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LISTA DE SIGLAS

de 13 de novembro de 2002, com a vigência prevista para os anos de 2002 a 2007 Foi executado pelo Ministério da Educação (MEC) e gerido com recursos do Banco

1.4 Ação Afirmativa na UNEMAT

O Estado de Mato Grosso é o terceiro maior estado da federação em extensão de terra com uma área de 903.366.192 (km²), ficando atrás somente dos estados do Amazonas e Pará. Em 2013 sua população foi estimada em 3.182.113. Desse total, 38,9% são brancas, 9,8% pretas, 50,0 pardas e amarelas e indígenas 1,3%.

De acordo com Toniazzo (2002, p. 29), a história de ocupação do estado teve início com os bandeirantes no século XVIII, com a exploração de riquezas minerais a escravização e exterminação de inúmeros grupos indígenas. A partir do século XX, por parte do estado, iniciou-se um processo de escolarização dos grupos indígenas, delegando-se tal missão para os salesianos e militares. Os Bororos foram os primeiros a frequentar a escola indígena; os segundos foram os Paresi. Em 1923, o Serviço de Proteção ao Índio (SPI) promoveu a escolarização dos Bakairi em uma “escola profissionalizante, que se resumia em alfabetização, matemática, lida com o gado (para os meninos) e afazeres domésticos (para as meninas). Uma mão-de-obra que serviu tanto nas aldeias quanto nas cidades” (p. 29). Os militares da SPI foram substituídos com a chegada dos jesuítas. Esses, juntamente com os salesianos, continuaram o trabalho de escolarização desses povos, dessa vez com o auxílio das irmãs do Imaculado Coração de Jesus. A Operação Amazônia Nativa (OPAM) chegou ao estado em 1969 com voluntários que mantiveram contato com aldeias com os quais os Jesuítas já desenvolviam um trabalho.

Segundo Toniazzo (2002), a Fundação Nacional do Índio (FUNAI) foi fundada no estado em 1967. Como instituição responsável pela tutela dos povos indígenas, desenvolveu um projeto de escolarização em massa de indígenas. Muitos deles tornaram os primeiros professores das próprias aldeias. Em 1995, em parceria com a Secretaria de Estado de Educação (SEDUC) e como resultado de encontros regionais de professores Indígenas, surge a proposta de um primeiro Programa de Formação de Professores para atuarem no magistério, denominado Projeto Tucum. Esse projeto tinha como objetivo a formação de professores indígenas, de 1995 a 1999, para a atuação no magistério do ensino nas séries iniciais. De acordo com o autor, o projeto atendeu “16 municípios do Estado de Mato Grosso, 11 tribos indígenas, um total de 200 professores índios” (p. 31). Além da Seduc e FUNAI, o projeto contou com a participação de duas universidades: a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e a UNEMAT. Recebeu apoio das prefeituras dos municípios de Campo Novo dos Parecis, Barra do Bugres, Juara,

84 Tangará da Serra, Campinápolis, Água Boa e Organizações Não-Governamentais que atuavam com questões indígenas no estado. Recebeu financiamento do Banco Mundial, via Programa de Desenvolvimento Agroambiental (PRODEAGRO) e contou com o apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

Os participantes do projeto realizaram um diagnóstico do que seria importante naquele momento para a formação dos futuros professores indígenas:

- A formação de índios como pesquisadores de suas próprias línguas, história, geografia, meio ambiente, saúde,

- A formação de índios como alfabetizadores em suas línguas maternas e em português;

- A formação de índios como escritores e redatores de material didático- pedagógico em línguas maternas e em português, referentes aos etnoconhecimento de suas sociedades;

- A capacitação de índios como administradores e gestores de seus processos educativos peculiares;

- A formação e capacitação de assessores/professores (formadores) especializados envolvidos em projetos de educação escolar indígena, para atuarem em parceria com os professores/pesquisadores/alfabetizadores indígenas no processo de criação da progressiva autonomia indígena em relação à sua educação escolarizada;

- A formação de técnicos/assessores nas Secretarias de Educação e Administrações Regionais da FUNAI. (TONIAZZO, 2002, p. 32).

Respaldado nas Diretrizes da Política Nacional de Educação Escolar Indígena, o projeto buscou assegurar: “uma escola pública diferenciada, específica, bilíngue, intercultural e de boa qualidade”. (TONIZZO, 2002, p. 33). Com uma proposta

de currículo diferenciada, o projeto traçou três eixos centrais de formação: a) a terra (por assegurar a sobrevivência, sendo a base material das comunidades; b) a língua (por formar a estrutura do pensamento indígena) e c) a cultura (por expressar práticas sociais cotidianas das comunidades envolvidas).

Medeiros (2008), em pesquisa de mestrado, analisou duas experiências diferenciadas de acesso ao ensino superior na UNEMAT: o Projeto de Formação de Professores Indígenas (3º Grau Indígena) e o Curso de Agronomia para os Movimentos Sociais do Campo (CAMOSC). Segundo a autora, a trajetória de expansão da UNEMAT demonstrou uma instituição que realizou internamente vários movimentos pela democratização e pelo acesso à educação. Entre essas ações estão as decisões políticas feitas em 1989: a expansão e o processo democrático para escolha do reitor. A primeira eleição direta ocorreu em julho daquele ano e com voto direto elegeram o professor Carlos Reis Maldonado com um mandato de três anos. Como desdobramento da proposta de campanha, o seu plano de trabalho teve duas frentes: a primeira, buscar estrutura política

85 e orçamentária para que, de fundação, passasse ao status de universidade e, segunda foi estruturar um projeto de ampliação e expansão no raio de atuação para atender as demandas educacionais no interior do Estado.

A expansão foi um processo que contribuiu para a consolidação da UNEMAT no interior do Estado como universidade pública e gratuita. Ao longo de sua trajetória, a Universidade vem se articulando em uma rede bem estruturada de atores que envolve, além da comunidade acadêmica, setores organizados da sociedade, movimentos sociais, prefeituras municipais, que se mobilizam quando é necessário para defender e garantir a permanência e o fortalecimento da Instituição em Mato Grosso.(MEDEIROS, 2008, p. 22),

Atualmente a UNEMAT atende 117 dos 141 municípios mato-grossenses, distribuídos em regiões distantes e de difícil acesso. Medeiros (2008) afirma que “Sem a presença da UNEMAT, esses jovens e professores do magistério não teriam perspectivas de continuidade de estudos e, normalmente migrariam para os grandes centros em busca de oportunidade de ensino superior” (p. 2).

A sede da UNEMAT é em Cáceres, a 215 km da capital do estado. No ano de 2002 o campus recebeu o nome de “Jane Vanini” para homenagear história de vida e de luta da militante nascida em Cáceres e foi morta em 1974 no Chile, sob a ditadura do General Pinochet.

O estado de Mato Grosso possui distâncias continentais. Para se ter uma ideia a distância dos campi até a sede administrativa em Cáceres, localizada a Noroeste do estado e a 70 km da Bolívia, variam de 159,6 km a 1.50053 km, conforme consta no

Mapa 1.

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