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ANÁLISE DO PRINCÍPIO ORGÂNICO SOBRE O ACERVO FOTOGRÁFICO DOCUMENTAL DA PB,

ACERVO DOCUMENTAL FOTOGRÁFICO DE MONUMENTOS DA PARAÍBA NO

ANÁLISE DO PRINCÍPIO ORGÂNICO SOBRE O ACERVO FOTOGRÁFICO DOCUMENTAL DA PB,

SALVAGUARDADO NO IPHAN-PE

O Princípio de Organicidade foi a inquietação que norteou os estudos dessa pesquisa, no sentido de compreender os aspec- tos pelos quais um acervo fotográfico de relevância histórica da Paraíba está salvaguardado no IPHAN em Recife. Nesse sen- tido, pesquisamos definições, reflexões e características sobre o principio orgânico desse acervo.

Conforme o Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística (2005, p.127), a definição do termo “organicidade” é a “Relação natural entre documentos de um arquivo em decor- rência das atividades da entidade produtora”.

Segundo Belloto (2006, p.88), “organicidade é a qualidade segundo a qual os arquivos espelham a estrutura, as funções e as atividades da entidade produtora/acumuladora em suas rela- ções internas e externas.”.

As palavras de Duchein adicionam a importância do princípio orgânico na compreensão do fundo, na perspectiva minimalista “[...] caracteriza-se por reduzir o fundo ao nível da menor partícula funcional possível, considerando que o ver- dadeiro conjunto orgânico deriva do trabalho dessa pequena célula.” (1982-1986, p. 19).

Na reflexão de Nascimento (2012), sobre as caracte- rísticas da organicidade, o autor afirma que a relação entre organismo e o arquivo é refletida através do conjunto documen- tal, possibilitando ao arquivista perceber as tais relações “[...] pode-se observar a indicação, direta ou indireta, de relações de hierarquia e subordinação que conferem a natureza orgânica, ou seja, enquanto pertencente a um organismo, ao arquivo.” ( NASCIMENTO, 2012, p.57).

Compreendemos que os documentos arquivísticos surgem de acordo com a necessidade de agir por meio deles, de maneira natural (Cf. DURANTI, 1994). Esse processo ocorreu com o acervo fotográfico aqui estudado. Conforme as entrevistas de profissionais da instituição, o objetivo era de ter o registro de bens culturais, e a fotografia permitiu retratar as informações necessárias para conhecimento desses bens.

Indagamos sobre a formação do acervo e a guarda daquele, e fomos informadas que esse acervo teria sido produzido por uma equipe técnica, quando ainda não existia, na Paraíba, uma estru- tura patrimonial de instância federal com autonomia, e por isso, a ‘sub sede’ paraibana era vinculada a instituição de Recife, ou seja, as diretrizes eram determinadas pela 5ª Superintendência Regional do IPHAN em Recife.

Diante dessa realidade, a pesquisa refletiu sobre a organi- cidade, mencionado por Larceda (2008, p. 54) quando afirma que “A falta de um caráter orgânico explicaria a falta de um lugar de pertencimento desses documentos [...]”. A autora conclui reforçando que sendo dessa maneira, o documento não é arqui- vístico, pois existe ausência do “Princípio de Organicidade”.

Assim, identificamos que o local de guarda do acervo apre- senta fragilidades no que se refere aos aspectos de preservação e conservação. Quanto ao princípio orgânico, segue as determi- nações arquivísticas, porém, percebemos que esse acervo teve origem com a equipe técnica paraibana, subordinada “tem- porariamente” à sede do IPHAN do Recife. Nessa condição, consideramos de grande importância que a instituição local, IPHAN-PB, seja detentora de uma cópia desse acervo, possibili- tando maior facilidade e rapidez aos pesquisadores paraibanos, e satisfazendo as determinações do ‘direito ao acesso à informação’. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa desse artigo representou para nós um desafio, por tratar-se de uma questão que envolve documento fotográ- fico, patrimônio e organicidade, especificamente de um acervo documental que representa a trajetória histórica da Paraíba. O trabalho com o acervo pesquisado conduziu a reflexões que aju- dam a compreender a difícil tarefa do contexto da salvaguarda desse arquivo e o “Principio da Organicidade”.

Diante das circunstâncias, percebemos que deveríamos conhecer melhor a formação da instituição e desse arquivo, e assim realizar uma discussão embasada por referenciais teóricos da Arquivologia que problematizam a organicidade. Logo, per- cebemos que o objetivo principal de refletir sobre a organicidade e a salvaguarda do acervo fotográfico em questão foi alcan- çado, pois o interesse do estudo era de compreender a guarda

documental e o princípio orgânico, problemas complexos, que carece de estudos e discussões mais aprofundadas. Sendo assim, esperamos que as nuances e as conclusões apresentadas neste artigo possam contribuir para outras discussões teóricas e práti- cas da Arquivologia.

REFERÊNCIAS

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