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Dos levantamentos à publicação das folhas

O tempo que mediou entre os trabalhos de levantamento e a edição das folhas respetivas é difícil de analisar, certamente por estarem em jogo diversos fato- res. A própria evolução das técnicas cartográficas (tanto as de levantamento, como de desenho ou de impressão), no decurso dos últimos 80 a 90 anos, que nem sempre tem jogado de forma linear no sentido de acelerar a produção (pelo menos, imediatamente), e ainda as vicissitudes da instituição militar responsável, que é também ela o espelho da situação política e económica do País, são algumas das razões que se podem aduzir.

Em média, cada folha tem demorado três anos a ser publicada, desde que se iniciam os trabalhos até à sua vinda a público. Naturalmente, este valor tem variado ao longo dos tempos. Seria hipoteticamente esperado que as consi- deráveis mudanças ocorridas na produção cartográfica, nomeadamente com a automatização, tivessem reduzido substancialmente este prazo, quando comparado com o das folhas ainda preparadas por processos manuais. Tal não é inteiramente verdade: os maiores valores médios encontrados aproxi- mam-se dos quatro anos exatamente na década de 80, numa altura em que os serviços integravam estes novos processos na cadeia de produção, depois das primeiras experiências feitas na década anterior (de que é exemplo pionei-

ro a folha de Vendas Novas, publicada em 1979). Mas é compreensível que, nesse período de mudança, mais de metade das folhas editadas tivessem levado quatro a cinco anos a serem concluídas. Só nos anos 90 a situação se começava a alterar (com 70 % das folhas demorando até 3 anos e um quarto menos de 2 anos), particularmente a partir da segunda metade dessa década, e persistindo depois esta redução, ao mesmo tempo que passavam a ser muito esporádicos os casos acima do limiar de três anos.

Os baixos valores do número médio de anos encontrados nas décadas de 30 (2,3 anos) e de 40 (1,9 anos), havendo contudo neste período bastantes casos cujos valores não foi possível determinar, poderão em parte ser explicados pelo grande número de folhas editadas com base em atualizações ou revisões de levantamen- tos anteriores. Mas esta razão não justifica totalmente esses baixos valores, dado que muito mais de metade das folhas saiu até dois anos após o levantamento. Embora sejam raros, houve também casos em que certas folhas demora- ram mais de cinco anos a serem editadas (atingindo esporadicamente 12 anos), correspondendo, mesmo assim, a 5 % da totalidade; se, em termos absolutos, o maior número destes casos se verificou nos anos 90 (30 f l.), ao considerar-se a proporção em relação ao total das folhas editadas, este valor situava-se, afinal, próximo dos encontrados nos anos 60 e 70. Em contrapartida, estas ocorrências extremas, muito esporádicas nos anos 40, desapareceram recentemente.

Poder-se-ia também esperar que o tempo necessário para concluir uma folha, desde o começo dos trabalhos até à publicação, dependesse estreita- mente das características das áreas cobertas e que as folhas do Alentejo, por

A primeira folha editada com recurso a métodos automáticos (Vendas Novas, 1979).

exemplo, fossem mais rapidamente elaboradas do que as do Minho ou da região de Lisboa. No princípio, foram as regiões de fronteira, onde se tornava imperiosa a necessidade de representações detalhadas, as que mais depressa foram editadas (um a dois anos), enquanto nas revisões e atualizações feitas na região de Lisboa, para a qual se dispunha de levantamentos anteriores da carta 1:20 000, esse número de anos foi variável mas geralmente muito mais elevado. Na década seguinte, de 40, quando aquele valor mais se reduziu (média de 1,9 anos), ao mesmo tempo que as áreas de fronteira e da região de Lisboa eram revistas e publicadas num único ano, a atualização na região de Beja chegou a levar seis ou até mesmo doze anos. Depois, nos anos 50, em que os trabalhos se começaram a arrastar, dois a três anos eram suficientes para editar a cobertura do Algarve mas, em contrapartida, tornaram-se necessá- rios três a quatro anos para a maioria das áreas do norte e centro do País, aumentando no Minho e em particular em direção ao vale do Douro.

Uma grande irregularidade espacial do tempo necessário até à edição caracte- riza, em conjunto com o pequeno número de folhas editadas, a década de 60: apenas na área oriental de Abrantes as folhas foram rapidamente concluídas no prazo de um ano, enquanto na capital e no Alentejo interior proliferaram casos de cinco ou, até, de oito anos. Esta mesma irregularidade também se verificou nos anos seguintes, de 70 e 80, onde, a par com um elevado número de folhas em que se registaram três e quatro anos de diferença, pontuavam outras, que não eram ocasionais, de mais de cinco anos. Em contrapartida, a década de 90 caracterizou-se por reduzidas diferenças no Minho e na parte próxima de Trás-os-Montes (um e, sobretudo, dois anos), enquanto no resto desta última região se verificavam três e quatro anos e diferenças mesmo muito baixas (um ano) na área da Guarda e de Castelo Branco, cujas folhas foram todas editadas sobretudo na segunda metade da década, ou mesmo nas atualizações motivadas pela finalização da construção da autoestrada de Lisboa ao Porto; os valores mais elevados encontravam-se no sul, na região de Lisboa e na Cordilheira Central (sendo frequentes os valores de quatro a seis anos, podendo mesmo chegar aos dez), cujas folhas foram levantadas e publicadas entre os finais de 80 e a primeira metade dos anos 90.