• Nenhum resultado encontrado

A Cartografia automática

Até aos primeiros anos da década de 70 do século XX, a produção cartográfica assentava em processos analógicos, não obstante se terem efetuado algumas expe- riências, no âmbito do desenho automático, com um estereorrestituidor WILD A7 acoplado ao registador de coordenadas WILD EK-5 (Nunes, 1969). Em 1974 tive- ram início os estudos com vista à introdução de processos automáticos na cadeia de produção cartográfica. Instalado em 1977, o sistema Kongsberg Vappenfabrikk/ Applicon, pioneiro na Península Ibérica e o terceiro na Europa, integrava a estereo- digitalização dos modelos fotogramétricos, a correção e o completamento gráfico, bem como o traçado e a gravação automática de matrizes cartográficas. A informa- ção que, até então, era produzida exclusivamente em papel, passou a ser também gravada em suporte magnético (Albuquerque et al., 1979). A folha de Vendas Novas (n.º 435) começou a ser produzida experimentalmente neste novo sistema, em 1978, tendo sido a de Querença/Loulé (n.º 597, 1980) a primeira a sair da nova cadeia de produção do Serviço Cartográfico do Exército. A eficiência e a flexibilidade do sistema ficaram comprovadas, não só no âmbito da produção da carta 1:25 000, mas também na preparação dos trabalhos de apoio ao Censo de 1981 (1:10 000). A introdução desta nova tecnologia no ciclo de produção implicou profundas mudanças na forma como, até então, era concebida a Cartografia militar. Três subsistemas, funcionando separadamente mas interdependentes, constituíam o novo sistema: aquisição de dados, seu processamento e desenho automáti- co. No entanto, as alterações introduzidas não tiveram influência direta na execução do trabalho de campo. Na Divisão de Fotogrametria, o operador selecionava o tipo de pormenor e, ao adquiri-lo, associava as coordenadas tridimensionais, as quais ficavam registadas numa banda magnética. Este subsistema era fundamentalmente constituído por uma unidade de gravação ligada ao estereorrestituidor WILD A8, com coordenatógrafo.

Nesta fase de desenvolvimento, o Serviço dispôs de dois desses aparelhos, funcio- nando em três turnos cada um e garantindo assim a máxima rentabilidade dos equipamentos disponíveis. À Secção de Cartografia Automática competia a edição da informação e a realização das operações gráficas, a transformação de coordenadas, a filtragem, a ligação de modelos e a formatação de dados.

O subsistema de processamento de dados, onde se editava e realizavam diferentes operações gráficas. O subsistema de aquisição de dados, com a unidade de gravação, o estereorrestituidor Wild A8 e o coordenatógrafo.

No desenho automático, a “carta numérica” era gravada em diferentes bandas magnéticas, por blocos, correspondentes a cada uma das cores utilizadas. Para se visualizar graficamente a folha, transmitia-se a informação para a mesa de desenho, onde se procedia à gravação dos dados em diferentes stabi- lenes, utilizando pontas de safira (riscadores) com várias espessuras de traço. No final, obtinham-se os stabilenes correspondentes às cores necessárias para a impressão da folha.

Concluída a fase automática do processo, aqueles eram entregues na Secção de Desenho manual para recompletamento, acabamentos, inserção da topo- nímia e revisão, de forma a serem detetados eventuais erros e proceder-se a pequenos ajustes necessários para melhorar a legibilidade da informação. Após esta última etapa, o protótipo da folha seguia o processo normal da restante cadeia de produção: no laboratório fotográfico produziam-se as provas a cores necessárias até à revisão final e, por fim, as coleções dos positivos para impressão, esta a cargo de empresas da especialidade. Em março de 1986, deu-se um novo avanço qualitativo e quantitativo na cadeia de produção com a aquisição do sistema Intergraph 200, o qual se baseava na arquitetura VAX/VMS (Virtual Address Extension/Virtual Memory System) (Malha, 1986). Para se preparar para este novo desafio, o Serviço foi dota- do, à época, de uma moderna rede Ethernet a 10 Mbps, o que possibilitou o acesso aos dados, em “tempo quase real”, melhorando os desempenhos globais. O sistema passou a operar em modo online sendo, tal como o ante- rior, constituído por três subsistemas. Na aquisição de dados, cada restituidor WILD A8 estava ligado a uma estação gráfica que permitia que a informação topográfica, restituída e digitalizada a partir dos modelos fotogramétricos, O subsistema do desenho automático

com a unidade de gravação e de controlo e a mesa digitalizadora com um sistema de vácuo para fixação das películas.

O sistema Intergraph 200, com a unidade de leitura da banda magnética e uma impressora para a saída dos dados.

A aquisição de dados: o restituidor acoplado à estação gráfica InterMap e a mesa digitalizadora, com cursor e menu de restituição.

pudesse ser observada num monitor monocromático. Os movimentos mecâ- nicos executados pelo operador, para mover o cursor do estereorrestituidor, eram transformados em impulsos elétricos, através de encoders, permitindo que os pormenores adquiridos (pontos e linhas) fossem gravados em formato digital. A estação gráfica InterMap (Intergraph Mapping System) possibilitava a visualização imediata do trabalho efetuado.

Na fase subsequente, editavam-se e processavam-se os dados com o objetivo de ligar os modelos, generalizar, corrigir ou simplesmente verificar a infor- mação digitalizada. Estas tarefas executavam-se na estação gráfica InterAct. Os dados cartográficos ficavam armazenados num processador central desen- volvido pela empresa Digital, o MicroVax II, tendo uma outra, a Intergraph, ampliado as suas capacidades técnicas. Gradualmente foi sendo substituí- do pelo sistema Intergraph 250, o qual dispunha de mais memória física e evidenciava melhores desempenhos.

Em 1989, com a aquisição da estação gráfica interativa InterAct da Intergraph, o sistema operativo UNIX era introduzido no Serviço mas, somente no ano de 1993, seria definitivamente abandonado o sistema anterior com a chegada das estações fotogramétricas InterPro, as quais já incluíam software específi- co para a aquisição de dados.

No subsistema do desenho automático, a mesa do sistema Kongsberg Vappen- fabrikk continuava a revelar-se como a melhor solução para a gravação da informação cartográfica digital. Na Secção de Desenho manual, a metodolo- gia utilizada na revisão manteve-se praticamente igual à anterior.

A estação gráfica utilizada na edição e no processamento dos dados, com a particularidade deste equipamento integrar a mesa digitalizadora e dois monitores, um a cores e outro monocromático.

O sistema Intergraph 250 com a unidade de leitura de bandas magnéticas e de gravação dos dados em disco rígido.

A estação fotogramétrica InterPro permitia a gravação dos dados em disco rígido e o teclado, com o menu de restituição e uma pequena mesa para edição dos dados, possibilitava a introdução de correções nos elementos gráficos obtidos.