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dos títulos. Também auxiliam no processo de fusões e aquisições, reestruturações financeiras e corporativas, vendas de ativos, combinações de negócios e subscrição de dívidas ou de capital.

No Reino Unido, os bancos ou empresas de investimentos executam regularmente os serviços financeiros ou de investimentos para terceiros, dentre os quais se destacam as execuções de ordens de compra e venda de títulos próprios e de clientes, gerenciamento carteiras ou portfólio, recomendações de investimentos, subscrição e colocação de instrumentos financeiros no mercado, bem como intermediação de operações entre clientes.

2.3. ÓRGÃOS REGULADORES – BRASIL, ESTADOS UNIDOS E INGLATERRA  

No geral, a regulamentação do mercado financeiro é restrita e rigorosa, pois estes ambientes podem ser considerados como os alicerces que possibilitam o desenvolvimento do país e permite a transferência de recursos econômicos.

A regulamentação do mercado tem por objetivo, mitigar os riscos sistêmicos ou sistemáticos, relacionados a eventos imprevistos, e que podem afetar de forma significativa a economia real. Funciona como mecanismo de proteção dos consumidores contra eventuais comportamentos excessivos e oportunistas, adicionalmente, são ferramentas que proporcionam maior eficiência ao sistema, minimizando barreiras de entrada e estimulando as concorrências.

Conforme Zanotta (2005, p.47) a regulamentação consiste na:

Atividade do Estado de editar medidas legislativas, administrativas e convencionais que, de maneira restritiva ou meramente indutiva em relação à liberdade privada, determinam, controlam ou influenciam o comportamento dos agentes econômicos, tendo em vista evitar danos aos interesses sociais definidos no marco da Constituição e orientá-los em direções socialmente desejáveis.

Compoton (1990, p.308-309) cita como fatores primordiais para a elevada quantidade de restrições e regulamentações, o fato das instituições financeiras serem detentoras de um predominante percentual dos depósitos à vista existente       

14 Underwriting é o processo subscrição de títulos e valores mobiliários.

numa economia, colocando-as no patamar de controladores da base monetária de um país, além disso, assim como o governo federal, também possuem a capacidade de criação de dinheiro, e acima de tudo, devem assegurar a confiança do público, garantindo a segurança dos recursos neles aplicados. Ademais não pode ser esquecido o fato de que as atividades desempenhadas por estas instituições interferem diretamente em qualquer outro setor econômico de uma nação.

Independentemente do país e das características que o permeiam, destaca- se como principal autoridade reguladora de um sistema financeiro, o Banco Central. Conhecido também como o banco dos bancos tem por finalidade, garantir a estabilidade dos demais participantes inseridos no ambiente.

Gremaud et al (2002, p.231) define Banco Central como “o órgão responsável pela condução da política monetária, mediante a utilização de instrumentos disponíveis para controlar a oferta de moeda do país”.

No Brasil, o Banco Central do Brasil, é uma autarquia federal integrante do Sistema Financeiro Nacional que exerce papel de autoridade monetária. É o gestor do sistema financeiro, executor das políticas monetárias, além de ser também, o órgão fiscalizador das instituições participantes do mercado. Tem como principais objetivos, zelar pela liquidez econômica, manter os níveis adequados das reservas internacionais, estimular a formação de poupança de forma a atender as necessidades dos investimentos, garantir estabilidade e promover aperfeiçoamento constante do Sistema Financeiro Nacional.

No mercado norte americano, o Banco Central, adota como modelo de atuação, o atendimento às necessidades do sistema bancário, regulamentação e refinanciamento de seus participantes, sendo representado Federal Reserve (FED). Possui como principais responsabilidades, conduzir política monetária nacional, de forma a garantir adequada utilização dos recursos, estabilidades de preços, supervisionar e regular as instituições bancárias, manter estabilidade do sistema financeiro nacional e, prover serviços financeiros às instituições e governo.

Diferentemente de outros países, como ocorre no Brasil e Reino Unido, o Banco Central dos Estados Unidos possui elevado grau de independência do governo, uma vez que este órgão é propriedade de um conjunto de bancos associados, onde as medidas adotadas, não necessitam de ratificação presidencial ou do congresso. Contudo, há grande interação entre o FED e as demais entidades responsáveis pela elaboração das políticas federais, realizadas por meio de

relatórios emitidos ao Congresso Nacional e através das reuniões dos representantes com executivos e presidência do país. Outro aspecto que diferencia o modelo norte americano consiste na existência de doze bancos distritais localizados nas principais cidades do país, conforme demonstrado na Figura 4 (Boston, Nova Iorque, Filadélfia, Cleveland, Richmond, Atlanta, Chicago, Saint Louis, Mineápolis, Cidade Kansas, Dalas e São Francisco). Esta segregação decorre do Federal Reserve Act16, que estabelece a divisão do país em um mínimo de oito e máximo de doze cidades denominadas Federal Reserve Cities17. A definição das cidades distritais considera a conveniência e curso habitual dos negócios, de modo que a mesma, não necessita ser coincidente com qualquer limite de estado e pode ser reajustada caso seja julgado procedente.

Figura 4: Limites Distritais do Federal Reserve – FED

Fonte: www.federalreserve.gov (acesso em 10 de outubro de 2012)

O modelo de atuação do Banco Central britânico assim como o europeu, pode ser caracterizado como facilitador dos financiamentos do governo. O Banco Central da Inglaterra, Bank of Engalnd, conhecido também como Old Lady of Threadneedle Street, foi criado no ano de 1694, porém, apenas em 1997 tornou-se independente. Além de ser o banco dos bancos, também fornece serviços aos clientes e gerencia o mercado de câmbio e as reservas de ouro do país. Tem como objetivo promover e       

16 Federal Reserve Act representa a Lei do Banco Central Norte Americano.

manter a estabilidade monetária e financeira, contribuir para a saúde econômica e tornar o sistema financeiro mais eficiente.

Entende-se como estabilidade monetária a garantia do valor da moeda e a manutenção crescimento econômico não inflacionário, enquanto que a estabilidade financeira é caracterizada por assegurar a estabilidade do sistema como um todo, o que exclui a supervisão individual de cada entidade participante do mercado.

A supervisão do mercado inglês é de responsabilidade do Financial Service Authority (FSA) uma autoridade instituída pelo governo, que atua de forma independente e tem como responsabilidade regular o mercado de serviços financeiros, através da emissão de diretrizes e orientações e, visa garantir a confiança do mercado, a sensibilização do público, proteção dos consumidores, bem como a redução de crimes financeiros.

Além dos bancos centrais, quando o assunto refere-se ao mundo dos mercados financeiros e de capitais, devemos destacar também, o papel exercido pelas comissões de valores mobiliários, entretanto quanto ao território britânico, essa função é desempenhada pelo próprio FSA.

No Brasil este órgão é representado pela Comissão de Valores Mobiliários - CVM, entidade de apoio às autoridades monetárias brasileiras, como Banco Central e Conselho Monetário Nacional, é indicada como autarquia federal vinculada ao Ministério da Fazenda. Tem como principais atribuições, regulação e fiscalização do mercado de títulos e valores mobiliários no que diz respeito à normatização, regulamentação, desenvolvimento, controle e fiscalização, de forma a estimular a aplicação de poupança no mercado acionário.

Seu principal objetivo é assegurar o funcionamento eficiente das bolsas de valores e instituições auxiliares, proteger os participantes do mercado contra as emissões irregulares e atos ilegais, que podem prejudicar a formação do preço nos mercados primários e secundários, evitar e coibir práticas fraudulentas ou condições artificiais de demanda na oferta ou preço de valores mobiliários negociados, assegurar ao público o acesso às informações sobre valores mobiliários negociados e companhias emissoras, proporcionar práticas comerciais equitativas, além disso, desempenha papel fundamental na prevenção e repressão de práticas de informações privilegiadas, também conhecidas como insider information.

Nos Estados Unidos, a Comissão de Valores Mobiliários é representada pela Securities and Exchange Commission (SEC), órgão independente, criado em 1934,

com o Ato sobre Valores Mobiliários - Securities Exchange Act of 1934, a qual tem como principal função a proteção dos investidores, garantir um mercado justo, eficiente e ordenado, interpretar as leis federais, emitir e atualizar as regras em linhas às diretrizes federais, estaduais, e de outros países, inspecionar empresas e entidades que participam do mercado, como bancos, corretoras, entidades autorreguladoras, conhecidas como Self Regulatory Organizations (SROs).

Além dos bancos centrais e comissões de valores mobiliários, merece destaque no âmbito regulatório do mercado financeiro, de capitais e bancos de investimentos, outras autoridades reguladoras ou associações independentes, que auxiliam na implementação de boas práticas de governança. Conforme Zanotta (2005, p.83), define-se como autorregulação:

Poderes de normatização e fiscalização conferidos aos próprios membros de um determinado segmento da economia em relação às suas atividades, organizados em instituições ou associações privadas, com o objetivo de manutenção de padrões éticos elevados.

Estas entidades exercem importante papel, pois atuam com mais eficiência quando comparadas aos órgãos reguladores estatais, uma vez que dominam de maior conhecimento das operações, práticas de mercado e possuem maior flexibilidade na edição e implementação das normas. As aprovações das legislações emanadas por órgãos reguladores estatais necessitam ser submetidas a diversos níveis hierárquicos de aprovação, enquanto que nas entidades autorreguladoras a aprovação está sob a mesma estrutura.

No Brasil destaca-se a Associação Nacional dos Bancos de Investimentos (ANBID), cuja responsabilidade era de representar e articular o mercado de capitais brasileiro, assim como ser a principal provedora de informações do mercado de capitais. Em outubro de 2009 esta entidade passou a constituir a Associação Brasileira das Entidades do Mercado Financeiro e de Capitais (ANBIMA), que atua como representante das instituições do mercado de capitais brasileiro. É uma entidade autorreguladora voluntária, sendo composta por instituições financeiras e não financeiras do mercado brasileiro.

No que se refere a assuntos relacionados ao Mercado de Capitais brasileiro, pode-se citar a Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (APIMEC), a qual foi criada para reunir pessoas com interesse no desenvolvimento do mercado de capitais. Suas atividades são focadas na

certificação dos profissionais, representação política institucional frente ao governo e entidades representativas congêneres do mercado e, no intercâmbio internacional com outras confederações de profissionais.

Já no âmbito geral das empresas situadas no território brasileiro, a Associação Brasileira das Companhias Abertas (ABRASCA) torna-se uma importante referência, pois tem como um de seus princípios a busca por uma maior eficácia, modernização e produtividade para a economia brasileira. Visa democratização do capital, busca o crescimento dos mercados de capitais e disseminação de informações sobre os seus principais títulos.

É importante citar também no mercado brasileiro, o papel desempenhado pelo Comitê de Orientação para Divulgação de Informações ao Mercado (CODIM), composto de representantes de entidades e associações brasileiras, criado para fornecer orientações e sugestões sobre divulgações de informações para companhias abertas, profissionais de relações com investidores, analistas de investimentos, investidores, administradores de recursos, dentre outros. Procura propiciar ao público qualidade, transparência, tempestividade, acessibilidade e detalhamento dos dados e informações.

Com relação a aspectos de governança no Brasil, é imprescindível ressaltar o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), uma entidade sem fins lucrativos que visa a excelência em governança. É composto por pesquisadores e especialistas, possui significativa atuação no mercado brasileiro e internacional, é considerado como precursora na introdução do conceito “governança” no país, sendo entidade responsável pela elaboração do Código de Melhores Práticas de Governança Corporativa.

Em termos de governança corporativa mundial, sobressai a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em inglês Organisation for Economic Co-Operation and Development (OECD), criada em 1961 esta organização multilateral, é composta por membros de trinta e quatro (34) países. Tem como missão aprimorar o desenvolvimento econômico e social dos países, contribuir para expansão do comércio mundial, através da adoção de fóruns de discussão entre os participantes. Destaca-se também, a Organização Internacional de Governança Corporativa International Corporate Governance Network (ICGN),

fundada em 1995 e formada por investidores institucionais18, empresas, acadêmicos,

tem por objetivo elevar os padrões de governança adotados nos países e empresas, uma vez que elevados padrões de governança são essenciais para as companhias.

Para o mercado americano, é importante destacar a atuação da Autoridade Regulatória das Instituições Financeiras, conhecida como Financial Industry Regulatory Authority (FINRA), entidade reguladora independente, criada em 2007, que surgiu com a fusão entre a extinta Associação Nacional de Operadores de Valores Mobiliários, a National Association of Securities Dealer (NASD) e a autoridade Regulatória da Bolsa de Nova Iorque, a NYSE Regulation Inc. Tem como escopo a proteção dos investidores do mercado norte americano, garantindo um mercado de títulos e valores mobiliários íntegro, eficiente e justo. É responsável por supervisionar a aderência dos participantes à principal legislação voltada ao mercado financeiro, a Lei de Valores Mobiliários, conhecido como Exchange Act, bem como por estabelecer ações de combate à fraude. Ressalta-se que as regras da Bolsa de Valores de Nova Iorque, New York Stock Exchange (NYSE) incorporaram aquelas estabelecidas pela FINRA.

A NYSE Regulation Inc. é uma organização independente, autorreguladora e sem fins lucrativos, cujo objetivo é garantir a proteção dos investidores, bem como a integridade do mercado financeiro, através do estabelecimento de políticas e regulamentações. Responsável por monitorar a aderência e conformidade das empresas listadas às regras e leis que permeiam assuntos voltados ao mercado de títulos norte americano. Destaca-se que todas as regras estabelecidas pela entidade são submetidas à aprovação da comissão de valores mobiliários norte americana, a Securities and Exchange Commission (SEC).

Quanto ao mercado inglês, a pesquisadora contemplou apenas os órgãos reguladores oficiais, Bank of Engand e Financial Service Authority – FSA.

      

18 Investidores Institucionais são aqueles que administram elevados volumes de recursos,

provenientes de contribuições individuais de um determinado grupo de pessoas, cujo objetivo é comum a todos.

2.4. RISCOS ASSOCIADOS AO MERCADO FINANCEIRO  

 

Oliveira e Pacheco (2005, p.245) conceituam a palavra risco como:

Incerteza quanto ao resultado futuro de um investimento que pode ser medido matematicamente. Numa definição mais simples, pode-se dizer que risco é a probabilidade de que ocorra algo não esperado quanto ao retorno do investimento, ou a probabilidade de ocorrer algo diferente do esperado. Os riscos sempre vão existir, mas seus impactos podem ser minimizados caso a administração consiga identificar e monitorar os principais fatores internos ou externos que podem impactar negativamente o negócio da empresa.

A gestão de riscos apresenta extrema importância no contexto empresarial, em um mercado de capitais perfeito, a gestão de riscos poderia ser considerada como fator irrelevante para as empresas, entretanto, na realidade a qual vivemos cujas características apresentam-se distantes do mercado ideal, é primordial a adoção de tais práticas. A existência de riscos ou mesmo as alterações inesperadas dos fatores de riscos podem ocasionar o aumento dos níveis de endividamento e liquidez das empresas, alterações no crescimento econômico da instituição, queda nos valores de mercado, aumento da probabilidade de ocorrência de perdas financeiras e a inibição de melhores performances pela companhia.

O conceito da palavra risco pode variar de acordo com o campo de conhecimento de cada área de atuação, entretanto como definição geral, entende-se como a condição adversa que pode impactar o atendimento dos resultados desejados pelo indivíduo ou instituição. No geral, a palavra risco é utilizada em sentido negativo, como significado do termo incerteza. Desta forma, incerteza é a impossibilidade de avaliar ou prever a ocorrência de fatos com objetividade e segurança, sendo decorrente da falta de informações ou da impossibilidade de prever o futuro.

O risco é uma condição presente que pode resultar em perdas ou ganhos e está associado à incerteza em relação ao futuro, geralmente, a um fator negativo (ameaça de perda), o que faz dele um fator a ser identificado, avaliado e em determinadas circunstâncias, mitigado em função de seu impacto. Em Finanças Comportamental, defende-se que a população não tem aversão ao risco, mas sim às