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A constelação propriamente dita A constelação propriamente dita

No documento A Pratica Das CF Jakob Schneider (páginas 73-75)

A constelação propriamente dita

Escolhidos os representantes, o terapeuta pede ao cliente que se concentre e os posicione de acordo com suas relações recíprocas, respeitando as pessoas e os respectivos representantes, sem se fixar numa época determinada, sem buscar razões, sem imagens preconcebidas, sem comentários e sem prescrever aos representantes determinados gestos ou posturas.

Quando o terapeuta percebe que o cliente posiciona as pessoas seguindo um esquema predeterminado, ele o adverte e, em certas circunstâncias, pede-lhe que tome a colocá-los. Se o cliente os posiciona de forma apressada e desatenta, o terapeuta lhe diz que se concentre de novo. Se o cliente, ao colocar os representantes, dá a impressão de estar distante e sem envolvimento, o terapeuta interrompe a constelação, pois algo impede ainda o cliente de entrar em contato real com a constelação ou com a própria família.

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Uma mulher de uns trinta anos, que vivia só, muns trinta anos, que vivia só, manifestou num grupo um comportamento muito agressivo.anifestou num grupo um comportamento muito agressivo. Ao constelar sua

Ao constelar sua família de srcem família de srcem empurrava os representantes para os sempurrava os representantes para os seus lugares com eus lugares com tanta rudezatanta rudeza que o terapeuta imediatamente interrompeu a constelação com este comentário: “Assim não posso que o terapeuta imediatamente interrompeu a constelação com este comentário: “Assim não posso trabalhar com você. ” A mulher ficou muito zangada com o terapeuta, mas permaneceu no gr

trabalhar com você. ” A mulher ficou muito zangada com o terapeuta, mas permaneceu no gr upo até oupo até o final do curso. Cerca de um ano dep

final do curso. Cerca de um ano depois, compareceu a oois, compareceu a outro grupo. De novo moutro grupo. De novo mostrou-se muito agressiva estrou-se muito agressiva e quis outra vez constelar sua família de srcem. Dessa vez lidou com os representantes com um pouco mais quis outra vez constelar sua família de srcem. Dessa vez lidou com os representantes com um pouco mais de cuidado e atenção, mas eles sacudiram os ombros e não conseguiram sensibilizar-se. Então o de cuidado e atenção, mas eles sacudiram os ombros e não conseguiram sensibilizar-se. Então o terapeuta interrompeu de novo. Ela se zangou outra vez, mas permaneceu no grupo até o fim. Algumas terapeuta interrompeu de novo. Ela se zangou outra vez, mas permaneceu no grupo até o fim. Algumas semanas depois, ela ligou para o terapeuta e pediu uma breve conversa. Quando chegou ao consultório, semanas depois, ela ligou para o terapeuta e pediu uma breve conversa. Quando chegou ao consultório, pareceu

pareceu um um tanto mtanto mudada. udada. Ela Ela contou: “Minha contou: “Minha mãe mãe morreu morreu e e eu eu herdei a herdei a sua sua casa. casa. Quando Quando arrumei oarrumei o arquivo, caiu-me nas mãos uma velha carta, em que minha avó prometia dinheiro a uma mulher que arquivo, caiu-me nas mãos uma velha carta, em que minha avó prometia dinheiro a uma mulher que estava grávida de meu avô, com a condição de que a criança jamais

estava grávida de meu avô, com a condição de que a criança jamais aparecesse na família. ” Então oaparecesse na família. ” Então o terapeuta disse ã mulher: “Isso é importante. Procure essa tia. ” Duas semanas depois a cliente voltou ao terapeuta disse ã mulher: “Isso é importante. Procure essa tia. ” Duas semanas depois a cliente voltou ao consultório. Esta

consultório. Estava com boa disposição e disse: “Eu achei muiva com boa disposição e disse: “Eu achei muito depressa a tia e já telefonei para ela. Elato depressa a tia e já telefonei para ela. Ela ficou e

Jakob Robert Schneider Jakob Robert Schneider

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estranhar que essa mulher tenha se aborrecido”, comentou o terapeuta, “quando lhe pagaram paralher tenha se aborrecido”, comentou o terapeuta, “quando lhe pagaram para excluí-

excluí-la da família. Fique em contato com essa tia. ” la da família. Fique em contato com essa tia. ” “Isso eu vou fazer, de qualquer “Isso eu vou fazer, de qualquer maneira”, respondemaneira”, respondeuu a mulher, e

a mulher, e foi embora satisfeita.foi embora satisfeita.

Se o cliente pergunta ao terapeuta se deve constelar a família como ela é atualmente ou como era antes, o terapeuta, sem entrar na questão, ressalta que a constelação não deve referir-se a uma determinada época, pois é da essência da alma e, consequentemente, de uma constelação, que sua dinâmica não depende do tempo. Os vivos e os mortos estão presentes da mesma forma, e não sabemos de antemão que eventos e destinos ainda têm repercussões negativas numa família. Pertence à essência das imagens e, portanto, às imagens de uma constelação a capacidade de reunir toda uma história num retrato instantâneo, condensando o tempo e livrando-o da sucessão inapreensível dos processos de causa e efeito. Naturalmente, já que as constelações apresentam processos, o tempo também desempenha nelas um certo papel, mas de uma forma muito condensada, de modo seme- lhante ao que fazemos em nossa fantasia, movendo-nos instantaneamente e sem dificuldade entre o presente, o passado e o futuro.

Às vezes o terapeuta introduz conscientemente uma sucessão temporal, para visualizar a conexão entre sistemas relacionais consecutivos. Por exemplo, ele pode pedir a uma cliente que constele primeiro apenas o seu primeiro marido, a si mesma e o filho desse casamento. Depois de algum tempo, quando já se revelou uma dinâmica importante do primeiro casamento, o terapeuta introduz o marido atual e os filhos desse matrimônio. Mesmo neste caso, o método das constelações preserva a sua vantagem decisiva, que consiste na capacidade de representar, de modo altamente condensado, abrangendo o espaço e o tempo, um acontecimento complexo do sistema de relações que não poderia ser comunicado e apresentado por meio de palavras.

De modo geral, os clientes colocam “corretamente” os representantes, sem necessidade de instruções do terapeuta. Às vezes convém dar algumas indicações iniciais, tais como: “Posicione as pessoas sem tempo, sem razões, sem ideias. Constele-as de acordo com suas relações recíprocas, de uma forma que, em sua imagem interna, corresponda à realidade. Siga o seu sentimento, confie em seu coração e em sua alma.”

Possivelmente o terapeuta ainda precisa dizer algo sobre a forma de posicionar as pessoas, por exemplo: “Pegue cada representante, de preferência pela frente ou por trás, pelo braço ou pelos ombros, e coloque-o sem palavras e sem indicações no lugar que lhe compete, de modo que ele se sinta seguro ao ser colocado ali.” O terapeuta cuida para que o cliente pegue todos os representantes e os coloque em seu lugar. Às vezes um cliente simplesmente deixa um representante no lugar onde ele casualmente ficou ao ser escolhido. Quando advertido a respeito, o cliente talvez diga: “Ele já está no lugar certo!” Contudo, ao ser solicitado a posicioná-lo devidamente, o cliente com frequência muda a sua posição ou pelo menos altera minimamente a direção para onde se dirige. Isto, porém, pode influir decisivamente no sentimento do representante.

Quanto ao mais, o terapeuta se retrai, confia ao cliente o processo de posicionamento e se concentra totalmente em sua percepção. O grupo acompanha atentamente o que acontece. Se o grupo fica inquieto durante o posicionamento, isto geralmente significa que o cliente não está totalmente presente, os papéis não estão claros ou que não se configurou um campo anímico. Nesse caso, o terapeuta pode aludir à reação do grupo e comentar: “Algo não está certo aí”. Talvez ocorra então ao cliente uma outra pessoa importante ou uma informação sobre sua família, que confere força e atenção à constelação. Pode acontecer, porém, que o processo da constelação precise ser interrompido e seja retomado num outro momento, para que desenvolva a força necessária.

Pode acontecer, porém, que uma reação negativa do grupo faça parte do processo da constelação. Já experimentei casos em que pessoas no grupo cochicham entre si, geralmente para saber quem é que representa quem numa família, e depois vem à tona, por exemplo, que naquela família uma criança extraconjugal foi “escamoteada” como legítima. Perturbação no grupo, nos representantes ou também no terapeuta pode ser o sinal de uma perturbação no sistema.

Às vezes o grupo reage diante de contrassensos e de verdades ainda ocultas, como se fosse um campo em tomo da família. Se o cliente se perturba de tal modo que escolhe uma representante para sua mãe e depois a coloca no lugar de uma irmã, sem perceber a troca, o terapeuta geralmente interrompe a constelação. Se não o fizer, a falta de clareza do cliente pesará sobre os representantes e suas

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A Práticas das Consteladas Constelações Familiações Familiaresres–– Bases e Bases e ProcedimentoProcedimentoss

percepções.

Seja como for que transcorra o processo da constelação, o terapeuta procura desde o início perceber tudo, mesmo as menores reações e movimentos e registrá-los como possíveis indícios para a descoberta de processos importantes nas relações do cliente.

Às vezes o cliente se sente incapaz de posicionar devidamente os representantes em suas relações. Se o terapeuta, baseado nas informações e em suas impressões, tem uma imagem clara do sistema do cliente, ele pode posicionar por si mesmo os representantes. Isso é naturalmente arriscado, e só faz progredir a constelação quando o cliente pode dizer: “Exatamente, é assim mesmo!”

Geralmente o terapeuta só coloca pessoalmente os representantes quando a imagem interna que o cliente faz da constelação e das forças anímicas atuantes não lhe parece importante. Assim, ele pode colocar pessoas, escolhidas por ele mesmo ou pelo cliente, para representar, por exemplo, a cliente e sua mãe, o cliente e a morte ou uma avó e seu estuprador, colocando-as simplesmente face a face. Numa outra situação ele pode escolher representantes do país da mãe e do país do pai, posicioná-los frente a frente a uma certa distância e colocar o representante do cliente ou, às vezes, ele próprio, no meio dos dois ou na frente deles.

Já mencionei uma cliente que era assaltada pelo medo de que seu pai fosse um assassino, porque ele trabalhara, como engenheiro responsável, na fabricação dos foguetes V2. Depois que a cliente escolheu uma pessoa para representar o seu pai, o terapeuta escolheu outras dez para representar os ingleses mortos nos ataques das bombas voadoras, fez com que se deitassem no chão lado a lado e colocou o pai diante deles. Num caso como esse, a dinâmica anímica não pode ser reproduzida por uma constelação de relações, como acontece com a imagem de nossa família, que podemos ter diante dos olhos.

Em muitas constelações “maiores”, onde estão em questão eventos da guerra ou relações entre vítimas e perpetradores num contexto mais amplo do que o da família, também quando se trabalha com uma fila de antepassados ou com as relações da alma com uma doença, com um sintoma físico ou de comportamento, com a vida e a morte, o terapeuta utiliza o campo de força anímica que se toma visível através da criação de simples relações espaciais. Nessas constelações frequentemente não se sabem quem são as pessoas aí representadas e quais são suas relações recíprocas. Por isso não existem imagens “realistas” dessas relações. No modelo “clássico” das constelações familiares, ao contrário, é natural que o cliente transmita a multiplicidade de suas informações subconscientes através das imagens que delas faz.

Costumo utilizar nos grupos uma metáfora para entender o que se passa nas constelações. É como se, através da atenção dirigida ao cliente, a alma de seu grupo se configurasse como um campo de força, de modo semelhante a um campo magnético. Da mesma forma como podemos tomar visível um campo magnético espacialmente delimitado, espalhando nele limalha de ferro que automaticamente se organiza acompanhando as linhas de força, os representantes de uma constelação se dispõem no campo anímico, com seus gestos, movimentos e palavras, de acordo com as forças que nele atuam. A dinâmica anímica pode ser visualizada através de numa única pessoa, sem que seja constelada uma relação. Assim sendo, não importa muito se quem coloca as pessoas é o cliente ou o terapeuta, mas que fique claro que a metáfora do campo magnético não deve ser entendida como se fosse uma explicação física.

No documento A Pratica Das CF Jakob Schneider (páginas 73-75)