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PARTE 1- A CONTRIBUIÇÃO DA TRIBUTAÇÃO AMBIENTAL PARA

1.2 O movimento ambientalista

1.2.3 A Cúpula da Terra – Rio de Janeiro/1992

formulação dos princípios do desenvolvimento sustentável.

1.2.3 A CÚPULA DA TERRA – RIO DE JANEIRO/1992

No ano de 1992, vinte anos após a Conferência de Estocolmo, realizou-se no Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, a Conferência das Nações Unidas Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD). A CÚPULA DA TERRA, nome oficial do evento, reuniu representantes de 178 países, dentre estes cerca de cem Chefes de Estado.

Ao lado do evento oficial de caráter intergovernamental, realizou-se o Fórum Global das ONGs, reunindo aproximadamente quatro mil entidades da sociedade civil do mundo todo.Esse número por si só reflete a conscientização em nível mundial da necessidade de preservação do meio ambiente e da busca de uma forma eficaz de desenvolvimento. Os dois eventos ficaram conhecidos popularmente pelo nome de ECO-92. Tal conferência produziu uma série de documentos objeto de muitas negociações intensas e desgastantes. Os documentos oficiais aprovados foram os seguintes:

a) Declaração do Rio de Janeiro sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento

O objetivo inicial era a elaboração de uma Carta Magna da Terra na qual estivessem inseridos os princípios do desenvolvimento sustentável. Todavia o texto aprovado, constituído de 27 princípios, reafirmou e ampliou a Declaração sobre o Ambiente Humano aprovada em Estocolmo em 1972, assegurando o estabelecimento de políticas internacionais que respeitem o interesse de todos, o desenvolvimento global e a integridade do meio ambiente.

b) Convenção sobre Mudanças Climáticas

Esta convenção teve por objetivo chamar a atenção quanto a um dos mais graves problemas planetários vividos atualmente e que se refere à mudança do clima decorrente da concentração de gases de estufa na atmosfera, principalmente vapor de água, dióxido de carbono (CO2), ozônio, óxido nitroso, metano e clorofluorcarbonetos (CFCs). Para se ter uma idéia, os três primeiros têm como fonte principal de geração a queima de combustíveis fósseis, sendo que o CO2 responde sozinho por cerca de 50% do efeito estufa.37 Estudos apontam que as atividades industriais são responsáveis por cerca de 50% de CO2, sendo que os Estados Unidos da América, contribuem com aproximadamente 25%. O desflorestamento e as queimadas para fins agrícolas agregam-se como fatores desses gases. A conseqüência é o aumento da retenção de calor na atmosfera produzindo um aquecimento global da Terra. Importante destacar que, quanto aos CFCs, o Procolo de Montreal sobre Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio, de 1987, vem disciplinando a matéria. Dessa forma buscou a convenção mostrar a necessidade de controlar e reduzir a emissão desses gases, principalmente o dióxido de carbono.

c) Declaração de Princípios sobre Florestas

Países em desenvolvimento com grandes florestas, entre os quais o Brasil, a Índia, a Nigéria, o Quênia, o Congo e outros liderados pela Malásia, apoiando-se nos princípios do direito internacional, que asseguram a soberania dos países de explorar os recursos localizados nos seus territórios, impediram que fosse elaborada uma convenção disciplinando a utilização das florestas no seu aspecto global. Por seu turno, os países desenvolvidos entendiam que as florestas, como são grandes fixadoras do carbono, deveriam integrar um conjunto de regras acerca do seu manejo, da sua conservação e do seu desenvolvimento sustentável de âmbito internacional. Todavia, para dirimir esses interesses

divergentes, foi aceito o princípio genérico de que as florestas são fundamentais tanto local como globalmente.

d) Convenção sobre a Biodiversidade

A biodiversidade é sem dúvida a questão que mais coloca em evidência o confronto entre os países ricos do Norte e os países em desenvolvimento. Ocorre que, segundo estudos, existem cerca de dez milhões de espécies de seres vivos, sendo que, destas, apenas 1,4 milhões são conhecidas, e a maioria delas está localizada em países em desenvolvimento. Entretanto, o conhecimento científico, bem como a tecnologia para a manipulação dessa riqueza, concentram-se nos países desenvolvidos. Sendo assim, a Convenção sobre a Biodiversidade Biológica assegura aos países o direito de explorar de forma soberana os seus próprios recursos. Sabe-se que a indústria baseada na biotecnologia constituirá um dos principais setores da economia neste século. Dessa forma os investimentos em pesquisa e desenvolvimento que estão sendo feitos maciçamente pelos países desenvolvidos, devem ser objeto de uma partilha de responsabilidades, de maneira que sejam encontrados mecanismos que facilitem o acesso e a transferência de tecnologia aos países detentores dessa biodiversidade e que não dispõem de instrumentos para a sua manipulação. Afinal, o uso sustentável e a conservação da biodiversidade dizem respeito a toda a humanidade e devem ser feitos com o intuito de beneficiar as presentes e as gerações, que hão de vir.38

e) Agenda 21

A Agenda 21 é um dos documentos mais importantes que foram elaborados na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Trata-se de um extenso conjunto de medidas, organizadas em quatro seções e distribuídas em quarenta

38 BARBIERI, José Carlos. Desenvolvimento e meio ambiente. p. 55-57.

capítulos, totalizando mais de oitocentas folhas. Constitui um grande inventário dos problemas enfrentados pela humanidade, relacionando as providências que devem ser perseguidas no sentido de enfrentá-los de forma eficaz. Durante anos, esses problemas, objeto de análise e debates, contemplaram inúmeros seminários, conferências, tratados, convenções em âmbito local, regional, nacional e internacional. Tais discussões sempre ansiavam o estabelecimento de um plano de ação inserido numa perspectiva global que efetivamente enfrentasse os problemas do desenvolvimento e do meio ambiente.

Um estudo da Agenda 21, transformado em Programa 21 pela ONU, identifica a presença, em cada um dos seus capítulos, de um verdadeiro conjunto de objetivos do desenvolvimento sustentável. Desde a verificação das dimensões sociais e econômicas, que localizam a miséria gritante de alguns países até a mudança de padrões de consumo inerentes ao consumismo insustentável dos países ricos, constata-se a preocupação de estabelecer regras que viabilizem uma condição de vida digna e sustentável aos habitantes do planeta. Por esse motivo, traçar metas sobre o controle demográfico; a proteção da saúde, da mulher, da infância, da juventude, das populações indígenas, dos trabalhadores implica o compromisso da sustentabilidade. Preservar o meio ambiente, assim entendido pela biodiversidade que o compõe a água, as florestas, insere-se também no seu objetivo. Trata- se de um trabalho monumental que exige a participação de todos através da educação, do engajamento da sociedade civil, dos poderes públicos, das organizações não- governamentais, mas sobretudo da vontade de construir uma nova Terra.

Tem-se, pois, que a Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento assentou instrumentos de ação com o propósito de atender ao desenvolvimento sem descurar dos cuidados que se deve ter com o meio ambiente.

1.2.4 A CÚPULA MUNDIAL DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL –