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A MEMÓRIA ECLESIÁSTICA CONSTITUIDA NA SOCIEDADE

A IMPORTÂNCIA SOCIOCULTURAL DOS ARQUIVOS ECLESIÁSTICOS

A MEMÓRIA ECLESIÁSTICA CONSTITUIDA NA SOCIEDADE

Para melhor compreensão da temática, podemos dizer que memória pode ser entendida como:

É um elemento constituinte do sentimento de identidade, tanto individual como coletiva, na medida em que ela é também um fator extremamente importante do sentimento de continuidade e de coerência de uma pessoa ou de um grupo em sua reconstrução de si (POLLAK, 1992, p. 2004).

Observa- se, assim, que memória se apresenta como uma questão necessária na sociedade da informação, visto que atua como representação de fragmentos que mantém uma coletivi- dade e individualidade e que permite a edificação e a legitimação de uma identidade social.

Vivemos em uma sociedade globalizada em que a pre- servação da informação contida nos arquivos, inclusive os eclesiásticos, possibilita a formação do conhecimento através dos registros documentais e garantida a memória sociocultural para gerações futuras. Segundo (LE GOFF, 1990, p. 426), “o

estudo da memória social é um dos meios fundamentais de abor- dar os problemas do tempo e da história relativamente aos quais a memória está ora em retraimento, ora em transbordamento”.

Os arquivos documentais da igreja católica possibilitam conhecer e analisar particularidades de uma época como exem- plo: os registros que abordam os negros antes da abolição, através de uma padronização dos registros de batismos, que seguiam um mesmo formato em sua maioria. São consideradas fontes que se presta a um tratamento quantitativo, de grande uti- lidade para pesquisas demográficas, reconstituição de famílias, etc. Na época da escravidão, os registros das paróquias atesta- vam o nascimento, casamento e a morte dos escravos, como mencionou Ginzburg, (1991). Para Mathieu e Cardim (1990, p.114 apud JARDIM, 1995, p. 5), “os arquivos são praticas de identidade, memória viva, processo cultural indispensável ao funcionamento no presente e no futuro.”.

Os arquivos eclesiásticos, sendo uma reconstrução histó- rica, agem como ferramenta da memória, e preserva os valores existentes, assim como as suas documentações. Santos (2005, p.68) ressalta a importância desses arquivos:

O arquivo é considerando indispensável à igreja, não apenas para ser o elemento comprovador da sua presença no meio dos povos, mas também por lhe dar condições de se conhecer e de se fazer conhecer através dos registros seculares depositados nos fundos de informação arquivísticas.

Através do acervo documental percebemos que a igreja católica proporciona o conhecimento da sua própria histo- ria que se desenvolveu nos decursos dos séculos, inserindo-se

condicionamentos e ao mesmo tempo transformando. Assim, os arquivos eclesiásticos são importantes centros culturais por- que contribuem eficazmente para o desenvolvimento cultural na sociedade contemporânea.

Paulo (1995) salienta a importância e a riqueza dos bens culturais da igreja para a sociedade:

[...] em primeiro lugar, a riqueza artís- tica de pintura, escultura, arquitetura, mosaico e música, colocada a serviço da missão da Igreja. Para estes devemos em seguida, adiciona a riqueza dos livros contidos nas bibliotecas eclesiásticas e os documentos históricos preservados nos arquivos das comunidades eclesiásticas. (PAULO,1995, p. 1, tradução nossa).

Sendo assim, compreendemos que os acervos católicos têm grandes valia para sociedade, detentora de grande concen- tração documental que proporciona o entendimento e evolução nas diversas áreas da sociedade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Consideramos de extrema importância o aprendizado desenvolvido na elaboração deste trabalho, tendo em vista nosso pouco tempo acadêmico até então. Diante do que foi pesquisado sobre arquivos eclesiásticos, podemos concluir que estes acervos são relevantes fontes de informação para pesqui- sas cientificas e uma ferramenta que possibilita a preservação da história da igreja e construção da memória na sociedade, pois salvaguarda essas informações que estão presentes nos acervos católicos, é muito importante para o entendimento do passado, e

do presente, proporcionando as informações passadas para gera- ções futuras.

Percebemos que existe a real necessidade de conscientizar a sociedade sobre este bem cultural, e agente de construção de uma memória sociocultural, a riqueza de informação sobre a memória eclesiástica necessita ainda de vastas pesquisas, tendo em vista, que se devem resguardar corretamente estes acervos.

Acreditamos que este trabalho possa sirva como forma de pesquisa e estudo sobre esta temática.

REFERÊNCIAS

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COMISSÃO PONTIFÍCIA PARA OS BENS CULTURAIS DA IGREJA. Perfil. [2008?]. Disponível em: <http://www.vatican. va/roman_curia/pontifical_commissions/pcchc/documents/ rc_com_pcchc_pro_20051996_sp.html>. Acesso em: 29 Nov. 2014.

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GINZBURG, Carlo. A micro-história e outros ensaios. Lisboa:

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JARDIM, J.M. A invenção da memória nos arquivos públicos. Ciência da Informação, v. 25, n. 2, 1995.

LE GOFF, J. História e Memória. Campinas, UNICAMP, 1990. POLLAK, M. Memória e identidade social. Revista Estudos Históricos, v. 5, n. 10, p. 200-212. 1992

OHIRA, Maria Lourdes Blatt. Arquivos Públicos do Brasil da Realidade à Virtualidade. Disponível em:<http://www.udesc. br/arquivos/id_submenu/619/artigo_arquivo_publico.pdf.> Acesso em 29 Nov 2014.

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QUEIROZ, Anna Carla Silva de. Acesso e memória: a infor- mação nos arquivos das arquidioceses da Paraíba e de Olinda/ Recife. João Pessoa, 2011. 103p. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) – Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2011.

RONDINELLI, Rosely Curi. O Conceito de documento arquivístico frente à realidade digital: uma revisitação necessária. 2011. Tese (Doutorado em Ciência da Informacão) – Universidade Federal Fluminense, Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, Instituto de Arte e Comunicação

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SANTOS, Cristian José Oliveira. Os arquivos das primeiras prelazias e dioceses brasileiras no contexto da legislação e práticas arquivísticas da Igreja Católica. Dissertação de Mestrado em Ciência da Informação – Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Ciência da Informação e Documentação, Universidade de Brasília, 2005. 235p.

SICHEL, Edith. O Renascimento. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1980.

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