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A utilização indevida de informações privilegiadas pode ser considerada como uma das causas do risco legal e de imagem citado anteriormente. Informações privilegiadas ou insider trading são caracterizadas pelo uso de informações restritas, ou seja, aquelas não divulgadas ao público e que são utilizadas indevidamente, visando à obtenção de benefícios irregulares ou como ferramentas para evitar perdas e prejuízos. No mercado financeiro, especificamente no universo dos bancos de investimentos, esta prática é comum em situações onde são atribuídas classificações ou avaliações, termo conhecido como rating, que são opiniões sobre determinados investimentos, títulos ou empresas e que serão utilizados futuramente como base para a tomada de decisões. Sendo assim, coibir o risco relacionado à prática de insider trading é fundamental para propiciar condições equitativas no mercado de valores mobiliários.

Informações privilegiadas – insider trading são consideradas condutas indevidas relacionadas a dinheiro ou ao mercado financeiro, muitas vezes são renomadas de crimes financeiros. Contudo, a comprovação destes atos apresenta extrema complexidade, uma vez que nem sempre existem fatos concretos sobre os mesmos, sendo assim primordial a adoção de medidas preventivas para inibir eventuais irregularidades.

Alonso (2009, p.125-126) destaca que:

Não é qualquer informação que pode ser objeto do crime de insider trading, mas sim a chamada informação privilegiada. Destaque-se, contudo, pela inexistência de uma conceituação precisa do que vem a ser a informação privilegiada.

Conforme Corsetti (2005, p.104) “O insider tem condições de fazer antecipadamente uma avaliação econômica da empresa que os demais participantes do mercado não são capazes de fazê-lo”.

Conforme OCDE considera-se direito básico do acionista e outras partes envolvidas, o acesso a informações relevantes de forma tempestiva, o que inibe as práticas inadequadas de negociação com base em informações privilegiadas. Um dos requisitos avaliado no código de boas práticas de governança emitido por este órgão refere-se aos aspectos de divulgação de conflitos de interesse pelas

empresas e como elas direcionam seus funcionários para minimizar tais riscos. Para maior dimensionamento da importância do assunto, ressalta-se no código a existência de mecanismos de controles provenientes dos órgãos reguladores, entidades independentes e autorreguladores.

No Brasil conceitua-se como insider trading, a negociação de valores mobiliários, para si próprio ou terceiros, em posse de informações relevantes que não são de conhecimento público, as quais são referentes a fatos, ocorridos nos negócios da companhia e que possam influenciar, de modo ponderável, na decisão dos investidores do mercado, ou nas decisões de venda ou compra dos valores mobiliários de sua emissão. Conforme Corsetti (2009, p.56):

As informações privilegiadas dizem respeito a matérias relevantes e que, se divulgadas ao público, em momento inoportuno, podem trazer prejuízos para a empresa, como, por exemplo, o cancelamento de um negócio ou a interferência de um controle.

Quando nos referimos ao mercado norte americano, o termo também faz referência a negociações com base em informações relevantes e não públicas, e que tem como objetivo, obter benefícios (lucros) ou evitar perdas no mercado financeiro (mercado de ações). Também é considerado como práticas de insider trading o fornecimento de dicas para terceiros de informações não públicas, bem como o uso de informações provenientes de terceiros para benefício próprio.

No Reino Unido, considera-se insider, qualquer pessoa que detenha inside information, decorrentes do desempenho de atividades administrativas ou gerenciais em uma empresa emissora de um valor mobiliário, da participação no capital de uma empresa emissora de título ou derivativo, pelo desempenho de atividades criminosas ou por outros meios, sendo que a sua disponibilização produz efeitos significantes no preço do título (investimento), e que visem práticas abusivas de mercado.

Conforme Alonso (2009, p.101) “pretender uma absoluta igualdade entre os investidores dos Mercados de Capitais é absolutamente intangível. Tal diferença, não justifica, contudo, a prática de ilícitos como o uso de informação privilegiada”.

2.6. SÍNTESE  

 

Este capítulo apresentou os principais conceitos sobre mercado financeiro, bancos de investimentos e órgãos reguladores presentes no ambiente brasileiro, norte americano e inglês.

Nota-se que o mercado financeiro em especial o de capitais é importante canal de obtenção de recursos e um meio de crescimento para um país. A internacionalização e o crescimento acelerado destes mercados pressionam pela existência de fiscalizações mais rígidas, de forma a assegurar os direitos dos investidores, minimizar os riscos relacionados e proporcionar ambientes mais transparentes e compatíveis aos padrões adotados nas principais potências mundiais.

Assim como a globalização faz crescer as economias também faz emergir novos riscos que ameaçam as empresas e os cidadãos. No mercado financeiro, o uso indevido de informações privilegiadas, insider trading, apesar das diferenças culturais e muitas vezes conceituais, são práticas comumente combatidas nos países, pois colocam em risco as instituições financeiras, as operações e os organismos reguladores. Entretanto o embate ao insider trading possui elevado grau de dificuldade, visto que sua comprovação por muitas vezes não são factíveis.

Desta forma, os órgãos reguladores deixam de ser apenas coadjuvantes e passam a desempenhar papéis centrais. Contudo, a lentidão e burocratização destes organismos nem sempre acompanham o ritmo acelerado das instituições fazendo-se necessário a criação das associações independentes e entidades autorreguladoras para auxiliar no controle dos mercados.

Esta situação é claramente percebida no ambiente brasileiro, em especial o mercado financeiro. Uma vez que há expressiva quantidade de organizações não governamentais que auxiliam na regulação das instituições financeiras, bem como na luta contra o uso indevido de informações privilegiadas – insider information.

A Figura 5 apresenta de forma sucinta, os órgãos reguladores, associações independentes e entidades autorreguladoras vigentes no Brasil, Estados Unidos e Inglaterra, os quais foram objeto de análise do presente trabalho.