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Homem e mulherHomem e mulher

No documento A Pratica Das CF Jakob Schneider (páginas 52-55)

Homem e mulher

O êxito da relação conjugal entre o homem e a mulher é talvez nosso desejo mais profundo, e seu fracasso traz uma profunda dor. Quando procuramos soluções para conflitos na relação do casal, a possibilidade de ajuda - no pressuposto de que existe amor - consiste em compensar um desequilíbrio na relação. .Pertence à ordem básica na relação entre o homem e a mulher que ambos deem e recebam e que haja um equilíbrio nessa relação, pressupondo-se que ambos são diferentes e que têm necessidade de se complementarem na sexualidade e na transmissão e proteção da vida. As

A Práticas

A Práticas das Consteladas Constelações Familiações Familiaresres–– Bases e Bases e ProcedimentoProcedimentoss

declarações de Bert Hellinger sobre este tema têm sido alvo de muitas críticas. Não obstante, em minha experiência, elas têm mostrado muita importância prática para a solução de conflitos entre casais.

A relação entre o homem e a mulher nutre-se de um constante fluxo no intercâmbio de dar e tomar10.

Quem dá pode reivindicar o direito de receber, e quem recebe também se obriga a dar. Quem recebe mais do que dá permanece em dívida com o parceiro e fica numa posição inferior. Quando essa dívida cresce a ponto de inviabilizar uma adequada compensação, as censuras de quem recebe mais representam uma tentativa de deixar mal o doador, desmerecendo o que ele deu e negando com isso o desnível em seu intercâmbio. Às vezes, o parceiro que recebe mais do que ele quer ou pode dar termina por separar-se para fugir da compensação. Quando o desequilíbrio é causado pelo destino, por exemplo, em virtude de desemprego ou de invalidez, o reconhecimento do desequilíbrio e a gratidão podem diminuir o desnível resultante.

Quem dá mais do que toma e obstina-se em preservar essa situação, colocando-se numa posição superior e “melhor”, recusa ficar devendo e comprometido e, com isso, não pode ser compensado pelo parceiro. Pressionado, porém, pela insuficiência do que “toma”, elefrequentemente se torna depressivo e perde sua capacidade de dar. Quem dá em excesso talvez venha a separar-se, julgando-se porém o “melhor” e no direito de ficar ressentido e atribuindo a culpa ao parceiro. Por sua vez, o parceiro que não pode ou não quer receber tanto fica zangado ou se separa. Quem quer dar muito na vida precisa de um parceiro capaz de corresponder-lhe e que também se disponha a dar muito.

O terapeuta tenta perceber o desequilíbrio e ajudar o casal a encontrar de novo um bom equilíbrio, que permita uma convivência ou uma boa separação. A grande utilidade das constelações nesse particular é que, com a ajuda dos representantes, elas reproduzem com muita precisão a dinâmica do casal, permitindo evitar discussões e encarar a situação em comum. Elas são confortadoras porque, trazendo à luz a ligação de destino que cada parceiro tem com sua família de srcem, aliviam tanto quem dá demais quanto quem recebe demais, em relação a si mesmos e à sua mútua relação. Quando os parceiros podem ver que os conflitos não surgem por raiva, mas porque cada um está preso a um contexto maior, a partir do qual os dois se procuraram e precisam um do outro da forma como são, fica mais fácil encontrar soluções conciliatórias. Os domínios mais importantes para a troca entre o dar e o receber entre o homem e a mulher são a sexualidade, os filhos (ou o esforço comum em benefício das próximas gerações) e o provimento do sustento material. A maior parte dos conflitos de casais se srcina em problemas nesses domínios. Um outro fator é a demanda insatisfeita - que realmente se dirige aos próprios pais - quando um parceiro cobra do outro o atendimento de necessidades que ele não pode satisfazer. Os fatores provenientes do passado que podem desestabilizar uma relação entre o homem e a mulher são geralmente acontecimentos e problemas não resolvidos das famílias de srcem e as respectivas atitudes e padrões de comportamento, bem como, de um passado mais próximo, os golpes do destino e as decisões tomadas na história da relação conjugal: um aborto, um filho morto, acidentado ou deficiente, uma doença grave, desemprego, dívidas, filhos trazidos de outros relacionamentos, infidelidade e casos semelhantes.

Além do recíproco dar e receber pertence à ordem básica da relação do casal o equilíbrio em sua relação como homem e mulher. O vínculo entre o homem e a mulher nasce da realização amorosa da sexualidade e também, naturalmente, dos filhos comuns, onde a relação do casal se torna indissolúvel. No que toca à sexualidade, falta a cada parceiro algo decisivo que somente lhe poderá ser proporcionado pelo companheiro.

No que toca à contribuição de cada um na transmissão da vida, existe um desequilíbrio de raízes profundas. A mulher, através de sua imediata proximidade com a criança durante a gravidez, o parto e a nutrição ao seio, tem uma proximidade à vida e à “terra” à qual o homem não pode contrapor algo de equivalente. Além disso, a mulher investe sua própria saúde e sua própria vida para que a criança venha ao mundo.

A realização correspondente por parte do homem consiste em proteger a mãe e os filhos, nutri-los, dar-lhes um lugar e desprender os filhos de sua estreita ligação à mãe. A questionada afirmação de

10Em seguimento a Bert Hellinger, o autor usa sempre o par ge gebeben un und nd nenehmhmenen,, literalmente “dar e tomar”. Em consonância

com nossos usos linguísticos traduzimos eventualmentenehmennehmenpor “receber” ou mesmo “aceitar”, deixando claro, desde já, que não se trata de uma aceitação passiva, mas de uma incorporação ativa. (N.T.)

Jakob Robert Schneider Jakob Robert Schneider

Bert Hellinger: “A mulher deve seguir o homem (em sua família, em seu nome, em seu lugar de trabalho, em seu país...) e o homem deve servir o feminino” ressalta a ne cessidade desse equilíbrio na complementação.

Atualmente muitas condições externas mudaram para as famílias. Com isso o homem já não parece tão “necessário” e as mulheres têm mais peso e influência nas famílias, pois ganham o próprio sustento e muitas vezes têm apenas um filho ou mesmo nenhum. Isto trouxe problemas para a relação entre o homem e a mulher. A despeito das aparências, essa relação é afetada pela diminuição da importância dos homens, que já não têm condições ou vontade de prover a família e, por conseguinte, de “dirigi-la”. Pelo que pude perceber a partir de minhas observações e experiências com constelações em muitos países, a impotência e a inutilidade de muitos homens, que indiretamente afeta também as mulheres, são um fenômeno generalizado. Isso se mostra mais agudamente nos lugares onde a realização social e cultural dos homens entrou em colapso - por exemplo, entre os índios e os aborígenes - ou já não é respeitada pelas mulheres. Em decorrência das guerras, da destruição ambiental ou dos “melindres” dos homens, a realização masculina já não parece servir à família ou às gerações futuras ou não é mais necessária como realização específica (como acontece em nossas nações pretensamente desenvolvidas). Justamente nos lugares onde os homens se comportam tiranicamente, oprimindo as mulheres e as crianças, revela-se frequentemente, por trás dessa atitude, sua impotência, uma vontade de autoafirmaçãoou uma tentativa distorcida de compensação diante do “excesso” de valor da mulher. As constelações, devido à fina sensibilidade dos representantes com relação aos fatores de desequilíbrio, mostram o que falta e o que é necessário para que o homem e a mulher possam comparecer juntos e equiparados diante dos filhos. A diversidade entre o homem e a mulher e sua necessidade de se completarem para realizarem com vigor a relação conjugal e a relação parental são expressas na constelação pelo posicionamento do homem à direita da mulher. Em face dos problemas mencionados acima, não surpreende que os homens nem sempre assumam de bom grado lugar mais proeminente - embora no mesmo nível do outro - e frequentemente seja necessário sentirem atrás de si o pai ou mesmo uma fila de homens, para que preencham com vigor o seu lugar. As mulheres com frequência ficam contentes e aliviadas quando sentem à sua direita o homem, numa postura vigorosa. Existem, porém, outros fatores que determinam quem deve assumir de forma concreta e adequada, numa constelação e na própria relação, esse primeiro lugar que é direcionado para o serviço da família. Tais fatores são, por exemplo, a existência de filhos provenientes de relações anteriores dos parceiros e o peso, em termos materiais ou de destino, que cada parceiro traz para a relação. Naturalmente ocorrem mudanças no decurso de uma relação de casal. O terapeuta, levando em conta a ordem ideal das relações, testa as reações dos representantes e avalia os pesos anímicos com a ajuda dos fatos e da dinâmica da constelação. Ele mantém aberta a sua percepção para encontrar “soluções de emergência” que permitam aceitar os desequilíbrios insanáveis e conviver com eles: um agradecimento, uma dedicação amorosa particular, uma aceitação consciente das limitações, uma realização compensatória especial e, eventualmente, também a separação.

Quando se aceita, conscientemente e com amor, aquilo que permanece em desequilíbrio, toma-se possível adotar soluções novas, se bem que não arbitrárias, que façam progredir no sentido das ordens da alma. Ao falar de ordens, o terapeuta o faz no sentido de uma confrontação racional com forças que, de um modo ou de outro, atuam na alma e também se manifestam nas constelações. Ele deve evitar impor ou proclamar algo no sentido de uma moral ou de uma norma ou mesmo julgar processos sociais. Também não deve interferir no jogo diário das forças no casal, pois compete aos parceiros, com sua própria compreensão, procurar e pôr em prática sua solução particular, bem como carregar os seus efeitos. O terapeuta limita-se a mostrar, através da constelação ou de sua experiência, o que atua e com que efeitos na relação do casal.

De um modo geral, também nesse particular é verdade que não podemos controlar as consequências de nossas ações. Com nossas soluções individuais, estamos envolvidos em processos sociais e culturais que, por sua vez, atuam sobre nós como destino. Não apenas somos determinados por nosso passado, mas também pelo que é possível e pelo que nos atrai no futuro. Não somente o “que é”, mas também o “que pode vir a ser” subordina-se, de muitas maneiras, a forças ordenadoras que não dependem de nosso livre arbítrio.

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No documento A Pratica Das CF Jakob Schneider (páginas 52-55)