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VIII. Acusação (Hipótese A e aconselhada):

Para julgamento em processo especial Sumário, ao abrigo do disposto no artigo 381º, n.º 1, al. a) do Código de Processo Penal, o Ministério Público acusa:

A (id. completa) Porquanto:

1. No dia x, pelas x, na Rua x, a arguida conduzia o veículo automóvel, ligeiro de passageiros, de marca x, cor x, com a matrícula x.

2. A arguida não possui carta de condução ou qualquer outro título que a habilite à condução do referido veículo.

3. A arguida sabia que para conduzir na via pública veículo com as características do supra descrito, tinha de estar, para tanto, habilitada com carta de condução emitida por autoridade portuguesa, ou reconhecida como tal, ou outro documento que a habilitasse nos termos previstos no Código da Estrada.

4. Sabia, igualmente, que não era possuidora de tal documento e mesmo assim quis e efectivamente logrou conduzir na via pública o sobredito veículo.

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Acusação (art.º 283.º/CPP) Suspensão provisória do processo (art.º 281.º/CPP) (art.º Se cumpridas as injunções e regras de conduta (282.º/3/CPPP)

Se NÃO forem cumpridas

as injunções e regras de conduta ou o arguido cometeu crime da mesma natureza (282.º/4/CPP) Processo Especial Sumário Abreviado Sumaríssimo Processo Comum Trib. Singular Trib. Colectivo Trib. Júri 5. Guidelines / “C heck List” do despa cho de acusação

Concluída esta apresentação sucinta sobre o encerramento do inquérito, com o tema da elaboração do despacho de acusação no seu horizonte, vamos agora deixar uma pequena súmula, em género de “guidelines” ou “checklist”, que pode servir de base como guia ou orientações a ter em consideração enquanto se elabora o despacho de acusação.

1.º CONTROLAR O PRAZO MÁXIMO DO INQUÉRITO.

Tipos de crime

Tempo de duração máxima do inquérito Com arguido(s) Preso(s) Sem arguido(s) Preso(s)

Prazo geral 6 Meses

(art.º 276.º, n.º 1, CPP)

8 Meses (art.º 276.º, n.º 1, CPP) Crimes previstos no art.º 215, n.º 2, CPP 8 Meses

(art.º 276, n.º 2, al. a), CPP)

14 Meses (art.º 276, n.º 3, al. a), CPP) Procedimento de excepcional complexidade, 10 Meses

(art.º 276, n.º 2, al. b), CPP)

16 Meses (art.º 276, n.º 3, al. b), CPP) Procedimento de excepcional complexidade,

crimes do art.º 215, n.º 2, CPP (art.º 276, n.º 2, al. c), CPP) 12 Meses

18 Meses (art.º 276, n.º 3, al. c), CPP) Aconselha-se o recurso a um registo em Excel e alertas para não deixar ultrapassar o prazo. 2.º CONCLUIR MATERIALMENTE O INQUÉRITO NO MENOR ESPAÇO DE TEMPO POSSÍVEL.

(Esquema resumido do elenco de possibilidades decorrentes da lei processual penal.)

Arquivamento Arquivamento, nos termos do art.º 277, n.º 1, CPP Arquivamento, nos termos do art.º 277, n.º 2, CPP Arquivamento, em caso de dispensa de pena, nos termos do art.º 280.º do CPP

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1.º Passo Não Cumprimento Sim 281.º CPP Prolação de acusação 1.º: É possível a SPP? Sim Não 2.º: É possível

Sumaríssimo? 3.º: É possível Sim Abreviado?

Não

Não 3.º NA PROLAÇÃO DO DESPACHO DE ACUSAÇÃO, TER EM ATENÇÃO O SEGUINTE:

Se reunir os requisitos para ser julgado em processo sumário:

⇒ Verificar antes (oficiosamente) se estão reunidos os pressupostos do art.º 280.º ou 281.º /CPP (arquivamento em caso de dispensa de pena ou suspensão provisória do processo – cfr. art.º 384.º, n.º 1, do CPP).

⇒ Não sendo possível a SPP, verificar os pressupostos do requerimento de aplicação de pena em processo sumaríssimo, apenas se não for possível realizar o julgamento (Cfr. Directiva 1/2016 da PGR).

Se reunir os requisitos para ser julgado em processo abreviado:

Verificar antes (oficiosamente) se há possibilidade de SPP ou de requerimento para aplicação de pena em processo sumaríssimo.

Se reunir os requisitos para ser julgado em processo comum:

Da acusação:

Verificar a necessidade de fazer constar questões prévias (cfr. supra em 2.1.):

 Do não recurso aos institutos de consenso previstos na lei.

 Requerimento para julgamento com intervenção do tribunal do júri.  Do uso do art.º 16.º, n.º 3, do CPP.

 Da impossibilidade de constituir e/ou interrogar o arguido.  Outras situações.

 Nomeação de defensor.

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Do Introito (cfr. supra em 2.2.):  Identificar as normas aplicáveis: Se processo comum:

– Para tribunal do júri: art.º 13.º + 283.º, n.ºs 1, 2 e 3, do CPP. – Para tribunal colectivo: art.º 14.º + 283.º, n.ºs 1, 2 e 3, do CPP. – Para tribunal singular: art.º 16.º, n.º 1 e n.º 2 + 283.º, n.ºs 1, 2 e 3, do CPP.

– Para singularização: art.º 16.º, n.º 3 + 283.º, n.ºs 1, 2 e 3, do CPP. Se processo especial:

– Processo sumário: art.º 381.º, do CPP. – Processo abreviado: art.º 391.º-B, do CPP.

 Identificação completa do arguido:

– Nome completo, filiação, freguesia e concelho de naturalidade, data de nascimento, estado civil, profissão, cartão de Cidadão (ou outro doc. de id. aplicável), residência (se recluso + EP).

– Avaliar se há necessidade de abreviar a identificação do arguido para a narração dos factos – aconselhável quando mais do que um arguido (ex.: (…) doravante Abel Silva).

Da narração dos factos (cfr. supra em 2.3.): Da narração:

 Narrar a história na perspectiva do(s) arguido(s);  Demonstrar os factos com sequência cronológica;  Usar uma linguagem clara e simples;

 Não usar conceitos de direito nem expressões legais;

 A narrativa não deve conter juízos de valor, ou quaisquer considerações (jurídicas, ou não);

 Não fazer menção a prova ou a meios de obtenção de prova no texto (apenas usar prova para factos em situações complexas e como forma de auxílio na fase de julgamento);

 Evitar transcrições;  Evitar remissões;

 Apenas se necessário, poder-se-á usar uma tabela para demonstração de factos.

Dos factos:

 Focar nos factos essenciais, ou seja, os que integram:

2.º Passo

3.º Passo

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– Os elementos objectivos e subjectivos do(s) tipo(s). – A forma do crime (consumada/tentativa).

– A autoria (imediata, mediata), co-autoria, cumplicidade. – A culpa e, se aplicável, as condições objectivas de punibilidade. – Os necessários para a aplicação de penas acessórias.

– Se aplicável, os necessários para a aplicação de medida de segurança (inimputabilidade + perigosidade).

 E nos factos acessórios:

– Tempo, local, motivação, grau de participação e qualquer circunstância relevante para a determinação da sanção (ex. factos atenuantes e qualificativos).

 Quanto aos factos complementares:

– Só aqueles que forem necessários, eventualmente, para a compreensão dos factos essenciais e acessórios.

Identificação completa das normas aplicáveis (cfr. supra em 2.4.):

 A(s) norma(s) do tipo(s) de crime(s).  As normas respeitantes à forma do crime:

– Tentativa/consumação.

– Autoria (imediata, mediata)/ co-autoria /cumplicidade. – Do concurso de crimes/crime continuado, se aplicável.

 As normas da responsabilidade penal das pessoas colectivas, se aplicável.  Das penas acessórias, efeitos das penas, reincidência, delinquência por

tendência, se aplicável.

 Da inimputabilidade / imputabilidade diminuída, em caso de necessidade de aplicação de medida de segurança.

Indicação da Prova (cfr. supra em 2.5.):

 I – Declarações do(s) arguido(s).  II – Declarações de assistentes.  III – Prova Testemunhal.

 IV – Declarações de peritos e consultores técnicos.  V – Prova por reconhecimento.

 VI – Prova por reconstituição.  VII – Prova pericial.

 VII – Prova documental.  IX – Intercepções telefónicas.  X – Objectos.

4.º Passo

5.º Passo

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Comunicações (cfr. supra em 2.6.):

- Arguido. - Assistente.

- A quem tenha manifestado propósito de deduzir PIC. - Vítima.

- Defensores e advogados.

- Outras comunicações (imediato superior hierárquico, SNS, SS, e outras legalmente previstas).

Objectos (cfr. supra em 2.7.):

 Tomada de posição relativamente a eventuais objectos apreendidos à ordem do processo.

Pedido de Indemnização Civil (cfr. supra em 2.8):

 Verificar se deve ser apresentado PIC, dentro das competências do Ministério Público.

Medida de coacção (cfr. supra em 2.9.):

 Tomada de posição relativamente a medidas de coacção.

*** 6.º Passo 7.º Passo 8.º Passo 9.º Passo 105

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Referências bibliográficas:

− ALVES, JOÃO, “Notas sobre o despacho de acusação”, Ministério da Justiça da República Democrática de Timor-Leste, 2013;

− PEREIRA, Victor de Sá e LAFAYETE, Alexandre, “Código Penal Anotado e Comentado”, 2.ª Edição, Quid Juris, 2014;

− GASPAR, António Henriques e OUTROS, “Código de Processo Penal Comentado”, Almedina, 2014;

GERMANO MARQUES da SILVA, Curso de Processo Penal I, 5.ª edição revista e actualizada, Editorial Verbo, 2008;

J.J. GOMES CANOTILHO/VITAL MOREIRA, Constituição da República Portuguesa Anotada, vol. I., 4.ª edição revista, 2014;

− FERNANDA PALMA, Maria (Coordenação Científica),“Jornadas de Direito Processual Penal e Direitos Fundamentais”, Almedina, 2004;

− SANTOS, Manuel Simas e LEAL-HENRIQUES, Manuel, “Noções de Direito Penal”, 4.ª Edição, Rei dos Livros, 2011;

− SIMAS SANTOS, João, SIMAS SANTOS, Manuel e LEAL-HENRIQUES, “Noções de Processo Penal”, 2.ª Edição, Rei dos Livros, 2011.

Consultas e hiperligações em:

www.ministeriopublico.pt/ www.pgdlisboa.pt/

www.dgsi.pt/

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Joel Belchior da Silva I. Introdução

II. Objetivos