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CAPÍTULO V – Estudo empírico

5.1. Enquadramento metodológico e apresentação do design do estudo

O presente estudo de investigação, na componente empírica, seguiu uma metodologia, ou “paradigma metodológico” seguindo Afonso (2014, p. 16), de abordagem qualitativa, que orientou o respetivo design.

O estudo sustentou-se num quadro teórico ligado às áreas do currículo e do desenvolvimento curricular, com um enquadramento no tempo (década de 30 a década de 90 do século XX) de forma a percecionarem-se algumas teorias que fundamentassem a prática, e permitissem perceber a adaptação à nova escola que emergiu: a “escola de massas”, mas idealizada como uma escola para todos.

Tem como eixo principal o Desenvolvimento Curricular em Estrutura Modular e visou averiguar se e de que forma o sistema modular se encontra em implementação/desenvolvimento nas EP selecionadas como é considerado pelas lideranças destas escolas (a nível marco: diretoras pedagógicas; a nível meso: coordenadores de curso; a nível micro: professores e alunos), como é operacionalizado o ensino e como se processa a aprendizagem, e que perspetivas têm os diferentes intervenientes acerca deste modelo.

Desta forma obtiveram-se perceções acerca do modo como os atores encaram a estrutura modular, e como é que esta se operacionaliza, ou seja, como é desenvolvido o ensino e como se processa a aprendizagem, e que perspetivas têm os diferentes intervenientes acerca deste modelo.

Para a recolha da informação que se considerou necessária, recorremos às técnicas sequintes:

i. realização de entrevistas semiestruturadas; ii. observação de aulas;

iii. análise documental (projetos educativos das duas escolas em estudo). A recolha da informação, seguindo guiões construídos para o efeito, relativa às lideranças macro, as diretoras pedagógicas (Anexo n.º 3), às lideranças intermédias, os coordenadores de curso (Anexo n.º 6), e aos professores (Anexo n.º 9), foi feita com recurso às técnicas de entrevistas semiestruturadas.

Para Amado (2013, p. 207), as entrevistas são “um dos mais poderosos meios” para recolher informações entre indivíduos, pois existe uma transferência de dados através de uma “conversa intencional” para se atingirem objetivos estabelecidos.

No que concerne ao presente estudo as entrevistas efetuadas, quanto à estrutura, foram, como referido, de natureza semiestruturada, obedecendo a um plano prévio (guião), “contendo o essencial”, plano este ajustado ao desenvolvimento da própria entrevista pois foi dada “liberdade de resposta ao entrevistado”. Quanto à sua função, e seguindo o mesmo autor, foram de natureza diagnóstico-caracterização pois foram utilizadas como “principal meio de recolha de informação”, assente nos objetivos do estudo (Amado, idem, pp. 208; 211).

As entrevistas realizadas aos alunos, da mesma natureza e com a mesma função, fizeram-se recorrendo a grupos de discussão focalizada, focus group, (Anexo n.º 14), sendo os alunos participantes sugeridos pelas respetivas lideranças macro, promovendo- se interações de modo a “provocar” a discussão e possibilitar a recolha de informação diversificada (Amado, idem, pp. 227-228).

Em complemento à recolha efetuada acerca das perceções das lideranças e das lideranças intermédias e no sentido do cruzamento de informação com vista a retirar ilações mais precisas, procedeu-se a análise documental baseada numa análise dos projetos educativos das duas escolas, recolhendo-se informação, a referir no ponto 5.3.6.

O estudo de investigação desenvolveu-se em duas EP privadas do Porto, e os dados foram recolhidos através de gravação áudio das entrevistas semiestruturadas realizadas às diretoras pedagógicas, coordenadores de curso, professores e alunos. Estas entrevistas tiveram como suporte guiões – “o instrumento de gestão da entrevista semiestruturada” nas palavras de Afonso (idem, p. 105) –, elaborados para o efeito, sendo posteriormente consolidadas as respostas em texto, com transcrição praticamente integral, através de audições posteriores, por forma a que os textos sejam fidedignos, respeitando-se os entrevistados (Amado, 2013, p. 219), com vista à constituição de “Grelhas de análise categorial”, também construídas no âmbito da presente investigação e recorrendo à técnica de análise de conteúdo.

No que se refere à observação de aulas, foram observadas no total oito aulas (Anexo n.º 12), duas aulas consecutivas de quatro disciplinas, duas de cada escola, sem registo áudio, mas com registo manuscrito, seguindo um guião produzido (Anexo n.º 2), e utilizando o “Instrumento de análise de práticas docentes” produzido no âmbito de um projeto de investigação em desenvolvimento pelo Centro de Estudos do para o Desenvolvimento Humano da Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica Portuguesa (CEDH), (Anexo n.º 1), cedido por equipa de investigação

coordenada pela Professora Maria do Céu Roldão, elaborando-se com estes dados uma “Grelha de análise e registo do observado”.

Nas primeiras aulas só seguindo o guião, pois ainda não se dispunha do instrumento referido; posteriormente, além do guião, utilizou-se o documento CEDH. No final adequou-se o registado nas primeiras aulas à grelha CEDH, de modo a produzir-se uma grelha única, coerente, contendo o registo sistemático do observado nas oito aulas: a “Grelha de análise e registo do observado nas aulas” (Anexo n.º 13), produzida através do texto consolidado do observado.

A informação recolhida foi organizada em “Grelhas de análise categorial”, ou seja, o discurso foi organizado pelas categorias estabelecidas, categorias estas que decorreram das questões de investigação (a partir do questionamento produziu-se um conjunto de categorias) que se estabeleceram para o efeito. Numa primeira fase lançando-se as perceções dos intervenientes separadamente, nas grelhas seguintes:

i. guião das entrevistas semiestruturadas às diretoras pedagógicas, DTP1 e DTP2 (Anexo n.º 3);

ii. guião das entrevistas semiestruturadas aos cooordenadores de curso, CC1 e CC2 (Anexo n.º 6);

iii. guião das entrevistas semiestruturadas aos professores, P1, P2 e P3 (Anexo n.º 9);

iv. guião das entrevistas semiestruturadas aos alunos, em focus group (Anexo n.º 14);

v. guião “Características (CI a CXI) e objetivos específicos definidos para a observação de aulas e focus group” (Anexo n.º 2).

Numa fase posterior agrupando estas perceções da forma seguinte, criando novas grelhas, com as perceções conjuntas, ordenadas como se indica:

i. grelha de análise categorial conjunta das entrevistas às diretoras pedagógicas (Anexo n.º 5);

ii. grelha de análise categorial conjunta das entrevistas aos coordenadores de curso (Anexo n.º 8);

iii. grelha de análise categorial conjunta das entrevistas aos professores (Anexo n.º 11);

iv. grelha de análise e registo do observado nas aulas através dos textos consolidados, seguindo o documento CEDH (Anexo n.º 13);

v. grelha de análise categorial conjunta das entrevistas semiestruturadas (focus group) a alunos das duas escolas (Anexo n.º 16).

Assim, foi recolhida a informação “fiável e sistemática” (Afonso, idem, p. 18) através da realização das entrevistas semiestruturadas e em focus group, gravadas com recurso a equipamento áudio e reduzidas a escrito, ordenando-se posteriormente em texto, o mais fiável possível. A análise de conteúdo subsequente, efetuada através destas “Grelhas de análise categorial” permitiu salientar conclusões, com a objetividade inerente a um estudo de carácter descritivo, centrado nas perceções dos intervenientes (diretores pedagógicos, coordenadores de curso, professores e alunos), bem como à nossa própria perceção na qualidade de observador.

Dando um corpo coerente à dissertação juntam-se os instrumentos produzidos/utilizados, em Anexo, num volume próprio dada a extensão dos documentos produzidos, que são o suporte à recolha e ao tratamento dos elementos observados nas entrevistas semiestruturadas, nos focus group e nas observações de aulas. Deste conjunto de anexos repetem-se alguns neste volume para facilitação de leitura do texto.