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II. Objetivos I Resumo

4. Despacho de acusação nos processos especiais 1 Processo sumário

1.3. Elementos complementares do despacho de acusação

1.3.4. A comunicação da acusação aos sujeitos processuais

A comunicação do despacho de acusação assume primordial importância, não apenas por se comunicar ao arguido e ao seu defensor que contra aquele foi proferida acusação no âmbito de um determinado processo, permitindo ao mesmo ter conhecimento do objeto do processo, como permite-lhe preparar a sua defesa. Por outro lado, em determinadas circunstâncias outros intervenientes processuais ou entidades deverão tomar conhecimento da acusação. Assim, o despacho de acusação deverá conter a descrição das comunicações e notificações que deverão ser efetuadas após ser proferido o despacho de acusação. Sem existir uma regra definida, admite-se que a incorporação das comunicações no despacho de acusação ocorra antes ou após a acusação.

Em primeiro lugar, o arguido é notificado do despacho de acusação, por via postal simples quando tenha prestado termo de identidade e residência (cfr. artigos 196.º, n.ºs 2 e 3, al. c), e 283.º, n.º 6) ou por via postal registada ou por contacto pessoa por órgão de polícia criminal ou funcionário judicial quando não tiver sido prestado termo de identidade e residência (cfr. artigo 283.º, n.º 6). Caso o arguido se encontre recluso, a notificação é requisitada ao diretor do estabelecimento prisional e efetuada por funcionário designado para o efeito, no respeito pelo disposto no artigo 114.º, n.º 1. Na impossibilidade de se efetuar a notificação do arguido, o processo prosseguirá os demais termos, conforme o disposto no artigo 283.º, n.º 5.

Existindo assistente constituído nos autos, o mesmo é notificado do despacho de acusação por via postal simples quando indicou morada (cfr. artigos 145.º, n.ºs 5 e 6, e 283.º, n.º 6) ou por via postal registada ou por contacto pessoa por órgão de polícia criminal ou funcionário judicial quando não tiver indicado morada (cfr. artigo 283.º, n.º 6). Nos casos em que o assistente se encontre recluso e nos casos em que se frusta a notificação, aplica-se as mesmas regras referenciadas para a notificação do arguido.

A acusação deverá ainda ser notificada ao denunciante com faculdade de se constituir assistente, aos sujeitos que tenham manifestado o propósito de deduzir pedido de indemnização civil nos termos do artigo 77.º, n.º 2, e à vítima, caso declare aquando da prestação de informação sobre os seus direitos, que deseja ser oportunamente notificada de todas as decisões proferidas no processo penal, conforme o disposto no artigo 11.º, n.º 7, do Estatuto da Vítima. Nestes três casos a notificação ocorre por via postal simples (cfr. artigo 277.º, n.º 4, al. c)) ou, caso o sujeito a notificar se encontre em situação de reclusão, aplica-se o referido para o arguido recluso.

Por último, o despacho de acusação é notificado aos defensores e advogados, nos termos do artigo 113.º, n.º 11, privilegiando-se a notificação por via postal registada.

BOAS PRÁTICAS: NA ELABORAÇÃO DO DESPACHO DE ACUSAÇÃO EM PROCESSO PENAL 4. Contributos para um Código de Boas Práticas na elaboração do Despacho de Acusação em Processo Penal Conjuntamente com as referidas notificações, em determinadas circunstâncias, o despacho de acusação deverá ser comunicado a determinados intervenientes ou entidades.

Desde logo, quando se trata de uma acusação na qual se determinou a competência ao tribunal singular ao abrigo do artigo 16.º, n.º 3, bem como nos casos de acusações relativas a crimes fiscais, o despacho de acusação é comunicado ao imediato superior hierárquico, nos termos e para os efeitos da Circular n.º 6/2002, da P.G.R.

No respeito pelo plasmado no artigo 6.º, do Decreto-Lei n.º 218/99, de 15/06, são notificadas as instituições e serviços integrados no Serviço Nacional de Saúde que tenham prestado cuidados de saúde, para querendo, deduzirem pedido de pagamento das respetivas despesas, em requerimento articulado, no prazo de 20 dias.

Quando da acusação resulte a imputação de um crime previsto no n.º 4 do artigo 47.º 58, do Estatuto do Ministério Público, o despacho de acusação é comunicado ao DCIAP, nos termos e para os efeitos da Circular n.º 11/99, da P.G.R.

Por outro lado, quando seja acusado um arguido que seja funcionário ou agente da DGRSP ou agente da autoridade da GNR ou PSP, no respeito pela Circular n.º 4/98, da P.G.R., o despacho de acusação é comunicado à P.G.R. por via hierárquica; à Direção Nacional da PSP relativamente aos crimes imputados aos agentes dessa polícia; à DGRSP relativamente aos crimes imputados os funcionários ou agentes dessa Direção-Geral; e à Inspeção-Geral da Administração Interna relativamente aos crimes imputados aos agentes da autoridade da GNR ou PSP.

No respeito pelo disposto no artigo 9.º, n.º 3, da Lei n.º 54/2008, de 04/09, o despacho de acusação é comunicado ao Conselho de Prevenção da Corrupção quando a acusação respeite a crimes de corrupção ativa ou passiva, de criminalidade económica e financeira, de branqueamento de capitais, de tráfico de influência, de apropriação ilegítima de bens públicos, de administração danosa, de peculato, de participação económica em negócio, de abuso de poder ou violação de dever de segredo, bem como aquisições de imóveis ou valores mobiliários, em consequência da obtenção ou utilização ilícitas de informação privilegiada no exercício de funções na Administração Pública ou no sector público empresarial.

Quando a acusação respeite a crimes de mercado de valores mobiliários ou outros instrumentos financeiros, deve o despacho de acusação ser comunicado à Comissão de Mercado de Valores Mobiliários, no respeito pelo disposto no artigo 387.º, do Código dos Valores Mobiliários.

Quando a acusação respeite a arguido que se encontre com execução de pena suspensa ou em liberdade condicional à data da prática do crime que lhe é imputado, em conformidade com a 58 4 - Compete ao Departamento Central de Investigação e Ação Penal realizar as ações de prevenção previstas na

lei relativamente aos seguintes crimes: a) Branqueamento de capitais; b) Corrupção, peculato e participação económica em negócio; c) Administração danosa em unidade económica do sector público; d) Fraude na obtenção ou desvio de subsídio, subvenção ou crédito; e) Infrações económico-financeiras cometidas de forma organizada, com recurso à tecnologia informática; f) Infrações económico-financeiras de dimensão internacional ou transnacional.

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BOAS PRÁTICAS: NA ELABORAÇÃO DO DESPACHO DE ACUSAÇÃO EM PROCESSO PENAL 4. Contributos para um Código de Boas Práticas na elaboração do Despacho de Acusação em Processo Penal Circular n.º 5/99, da P.G.R., o despacho de acusação é comunicado ao tribunal da condenação ou ao tribunal de execução de penas, após ter decorrido o prazo para abertura de instrução. Relativamente aos crimes de violência doméstica, existe lugar, ao abrigo do disposto no artigo 37.º da Lei n.º 112/09, de 16/09, e da Circular n.º 7/2012, da P.G.R., à comunicação dos despachos de acusação à Direção-Geral da Administração Interna e à Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género, devendo omitir-se os dados nominativos.

Quando a acusação respeite a arguidos militares, no respeito pelo disposto no artigo 9.º, n.º 3, do Regulamento Disciplinar Militar, aprovado pela Lei Orgânica n.º 2/2009, de 22/07, deve ser remetida certidão do despacho de acusação para o Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas ou ao Chefe do Estado-Maior do respetivo ramo militar, conforme a respetiva dependência.

Ao abrigo da Circular n.º 4/2008, da P.G.R., o despacho de acusação deve ser comunicado aos dirigentes dos departamentos da Polícia Judiciária que realizaram a investigação, nos casos de competência reservada ou de competência diferida. Apesar de existir o dever de realizar esta específica comunicação, não se exclui a possibilidade, em todos os restantes casos, do despacho de acusação ser comunicado ao órgão de polícia criminal que realizou a investigação. O interesse de determinadas investigações ou a forma como as mesmas foram dirigidas, podem conduzir a que o órgão de polícia criminal que realizou a investigação tenha todo o interesse em tomar conhecimento do despacho de encerramento do inquérito, nomeadamente as acusações. Do mesmo modo, não se exclui a possibilidade de comunicar o despacho de acusação ao órgão de polícia criminal sempre que este o solicite e desde que invoque um motivo justificativo para o efeito.

Quanto aos crimes fiscais ou contra a Segurança Social, ao abrigo do disposto no artigo 50.º, n.º 2, do Regime Geral das Infrações Tributárias, o despacho de acusação é comunicado à Administração Tributária ou à Segurança Social.

Quando a acusação respeite a crimes de insolvência dolosa, frustração de créditos, insolvência negligente ou favorecimento de credores (artigos 227.º a 229.º, do Código Penal), no respeito pelo plasmado no artigo 300.º do Código da Insolvência e Recuperação de Empresas, o despacho de acusação deve ser comunicado ao tribunal da insolvência, no respetivo processo de insolvência.

Por último, pode ainda existir lugar a eventuais comunicações a outros processos em que o arguido seja sujeito ou interveniente processual, quer na jurisdição penal, quer na jurisdição de família e menores ou na jurisdição de execução de penas.