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ARQUIVOLOGIA COMO UMA CIÊNCIA QUE PROPICIA A INFORMAÇÃO E O

A ARQUIVOLOGIA CONSTITUI-SE COMO UMA CIÊNCIA?

Destacam-se algumas abordagens que possivelmente apre- sentam a efetivação da Arquivologia como Ciência. Embora, para determinados leitores e teóricos estas pontuações sejam novidades, desde 2012, o autor Terry Cook (2012) abordou com maior propriedade e fundamentação teórica e conceitual a Arquivologia em um viés Pós-Custodial ou Pós-Moderna e científica.8

Rapidamente se faz considerações acerca da visão de Silva (2011) que apresenta a vinculação da Arquivologia à Ciência da Informação como possível caminho para o fortalecimento da Arquivologia, e sua ascensão científica. 9

É notável que a Arquivologia seja oriunda das Ciências da Informação, todavia, os princípios, fundamentos, e teorias que se construíram durante décadas de muitas conquistas não podem ser esquecidos, e aniquilados de modo tão rápido, e/ou apenas porque há possibilidades supostamente viáveis para um 8 Recomenda-se consultar para melhor compreensão do conteúdo tratado o periódico traduzido deste teórico canadense, COOK, Terry. A ciên- cia arquivística e o pós-modernismo: novas formulações para conceitos antigos. InCID.R Ci. Inf. e Doc., Ribeirão Preto, v. 3, n. 2, p. 8- 9, jul./ dez.2012.

9 Ver-se em Silva, Luiz Eduardo Ferreira da. Ciência como técnica ou técnica como ciência: nas trilhas da arquivologia e seu status de cien- tificidade. João Pessoa: [s.n], 2011. 88p, uma Arquivística que precisa

progresso da Arquivologia, pois é a partir deles que a ela trans- passará suas deformações teóricas.

Não se prenderá a discorrer acerca dessa visão de “pro- gresso” para área. Acredita-se que deverão ser construídos mais discursos e outros caminhos que não comprometam o que já tem de fundamentos na Arquivologia. Continuará a apresentar no transcurso desse artigo, e nessa seção o que já veio-se mos- trando nas outras seções.

Para dar-se fundamento aos argumentos que serão abordados posteriormente nessa seção, inicia-se com a defi- nição de Castro (et al 1988, p.25, grifo do autor) que trazem,

“ARQUIVOLOGIA é a ciência dos arquivos. É o complexo de conhecimentos teóricos e práticos relativos à organização de arquivos e às tarefas do arquivista.” Poderia ter-se posto, Arquivologia, o estudos dos arquivos, ou de um conjunto/com- plexo de documentos, contudo, os criadores dessa abordagem fizeram questão de por a “Arquivologia como a ciência dos arqui- vos”. Partindo das palavras desses autores ter-se-á o marco inicial do que será tratado com mais realce no decorrer dessa seção.

Uma breve definição de Ciência, Rabuske (1987, p.13), “é uma das espécies de conhecimento.” O complemento para Ciência, segundo Edvino Rabuske (1987, p.30) seria: “A técnica confirma a validade da Ciência”. Para acrescentar esse comple- mento, utilizará os argumentos dos autores Gadamer e Frunchon (1996, p.23) “Pois o que quer se entenda por ciência, não será

encontrando regularidades [...]”. Portanto, a partir desses argu- mentos, é possível afirmar que não existe Ciência sublime, sem falhas, ou defeitos, mas que ela está a todo tempo em processo de lapidação, de forma que é constante seu processo de constru- ção e desconstrução.

O primeiro conceito posto anteriormente é muito abran- gente, e pode gerar diversas lacunas quando se fala acerca de uma Ciência constituída por métodos, e que requer um sistema

de explicações concretas e totalmente objetivas, que é o caso das Ciências Naturais. Ele ainda não é tão completo para as Ciências Sociais (para a Arquivologia), sendo assim, ficar-se-á com o segundo conceito (o complementar) e com os argumentos pos- teriores de Gadamer; Frunchon. Delimitar-se-á nos próximos parágrafos que Ciência possibilitará o melhor desenvolvimento da Arquivologia como área científica do conhecimento.

Algumas definições segundo Rabuske (1987) e Gadamer e Frunchoner (1996), para Ciências Humanas. A primeira é a definida por Rabuske (1987, p.59, grifo do autor), “São toda aquelas que estudam as objetivações da subjetividade humana.” A

segunda, em Hans-Georg (1996, p.50) “as ciências humanas são consideradas ‘ciências morais’”. Esta última definição poderia ser uma espécie de complemento da primeira.

Acerca do método das ciências, Rabuske (p.106) define como, “procedimento regular, explícito e passível de ser repetido para conseguir alguma coisa”. Lembrando que ele apresenta esta definição como introdução para a problemática dos métodos das ciências.

Para confrontar o conceito de que a Ciência só é Ciência se possuir um método, Gadamer e Frunchon (1996, p. 21), sus- tenta que, “É igualmente inútil, limitar a elucidação das Ciências Humanas a uma pura questão de método”, quebrando um para- digma dogmático, que há séculos constituiu-se nas visões de científicos, e dos idealizadores da Ciência e de tudo aquilo que a mesma comportaria, que seria o de que toda e qualquer ciência tem que possuir um “método”, pois sem o mesmo não se consti- tui uma ciência.

Gadamer e Frunchon (p.20) acrescenta, “Não se trata, em absoluto, de definir simplesmente um método específico, mas sim fazer justiça a uma ideia inteiramente diferente de conhe- cimento e de verdade”. Está exposto que necessariamente se

objetivo? É simplesmente, atrasar o avanço de uma Ciência que estuda as subjetividades dos sujeitos e suas relações em socie- dade. Para concluir, Rabuske (p.127, grifo nosso), “a verdade [ou as essências das Ciências Sociais] não é atingida pelo método

objetivante”.

No modo geral, as Ciências do Espírito (Sociais, ou Humanas), nas quais inclusa está a Arquivologia, segundo Dilthey Wilhelm (1883, s.p, apud EDVINO RABUSKE, 1987, p.64) “têm a realidade histórico-social por seu objeto”. Evidentemente esse objeto de estudo definido para as Ciências Humanas por Dilthey, tenderá a nortear discussões que leva- ram de maneira mais objetiva o definitivo objeto de estudo da Arquivologia.

Desta forma, faz se necessário o uso da Filosofia e de alguns dos seus autores que abordam o assunto para entender-se melhor como se constituí uma Arquivologia Científica Humanística.

Vale destacar que a Filosofia contribui significativamente para as Ciências Humanas (Sociais, e a Arquivologia), segundo Rabuske (1987, p.141) das muitas contribuições pode-se des- tacar as de, ”fornecer um conhecimento da essência do ser humano ou dos seus traços constitutivos. O que é o homem? Como se situa no mundo? Como se deve entender a razão, a liberdade, a historicidade, a sociedade etc.” Não afirmando que as origens dessas contribuições filosóficas integram inteira- mente a Arquivologia, contudo de forma abrangente os estudos dos arquivos implicitamente ou explicitamente (isso dependerá de que uso se faz da mesma) realiza em certos pontos da gestão de documentos, dos estudos dos usuários externos, uma breve análise das indagações expostas anteriormente.

Ainda sobre a contribuição da Filosofia, Rabuske (1987) completa, “A Filosofia deve, inclusive, situar o próprio conheci- mento científico e a atividade técnica no seu verdadeiro lugar”, que é em suma um dos grandes desafios posto a Arquivologia, e

que simplesmente, ainda não se conseguiu superar, ou solucio- nar (para os que veem como problema).

Portanto, é possível afirmar que a Arquivologia se constitui como uma Ciência Humana, pois as Ciências Sociais, na qual ela está inserida são originárias das Ciências Humanas, e têm em grande parte de suas essências, as ações e relações do indivíduo (principalmente) com a sociedade. Levando em conta que os procedimentos técnicos (produção em sequência) e artísticos (produz manualmente de modo inaugural), também sociais, jun- tos constituem a área como um campo científico, uma ciência. CONSIDERAÇÕES FINAIS

No que tange aos assuntos abordados, ver-se uma busca e exposição de linhas de pensamento que podem guiar a disci- plina de forma mais firme a uma Ciência. Devendo lembra-se de que o caminho da Arquivologia como campo científico con- solidado já está em processo de criação, só resta persistência em entender que o inacabamento faz parte de qualquer ciência, e a construção de verdades é o que faz o saber científico valoroso para a humanidade.

É essencial para uma sociedade em constante desenvolvimento político-social, uma Arquivologia que viabilize primeiramente a informação, que poderá ser transformada em conhecimento. Uma vez que um povo sem conhecimento de si próprio e do que verdadeiramente ocorre em sua volta, certa- mente, não caminhará com as suas “próprias pernas”, e sempre tenderá a ser nitidamente (ou de maneira implícita) manipulado por aqueles que visam obstruí-los intelectualmente, para o cum- primento intrínseco de seus interesses individualistas.

Visualizando uma Arquivologia científica que estuda os seus usuários internos e externos, antes mesmo da realização

objeto científico dessa. Desta forma, quando o profissional da Arquivística estuda, principalmente, os usuários do arquivo per- manente, (aquele destinado a pesquisas, consultas e estudos) antes de proporcioná-lo a informação, ele o torna de certo modo seu “objeto de estudo”.

É indispensável que o Estado democrático de Direito brasileiro, que vigora atualmente a chamada Lei de Acesso à Informação, possa criar meios que tornem cada vez mais os dados e/ou informações verdadeiramente públicos, essencial- mente os assuntos que englobem a história e memória, em sua totalidade, da população brasileira.

Nota-se uma imensidão de estudos do campo da Filosofia que relacionados a temática abordada aprofundarão a Arquivologia como um campo científico. Quando se integra a Arquivologia definitivamente ao campo das Ciências Humanas, torna-se notável que ela é uma Ciência que estuda as inter-rela- ções do indivíduo com a sociedade.

Conclui-se que é viável uma ampliação e (re)formulação de teorias que favoreçam o desenvolvimento da Arquivologia como uma ciência frente a outras disciplinas já bem difundidas teoricamente, pois esse é um dos métodos de transpassar os desafios para/da área solucionáveis através de discussões e pro- dução científica/acadêmica.

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RELAÇÃO ORGÂNICA ARQUIVÍSTICA: