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A análise da revista A Ordem, a identificação do que é recorrente no discurso, de elementos que são continuamente retomados na justificativa e no embasamento da nova atitude político-social, move-nos à proposição da existência de um mecanismo – ou de uma técnica – de atualização. Esta possui alguns pilares, frutos de uma longa elaboração, cujas linhas (milagres) estão sintetizadas na resenha que a revista faz de livro do teólogo Sertillanges, linhas que sustentam o discurso da perenidade da Igreja e que embasa todo o trabalho da atualização: o domínio do tempo e seu caráter sobrenatural, a semente evangélica, sua historicidade e capacidade de absorção e assimilação, ea atualidade perene da Igreja.

“O Padre Sertillanges distingue: o milagre da instituição que se precede a si mesma e domina o tempo; o milagre do estabelecimento evangélico, compreendendo o do Homem-Deus em sua pessoa, vida, e manifestações; o milagre da difusão cristã: entrada da Igreja na História por meios politicamente desproporcionados, prodigiosa adaptação aos regimes humanos acolhedores ou hostis, incomparável poder de absorção e assimilação do princípio cristão em face dos elementos religiosos e profanos; e o milagre imanente à existência atual da Igreja e à sua perpetuidade.”287

O tema da “adaptação” é uma constante nos textos de A Ordem na década de 1940, notando-se uma preocupação em desvinculá-lo de qualquer erro doutrinário. A justificativa da necessidade da adaptação é remetida à própria razão de ser do cristianismo, às suas origens: o fato da Encarnação. O Deus-Homem se submeteu às leis da temporalidade, experimentou as vicissitudes da carne – menos o pecado – como outro homem qualquer, adaptou-se à sua condição humana.288

Por que a Igreja não faria o mesmo? Negar tal fato seria incidir no mesmo erro dos fariseus que repudiaram a novidade cristã. Também, seria negar a própria história da Igreja, marcada pela sua extraordinária capacidade de adaptar-se às contingências e costumes das épocas, assegurada, é claro, a inviolabilidade de seus princípios. Os papas,

287 Redação, “O milagre da Igreja”, A Ordem, mai/1951, p. 33.

288 “O que se quer da Igreja é o testemunho de sua presença: a presença de seu espírito integral no seio das instituições e dos problemas modernos, para refazê-los, solucioná-los, animá-los, transformá-los. A adaptação da Igreja não é sua mutilação; é sua encarnação.” TAUZIN, Fr. Sebastião, “Mortificação e penitência”, A Ordem, out/1950, p. 5.

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principalmente a partir de Leão XIII, não se cansaram de repeti-lo, que é da natureza da Igreja atualizar seus meios de propagação da verdade, que todas as formas de governo são compatíveis com o cristianismo, desde que respeitados seus direitos.

O adversário da atualização289 não se intimida. Respirando o ambiente do momento, reconhece a adaptação enquanto um dos instrumentos da permanência – afinal, o próprio Pio X a reconheceu –; mas, também seguindo o papa integrista, desde que as vicissitudes e contingências que se apresentem sejam acolhidas debaixo da

esfera da sua ação benéfica. De outro modo, a adaptação transforma-se em exigência de submissão à Igreja. Esta é sempre a condição colocada pelo adversário da atualização para acolher o termo – adaptação, democracia, liberdade – e inviabilizar sua realização.

“Ainda hoje, como sempre, a Igreja se adapta, com um poder de maleabilidade única, a todas as condições da sociedade, a todas as ciências e descobertas, a todas as formas de governo, que não contenham em si nada que seja contrário à sã razão e à Fé. “E – como observa o Pe. Oddone – a Igreja procede assim, não consentindo qualquer influência intrínseca, mas acolhendo todas as coisas debaixo da esfera da sua ação benéfica. Ninguém espere dela qualquer transação com os erros e os vícios da sociedade

289 Podemos identificar como os adversários mais expressivos, os jornais e revistas integralistas, como “O Povo”, “A Ofensiva”, “Panorama”; as Congregações Marianas, sob a direção do jesuíta César Dainese e de Plínio Correia de Oliveira; o jornal “O Legionário”, órgão oficioso da Arquidiocese de S. Paulo, sob a direção de Plínio Correia de Oliveira até 1947; o mensário “Catolicismo”, fundado, em 1951, pelo bispo de Campos (RJ), D. Antônio de Castro Mayer; alguns colaboradores da “Vozes de Petrópolis”, como José Pedro Galvão de Souza, C. A. Barbosa de Oliveira, Mendes Pimentel, Azeredo Santos, leigo que também colaborou na Revista Eclesiástica Brasileira com artigo em que criticava duramente a posição editorial de A Ordem, o que levou a REB a ser repreendida pelo arcebispo de São Paulo, D. Carlos Carmelo de Vasconcelos Mota – na REB, o que encontramos, o mais das vezes, são críticas do clero a uma suposta extrapolação do papel do leigo no apostolado. Outro grupo com identidade explícita é dos jesuítas, cujos principais representantes são os padres, Antônio Fernandes, Arlindo Vieira e César Dainese. Por fim, os núcleos do Centro Dom Vital do Recife e de São Paulo e suas respectivas A.U.C. (Ação Universitária Católica), dominados por monarquistas tradicionalistas. Nos ESTATUTOS DO CENTRO D. VITAL DO RIO DE JANEIRO, publicados em janeiro de 1931, em suas disposições transitórias, a questão dos núcleos, “com plena autonomia de ação”, é tratada; o “Regimento” comum nunca foi elaborado.

“DISPOSIÇÕES TRANSITORIAIS

Art. 29o _ O ‘Centro D. Vital’ do Rio de Janeiro procurará difundir por todo o Brasil, promovendo a fundação de núcleos do mesmo gênero, sob a mesma denominação em todos os Estados, com plena autonomia de ação, mas dentro das normas do artigo seguinte.

Art. 30o _ Cada uma dessas sedes organizará o Centro com plena autonomia, e personalidade jurídica, acrescentando ao titulo a designação da cidade em que for instalado e subordinando-se ás seguintes condições:

a) Que seus Estatutos e atos sejam aprovados pela Autoridade Diocesana local;

b) Que seja, por esta, designado um assistente eclesiástico para acompanhar os trabalhos da associação;

c) Que tais Estatutos não contravenham ás disposições fundamentais destes, especialmente quanto ás disposições fundamentais destes, especialmente quanto á finalidade do Centro;

d) Que cada sede aceite as disposições dos Estatutos da ‘Confederação Vitalista’ a ser organizada entre as varias sedes do Centro D. Vital.

Art. 31o _ Será promovida, em tempo oportuno, a ‘Confederação Vitalista’ que será a reunião de todos os Centros em um feixe comum, de acordo com um Regimento que será oportunamente aprovado por entendimento das varias diretorias locais.”

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[...]

Há homens cultos que fazem das suas convicções uma cinta elástica que se adapta a todas as variações da sua personalidade ideal, homens que vão e vêm desta para aquela escola de doutrina, rastejando ora para a direita, ora para a esquerda, talvez em procura do ósculo da verdade. E há cristãos que se parecem com eles.

Pois a Igreja, da sua parte, nunca deixa de fazer ouvir o seu “non possumus”.290

A necessidade da mudança, seu momento preciso, é dada pelos “sinais dos tempos”, por uma determinada leitura da situação vivida que identifica nesta algo de diferente, de único, de novo. É essa leitura do dado real, concreto, e de sua novidade, que faz surgir a conveniência da adaptação. É na identificação daqueles sinais, do seu sentido, de sua novidade ou não, que os campos são delimitados e os discursos se entrincheiram.

Os maritainianos291 vão afirmar a particularidade do tempo vivido, uma determinada interpretação de seus sinais, leitura das “atuais circunstâncias”, do fato vivido, procedimento característico do realismo tomista que parte do dado real, do concreto para, transfigurando-lhe as particularidades, atingir a essência.292

O fim é um só: fazer valer a influência da Igreja para domesticar as consciências, trabalhando assim pela salvação. Os instrumentos para tanto devem se ajustar às condições de fato, ao fato da secularização. Os “valores totais” tinham validade no tempo de Tomás de Aquino, mas, desde o século XVI, os homens não falam “a mesma linguagem”.293 Figurativamente, o latim perdeu a hegemonia. Necessário usar os

vernáculos. O tempo da modernidade é o tempo da diversidade, da variedade.

290 Pelas Revistas, “Non possumus”, REB, mar/1948, PP. 201-204. O artigo constitui o cap. VII do livro “Hora Decisiva – Aos Sacerdotes”, da autoria do Pe João Calabria (beatificado em 1978), e traduzido para o português por D. Manuel Maria, Bispo de Gurza (Cucujães, 1947). Revista Eclesiástica Brasileira, criada em 1941 e endereçada ao clero, pertencente à Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, editora Vozes. Non possumus, expressão usada pelos papas no século XIX contra acordo para que a Igreja abrisse mão de seus territórios em proveito da unificação italiana; também atribuída a Clemente VII ao negar o divórcio a Henrique VIII. A fonte parece ser Atos 4, 20, quando Pedro e João, diante do Sinédrio, se recusam a não mais ensinar em nome de Jesus: “não podemos deixar de falar das coisas que temos visto e ouvido.” Ver TOZI, Renzo. Dicionário de sentenças latinas e gregas. 2ª. ed. Trad.Ivone C. Benedetti. São Paulo: Martins Fontes, 2000, pp. 237-238. Na Ordem, Alceu utilizou a expressão para repudiar proposta de Jorge Amado de uma frente contra o nazismo.

291 O Centro Dom Vital do Rio de Janeiro – a respectiva A. U. C. e o I.C.E.S. – é o principal centro propagador das idéias do filósofo francês no país; também tiveram sua importância o grupo do “Diário”, de Belo Horizonte, dirigido por Edgar de Godói da Mata Machado, órgão da Diocese de BH, sob a liderança do Arcebispo D. Antônio dos Santos Cabral; e o Centro Dom Vital de Juiz de Fora, sob a direção de Henrique José Hargreaves.

292 Ver CAMPOS, F. Arruda, Tomismo hoje, São Paulo: Loyola/Leopoldianum, pp. 94-109.

293 “Henry Adams confrontando o século XIII com o século XIX, escreveu que o mundo medieval vivia sob o signo da unidade e o mundo moderno sob o da diversidade. Entre os dois se coloca justamente o Renascimento, que fez a transição entre a unidade e a diversidade e de que Morus foi e não foi, conforme

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Constatando o fato de que com a secularização pessoas de diferentes credos passaram a participar da sociedade, afirma Maritain que “tornou-se necessário, que no plano temporal o princípio da igualdade dos direitos se aplique a estas diferentes famílias”. Introduzir na sociedade política os interesses exclusivos de uma religião,

mesmo da verdadeira, configuraria a introdução de um bem comum particular a exigir

privilégios do Estado, o que “seria introduzir um princípio de divisão na sociedade política e faltar dessa maneira ao bem comum temporal”.

“De fato, é a missão espiritual da Igreja que deve ser auxiliada, não, o poderio político ou as vantagens temporais que poderiam pretender em seu nome tais ou quais de seus membros. E, no estado de evolução e de consciência de si mesmas, a que chegaram as sociedades modernas, uma discriminação social ou política em favor da Igreja, ou, a outorga de privilégios temporais a seus ministros ou a seus fiéis, ou, uma política de clericalismo seriam precisamente de natureza a comprometer e, não, a ajudar, essa missão espiritual. Assim, a corrupção da religião pelo interior na qual se esforçam as ditaduras do tipo totalitário-clerical, é pior que a perseguição”.294

Os alvos de crítica, semi-explicitados se assim podemos dizer, são os regimes de tipo cesaro-papistas, em que a verdadeira religião seria protegida pelos “favores de um poder político absolutista ou a assistência de uma polícia, ou, que a Igreja católica reivindique junto às sociedades modernas os privilégios que usufruía em uma civilização de tipo sacral como a Idade Média”.295 Enfim, a Espanha de Franco e todos os seus admiradores. No Brasil, os integralistas, os tradicionalistas e os adeptos de um projeto militar nacionalista católico.

A reação explícita à Maritain, no Brasil, inicia-se com o jesuíta Antônio Fernandes em uma série de conferências no Centro Dom Vital do Recife, publicadas em números da revista “Fronteiras”, de Manoel Lubambo, em 1937 e depois, reunidas em um opúsculo denominado, “Jacques Maritain: as sombras de sua obra”, publicado em 1941. Em uma de suas partes – Opiniões – traz cartas recebidas pelo pe. Fernandes sobre os artigos publicados em “Fronteiras”, das quais reproduzimos alguns trechos significativos da identidade política e religiosa dos adversários de Maritain e de como viam os defensores no Brasil do filósofo de Meudon.

o ângulo do qual o encaremos um dos tipos mais representativos.” LIMA, Alceu A., “Tomas Morus”, A Ordem, jan/1940, p. 6.

294 Maritain, “Os direitos do homem”, citado em HARGREAVES, H. J., “Iniciação à filosofia política de Maritain”, A Ordem, mai/jun 1946, pp. 161; 163.

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“Carta do Pe. Nicolau Rosseti, S. J. – Professor de Filosofia do Colégio Anchieta, de

Nova Friburgo, 24- VII-937 Reverendo em Xt. P. Fernandes P. X.

Mil parabéns pelo formidável artigo de “Fronteiras” em que ao par de seu grande amor à Companhia, brilha também o teólogo eminente e o “Duce” da Mocidade Pernambucana, digo mal, brasileira.

O modo de evidenciar as sombras Maritaineanas não podia ser mais feliz; é uma boa lição para quantos, também aqui no Brasil, com incrível leviandade agitam questões transcendentais, já tendenciosamente, já sem o preparo devido.[...]”296

“Carta do P. Cesar Dainese S. J. – Diretor da Confederação Nacional das Congregações Marianas no Brasil e do seu órgão, a”Estrela do Mar”.

Rio, 23-VII-937

Revdo. Em Xto. P. Fernandes P. X.

... Vai esta por um procurador fiel, para dizer-lhe que seu brado de alarma causou aqui o efeito de uma bomba. Aquilo foi um “barulhão!”...

Estou seguindo as fases de agitação e as impressões nas diversas esferas e em todas as camadas: há reações violentas e cegas produzidas pela paixão e pela ignorancia elenchi [ignorância do contra-argumento]; há o parti-pris do snobismo; há mágoa e tristeza em pessoas de boa fé e bem intencionadas; há suspiro de alívio e a satisfação de todos os que anelam por uma palavra ou por um gesto que esclarecessem o ambiente e definissem as atitudes...

Vou tomando nota de tudo: quando os ânimos estiverem serenados, poderemos formular um juízo objetivo e imparcial. Quanto a mim acho pessoalmente que sua bomba foi providencial, necessária até, posto que o estouro tenha sido algo estrondoso...

Quanto à doutrina e a defesa da Cia., estou de pleno acordo com V.R.: não é lícito transigir, nem calar!... Os de “Vida” estão preparando (ao que parece) uma resposta e uma apologia. Vamos ver...

Reze por nós. PARABÉNS!”297

“Cartas do Congregado Mariano, Bacharel Tadeu Rocha, um dos delegados do Recife

para representar a Congregação Mariana da Mocidade Acadêmica na Concentração Mariana Nacional, e que desde então ficou no Rio, podendo assim conhecer de perto tudo quanto afirma.

Rio, 10 de Julho de 1937 Pe. Fernandes

[...]

Quanto mais que certamente provocará uma polêmica, porque os discípulos de Maritain, quase fanáticos, não se conformarão com as pauladas no mestre...[...] Aliás, já observei que há muita literatice no meio de alguns intelectuais católicos cariocas... Falam em “viver o Cristo”. E quando se confunde religião com atitudes intelectuais da moda literária, a coisa não anda boa... Demais filosofia e teologia são estudos seriíssimos: não permitem sua mistura com água e o açúcar, para rapazes inexperientes e mocinhos que se gloriam de estudar teologia, sem saber nem o que ela é. Essa metafísica homeopática, francamente, não pode dar certo; seria, afinal de contas, muito melhor que essa gente “Vivesse o Cristo” na sociedade, pelo exemplo e pela atividade social católica...[...]” “Rio, 31 de Julho de 1937

P. Fernandes

296 P. 141.

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...As direitas, porém, gostaram imensamente e acharam bom que as hostilidades começassem no Recife! Este Rio está infestado de esquerdista, que só não arriscam uma adesãozinha ao comunismo porque é violento.

Sem mais, peço-lhe encarecidamente orações e fico à disposição da nossa congregação. Tadeu.”298

“Carta do Dr. José Pedro Galvão de Souza, presidente da “Ação Universitária

Católica” de São Paulo, e redator d’ “O Legionário”, um dos melhores jornais católicos do Brasil.

São Paulo, 29-VIII-937 Rvmo. e prezado P. Fernandes Louvado seja em Jesus Cristo.

A sua conferência sobre Maritain foi uma verdadeira obra de apostolado! Li com atenção, gostei muitíssimo e acabei dizendo uma porção de coisas que ela me fez refletir e sentir, pelas colunas do “O Legionário”! Vai deste um exemplar com a crônica “Amicus Plato”... escrita a propósito de sua conferência, quem sabe se para deslustrá- la... Aqui em São Paulo, onde (graças à Faculdade de São Bento) muito se estuda filosofia e muito se lê Maritain, é o seu trabalho sobre as “sombras de uma grande obra”, de muita oportunidade. Nada mais necessário do que insistir sobre essa disciplina absoluta, cem por cento, em relação à Igreja: e a disciplina intelectual é o que falta a muitos.

Um sacerdote, que considero um santo, e que tenho a graça de ter por diretor espiritual, foi o instrumento da providência para polir em mim certas arestas neste sentido! E agora vejo o senhor confirmar o que tanto ele me recomenda: nunca afastarmos os olhos do farol de Roma e das declarações dos Sumos Pontífices”

Por outro lado Maritain é um pensador que realmente seduz. E em alguns ensaios, como revela tanto senso católico! Os seus reparos críticos são excelentes para nos desapegar de qualquer autoridade humana, por maior que seja. Querer defender Maritain nesses pontos, só por se tratar de Jacques Maritain, é empregar o “método da autoridade” tão condenado por São Tomás: “infirmissimus”...

[...]

Que nas orações ao Coração de Jesus pela nossa Mocidade Acadêmica, os aucistas de Recife e São Paulo estejam sempre unidos. É o que deseja o seu admirador, amigo e servo,

Em J. C.

José Pedro Galvão de Souza”299

“Carta do Dr. Sebastião Pagano, do Centro Dom Vital de São Paulo, secretário da Ação Monarquista no Brasil, escritor notável e fundador do Patrianovismo, movimento que deu, mais tarde, origem ao Integralismo.

São Paulo, 15 de Julho de 1937 Meu querido Manoel Lubambo VIVA O IMPERADOR! [...]

Quando vi Maritain falando tão ao seu modo no problema da liberdade, não gostei. Discordei completamente do seu ponto de vista na questão política, quando igualou a todos os regimes a monarquia hereditária, beirando por um “Tecnicalismo” muito cerebrino, anti-filosófico e anti-histórico. Escrevi a Tristão, mostrei a fraqueza dos argumentos de Maritain. Em classe [na Faculdade São Bento] discordei de algumas afirmações de ordem psicológica e conversei a respeito com meu mestre, o Professor Van Acker, que, ou por não ter muitas simpatias por mim ou porque “porque”... não quis me dar razão.

298 PP. 143-144.

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Mas felizmente nunca tenho me enganado. Não só disso avisei a Tristão como também o avisei sobre o “integralismo desfigurado” (no que ele também não concordou comigo). Enfim, o tempo veio, e eis que um sábio que pode ser mestre de todos nós, o Pe. Fernandes, atinge o ponto fraco e expõe os erros que não são senão a sequência de outros. [...]”300

“Carta do Pe. Francisco Freire, S. J., reitor da Escola Apostólica e da Casa de Formação de noviços e estudantes de humanidades.

Escola Apostólica de Baturité, 29 de Julho de 1937 Revmo. Em Crto. P. Fernandes

P. C.

Parece-me que não tenho nenhuma carta de V. Rev. a responder, mas não quero passar esta ocasião sem lhe dar parabéns pelo seu artigo sobre Maritain. Sempre me foi antipático este senhor pelo tom dogmático com que, simples leigo, trata e define, pontos de doutrina controvertidos nas escolas e, sobretudo, em questões difíceis onde até os mestres não gostam de impor suas opiniões. Sobre a atuação deste senhor e sua simpatia pelas hostes governistas da Espanha, li a pouco um trecho do Dr. Alfredo Pimenta, na “Voz” de 31 de Maio que mostra que também em Portugal, se olha com antipatia essa defesa constante do governo comunista. [...].”301

“Bilhete postal do Pe. Juliano Pécantet S. J., repetidor de aulas de Dogma dadas na Gregoriana para os estudantes do Seminário Brasileiro.

Pnt. Colégio Pio Brasileiro, Via Aurelia, 195-A Roma, - 145

Roma, 17-X-937

Rvdo. Em Xto. P. Fernandes.

Apenas de volta a Roma (passo os três meses de verão fora) – distribui os números de “Fronteiras” que V. Rva. me enviou. Continuarei a fazê-lo se lhe for útil.

Os alunos daqui apreciam muito a remessa do dito jornal, pois o apreciam como merece. [...] Espero que a valiosa contribuição de V. Rva. não falte nunca a “Fronteiras” e que não desdiga jamais do merecimento do atual estudo sobre Maritain. [...]”302

“Carta do P. Noé Gualberto, conhecido pregador Salesiano do Recife, que foi a Roma,

formar-se em Direito Canônico, e escreve da Casa Salesiana, destinada exclusivamente para acolher os cento e tantos estudantes salesianos que de todas as partes do mundo lá se juntam a fim de freqüentar a Universidade Gregoriana.

V. J. M. J.

Instituto Salesiano S. Cuore (Opera Beato Don Bosco) Via Marsala, 42 Roma, 19-VII-937

Meu querido e bondoso P. Fernandes.

Não sei bem como agradecer a fineza de que me tem cumulado. Recebi a sua querida carta assim como as duas remessas de “Fronteiras” que aqui são lidas e apreciadas não