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A construção conflitante de objetos de discurso: comentários gerais

3 CONSTRUINDO OBJETOS DE DISCURSO EM MEIO AO EMBATE DE IDEIAS:

5.3 A construção conflitante de objetos de discurso: comentários gerais

As cadeias referenciais que constroem os cinco objetos de discurso destacados indicam que os participantes em ambos os debates executam projetos de construção referencialmanifestadamente conflitantes. Isso já era esperado devido à proposta do programa

Fla-Flu em estimular a confrontação de ideias “em campo”. A escolha dos participantes em

cada programa não é a aleatória e considera o histórico e o lugar de fala de cada um deles. É o tipo de debate televiso em que, de acordo com Amossy (2017, p. 86), “os debatedores respondem-se mutuamente e são obrigados a reagir, às vezes calorosamente, às declarações do outro”.

Sendo a confrontação esperada, o que nos interessa é interpretar os dados a partir de dois pontos principais: a) como essa confrontação polarizada influencia e se manifesta na formação de cadeias referenciais nos textos, e b) a relação entre as cadeias referenciais e as noções de disputa e polarização, que envolve os diferentes atores sociais, os posicionamentos políticos-ideológicos, o ambiente em que os debates ocorrem e o perfil da audiência projetado.

Quanto ao primeiro ponto, as cadeias referenciais mostram que os participantes não se contentam em apenas se esforçar para a construção de objetos de discurso alinhados aos seus pontos de vista. É preciso também deslegitimar e desqualificar a construção do outro, visando sempre ganhar a adesão do público. É por isso que recategorizações desqualificadoras ocorrem a todo o momento e os objetos de discurso são construídos de modo conflituoso ao longo da interação. São exemplos as expressões referenciais (13) e (14), em que estratégias metadiscursivas usadas por DM visam a desqualificar o esforço de GB em construir o objeto de discurso golpe; ou as estratégias (40) e (45), em que descrições definidas operadas por GB categorizam ponte para o futuro como um retrocesso e uma irresponsabilidade, frente aos modificadores escolhidos em (34), que atribuem caráter de necessidade e importância a essas reformas. Nesses e em outros casos mostrados, observa-se que os usos de estratégias de referenciação vão além de simples casos de anáfora nominal que visam à manutenção referencial. Essa é, de fato, a posição corrente. No caso dos debates, além da manutenção

referencial, esses usos são pautados pela intenção de perpetuar e aprofundar a instabilidade e a discordância.

É por isso que, dentre os tipos de discursos polêmicos listados por Dascal (1994), essas interações se assemelham mais a disputas. Não há procedimentos visíveis para solucionar as questões postas. Pelo contrário, a cada novo turno de fala os contendentes se repelem, sem que se chegue realmente ao centro do problema para buscar alguma possibilidade de entendimento. No que diz respeito à progressão referencial dos textos, isso é visível nos casos em que as formas referenciais retomam referentes como se eles já não tivessem passado por intensas refocalizações no discurso do outro. Retoma-se, em alguns casos, a si mesmo, e essa inflexibilidade faz com que a interação, constitutivamente dialógica, não pareça sempre com um diálogo. É por essa razão que as cadeias referenciais formadas não parecem seguir uma linha: há rupturas semânticas que, caso não fossem adotados os procedimentos de identificação dos locutores, dificilmente seriam entendidas quando visualizadas nos diagramas.

Essas interações apresentam, de forma especial, um recorte discursivo de um intenso processo histórico e social de polarização da sociedade brasileira. A polarização, ao ter sua origem na própria história, incorpora todos os elementos que aprofundam o dissenso. Esses elementos inevitavelmente emergem no texto por meio dos processos de referenciação, na medida em que os interlocutores tentam, cada um à sua maneira e visando convencer a audiência, construir a sua versão pública do mundo e desconstruir a do outro. O resultado é uma interação organizada pelo conflito e pela discordância, mas que mantém intactas as condições necessárias para o seu perfeito prosseguimento. E o fato de que essa interação persiste, mesmo em meio ao conflito de ideias, corrobora a percepção de Amossy (2017) de que a polêmica está muito mais ligada a uma gestão democrática do desacordo do que a um problema a ser resolvido por meio de um consenso.

Quanto ao segundo ponto, retomamos Dascal (1994, p. 79), quando ele lembra que “todo diálogo se insere num contexto não discursivo, cujos vários aspectos têm sempre um papel mais ou menos importante no conteúdo e desenvolvimento das controvérsias”. O fato é que a interação já acontece em certos enquadramentos políticos e sócio-históricos que têm seu papel na formação das cadeias referenciais. Uma vez que textos são essencialmente produzidos em contextos sociais, os aspectos incorporados à interação também influenciam a construção textual e devem ser considerados em análises do tipo.

Os atores sociais são relevantes para uma compreensão do papel do contexto global na interação e, consequentemente, na construção da referência. Dois participantes são lideranças

de um dos maiores movimentos por moradia e direitos do trabalhador, que demanda um estado que dialogue com as classes mais baixas. O MTST se posicionou abertamente e organizou diversos atos contra o impeachment de Dilma Rousseff e contra a posse de Michel Temer. Já DM é alinhado a um think tank que divulga ideias neoliberais alinhadas à direita. Ele é também colunista de jornais que se posicionaram a favor do impeachment e das reformas, caso da Folha de S. Paulo. É na sede deste jornal que ocorria o Fla-Flu, através da mediação de um dos seus jornalistas. Também o posicionamento político-ideológico do MBL, que emerge por intermédio de AV, é alinhado ao neoliberalismo e à direita. Esses dados contextuais têm reflexo na formação das cadeias de diferentes formas, de um modo peculiar em cada um deles.

Quanto ao evento julgamento de Dilma Rousseff, em uma época em que toda a opinião pública e as pesquisas utilizavam o termo impeachment para o inevitável afastamento da então presidente, poucas recategorizações foram operadas em torno do objeto de discurso

impeachment. Como resultado, ele emergiu principalmente por meio de repetições lexicais:

são vinte e nove casos, o que mostra a estabilidade desse referente quando comparado ao outro. As únicas estratégias refocalizadoras são de autoria de GB e tentam deslegitimá-lo pelos avaliadores “inconsistente” e “sem crime de responsabilidade”. Já o objeto concorrente,

golpe, é passível de uma série de recategorizações por parte de DM e de um afastamento por

parte de FC. Isso faz com que a cadeia referencial seja mais marcada por estratégias de refocalização, com apenas sete casos de retomada por repetição lexical. Enquanto as retomadas do primeiro objeto de discurso seguem os postulados da literatura sobre as formas de referenciação, os casos de retomada por indefinido são comuns no objeto golpe e, na nossa interpretação, marcam a falta de consensualidade e a descrença em torno desse termo. As cadeias referenciais formadas ilustram e demonstram que, de fato, o segundo objeto de discurso é mais instável e menos aceito ao longo da interação.

Quanto ao segundo evento, as reformas econômicas, uma vez que não há uma categorização concorrente, há o estabelecimento de uma única cadeia referencial. Ela é, contudo, bastante instável, visto que as expressões referenciais usadas para construir o objeto de discurso focalizam aspectos contrastantes do referente. Considerando que DM e FC parecem ter visões convergentes e que a audiência projetada seja em sua maioria alinhada a essa percepção, é esperado que GB mais uma vez assuma a voz dissonante no debate, buscando construir o objeto de discurso por meio de vários avaliadores negativos. Um único caso de descrição definida usada por DM, entretanto, é suficiente para estabelecer o posicionamento mais alinhado à direita no debate. Outros aspectos da construção textual, não

considerados aqui devido ao recorte da dissertação, trariam formas ainda mais claras de demonstrar o impasse e a discordância. Risos, interrupções, mudanças de tópico e assaltos aos turnos reforçam o caráter disputado da interação.

É por isso que, quanto à categoria ação política, as cadeias referenciais mostram que a causa do conflito está na recusa de AV em aceitar as opções políticas do MTST como manifestações legítimas. É daí que surge o problema de categorização no debate. Em um primeiro momento, os tipos de atos citados por AV parecem partir de estratégias de alteração referencial ancoradas no objeto de discurso manifestações. Entretanto, essas estratégias não surgem como algo consensual: elas surgem de uma negação, de uma recusa em aceitar atos como travamentos e ocupações como tipos de manifestações tão legítimos quanto as passeatas (manifestações de rua). A partir daí, toda a construção referencial operada por AV visa isolar e desqualificar essas ações. Como resultado, instauram-se as subcategorias manifestações e

atos de violência, que são parte da categoria ação política e são também os objetos de

discurso que os participantes se esforçam em construir no debate. Todo o empreendimento de JR a partir dessa operação de AV é o de buscar desassociar os atos políticos do MTST da segunda categoria e inclui-los novamente na primeira. É por isso que ele categoriza a todos como opções de manifestação.

É necessário marcar ainda a influência do ambiente em que o debate ocorre – a Folha de S. Paulo - e da audiência projetada. Como autor social relevante, a posição da Folha é representada pelo mediador FC, que tenta estabelecer um ethos de imparcialidade. Entretanto, ao longo dos debates, seja por meio de perguntas direcionadas exclusivamente a alguns participantes ou por meio de elementos textuais e contextuais, é possível notar que o ambiente do Fla-Flu parece mais alinhado e favorável à disseminação de ideias de direita. GB e JR são, portanto, os mais distantes do alinhamento político-ideológico ali estabelecido. Não é surpresa que as cadeias referenciais mostram que são deles o maior esforço em usar as estratégias de referenciação para expor seus pontos de vista e se defender em um ambiente teoricamente inóspito aos seus posicionamentos.

Talvez por esperar um público também alinhado ao posicionamento do jornal, GB tenha optado por retomar o objeto de discurso golpe por meio de um indefinido, como se o instaurasse novamente e se esforçasse em explicar, no caso complexo visto em (03), o processo como um “impeachment sem crime de responsabilidade”. No segundo debate, a cadeia referencial levantada mostra que é de JR o maior esforço em construir o objeto de discurso manifestações, que assumiria como legítimos os diversos tipos de ação política. Já

FC se esforça mais para a construção do objeto de discurso atos de violência, que estaria diretamente ligado ao MTST.

Esses procedimentos dizem muito sobre as condições intrínsecas de relevância pragmática ao longo dos discursos polêmicos. Para Dascal (1994, p. 92), os discursos polêmicos são os que contêm a maior variedade de elementos pragmáticos: “nenhum ato de linguagem num contexto polêmico pode ser interpretado somente com base na sua semântica e na sua sintaxe”. Os usos das formas e das funções referenciais, diferindo a partir das posições de cada participante, demonstram essa percepção. Eles carregam as necessidades ad

hoc da emergência textual, enquanto trazem marcas do contexto mais global e dos campos

dentro dos quais são construídos. É uma relação complexa que, somada ao caráter conflituoso da interação e às especificidades da interação face-a-face, resulta em cadeias referenciais bastante disputadas, como as que foram mostradas aqui.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa se propôs a analisara construção interativa de objetos de discurso em debates do programa Fla-Flu. O nosso ponto de partida foi a percepção de que o formato específico desse programa poderia nos ajudar a investigar a manifestação discursiva da polarização político-ideológica do Brasil. Ao estimular o confronto público em torno de questões controversas, o programa impelia os participantes a usarem estratégias de referenciação que incorporavam e revelavam elementos da conjuntura polarizada. Por meio do levantamento das cadeias referenciais atreladas à construção de determinados objetos de discurso, pudemos separar e categorizar parte desses elementos para compreendê-los à luz dos postulados dos estudos do texto e do discurso.

Mesmo após termos concluído o percurso teórico-metodológico que possibilitou a análise desses dados, cabe ainda algumas considerações acerca da relação entre os resultados obtidos, o arcabouço teórico e as nossas impressões.

Do ponto de vista do gênero, consideramos que o Fla-Flu segue o formato do debate televisivo enquanto evento midiático que é pensado com o objetivo de fazer espetacularização. A presença de um mediador que orienta o debate, a escolha criteriosa de participantes que assumem posições opostas no espectro político e os tópicos controversos instaurados são evidências do estímulo à divergência e ao conflito para fins midiáticos. Vale acrescentar, contudo, o nosso entendimento de que as características próprias do Fla-Flu fazem com que ele seja, para além de um debate televisivo, um instrumento que visa necessariamente à exposição da polarização brasileira. Atualmente, o programa não é mais produzido pela TV Folha, pois foi criado especificamente em um ano em que a percepção de polarização estava mais acentuada13, sendo a própria polarização a sua razão de ser. Os elementos contextuais que constroem o programa, os quais envolvem o título, o subtítulo, a vinheta, as alusões e as metáforas instauradas, mostram que, mais do que um debate que pressupõe uma discussão acalorada em torno de um tema controverso, o Fla-Flu tem o papel de apreender e reproduzir o momento histórico de forte dissenso na sociedade. Assim, ele adquire um formato bastante particular, pois nem todo debate televisivo, ainda que preze pelo conflitual, está necessariamente ligado a um contexto de polarização acentuada, caso do Brasil em 2016.

Partindo dessa percepção de estímulo ao conflito e à polarização, a proposta do Fla-

Flu pode ser explicada a partir da ideia de disputa. Para Dascal (1994), há pelo menos três

13

tipos ideais de polêmica, e todos eles envolvem o embate de posições contrárias. É, contudo, na noção de disputa que os contendentes não demonstram a intenção de solucionar o problema colocado. Essa colocação indica que uma interação caracterizada como disputa vai ter como finalidade a própria apresentação de teses opostas e a contraposição de cada lado. Sem uma razão de ser que não seja a defesa das próprias teses e destruição das teses do outro visando convencer a audiência projetada, a disputa se torna uma exposição programada do conflito em torno de um tema. No Fla-Flu, assim como em qualquer debate televisivo, é esperado um embate de posições, mas o contexto notadamente dissensual em que o programa está inserido aprofunda e polariza esse embate e torna praticamente impossível imaginar alguma conciliação visando a um entendimento mútuo. Em resumo, como palco da disputa, o

Fla-Flu está lá para expor a polarização em um confronto público, não para solucioná-la ou

para apresentar um possível meio termo, e os participantes estão lá menos para convencer o interlocutor imediato e mais para ganhar a adesão do público.

É fato que já esperávamos que as características do gênero e do programa impactariam a construção textual. No que diz respeito aos processos de referenciação, a nossa hipótese era que a indução à polarização levaria ao extremo a instabilidade na construção de objetos de discurso. Uma vez que no Fla-Flu é muito baixa a probabilidade de resolução das divergências, postulamos que os participantes fariam usos das estratégias de referenciação visando direcionar a atenção para aspectos distintos de um evento,de modo a não se chegar a um consenso, tanto em termos de categorias discursivas como de categorias do mundo. Ou seja, eles conscientemente utilizariam a perspectivação para direcionar a atenção de modo a evidenciar ainda mais a instabilidade dessas categorias, buscando a adesão do público e, consequentemente, garantindo a manutenção da natureza polarizada da interação.

O resultado da análise das cadeias referenciais corroborou a nossa hipótese. Notamos que o contexto de polarização e a tendência a dicotomização nos debates são perceptíveis ao longo da progressão referencial do texto. Os diagramas mostram uma construção referencial regida pela divergência, na qual os processos referenciais operam para marcar as posições contrárias e para desqualificar as teses do outro. Todos os participantes de ambos os debates aparentam ter um projeto de dizer inicial e previsível, que envolve basicamente a defesa de um posicionamento por meio de qualificadores textuais positivos, mas as necessidades ad hoc da interação fazem com que cada um desses projetos seja adaptado de modo a manter a polarização e aprofundar ainda mais as instabilidades.

Por sua vez, quanto à relação entre esse caráter emergencial da interação e o contexto global, constatamos que todos os participantes operam categorizações coerentes com os

discursos circulantes dos atores sociais que representam. Isso só reforça o postulado de que os processos de referenciação são construídos dentro de contextos sociais mais amplos que tem um papel determinante nas escolhas dos sujeitos e na progressão referencial dos textos. Assim, a interação analisada tanto demonstra o já falado papel ad hoc das pressões pragmáticas na escolha das estratégias de referenciação quanto revela o eco dos contextos prévios incorporados aos elementos textuais. É por meio dessa intrínseca e fundamental relação entre os elementos locais e globais da interação que a polarização, tratada aqui como fenômeno social, torna-se um evento discursivo passível de ser utilizado para fins midiáticos pelo Fla-Flu.

De um modo geral, no que se refere à referenciação, a polarização que acentuou as já instáveis relações entre as categorias discursivas e o mundo se manifestou principalmente de duas formas. Na primeira, os participantes não aceitavam a construção discursiva do outro em torno de um evento: são os casos do julgamento de Dilma Rousseff e da ação política. Os participantes então adotaram estratégias de categorização que evidenciaram atributos opostos e inconciliáveis, até o rompimento que resultou em dois objetos coexistentes e concorrentes. Na segunda forma, não havendo a intenção de questionar o objeto de discurso em si, os participantes operaram estratégias de referenciação a fim de qualificar ou desqualificar diferentes aspectos do referente. É o caso do objeto Uma ponte para o futuro, construído a partir de expressões referenciais bastante diferentes que revelam a disparidade de posições no espectro político-ideológico.

Ao final, a constatação é de que, apesar dos casos em que os participantes se esforçaram para construir um objeto de discurso que concorre a outro, nenhuma das cinco cadeias mapeadas foi elaborada individualmente. Todos os participantes operaram algum esforço, em menor ou maior grau, para construir cada um dos objetos de discurso a partir dos seus posicionamentos. Esse esforço coletivo, contudo, está marcado pela divergência, e é ela que dá a impressão de “Fla-Flu” às cadeias, uma vez que cada nova expressão referencial pode operar uma categorização oposta à anterior, resultando em um movimento pendular que acentua os extremos. Partiremos dessa constatação para levantar dois pontos acerca do caráter negociado da construção de objetos e discurso.

O primeiro ponto levantado a partir dessa constatação é o fato de que ela reforça a amplamente discutida dimensão conjunta da construção da referência. Mesmo em uma interação organizada pela divergência e pela polarização, os objetos de discurso foram elaborados a partir das retomadas e da recategorização de referentes evocados por todos os participantes ao longo da emergência textual. Nesse sentido, nem mesmo o caráter conflitual

do Fla-Flu impacta a noção de interação enquanto tipo de ação conjunta que envolve uma série de acordos prévios e operações de ordem sociocognitiva (MORATO, 2017).

Já o segundo ponto levantado pela constatação anterior consiste em um questionamento concernente à noção de colaboração que é assumido como princípio da construção negociada de objetos de discurso. Mesmo tendo a análise, mais uma vez, reforçado os postulados da noção de referenciação enquanto construção coletiva ainda que diante do estímulo ao conflito, nos chamou atenção alguns aspectos da construção referencial no que diz respeito ao alto grau de discordância entre as partes. Atentamos para a falta de flexibilização nos tópicos mais controversos de cada debate, como se o programa, apesar de profundamente interativo, perdesse o formato de diálogo em certos momentos. São os casos da resistência, notada em diversos trechos, de aceitar as categorizações do outro,