tidas como estratégicas.

No que se refere às atividades econômicas de alta intensidade tecnológica tem-se que somente a atividade econômica 328. Material eletrônico e equipamento de comunicações

(IAIT) apresenta forte poder de encadeamento retrospectivo. Entretanto, seus efeitos de cadeia

prospectivos podem ser considerados irrisórios. A abrangência desta atividade econômica consiste em: (i) fabricação de material eletrônico básico; (ii) fabricação de aparelhos e

equipamentos de telefonia e radiotelefonia e de transmissores de televisão e rádio; (iii) fabricação de aparelhos receptores de rádio e televisão e de reprodução, gravação ou amplificação de som e vídeo; e (iv) manutenção e reparação de aparelhos e equipamentos de telefonia e radiotelefonia e de transmissores de televisão e rádio, exceto telefones.

Finalmente, observa-se que dentro do setor de serviços, nenhuma das atividades econômicas é considerada estratégica. Somente a atividade econômica 1102. Serviços de

alojamento e alimentação (SBIC) apresenta efeitos em cadeia retrospectivos consideráveis.

Em suma, pode-se dizer que, indubitavelmente, a indústria de transformação lidera em termos de sua capacidade de encadeamento na economia. De fato, apesar de que é possível encontrar atividades econômicas chaves na indústria extrativa e no setor de serviços, a maior parte delas pertence à indústria de transformação. Além disso, observa-se que, embora existam atividades econômicas chaves nas quatro categorias segundo intensidade tecnológica, sua presença é mais forte nas categorias centrais. A respeito das atividades econômicas estratégicas, percebe-se que elas somente ocorrem no âmbito da indústria de transformação. Ademais, a maior concentração delas se dá nas indústrias de média-baixa intensidade tecnológica. Estes resultados são de certa forma, intuitivos, considerando-se que as atividades econômicas voltadas ao petróleo, borracha, aço e metal fazem parte de uma longa cadeia produtiva que gera efeitos desde a produção primária até a produção destinada à demanda final.

A Tabela 42, a seguir, repete o exercício realizado na Tabela 41, mas utilizando a matriz insumo-produto referente ao ano de 2005. Salta aos olhos, inicialmente, o fato de que com os novos índices calculados, uma das atividades econômicas do setor agropecuário, a 102. Pecuária e pesca (AGRO), passou a fazer parte das atividades econômicas tidas como chaves. Percebe-se que o índice de poder de dispersão desta atividade é igual a 1,01, enquanto que seu coeficiente de variabilidade é de 4,23. Apesar de que estes valores representam diferenças muito pequenas em relação às médias – diferenças de 0,01 e 0,03, respectivamente – parece ser que esta atividade econômica foi capaz de gerar, em 2005, efeitos em cadeia retrospectivos significativos relativamente ao restante da economia, de modo que seria plausível considerar a existência de novas fontes potenciais de crescimento econômico geradas pelo desenvolvimento da cadeia produtiva da piscicultura.

Conquanto as atividades econômicas tidas como chaves e estratégicas na Tabela 41 se repetiram na Tabela 42, os índices calculados a partir da matriz insumo-produto de 2005 resultaram em algumas atividades econômicas adicionais que atendem aos parâmetros de classificação utilizados. Assim, mediante o exame da Tabela 42, tem-se que as novas

atividades econômicas chaves são a 102. Pecuária e pesca (AGRO) – mencionada no parágrafo acima –, a 304. Artigos de vestuário e acessórios (IBIT), a 333. Outros

equipamentos de transporte (IMAIT) e, finalmente, a 307. Celulose e produtos de papel (IBIT) que, ademais, passou a ser considerada uma atividade econômica estratégica.

Tabela 42: Atividades econômicas chaves e estratégicas – Matriz Insumo-Produto 2005

Atividades Econômicas Chave Estratégica

101 Agricultura, silvicultura e exploração florestal 0,90 4,59 1,73 2,73

102 Pecuária e pesca 1,01 4,23  0,83 5,12

201 Petróleo e gás natural 0,96 4,26 1,50 2,91

202 Minério de ferro 1,01 4,15  0,72 5,82

203 Outros da indústria extrativa 1,04 3,92  0,78 5,17

301 Alimentos e bebidas 1,26 3,87  1,38 3,62 

302 Produtos do fumo 1,23 3,56  0,54 7,42

303 Têxteis 1,01 4,61 1,05 4,66

304 Artigos de vestuário e acessórios 1,01 4,08  0,55 6,99

305 Artefatos de couros e calçados 1,20 4,11  0,67 7,32

306 Produtos de madeira, exclusive móveis 1,09 4,52 0,83 5,96

307 Celulose e produtos de papel 1,13 4,07  1,09 4,20 

308 Jornais, revistas, discos 0,94 4,21 0,80 4,87

309 Refino de petróleo e coque 1,18 4,10  2,04 2,15 

310 Álcool 1,01 4,02  0,68 5,61

311 Produtos químicos 1,08 3,98  2,09 2,18 

312 Fabricação de resina e elastômeros 1,22 3,56  1,13 3,57 

313 Produtos farmacêuticos 0,88 4,34 0,61 6,22

314 Defensivos agrícolas 1,14 3,66  0,75 5,55

315 Perfumaria, higiêne e limpeza 1,11 3,59  0,61 6,54

316 Tintas, vernizes, esmaltes e lacas 1,06 3,62  0,61 6,27

317 Produtos e preparados químicos diversos 1,07 3,69  0,82 4,71

318 Artigos de borracha e plástico 1,15 3,59  1,28 3,11 

319 Cimento 1,09 3,66  0,60 6,59

320 Outros produtos de minerais não metálicos 1,06 3,77  0,75 5,29

321 Fabricação de aço e derivados 1,09 4,06  1,64 2,79 

322 Metalurgia de metais não ferrosos 1,01 3,99  0,83 4,77

323 Produtos de metal, exclusive máquinas e equipamentos 1,04 4,01  1,31 3,12 

324 Máquinas e equipamentos, inclusive manutenção e reparos 1,11 3,56  0,91 4,29

325 Eletrodomésticos 1,21 3,28  0,54 7,24

326 Máquinas para escritório e equipamentos de informática 0,91 4,23 0,52 7,30

327 Máquinas, aparelhos e materiais elétricos 1,06 3,95  0,95 4,39

328 Material eletrônico e equipamentos de comunicações 1,05 3,85  0,64 6,36

329 Aparelhos e instrumentos médico-hospitalar, medida e óptico 0,83 4,74 0,59 6,74

330 Automóveis, camionetas e utilitários 1,28 3,18  0,54 7,27

331 Caminhões e ônibus 1,18 3,49  0,57 7,12

332 Peças e acessórios para veículos automotores 1,22 4,01  1,22 4,09 

333 Outros equipamentos de transporte 1,11 4,25  0,66 7,09

334 Móveis e produtos das indústrias diversas 1,01 3,80  0,59 6,51

401 Eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana 0,89 5,55 2,41 1,99

501 Construção 0,88 4,41 0,71 5,47

601 Comércio 0,74 5,33 2,47 1,53

701 Transporte, armazenagem e correio 0,96 4,46 2,38 1,72

801 Serviços de informação 0,86 5,35 1,80 2,51

901 Intermediação financeira e seguros 0,76 5,73 1,76 2,40

1001 Atividades imobiliárias e aluguel 0,56 6,83 0,79 4,81

1101 Serviços de manutenção e reparação 0,73 5,21 0,65 5,89

1102 Serviços de alojamento e alimentação 1,05 3,86  0,66 5,73

1103 Serviços prestados às empresas 0,80 5,03 1,95 1,99

1104 Educação mercantil 0,81 4,70 0,54 7,07

1105 Saúde mercantil 0,90 4,24 0,54 7,07

1106 Outros serviços 0,81 4,73 0,71 5,36

1201 Educação pública 0,69 5,52 0,52 7,38

1202 Saúde pública 0,83 4,58 0,51 7,41

1203 Administração pública e seguridade social 0,82 4,85 0,65 5,90

Média 1,00 4,26 1,00 5,05

Elaboração própria.

Dentre as novas atividades econômicas estratégicas pode-se mencionar, ainda, a 332.

Peças e acessórios para veículos automotores (IMAIT) que consiste, basicamente, em: (i)

fabricação de cabines, carrocerias e reboques; (ii) fabricação de peças e acessórios para veículos automotores; e (iii) recondicionamento ou recuperação de motores para veículos automotores.