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CULTURAIS SETORES

7 ASPECTOS METODOLÓGICOS

7.3 A COLETA DE DADOS

A coleta de dados iniciou-se em novembro de 2014, sendo que por cinco meses (de abril a agosto de 2015) a presença do pesquisador foi semanal e frequente no Circo, acompanhando e auxiliando nas atividades.

Na coleta de dados foram empregadas fontes primárias e secundárias. Como uma das fontes primárias, a proposta inicial foi a da realização da observação direta, porém ao longo do processo, conforme ia ocorrendo uma maior interação e familiarização com os integrantes do Circo, ela adquiriu aspectos de observação participativa, já que foi sendo solicitado o auxílio do pesquisador na realização de algumas atividades de cunho operacional e analítico para o Circo.

De cunho operacional podem ser citados o auxílio na organização dos espaços e algumas atividades administrativas, como cotações, contato com fornecedores, elaboração de cartas de vinhos, cronogramas, entre outras. Já no que se refere ao analítico, podem ser citadas a realização da análise econômico-financeira do Circo, verificando os custos e receitas das diferentes atividades desenvolvidas no Circo, como também a verificação das taxas de ocupação e bilheteria do teatro. Além disso, ocorreu a participação em reuniões de planejamento, nas quais eram solicitadas opiniões e sugestões acerca do que estava sendo discutido, normalmente envolvendo a administração do Circo.

À observação participativa se soma a realização de entrevistas informais ou espontâneas com os participantes da organização, as quais aconteciam durante o acompanhamento das atividades. Normalmente elas ocorriam no ambiente do escritório, porém podiam se dar também em outros espaços, como no restaurante, no teatro ou no bar. Não havia momentos estipulados para sua ocorrência, dependia da oportunidade, podendo acontecer durante as atividades, nos intervalos das aulas da escola de palhaços ou dos ensaios.

As entrevistas espontâneas, de caráter informal, possibilitam que os entrevistados sejam indagados sobre os fatos e também permitem que seja pedida a opinião deles sobre determinados eventos (YIN, 2005).

Com relação à escolha inicial, de empregar a observação direta como uma das técnicas de coleta de dados, ela se deu em virtude de permitir a visualização de alguns comportamentos ou condições ambientais relevantes, não exigindo, contudo, formalidade. Ela fornece informações adicionais sobre o objeto estudado.

A alternância para a observação do tipo participativa permitiu uma maior aproximação com o caso e um maior acesso aos dados relacionados ao dia a dia do Circo. Conforme Yin (2005), a observação participante permite o acesso a eventos que de outro modo são seriam possíveis de serem observáveis, possibilitando se perceber a realidade do ponto de vista de alguém de dentro, deixando de ser um mero espectador, é a forma mais completa de obtenção de informações na pesquisa sociológica (GODOY, 2006; BAUER; GASKELL, 2003).

Na coleta de dados, a partir do emprego da observação, foram incluídos tanto os artefatos físicos como os culturais, por representarem aspectos importantes para o estudo proposto, constituindo um componente essencial para o caso como um todo, o que fica evidenciado ao se ter em conta que as dimensões analisadas muitas vezes têm as suas características externalizadas por meio desses artefatos (YIN, 2005).

Para uma melhor compreensão do contexto e do fenômeno, foram empregados, nas visitas em campo, registros de áudio, fotográfico e de vídeo, além do uso de um diário, conforme sugerido por Yin (2005).

Com relação às fontes secundárias, a coleta de dados fez uso da pesquisa documental e de registros em arquivos, com a utilização de documentos públicos e internos à organização, reportagens impressas, relatórios e mídias eletrônicas, entre outros. Em estudos dessa natureza, a pesquisa documental é primordial, podendo somente pode ser descartada nos casos em que a sociedade investigada não domine a arte da escrita (YIN, 2005).

Para a análise dos dados coletados, uma das técnicas empregadas foi a análise de conteúdo. Conforme Bardin (2004), a análise de conteúdo se caracteriza pela utilização de um conjunto de técnicas de análise das comunicações. Não se trata única e exclusivamente de um instrumento, mas de um conjunto de apetrechos, marcado pela utilização de uma grande diversidade de formas, adaptável a um campo de aplicação muito vasto, que é o das comunicações.

Bardin (2004) salienta que a análise de conteúdo se apresenta como uma técnica na qual se procura compreender as comunicações além do seu significado imediato, buscando a superação da incerteza e o enriquecimento da leitura, podendo ser expressa pelo desejo de rigor e pela necessidade de descobrir, de adivinhar e de ir além das aparências na interpretação das comunicações.

A análise de símbolos das características de comunicação é elemento essencial para a interpretação e compreensão do homem, da sua história, de seu pensamento, sua arte e suas instituições. Dessa forma a análise de conteúdo representa um tema central para as ciências humanas e cada vez mais vem se transformando em uma importante ferramenta para compreensão das relações e interações entre os indivíduos (RICHARDSON, 1999; BARDIN, 2004).

É uma técnica que pode ser aplicada a diferentes campos, envolvendo diferentes códigos e suportes, como o linguístico, o escrito e o oral; os iconográficos, referentes a sinais, grafias, imagens, entre outros; e a outros tipos de códigos semióticos, que se referem a todos os elementos não linguísticos que podem ter algum significado. Quando da análise de um grupo restrito, podem envolver, como no caso deste estudo, as comunicações realizadas entre os membros; as discussões, entrevistas e conversas grupais; os sinais, grafias, imagens, filmes e fotografias; e as comunicações não verbais, como posturas, gestos, tiques e distâncias espaciais, entre outros (BARDIN, 2004).

Como procedimento, foi adotada a análise categorial, com a delimitação de unidades de codificação, ou de registro, e unidades de contexto, no caso deste trabalho denominadas elementos de análise, que, por serem superiores às unidades de codificação, não foram empregadas no recenseamento das ocorrências, mas permitiram a compreensão da significação dos itens obtidos, repondo-os no seu contexto, conforme proposto por Bardin (2004).

Esse método, caracterizado como de categorias, que se assemelha a algo como gavetas ou rubricas significativas, permite a classificação dos elementos de significação constitutivos da mensagem, sendo um método taxionômico para introduzir ordem a partir de certos critérios (BARDIN, 2004).

Para a realização da análise de conteúdo foram definidas preliminarmente as categorias pertinentes ao objetivo da pesquisa, relacionadas aos enclaves econômicos, isonômicos e fenonômicos, considerando-se as características das dimensões de tecnologia, tamanho, espaço e tempo para cada um desses enclaves. Na sequência, a partir do referencial teórico utilizado na definição das dimensões e suas características nos diferentes enclaves, foram definidos os elementos de análise que teriam a capacidade de revelar os aspectos relacionados a cada uma das categorias definidas inicialmente.

Considerando-se a necessidade de viabilizar a análise em campo, levando-se em conta aquilo que estaria relacionado a economias, isonomias e fenonomias, foram definidos os aspectos que estariam relacionados a cada um dos elementos de análise e que fizessem referência a esses enclaves.

A partir dessa delimitação, foram identificados − no material coletado, resultante das entrevistas, na pesquisa documental e na observação participativa − os elementos a serem integrados nas categorias previamente estabelecidas, conforme proposto por Vergara (2010), possibilitando assim a obtenção de dados que auxiliassem na compreensão das tensões resultantes da aproximação da organização com o mercado, na perspectiva da economia criativa.

A opção pelo emprego de diversas fontes no estudo de caso se baseia no pressuposto de que esse é um importante princípio a ser seguido nesta modalidade de pesquisa, pois, juntamente com a criação de um banco de dados e a manutenção do correto encadeamento das evidências, garante a qualidade dos resultados obtidos (YIN, 2005).