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nos pontos em que se devem fazer estações ( ) Deve mos escolher um dos lados para base, o mais comprido

e desembaraçado para se poder medir (...) e suponhamos

se escolheu o lado AC (...). Fazendo a primeira estação

no ponto A, pondo nele a bússola sobre o seu pé, e com

a pínula do Sul no olho, iremos sucessivamente correndo

os pontos (...) e escreveremos os graus que nota a agulha

(...); e logo faremos o mesmo no ponto I, no ponto H [etc.],

fazendo uma lista dos ângulos achados em cada ponto,

desta sorte. (...) Para se transferir as posições tomadas ao

papel se lançará nele uma linha Norte-Sul, à vontade, e se

verá qual das posições tomadas é mais próxima da linha

do Norte e acharemos que é o lugar I, notado de 358 graus,

que só difere por 2 graus (...). Diminuiremos 358 de 360, o

resto 2 graus mostrará a declinação do lugar I para Leste

(...). Para semelhantes plantas ou cartas só me servira da

bússola por precisa necessidade e por não ter outro instru-

mento; porque não é fácil fazer com este as operações

exatas, por causa de algum ferro, de que pode haver minas

nos sítios, em que as operações se fazem (...).

Manuel de Azevedo Fortes, O engenheiro português, I, 1728 (com grafia atualizada)

Um contraponto com dois séculos: adaptação de duas figuras do engenheiro-mor Manuel de Azevedo Fortes (est. 7, vol. I, 1728), mostrando a medição da distância da Torre de Belém à Torre Velha e o método proposto para levantar uma carta com a bússola.

D

esde a criação dos Serviços Cartográficos do Exército até 1937, as cartas, exclusivamente produzidas a partir de processos clássicos de levantamento no campo, eram baseadas em medições angulares entre pontos notáveis, naturais ou artificiais. Os levantamentos à prancheta serviam de referência para, em gabinete, se desenharem com uma métrica, o mais coerente possível, os elementos gráficos que representavam os obje- tos reais. Esta metodologia foi herdada da Carta dos arredores de Lisboa, 1:20 000, editada no período de 1891 a 1934.

No campo, os chefes de equipa deparavam-se com muitas dificuldades, desde o mau estado dos vértices geodésicos e a falta de compensação da rede geodésica de 2.ª e 3.ª ordens, à fuga dos porta-miras contratados, à escassez e ao desgaste das viaturas militares que obrigava ao aluguer de automóveis civis, aos problemas recorrentes com a falta de robustez física e a indomabi- lidade de alguns solípedes atribuídos às equipas de campo, entre outros. De uma maneira geral, as unidades não enviavam os melhores cavalos para as campanhas topográficas: muitos deles eram magros e velhos, não resistindo ao esforço físico prolongado, de cerca de 7 meses, sendo frequente a sua subs- tituição por fadiga e exaustão ou por morte; com a crescente utilização do processo fotogramétrico, a exigência para com os animais passou a ser ainda maior do que aquela que se verificava nos levantamentos clássicos.

Para a concretização do grande desafio nacional que foi a execução da carta na escala 1:25 000, havia a necessidade de adensar a rede geodésica através da mate- rialização de referências auxiliares de apoio, tarefa desenvolvida pelos topógrafos Alidade de óculo Max-Hilderbrand.

Colocada sobre uma prancheta topográfica destinava-se a visar objetos cuja direção se pretendia fixar em desenho topográfico.

Ficha de um solípede atribuído à Equipa n.º 14 da Brigada n.º 2, durante a campanha de 1952, onde se pode ler a seguinte observação: “Por ordem do Comando da 4.ª Região Militar foi substituído no serviço da Equipa, em 4 de Outubro, por ter sido julgado incapaz do serviço”.

das brigadas dos Serviços Cartográficos do Exército, para além de reconstruí- rem e substituírem vários vértices desaparecidos, muito pela carência de penas pecuniárias que protegessem a integridade da rede geodésica nacional. A título de exemplo, reproduzem-se os trabalhos de triangulação efetuados até ao final da campanha de 1947, correspondendo aos primeiros anos da produção da carta 1:25 000 (Portugal, Estado-Maior do Exército, 1948). De realçar o número eleva- do de vértices das redes geodésica e auxiliar, cujas coordenadas foram calculadas, atingindo um valor médio de 615 por ano; os vértices sinalizados eram objeto de trabalhos de manutenção (média de 312 por campanha). A partir de 1940, com a alteração do elipsoide de referência e a mudança da projeção Bonne para a de Gauss, os vértices da rede geodésica, nas regiões onde os Serviços planeavam executar as suas campanhas, não estavam ainda compensados, o que implicou que essa tarefa adicional tivesse de ser efetuada pelos topógrafos militares. Inicialmente os levantamentos incluíam as regiões onde existiam unidades e campos de treino militares, priorizadas pela 2.ª Repartição do Estado- -Maior do Exército e com a aprovação da Comissão de Cartografia Militar. As manchas correspondentes aos trabalhos já realizados mostravam uma grande dispersão geográfica, o que levou à reavaliação do critério das áreas a selecionar, passando as campanhas a incluir, a partir de 1939, blocos de folhas contíguos às regiões anteriormente cartografadas.

Na Secção de Desenho, o número de profissionais era insuficiente e o sistema de trabalho adotado não correspondia às necessidades dos Serviços, existin- do um acréscimo anual de folhas que se acumulavam, o que significava uma grande diferença temporal entre o trabalho de campo e a sua publicação. Para obviar a esta situação, conforme consta do relatório da comissão que avaliou o regulamento para a execução dos Serviços Cartográficos do Exérci- to (citado no Relatório de actividades de 1936), foi proposto que, em caso de necessidade, “e será o caso normal, se possa fazer executar por desenhadores militares ou civis, de reconhecida competência, e por empreitada, o desenho dos originais da folha 1:25 000 e 1:250 000”, pago ao quilómetro quadrado.

Alguns valores referentes ao trabalho de cálculo topográfico efetuado durante os primeiros 14 anos de produção da Carta militar 1:25 000.

Desde o início da sua criação que os Serviços manifestaram a intenção das matrizes das diferentes folhas fazerem parte do “arquivo de reserva de cartas para a mobilização”, deixando de ficar na posse das litografias. No caso das primeiras folhas, impressas pelo processo de desenho a cromo, igual ao adotado para a antiga Carta dos arredores de Lisboa, era necessário que fossem passadas à chapa de zinco ou de cobre, ao invés de se armazena- rem as pesadas e pujantes pedras litográficas, enquanto as restantes folhas, já com as chapas produzidas pelas litografias impressoras, seriam entregues nos Serviços (referido no Relatório de actividades de 1935). Na verdade, tal não se veio a verificar, talvez pela falta de condições para o armazenamento dos elementos de reprodução da Carta militar, as quais eram praticamente inexistentes nas sucessivas instalações ocupadas pelos Serviços, deixando, por isso, de ser uma prioridade para a instituição. Mais tarde, quando os fotolitos passaram a ser utilizados na produção das chapas de impressão, os Serviços Cartográficos passaram a incluí-los no processo das respetivas folhas, ficando, assim, salvaguardados os elementos de reprodução da carta na escala 1:25 000.

A cadeia de produção no período anterior