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A atual cadeia de produção cartográfica

Desde o ano de 2006 que o Instituto deixou de efetuar o planeamento de coberturas aerofotogramétricas para a atualização da carta militar 1:25 000. Definida a área de interesse, as fotografias aéreas digitais, necessárias à resti- tuição das folhas, passaram a ser adquiridas a entidades externas que dispõem de voos atualizados. Sobre elas, a Secção de Topografia prepara o apoio de campo: para cada folha são identificados doze pontos fotogramétricos e dois vértices geodésicos, o que, num bloco de folhas, permite a obtenção de uma malha de pontos com uma distribuição homogénea.

No campo, o topógrafo completa as fichas dos pontos e dos vértices planeados para o apoio topográfico, adicionando as respetivas fotografias e as coordenadas no sistema de referência Transverse Mercator-WGS84. Para a determinação da loca- lização dos pontos utiliza-se um recetor GNSS ligado à rede SERVIR. No final, o topógrafo elabora o relatório do apoio e prepara uma listagem com as coordenadas tridimensionais, documentos estes destinados à Secção de Fotogrametria.

Exemplo da ficha de um ponto fotogramétrico (Portalegre, 2014), com a descrição, a fotografia e as coordenadas já inseridas.

Instalação do recetor móvel GNSS Trimble R8 num vértice geodésico e respetiva caderneta de campo eletrónica.

Após a receção das coordenadas dos pontos fotogramétricos é efetuada a aerotriangulação automática e, uma vez concluída, são preparados os processos das folhas e distribuídos aos operadores, a fim de se iniciar a restituição das mesmas.

Os princípios da restituição não se alteraram ao longo do tempo, apenas a tecnologia e o desenvolvimento de novas plataformas concorreram para uma maior eficiência do processo e para que a tarefa atingisse níveis de execução mais eficazes, com a necessária alteração das metodologias. Assim, foram introduzidas modificações na aquisição, passando a informação a ser obtida a três dimensões e em ambiente de sistemas de informação geográfica. Esta nova realidade permitiu, a partir de 2010, desenvolver e manter o projeto “SIG 3D”, o qual visa disponibilizar ao Exército, às Forças Armadas e ao País a informação geográfica com atributos alfanuméricos associados, disponí- veis no Cadastro Militar, possibilitando a capacidade de análise espacial e semântica e acrescentando valor à informação digital adquirida.

Concluída a restituição da folha, a Secção de Topografia, munida dos fichei- ros entregues pela Fotogrametria, inicia a preparação do trabalho de campo. Esta tarefa inclui a comparação da edição anterior da folha (formato raster) com a nova informação (formato vetorial), identificando as diferenças exis- tentes entre ambos os suportes e adicionando, às dúvidas do fotogrametrista, as que forem indicadas pelo topógrafo.

Para a execução da completagem e das restantes tarefas de campo, cada topógrafo dispõe de equipamento adequado para a realização do trabalho. Recorrendo a esses meios, insere no ficheiro gráfico as lacunas identifica- das no local, esclarece as dúvidas colocadas em gabinete, corrige ou elimina

A aquisição dos dados a 3 dimensões num ambiente de sistema de informação geográfica possibilita, não só a associação de atributos a cada objeto adquirido, mas também a obtenção de informação com mais qualidade.

Topógrafo em trabalho de campo: introdução de informação nas bases de dados e registo das alterações na impressão correspondente à restituição da área útil da fotografia aérea.

Exemplo da ficha de uma ponte, localizada na área da folha n.º 124 (Marco de Canaveses), com os dados recolhidos durante a completagem.

os erros de interpretação e atualiza a toponímia da folha. Simultaneamente, procede à recolha de elementos para o Cadastro Militar, dando especial atenção à rede viária e ferroviária, aos edifícios públicos, e às obras de arte e barragens, executando estas tarefas numa plataforma de sistema de informação geográfica. Também os vértices da rede geodésica nacional são objeto de reconhecimento visual e de registo fotográfico, para atualização da base de dados.

Posteriormente, em gabinete, o topógrafo confirma e completa a informação recolhida no campo, consultando as fontes de dados oficiais, nomeadamente a classificação da rede viária com base no plano rodoviário nacional, dados sobre as barragens ou o último censo da população, os sítios dos municípios e de outras instituições.

Sobre o processo da folha, encaminhado para a Secção de Controlo de Quali- dade, o revisor efetua uma análise comparativa com a edição anterior e outras fontes de dados adicionais, detetando eventuais erros ou falhas e assinalando, no ficheiro de emendas, as alterações do pormenor ou da toponímia. Esta fase, designada por pré-validação, é também ela efetuada em ambiente de sistema de informação geográfica. O processo retorna à Secção de Topografia para introdução das emendas anteriormente assinaladas e validação geomé- trica dos dados. Por fim, recorrendo a aplicações desenvolvidas internamente, procede-se à conversão da estrutura de sistema de informação geográfica (SIG) para um formato de CAD (Computer Aided Design) e também à trans- formação de coordenadas dos dados geográficos.

Diferença do aspeto gráfico entre um ficheiro de SIG e o respetivo CAD: no primeiro caso obtém-se a padronização dos elementos, o que torna a “leitura” mais fácil, pois a apresentação aproxima-se mais do que será a folha impressa; o ficheiro CAD representa um tipo de dados que se distinguem visualmente apenas pela cor, traço e espessura dos elementos gráficos, não sendo intuitiva a identificação dos mesmos.

Na fase seguinte, de edição da informação vetorial, são utilizados processos semiautomáticos de generalização, que incluem a padronização, a simboli- zação e a normalização, com o objetivo de melhorar a legibilidade e facilitar a compreensão do conteúdo da folha. O controlo de qualidade, da responsa- bilidade da respetiva Secção, recorre a processos automáticos de deteção de erros e centra a sua atenção na visualização do ficheiro (formato raster) que reproduz a imagem da folha que será impressa. Nesta fase é fundamental uma elevada acuidade na análise dos pormenores e a verificação do cumpri- mento das normas técnicas, para garantir a qualidade do produto final. A última fase da produção cartográfica ocorre na Secção de Pré-processa- mento Digital, onde são preparados os quatro ficheiros para a impressão em quadricromia, um por cada canal de cor. Posteriormente, os ficheiros são enviados em suporte físico para uma tipografia e, após as primeiras impres- sões de teste de cada uma das folhas, é efetuado, no local, um último controlo de qualidade com especial atenção para a cor e o detalhe gráfico.