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CAPÍTULO V – Estudo empírico

5.3. Apresentação e análise de resultados

5.3.6. A análise documental: os projetos educativos

Com o objetivo de articular o estabelecido nos projetos educativos das escolas, bem como de averiguar as intenções, as estratégias e se a estrutura modular está prevista, com os discursos e visões das lideranças e das lideranças intermédias foram analisados estes documentos estratégicos das duas escolas.

Procedeu-se a uma análise enquadrada nas “questões de investigação” e nas “categorias” que se mais adequassem, e que constam da “Grelha de análise categorial conjunta das entrevistas às diretoras pedagógicas” (Anexo n.º 5) e na “Grelha de análise categorial conjunta das entrevistas aos coordenadores de curso” (Anexo n.º 8).

O objetivo foi no sentido de se recolherem evidências (as intenções, as finalidades, os modos de organização, a lógica das visões), confrontando-as com as visões das DTP e dos CC, de modo a detetar-se congruências/incoerências, as tendências,… aglutinando-se estes factos numa síntese conclusiva no final deste ponto.

Assim, a análise destes documentos orientadores teve o seguinte foco:

projetos educativos – que visões quanto ao modo de organização de cada entidade (escolas profissionais) e de que forma orientam, ou se constatam recomendações, que envolvam a estrutura modular ?

Neste contexto de análise documental, verifica-se que o PE da E1 é um documento orientador, datado de outubro de 2012, que obedece à estrutura habitual, mas dando uma grande ênfase aos aspetos de índole estatística (proveniência dos alunos, caracterização dos pais, taxas de conclusão, de empregabilidade, recursos humanos, instalações, entre outros).

Atendendo à especificidade do presente estudo de investigação extraiu-se do documento o que mais se relaciona com a estrutura modular, elaborando-se a síntese seguinte, através da análise da visão, da missão e das estratégias de desenvolvimento (princípios orientadores e linhas gerais de atuação). Destes princípios orientadores decorrem as finalidades; das linhas gerais de atuação, decorre, entre outras a natureza de uma escola aberta à comunidade que através desta transmite e se apropria dos seus valores, inserindo-se nela.

Desta forma, e especificando, este documento estabelece:

i. uma diferenciação assente na qualidade da formação ministrada e na promoção de valores (na “visão”);

ii. uma cultura de rigor e qualidade que permita a integração de todos, bem como o estabelecimento de parcerias (na “missão”);

iii. um desenvolvimento global dos aprendentes, partindo das suas potencialidades, visando a realização pessoal, preparando-os para o mercado de trabalho numa organização em estreito contacto com o meio (nas “estratégias de desenvolvimento”, como princípios orientadores), bem como promovendo-se o sucesso, a coesão e o trabalho cooperativo/colaborativo (nas “estratégias de desenvolvimento”, como prioridades);

iv. a oferta formativa em Marketing, Secretariado e Turismo (nas “estratégias de desenvolvimento”, em diagnóstico estratégico, pontos fortes), bem como promover a sua diversificação (nas “estratégias de desenvolvimento”, como prioridades), e a qualidade dos recursos humanos, a nível dos professores, com adequadas habilitações e uma grande experiência profissional (nas “estratégias de desenvolvimento”, em diagnóstico estratégico, pontos fortes);

v. a diversidade da oferta formativa, participando e dinamizando atividades de âmbito local, regional, nacional e internacional, de natureza interdisciplinares (nas “estratégias de desenvolvimento”, como objetivos). Mais se preconiza, neste projeto educativo, como objetivos específicos (relativos à promoção do sucesso educativo), e no que se relaciona com a operacionalização da estrutura modular (conceito este não registado no documento): estimular a autonomia; aplicar os saberes, nomeadamente no decurso da FCT; promover um ensino de cariz prático centrado no aluno e respeitando o ritmo individual; articular de forma a integrar diversos módulos de disciplinas de anos diversos; adequar os recursos a disponibilizar aos alunos; utilizar métodos de avaliação diversificados (sem especificar se é para a turma toda, ou dependente do aprendente); considerar uma avaliação que contemple o “processo” de aprendizagem (não estando explícito o conceito de currículo enquanto “produto”).

Relativamente aos professores o documento contempla, nestes mesmos objetivos específicos, que devem promover um trabalho em equipa, também não explicitando se se promove alguma supervisão.

Neste capítulo do projeto educativo da E1 (promoção do sucesso educativo) estão previstos mecanismos de apoio a alunos com “módulos em atraso”, o que, de certa forma é incoerente, atendendo ao que acima se enunciou. Considera-se que se há “módulos em atraso” é porque alguma, ou várias, estratégias de ensino, não foram devidamente acauteladas.

No que concerne ao PE da E2 foi feita idêntica análise, produzindo-se de igual forma uma síntese conclusiva. É válido para o triénio 2014-2015/2017-2018, ainda em construção em virtude da alteração na constituição da direção respetiva, tendo como lema “Evoluir com Qualidade”.

Verifica-se que é também um documento orientador, com um plano de ação que contempla diversos eixos, entre os quais se nomeiam: a adequação da oferta formativa ao mercado de trabalho; o sucesso educativo; a qualidade da ação educativa; a relação escola-comunidade.

De forma idêntica ao procedido relativamente ao documento da E1 e de modo a elaborar-se uma síntese aglutinadora acerca do estabelecido, e comparativa, este documento preconiza, nomeadamente:

i. recursos humanos com capacidade inovadora, que participem no desenvolvimento global dos jovens e da região, através da excelência (explícito na “missão e na “visão”);

ii. uma educação eficiente para os alunos, educação esta alicerçada na promoção da identidade, partilhada pela comunidade educativa, em especial com entidades empregadoras, investindo na oferta formativa (enquadrado nas “metas”);

iii. uma formação adequada aos alunos e ao meio, promovida, através de compromissos, de cultura de equipa, de responsabilidade social e da excelência (os “valores”);

iv. formar jovens para o setor dos serviços;

v. a internacionalização, através da participação de alunos e colaboradores em programas transnacionais (por exemplo o Plano de Desenvolvimento Europeu, enquadrado no Eixo 4 – Relação escola-comunidade);

vi. a diversificação, em especial de atividades e instrumentos de avaliação

em cada módulo, bem como operacionalizar metodologias

pedagógicas/instrumentos/recursos facilitadores da aprendizagem (pontos fracos, a melhorar, considerados como prioritários, de acordo com a sua

“missão” para o sucesso, e enquadrada nas “metas” relativas ao sucesso educativo);

vii. a implementação de mecanismos de supervisão colaborativa, ausente na escola.

A estrutura organizativa do documento é similar, notando-se que o PE da E1 é mais detalhado, mais diretivo, enquanto o PE da E2 é menos “orientador”, mais generalista, sem “sobrecargas” estatísticas.

Ambos abordam temas relacionados com os pressupostos da estrutura modular, sendo o primeiro mais detalhado, e o segundo, como está em fase embrionária, aborda os temas do currículo em estrutura modular como intenção prioritária. Considera-se que como documentos estratégicos, representam a visão e os propósitos de uma determinada escola, uma escola aberta ao meio, em especial às empresas/instituições, não só através da realização de atividades diversas, como através do desenvolvimento da FCT, integrada em empresas/instituições.

A missão, a visão, os valores, os princípios, as finalidades, nomeadamente, consignadas nestes documentos orientadores permite-nos obter uma perceção acerca de como é encarada a estrutura modular, bem como é encarado o ensino e a aprendizagem nos seus múltiplos aspetos, de acordo com a questão geral da investigação e com os objetivos estabelecidos para o estudo.

Através da análise dos PE, articula-se a informação sistematizada e recolhida das grelhas de análise categorial, bem como as perceções existentes nas sínteses elaboradas no final relativa à análise das visões das lideranças e das lideranças intermédias, produzindo-se uma síntese global que permite religar as perceções recolhidas com as questões iniciais, e, no final, produzindo-se conclusões e implicações no Capítulo VI.