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3 PRÁXIS DOCENTE NA RELAÇÃO INSTITUIÇÕES DE

6.7 A análise intuitiva e os procedimentos de criação interpretativa

instante hermenêutico e, apenas para fins analíticos, tomamos o material da apresentação social como um conjunto separado, a ser tecnicamente trabalhado. “O material escrito posteriormente já pode ser cuidadosamente analisado: frases, palavras, adjetivos, concatenação de ideias, sentido geral do texto”. (MINAYO, 2014, p. 234).

Bolívar, Domingo e Fernandez (2001, p. 199) ressaltam que a análise dos dados inicia-se a partir do momento em que se ordenam os dados, selecionam-se as informações afins e criam-se títulos (e subcategorias) para elencá-las.

Seguimos algumas etapas na catalogação dos dados para análise na tese. Inicialmente, criamos um arquivo no word intitulado de corpus selecionado. O referido arquivo foi copiado do Google drive, onde as respostas do instrumental estavam armazenadas. No intuito de mapear nosso corpus, criamos algumas estratégias para visualização dos fenômenos linguísticos que nos interessava apreender no corpus em foco. Desse modo, procedemos na categorização que apresentamos a seguir:

Quadro 6-Categorias de mapeamento do corpus Legenda Categorização

sentimento de si/ imagem de si. contexto/ influência das tecnologias. eventos marcantes na trajetória. experiência/práxis com as tecnologias. valoração sobre o uso das TDIC. Sublinhado marcas de experiências com as TDIC. Negrito corporificação tecnoautobiográfica.

Itálico habitus tecnológico (alinhado às pressões modernas – INQUIETAÇÃO traduzida na busca constante por atualização tecnológica).

Em seguida, criamos um quadro oragnizativo que apresentamos em seguida. O quadro é composto pelo perfil geral do participante. Elaboramos uma organização retórica dos conteúdos a partir das relações das TDIC e a emergência do ethos docente : a tessitura entre autoimagem, práxis e (re)significação docente. Em vista disso, elencamos três aspectos relacionados especificamente às novas tecnologias: TDIC e autoimagem docente; TDIC e práxis docente e TDIC e (res)significação docente.

Quadro 7- TDIC e ethos docente - tessitura entre autoimagem, práxis e ressignificação docente CO L E T A : P erfi l ge ra

l CIDADE FORMAÇÃO TEMPO PARTICIPANTE DE

SERVIÇO FAIXA ETÁRIA T D IC e ethos doc ent e : a t es si tur a e nt re a ut o im ag em , prá x is e (re s) si gn ifi ca çã o doc en te T D IC e aut oi m age m doc ent e

REAÇÃO INICIAL ÀS TECNOLOGIAS

ATITUDE DIANTE DA SUA EXPERIÊNCIA COM AS TDIC AUTOIMAGEM DOCENTE ANTES DAS TDIC

RELAÇÃO: TECNOLOGIA E AUTOIMAGEM DOCENTE DOCÊNCIA E TDIC: O PROFESSOR AUTODEFINIDO

T D IC e prá xi s doc ent e

USO DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS

Usa ou já usou tecnologia digital na aula? ( ) SIM ( ) NÃO DESCRIÇÃO:

Sente-se cobrado a adquirir constantemente novos conhecimentos na área da informática e das TDIC? ( ) SIM ( ) NÃO

JUSTIFICATIVA:

Você faz ou já fez algum curso que visava ao seu aperfeiçoamento no uso das TDIC em sala de aula? ( ) SIM ( ) NÃO

CURSOS: Não fez cursos.

T D IC e (re )s igni f ic aç ão doc ent

e DOCÊNCIA E TDIC: (RE)SIGNIFICAÇÃO DO PROFESSOR

A práxis pedagógica mediada por artefatos tecnológicos faz surgir um novo professor? ( ) SIM ( ) NÃO

JUSTIFICATIVA:

Fonte: elaborado pela autora

A partir da legenda apresentada e do quadro organizativo, lançamos-nos especificamente sobre a leitura dos dados da pesquisa no intuito de identificarmos nas narrativas tecnoautobiográficas dos professores informações que nos remetessem às suas vivências com as TDIC, no seu cotidiano e na sua vida profissional, procuramos apreender como o mundo tecnologizado, no qual eles estão inseridos, de certo modo os

afeta. Conhecer as experiências significativas que marcaram suas rupturas e travessias. Apreender, pela narrativa (tecno)autobiográfica, como esse professor se metamorfoseia à medida que mundo no qual ele vive também se transforma.

Nessa perspectiva, lançamos luz para o récit de vie dos participantes e, assim, norteamos nossa análise intuitiva do corpus a partir de Josso (2007, p. 221):

Cada história é trabalhada visando perceber os momentos de articulação, muitas vezes fundadores, os valores que orientaram as escolhas, os registros das ciências do humano nos quais as experiências são relatadas, as dialéticas que permitem compreender as orientações gerais de uma vida, as atitudes e aprendizagens do sujeito nas situações, nos acontecimentos, nos encontros e nas atividades impostas ou escolhidas ao longo da vida.

Nosso fio argumentativo repousa na perspectiva da existencialidade singular- plural (JOSSO, 2007) e na possibilidade de compreender, por meio da narrativa de si, as problemáticas ligadas à vida cotidiana do narrador inserida em uma sociedade cambiante.

Posteriormente, esquematizamos uma prévia análise da autorreceptividade narrativa, o qual apresentamos a seguir. Como pretendíamos perscrutar a relação TDIC e imagem docente, o fizemos na perspectiva de antes e depois da inserção dessas tecnologias na vida profissional docente.

Em princípio, buscamos caracterizar o perfil saliente na autorreceptividade narrativa a partir da autoimagem docente que a análise de si poderia nos revelar. De modo específico, traçamos o perfil de antes e depois separadamente.

1. AUTOIMAGEM DOCENTE E TDIC.

Depois das TDIC – [caracterizar perfil]. Antes das TDIC – [caracterizar perfil].

A posteriori A priori

TDIC

Em seguida, no nosso segundo passo, analisamos a relação que o professor estabeleceu entre sua imagem docente e o uso das TDIC, de maneira que pudéssemos compreender a gênese de seu raciocínio ao estabelecer seu posicionamento e conceituação de sua imagem antes e depois do uso das tecnologias digitais.

2. RELAÇÃO: TECNOLOGIA E AUTOIMAGEM DOCENTE Imagem docente: [análise a partir da autorreceptividade narrativa].

Nosso último, e terceiro, passo consistiu em investigar o conceito que cada professor atribuiu a si mesmo a partir de sua autointerpretação a respeito de seu papel docente desempenhado na pós-modernidade.

3. DOCÊNCIA E TDIC: PROFESSOR AUTODEFINIDO. Imagem docente: [análise a partir da autorreceptividade narrativa].

Além disso, concomitante aos três passos seguidos, intentamos examinar o posicionamento do professor em relação às TDIC, a saber, o discernimento desse professor no que diz respeito ao papel que ele atribuiu às tecnologias na sua vida profissional.

- Posicionamento em relação às TDIC: [análise a partir da autorreceptividade narrativa]. Essa particularidade, posteriormente, mostrou-se bastante pertinente na composição do ethos docente frente ao uso das tecnologias.

A organização e sistematização prévia dos dados não se encerraram nessas ações. Posteriormente, passamos à etapa de “retraduzir” os dados. Nela, voltamos mais uma vez ao corpus. Desta feita, nossa análise intuitiva buscou apreender regularidades, subjetividades e particularidades presentes nos récits de vie que possibilitem agrupar categorias suficientes ricas, que nos permitissem, entrar na lógica interna de como o participante categorizou sua vida e o mundo no qual está inserido (BOLÍVAR, DOMINGO E FERNANDEZ, 2001, p. 199).

Por meio de uma leitura mais atentae uma nova aproximação com o objeto de pesquisa (MINAYO, 2014, p. 233), procuramos apreender, as categorias de análise

selecionado: categorias de análise. Nesse arquivo, o corpus também foi separado por gerações.

Asanálises prévias foram direcionadas na perspectiva de que “cada situação de vida está não apenas vinculada a uma história de vida única de cada indivíduo” mas também está “atravessada pelo contexto histórico com suas ideologias e aspectos sociais memorizados socialmente” (SIQUEIRA, 2014, p. 105).

Destarte, as referidas categorias emergiram da regularidade linguística presente nas narrativas tecnoautobiográficas dos professores que, embora não pertençam especificamente ao mesmo lócus laboral, apresentam em comum o fato de vivenciarem a incorporação das TDIC no seu cotidiano pessoal e profissional.

Passamos, pois, a apresentar nossas categorias analíticas, as quais chamamos de categorias de sentido. Apresentamos separadamente as categorias das lógicas do sensível e do circunstancial. Respectivamente, as primeiras relacionadas ao processo de ruptura e a segunda, ao processo de travessia. Embora salientemos que essa divisão é apenas didática, uma vez que processualmente ruptura e travessia se dão de maneira imbricada.

Passemos às categorias da lógica do sensível:

Da existencialidade singular-plural apreendemos o que chamamos de categorias da lógica do sensível:

 Da lógica singular emerge o sentir DESEJO/QUERER (da ordem das vontades particulares/subjetivas).

 Da lógica plural emerge o sentir DIFICULDADE/ NECESSIDADE (da ordem das obrigações geral/objetivas).

Pormenorizando processualmente a constituição das categorias da lógica do sensível, temos:

a) a decisão pelo uso das TDIC mediante o DESEJO ancorado no QUERER desbravar novos horizontes tangenciados por essas tecnologias digitais; portando, um processo que correpondeu a uma vontade particular do indivíduo.

b) a decisão pelo uso das TDIC mediante transposição de DIFICULDADE ancorado na NECESSIDADE de adequação à sociedade tecnologizada; portando, um processo que correpondeu a uma obrigação geral.

E, por fim, as categorias da lógica do cirscuntancial:

Do tempo pós-moderno (em plena mutação) apreendemos o que chamamos de categorias da lógica do cirscuntancial:

 Da lógica da ação e reação102

emerge o processo metamórfico ou de TRANSFORMAÇÃO.

 Da lógica do ajustamento de maneira momentânea ou de maneira duradoura emerge a ADAPTAÇÃO.

Pormenorizando procesualmente a constituição das categorias da lógica do cirscuntancial, temos:

A circunstância que impele o sujeito à mudança, qualquer que seja sua ancoragem – se sujbetiva, se objetiva – inicia-se a partir da ruptura de incorporação das TDIC. A priori, a ruptura exerce uma ação de natureza agonística sobre o sujeito, que, ao sentir-se nos bastidores da vida (MAIA-VASCONVELOS, 2003), é impelido à desacomomodação e, por conseguinte à TRANSFORMAÇÃO. O ajustamento às novas situações vividas é paulatino e provisório, de modo a fazer emergir circunstancialmente a ADAPTAÇÃO. E, assim, a medida em que a decisão pela busca por atualização tecnológica se mantém persistente, sucessivamente novas rupturas vão delineando o processo metamórfico no estágio de travessia.

Posteriormente, especificamente para mapearmos o estágio de ruptura inicial criamos um quadro intitulado mapeamento conceitual da ruptura. Com essa análise prévia, objetivávamos, a priori, perscrutar a relação que se estabelecia entre ruptura, busca por novos conhecimentos tecnológicos e práxis pedagógica, considerando os dois processos desencadeadores da ruptura: a vontade particular do indivíduo e a obrigação geral.

102

Considerando-se a dinâmica empreendida pela terceira lei de Newton ou princípio da ação e reação; quando um corpo exerce uma força sobre outro, este reage e exerce sobre o primeiro uma força de intensidade e direção iguais, mas sentido oposto. Fonte: http://www.explicatorium.com/CFQ9-Newton- Lei-3.php Acesso em: 05/06/14.

Portanto, a partir das análises prévias que resultaram nas categorias da lógica do sensível, o corpus que compunha os excertos referentes à ruptura inicial dos narradores foi subdividido em duas categorias, a saber,

a) Desejo de atender as necessidades de uso das TDIC ancorado na ordem das obrigações de uso das TDIC.

b) Desejo de atender as necessidades de uso das TDIC ancorado na ordem das descobertas de uso das TDIC.

Quadro 8- mapeamento conceitual da ruptura: obrigações de usodas TDIC

PARTICIPANTE / GERAÇÃO

POSICIONAMENTOS X USO DAS TDIC

Obrigações de uso das TDIC.

Relação uso das TDIC e Ruptura

Relação uso das TDIC e docência

Sente-se pressionado a usar as TDIC?

A busca por uma práxis pedagógica mediada por artefatos tecnológicos faz surgir um novo professor?

( ) S ( ) N ( ) S ( ) N

Fonte: elaborado pela autora.

Quadro 9- mapeamento conceitual da ruptura: descobertas de uso das TDIC

PARTICIPANTE / GERAÇÃO

POSICIONAMENTOS X USO DAS TDIC

Descobertas de uso das TDIC

Relação uso das TDIC e Ruptura

Relação uso das TDIC e docência

Sente-se pressionado a usar as TDIC?

A busca por uma práxis pedagógica mediada por artefatos tecnológicos faz surgir um novo professor?

( ) S ( ) N ( ) S ( ) N

Fonte: elaborado pela autora.

A presente organização e as categorias emergidas da análise intuitiva nortearam, posteriormente, as subseções de análise: 6.2. Incorporação das TDIC por uma práxis inovadora e consciente: entre o saber-ser professor e o saber-ensinar na era tecnológica; 6.3.1 Da existencialidade singular-plural: entre o desejo/querer e a necessidade/dificuldade de uso das TDIC; 6.3.2 Da lógica da ação e reação: entre o processo de transformação e a (momentânea) adaptação ao uso das TDIC e 6.3.3 Unindo as tesselas: processo metamórfico em composição e 6.4 Autointerpretação da imagem de si ressignificada: a ação de tomar a si mesmo como objeto de reflexão.

Sendo assim, mediante os prévios resultados da nossa análise intuitiva, quando se dá a ruptura inicial com o primeiro uso das TDIC, inicia-se um estágio de travessia marcado por uma busca de acomodação e, consequentemente, adaptação ao uso das tecnologias digitais. Tal dinâmica gera uma transformação com base em diversas outras rupturas que vão sendo vivenciadas ao longo do percurso de uso das TDIC, de modo

que essa travessia se caracteriza por sucessivas acomodações e desacomodações decorrentes desse processo metamórfico.

A priori, podemos concluir que temos um narrador circunscrito num cenário de mudança e a dinâmica que parece se estabelecer nesse contextopós-moderno é a de um certo ajustamento no que tange ao uso das TDIC, quer seja na vida cotidiana do professor, quer seja na sua vida profissional. Desse modo, esse ajustamento, nasce de uma confrontação entre a lógica dos desejos individuais (desejos, anseios, expectativas) e a lógica das pressões coletivas (exigências educacionais modernas apresentadas no discurso tecnopedagógico).

7. ANÁLISE DOS DADOS E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS DA PESQUISA