• Nenhum resultado encontrado

A escolha do sistema de relações lações

No documento A Pratica Das CF Jakob Schneider (páginas 70-72)

A escolha do sistema de relaçõeslações

A demanda do cliente e as informações pedidas, mais ou menos minuciosas, dão as primeiras indicações sobre o sistema de relações que convém constelar. Essa decisão pertence ao terapeuta. Vivemos simultaneamente em diversos sistemas de relações, não apenas no domínio exterior de nossa vida, mas também no domínio interior. Esses sistemas não existem isolados em nós e em tomo de nós, mas interligam-se de forma complexa. Para que possam atuar de modo a esclarecer e solucionar, as constelações, como também o processo anímico, dependem de cortes e delimitações no tecido das relações.

Uma decisão muito importante do terapeuta prende-se à escolha do sistema atual ou do sistema srcinal do cliente. Chama-se sistema atual de uma pessoa aquele em que ela comparece como marido ou mulher, pai ou mãe, e sistema de srcem, aquele em que ocupa lugar como filho ou filha, neto ou neta, sobrinho ou sobrinha. Quando a demanda do cliente se refere a um relacionamento de casal ou a seus filhos, constela-se a família atual; quando a demanda envolve problemas com os próprios pais ou eventos que marcaram sua infância, constela-se o sistema de srcem.

Quando, na constelação de um sistema atual, toma-se necessário, por exemplo, abordar o efeito de pais ou de avós sobre uma relação de casal, partes do sistema srcinal são incluídas no decurso da constelação. Inversamente, quando na constelação de uma família de srcem se deseja uma perspectiva da dinâmica liberadora para o futuro, pode-se incluir também o parceiro ou um filho. Às vezes, os pais e todos os filhos são incluídos na constelação; outras vezes, pelo menos de início, apenas o casal ou o cliente com um dos filhos, com um dos pais ou com ambos.

Se o avô paterno do cliente cometeu suicídio, o terapeuta pode pedir ao cliente que constele apenas, em suas relações recíprocas, o pai e os avós paternos. Quando o cliente tem um sintoma físico ou

A Práticas

A Práticas das Consteladas Constelações Familiações Familiaresres–– Bases e Bases e ProcedimentoProcedimentoss

comportamental, ou é afligido por um sentimento básico obsessivo, o terapeuta pode constelar o cliente e o sintoma em sua relação mútua. A constelação pode começar apenas com o posicionamento e o movimento de uma única pessoa: o próprio cliente ou outro familiar. Talvez o representante de um avô, que foi vigilante num campo de concentração, seja confrontado com representantes dos prisioneiros ou dos judeus assassinados.

A escolha do sistema de relações e de sua amplitude é naturalmente fundamental para o bom desenvolvimento da constelação. O terapeuta tem poucas regras a que se ater. Uma delas é que é mais fácil começar com poucas pessoas e ampliar a constelação à medida em que for necessário do que constelar de início um grande sistema. De qualquer maneira, quando se percebe que certas pessoas colocadas numa constelação não são relevantes para sua solução, não há problema em dispensá-las de seu papel. A demanda do cliente e suas informações sugerem geralmente que se trabalhe com uma determinada constelação de relações. Em caso de dúvida, o que serve ao futuro tem precedência sobre a compreensão de coisas passadas.

O terapeuta não deve ficar refletindo sobre qual sistema ou quantas pessoas deve constelar, mas confia-se à “alma do grupo” do cliente. Esse ato de deixar-se conduzir pelas forças maiores da alma não pode ser analisado e é difícil de descrever-se, mas é uma experiência básica e sempre surpreendente de terapeutas que trabalham com constelações. Esse processo da “intuição” e do deixar-se levar é por nós conhecido em todos os domínios de nossa vida. Na constelação familiar ele constitui o próprio “método” sem dispensar, contudo, o cuidado artesanal.

É, portanto, o terapeuta que decide qual sistema e quais pessoas ou componentes anímicos serão constelados. Por vezes, clientes expressam num grupo um desejo como este: “Eu gostaria de constelar o sistema de srcem, porque...” Uma tal determinação perturba mais do que ajuda. O cliente sabe qual problema o aflige ou precisa ser resolvido, mas não conhece o caminho da solução. Se não fosse assim, ele não buscaria ajuda. Pessoas com problemas conjugais podem preferir constelar o seu sistema de srcem, pois o sistema atual lhes parece excessivamente “quente”, exigindo que se assumam as consequências, por exemplo, a separação ou o abandono de uma relação extraconjugal.

Entretanto, precisamos às vezes tirar consequências de nossa vida, mesmo quando as causas das dificuldades estejam ocultas na própria história ou na história do parceiro. Às vezes, a clareza sobre o que faz fracassar uma relação só se obtém no correr do tempo, depois que foram aceitas as consequências do fracasso. Os aconselhamentos matrimoniais duram tanto porque a pessoa adia a investigação das causas para não precisar agir ou quer, primeiro, ter certeza para agir com acerto. Quando o terapeuta nota no cliente essa tendência de esquivar-se da realidade presente e ficar olhando para o passado, ele não deve transigir com ela mas levar o cliente, de uma forma apropriada, a constelar o sistema onde a ação se faz necessária.

Não traz nenhum proveito, porém, que o terapeuta insista em constelar o sistema atual contra a resistência do cliente. Já experimentei diversas vezes que, depois de pedir a um participante de um curso que constelasse o seu sistema atual, ele muito espontaneamente escolhia representantes para sua mãe e seu pai, revelando que ele não estava interiormente direcionado para o sistema atual e forçando-me a interromper o trabalho e aguardar uma nova ocasião. Seja qual for o sistema de relações que o terapeuta escolha para o cliente, é preciso que este o apoie nisso, para que a constelação tenha êxito.

Uma mulher ainda jovem veio a um curso. Ela tinha medos, e sua mãe, que por essa razão se hospedara Uma mulher ainda jovem veio a um curso. Ela tinha medos, e sua mãe, que por essa razão se hospedara com ela no hotel, queria que ela buscasse uma solução para seus medos. Essa questão foi apresentada no com ela no hotel, queria que ela buscasse uma solução para seus medos. Essa questão foi apresentada no grupo como sua demanda. Como o pai dela cometera suicídi

grupo como sua demanda. Como o pai dela cometera suicídio quando a cliente ainda era muito pequena,o quando a cliente ainda era muito pequena, o terapeuta constelou a

o terapeuta constelou a sua família de srcem. Contudo, os rsua família de srcem. Contudo, os representantes não conseguiam sintonizar-se,epresentantes não conseguiam sintonizar-se, e o terapeuta teve de interrompera constelação. Então a cliente ficou muito decepcionada e comentou e o terapeuta teve de interrompera constelação. Então a cliente ficou muito decepcionada e comentou com raiva: “Mas eu disse à minha mãe que não queria fazer a constelação sobre os medos, eu queria com raiva: “Mas eu disse à minha mãe que não queria fazer a constelação sobre os medos, eu queria esclarecer a relação com meu namorado.” Aí ficou pa

esclarecer a relação com meu namorado.” Aí ficou patente a energia que realmente poderia sustentar otente a energia que realmente poderia sustentar o trabalho. De fato, a constelação da relação com o namorado, no dia seguinte, tomou um curso muito trabalho. De fato, a constelação da relação com o namorado, no dia seguinte, tomou um curso muito emocionante e espontanea

emocionante e espontaneamente envolveu também a morte do pai, a mente envolveu também a morte do pai, a história da família de orhistória da família de origem dele e,igem dele e, com isso, os medos dela, que decorriam de seu amor ao pai.

com isso, os medos dela, que decorriam de seu amor ao pai.

Neste contexto, eu gostaria de acrescentar, ainda sobre o tema da demanda do cliente, algo importante para a escolha do sistema de relações pelo terapeuta. A formulação da questão serve, em primeiro

Jakob Robert Schneider Jakob Robert Schneider

lugar, para ligar o cliente ao próximo processo da constelação, de modo que este seja sustentado pela necessidade dele. Mas a visão que o cliente tem de seu problema é limitada. Se ele pudesse descrever exatamente o seu problema, já teria aí a sua solução. Por isso, o terapeuta visualiza sempre, mais além da necessidade apresentada pelo cliente, aquilo que “necessariamente pertence à solução”. Muitas vezes o cliente não sabe disso. É tarefa do terapeuta direcionar- se para essa meta maior, geralmente desconhecida, e manter a si mesmo e o cliente abertos para isso. Nisso consiste o seu serviço ao cliente e é isso que faz, muitas vezes, a “grandeza” e o efeito profundo de uma constelação, quando ela supera as limitações de nossas ideias e de nosso saber. Há pouco tempo, no final de um seminário de grupo, uma participante exclamou: “Você me levou a constelar algo totalmente diferente do que eu inici- almente queria. Ainda não consegui entender inteiramente a minha constelação, mas sinto-me muito bem e há muito tempo não sentia tanta confiança em minha vida, como neste momento.”

No documento A Pratica Das CF Jakob Schneider (páginas 70-72)