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Apêndice X: Composição do investimento – SCN antigo

3. Aspectos metodológicos: potencialidades e limitações das diferentes fontes de dados e

3.3. Pesquisa Industrial Anual–Empresa (PIA–Empresa)

A Pesquisa Industrial Anual (PIA), desenvolvida pelo IBGE, foi divulgada pela primeira vez em 1966, com o objetivo de fornecer informações anuais sobre o setor industrial

quando organizadas por princípios distintos dos da atividade econômica de origem, levam em conta, sempre que possível, a origem da produção, permitindo, portanto, estabelecer uma correspondência entre as classificações de atividades econômicas e de produtos. Para a produção de estatísticas de produtos, o IBGE utiliza uma nomenclatura detalhada, denominada Lista de Produtos (PRODLIST), a qual está intrinsecamente articulada à CNAE.

durante os períodos intercensitários. Como é de praxe neste tipo de investigações, a PIA passou, ao longo dos anos, por uma série de mudanças em termos de sua abordagem metodológica e do seu desenho amostral até que, em 1996, foram adotados os novos parâmetros de construção das estatísticas do IBGE, nos quais os Censos Econômicos foram substituídos por pesquisas anuais (IBGE, 2004b: p. 9).

Segundo o IBGE (2004b: pp. 9-10), em função da necessidade de caracterização da estrutura industrial sob distintos enfoques, opta-se por subdividir a PIA em duas pesquisas, articuladas, e ao mesmo tempo independentes entre si. Por um lado, tem-se a PIA–Empresa, cujo objetivo principal é caracterizar as atividades econômicas e, por outro, tem-se a PIA– Produto que, como o próprio nome indica, reúne os dados referentes às quantidades e aos valores dos produtos produzidos na economia. A principal diferença entre ambas as pesquisas é que a PIA–Empresa tem como foco a unidade central, enquanto que a PIA–Produto dirige- se à unidade local22.

No âmbito da PIA–Empresa, pesquisa que fornece os dados que interessam a esta dissertação, incluem-se as empresas que atendem aos seguintes requisitos em 31 de dezembro de cada ano de referência: (i) estar em situação ativa no Cadastro Central de Empresas (CEMPRE), o qual cobre as entidades com registro no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) e na Relação Anual de Informações Sociais (RAIS); (ii) ter atividade econômica principal compreendida nas seções C “Indústrias Extrativas” e D “Indústrias de Transformação” da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE); (iii) estar sediada em qualquer parte do território nacional; e (iv) ter cinco ou mais pessoas ocupadas (IBGE 2004b: p. 11).

A amostragem utilizada na construção da PIA–Empresa estratifica-se em dois níveis. O primeiro nível corresponde aos estratos naturais, os quais são especificados a partir do cruzamento entre a Unidade da Federação na qual se encontra a sede da empresa e a classificação de dita empresa na CNAE. O segundo nível corresponde aos estratos finais, os quais são definidos de acordo com o número de pessoas ocupadas pelas empresas que compõe os estratos naturais. Assim, o estrato final certo é formado pelas empresas que ocupam 30 ou mais pessoas e o estrato final amostrado, pelas empresas que ocupam entre cinco e 29 pessoas (IBGE 2004b: p. 16).

22 De acordo com o IBGE (2004b: p. 12), a unidade central, representada pela empresa industrial, é uma “unidade jurídica caracterizada por uma firma ou razão social que engloba o conjunto de atividades econômicas exercidas em uma ou mais unidades locais”. A unidade local, por sua vez, é definida como o “espaço físico, geralmente uma área contínua, onde uma ou mais atividades econômicas são desenvolvidas, correspondendo a um endereço de atuação da empresa”. Assim, as empresas podem atuar em um único local/endereço ou em mais de um.

De acordo com o IBGE (2008b), a PIA–Empresa constitui uma das principais fontes de dados utilizadas na TRU no que se refere à produção por atividade econômica do setor industrial. Não obstante, na TRU, a coluna que corresponde à formação bruta de capital fixo utiliza como base principal a PIA–Produto, de modo que as informações sobre investimento encontram-se desagregadas apenas por produto e não por atividade econômica. Por conseguinte, para obter dados de investimento das atividades econômicas ligadas ao setor industrial é preciso recorrer diretamente aos dados fornecidos pela PIA–Empresa. Como aponta Squeff (2012: p. 42), no entanto, dito procedimento impõe duas restrições metodológicas: em primeiro lugar, dado que a PIA abrange apenas as indústrias extrativa e de transformação, não é possível avaliar a composição do investimento na agropecuária e nos serviços, ou mesmo nos Serviços Industriais de Utilidade Pública (SIUP) e na construção civil. Em segundo lugar, a amostra avaliada pela PIA é bem mais restrita (estratos finais certo e amostrado) que a do Sistema de Contas Nacionais (SCN), a qual utiliza, também, os dados apurados pela Pesquisa Anual da Indústria de Construção (PAIC). Deste modo, a representatividade do valor total apurado na PIA é relativamente reduzida em termos da formação bruta de capital fixo do SCN.

Segundo Squeff (2012: p. 42), o investimento em máquinas e equipamentos é uma atividade tipicamente industrial, embora os demais setores da economia, notadamente a agropecuária, também requeiram este tipo de insumo no processo de produção. Assim, dentre as variáveis consideradas na PIA–Empresa, servem ao propósito de cálculo do investimento das indústrias extrativa e de transformação, as aquisições (exceto leasing), produção própria

e melhorias de ativos intangíveis23 e as baixas (de ativos intangíveis). Conforme o IBGE (2004b: p. 33), a primeira variável refere-se ao “montante dos recursos aplicados, no ano de referência da pesquisa, na aquisição de bens de permanência duradoura, destinados ao funcionamento normal da empresa, identificando-se as aquisições de terceiros, a produção própria realizada para o ativo imobilizado e melhorias”. Incluem-se nesta categoria, “os gastos necessários para colocar os itens especificados em local e condições de uso no processo operacional da empresa”. Entende-se por melhorias, “benfeitorias e melhoramentos que tenham aumentado a vida útil dos bens”. Excluem-se, nesta categoria, os “encargos financeiros decorrentes de financiamento”. A segunda variável, por sua vez, refere-se ao “valor residual dos bens, ou seja, os custos de aquisição corrigidos monetariamente e

23 Ainda a respeito da representatividade da PIA em relação ao SCN, Squeff (2012: p. 42) ressalta que existe uma razão entre o somatório das despesas com aquisições (exceto leasing), produção própria e melhorias de ativos intangíveis da PIA e o total de formação bruta de capital fixo do SCN, que oscilou em torno de 20% entre 1996 e 2007, a preços correntes.

deduzidos dos saldos das contas de depreciação na data em que se deram as baixas. A diferença positiva entre o valor de venda e o valor residual é considerada receita não operacional e, a diferença negativa, despesa não operacional”.

Considerando-se as descrições acima, a estimação ideal para o investimento em cada atividade econômica ligada às indústrias extrativas e de transformação, , é dada pela seguinte identidade:

em que representa as aquisições, representa as melhorias e representa as baixas. Não obstante, um exame detalhado das informações disponibilizadas pela PIA– Empresa mostra que há ausência de dados para algumas atividades econômicas a respeito das variáveis mencionadas acima. Deste modo, ao subtrair as baixas é factível que se obtenham valores negativos para o investimento que, não necessariamente, representam a realidade. Por conseguinte, optou-se, neste trabalho, por estimar o investimento desconsiderando-se as baixas de ativos tangíveis:

Vale ressaltar que a PIA–Empresa disponibiliza seus dados de duas maneiras. Por um lado, os dados compreendidos entre 1996 e 2007 são classificados de acordo com a estrutura da CNAE 1.0 e, por outro lado, os dados referentes aos anos de 2008 em diante são estruturados conforme a CNAE 2.0. Infelizmente, as mudanças metodológicas da CNAE, às quais se fará menção na quinta seção deste capítulo, impedem obter dados específicos a respeito das aquisições e melhorias de ativos tangíveis para o ano de 1995. Além disso, como será visto, as diferenças metodológicas entre a CNAE 1.0 e a CNAE 2.0 são muito profundas e, desta maneira, não é possível realizar uma correspondência exata entre a CNAE 2.0 e a estrutura do SCN, especialmente no que se refere à estrutura do SCN antigo. Por conseguinte, o investimento é calculado apenas para o período entre 1996 e 2007.

É importante ressaltar que, para fins de análise da composição do investimento, faz- se necessário retirar os efeitos nominais da série fornecida pela PIA–Empresa. Deste modo, por meio dos deflatores implícitos calculados no capítulo anterior, confere-se, aos dados de investimento, o mesmo tratamento dado à série de salários do SCN. Assim, faz-se possível obter séries de investimento a preços constantes de 1995 e a preços constantes de 2000 de acordo com a estrutura da CNAE 1.0. Como será discutido mais adiante, uma vez obtidas as séries a preços constantes de 1995 e de 2000, agrupam-se os códigos da CNAE 1.0 de acordo com as atividades econômicas do SCN antigo e de acordo com as atividades econômicas do SCN novo, respectivamente.