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Reformas econômicas: uma ponte para o futuro ou para o passado?

3 CONSTRUINDO OBJETOS DE DISCURSO EM MEIO AO EMBATE DE IDEIAS:

4.2 Descrição do modelo de análise

5.1.2 Reformas econômicas: uma ponte para o futuro ou para o passado?

Dentre os pontos de grande discussão acerca do afastamento de Dilma Rousseff, estavam as consequências políticas, sociais e econômicas de uma mudança brusca de gestão na vida dos brasileiros. Apesar de terem sido eleitos em uma mesma chapa, na medida em que avançava o processo contra Dilma no Congresso, ficavam claras as diferenças entre os projetos políticos da presidente eleita e de seu vice. Se o PT foi criticado (inclusive, por GB) por não adotar uma agenda verdadeiramente progressista e “de esquerda” nos anos em que esteve no poder, as propostas do PMDB (na figura de Michel Temer) davam clara guinada à agenda econômica da direita, especialmente pelas reformas de cunho neoliberalista.

O conjunto de reformas – que, em sua maioria, seriam implementadas por meio de Propostas de Emendas à Constituição (PEC) – tinha, dentre os seus objetivos, reduzir e limitar os gastos públicos, alterar pontos das leis trabalhistas, reformar a Previdência Social, priorizar a iniciativa privada e investir em relações comerciais e internacionais com mercados considerados “relevantes” (Estados Unidos, União Europeia etc.), em detrimento das relações com o MERCOSUL. Essa série de propostas foi inicialmente lançada sob o nome de Uma

ponte para o futuro.

Assim como o próprio impeachment, essas reformas também foram alvo de uma forte dicotomização, que, na forma de disputa, surge neste debate. Diferentemente do caso anterior,

em que as tensões resultaram na construção de dois objetos de discurso em torno do mesmo evento do mundo, a polarização aqui resulta em uma série de recategorizações em torno do mesmo objeto de discurso a partir dos posicionamentos opostos. Essas diferentes visões resultam no esforço de GB em operar estratégias de refocalização que tentam desqualificar as reformas, contra as estratégias que constroem o referente de modo neutro ou positivo nos discursos de DM e FC.

Para a análise dessas estratégias, voltaremos ao início do debate:

ix. FC - Eu queria primeiro... Guilherme... a sua avaliação sobre esses protestos... você deu uma entrevista pro Jornal Valor Econômico dizendo que::.. haverá greve que o:::... o plano do Temer (25) - uma ponte para o futuro (26) - é um desastre e que os movimentos sociais não vão sair da rua... qual é a estratégia?

GB - Olha... primeiramente boa tarde Canzian e Demetrio... éh:: ... o que / o que tá em jogo... é que neste momento... não é só o golpe... né.... há um golpe há um impeachment sem crime de responsabilidade... éh... conduzido de uma forma política... éh... ilegítima né... por um presidente da câmara que / que é bandido... mas... tá em jogo também o pacote que vem junto com o golpe (27) né... quer dizer... o que vem junto com esse impeachment é um pacote que é a ponte pro futuro (28)... que são as falas do Moreira Franco dando entrevista por aí... que é um pacote de devassa nos direitos sociais (29)...sem precedentes na história recente desse país... né... então... se fala em reforma trabalhista (30) pra reduzir o tal do custo brasil... na verdade é reduzir o direito dos trabalhadores...o cunha já nesse mesmo ambiente anunciou retomar a votação da terceirização (31) na semana que vem...éh... se fala em:: reforma da previdência (32) que aí caia entre nós a Dilma iniciou essa história e agora o temer retoma... se fala em reduzir drasticamente o subsídio e os repasses do FGTS para programas sociais (33)... que na prática é... secar os programas sociais do país... não dá pra acreditar que isso tudo vai acontecer sem reação... vai haver reação das ruas vai haver reação dos trabalhadores e dos movimentos sociais organizados... foi isso que eu disse...

Em (25), é empregada uma estratégia de descrição definida com função catafórica que opera uma categorização sobre o objeto de discurso introduzido em (26). No caso, o referente já emerge no texto categorizado como um plano concebido por Michel Temer, político que assumiria o poder em caso de confirmação do impeachment. Após essa refocalização, o objeto é de fato ativado por meio de anáfora nominal (26). FC ainda tenta antecipar o posicionamento de GB e do movimento em que atua citando que os mesmos categorizam a proposta como um “desastre”.

Após essa ativação inicial, uma série de expressões referenciais de fato aponta para essa percepção. Em (27), há o emprego de uma descrição definida formada por um núcleo nominal e uma oração relativa com função de modificador. O núcleo nominal pacote é usado em sentido metafórico e traz uma carga valorativa levemente pejorativa para tratar das propostas essenciais do projeto, enquanto a oração relativa associa esse pacote ao

impeachment sem crime de responsabilidade anteriormente ativado. O sentido da expressão

primeira recategorização operada por GB sobre este objeto de discurso, ela mostra que o participante optou, em ambos os eventos discutidos aqui, por estratégias que marcam de imediato o seu posicionamento político-ideológico. Essas categorizações podem indicar a escolha de distanciamento imediato de GB em função do conhecimento do participante acerca da posição dos demais atores, Folha de S. Paulo e DM, além do público majoritário da TV Folha.

O termo institucional para as propostas é retomado em (28) por meio de uma anáfora nominal que, apesar de parecer uma simples repetição lexical, não apresenta traços de cossignificação, uma vez que retoma também as marcas de ilegitimidade já associadas ao referente. Em seguida, outra refocalização por descrição definida (29) retoma o referente pacote (27) com função aparente de o qualificar e definir o que seria. Essa intenção pode justificar mais um uso do indefinido para uma retomada. Há alteração do modificador, que neste caso é um adjunto nominal que imprime forte orientação argumentativa ao referente por meio da escolha lexical operada. A associação do termo devassa aos valores de impureza e depravação aponta para o dano irresponsável que seria causado aos direitos sociais.

Entre os casos (30) e (33), ocorre o emprego de uma série de relações indiretas que “esvaziam o pacote”. Cada uma das medidas citadas é inferível a partir do conhecimento compartilhado entre os participantes do debate, teoricamente cientes das propostas do projeto. A instauração de cada um dos referentes por meio dessas anáforas indiretas é seguida de uma série de predicativos que os constroem como insidiosos para o povo e, especialmente, para o trabalhador. GB tenta mostrar ao público que essas medidas vão atingir de modo profundamente negativo os direitos dos trabalhadores. De acordo com ele, a imposição dessas propostas necessita de reação, o que auxilia uma reconstrução referencial dessas propostas como ataques aos direitos/vida dos trabalhadores.

Já o trecho (x) mostra o posicionamento de DM sobre o tema:

x. DM - [(...)eu digo que SE:: Michel Temer... não jogar Eduardo Cunha ao mar e montar um governo que se apoie no esquema de Eduardo Cunha... o governo de Michel Temer será breve... eu não acho que o Temer deve temer -- com o perdão da brincadeira -- eu não acho que o Temer deve temer... os ajustes econômicos que Dilma não conseguiu fazer e que são absolutamente necessários em função de doze anos de descalabro (34) ou... de quatro cinco anos principalmente de descalabro econômico...

A expressão referencial (34) é uma descrição definida formada por um núcleo nominal e um longo modificador. O núcleo nominal retoma as propostas de reformas, refocalizando-as como ajustes econômicos, o que por si só pode ser considerado como neutro ou positivo quando comparado às escolhas feitas em (27) e (29). A valoração é claramente positiva,

contudo, nas duas orações relativas ligadas pelo aditivo que funcionam como modificadores para o referente. Na primeira, DM afirma, ao mesmo tempo, a demanda antiga pelas reformas e a incompetência da presidente para realizá-las. Na segunda, o valor de necessidade é acionado e relacionado à mesma ineficiência já mencionada. Por meio das suas escolhas, DM parece ter a intenção de orientar o sentido para um entendimento das reformas como algo necessário devido simultaneamente à falta de ação e à irresponsabilidade do governo anterior. O caso de (34) é o único em que DM usa as estratégias referenciais para expressar um posicionamento tão contundente sobre as reformas. Entretanto, isso, de modo algum, prejudica ou deixa dúvidas sobre a sua posição ao longo de todo o debate. Por sua vez, FC varia entre escolhas genéricas e retomadas com notada parcialidade. Vejamos o trecho (xi):

xi. FC - [(...) pras políticas sociais... (o MTST) vai às ruas contra reformas... éh... como a da previdência... vai às ruas contra cortes... éh...no orçamento (35)... em função do descalabro fiscal que foi feito durante esses anos... a pergunta que eu faço é... políticas de ajuste(36) -- e algumas delas tão contidas no plano do Michel Temer -- não são necessárias?

GB - Eu acho que nós não podemos confundir o remédio com a doença (37)... eu acho que muitas vezes o que vocês -- Canzian -- estabelecem como... o remédio - é parte da doença (38)...

Após duas retomadas para reintrodução tópica, ocorre em (35) uma relação indireta que transforma em objeto de discurso uma série de expressões sobre as políticas propostas em

A ponte para o futuro, rotulando-as como cortes. Se entendida como uma retomada ao

predicativo “reduzir repasses” anteriormente introduzido no cotexto (ver Apêndice I), o caso pode também ser interpretado como uma nominalização. Já em (36), ocorre uma anáfora nominal que retoma por sinonímia a escolha lexical de DM e que, assim como no caso anterior, ajuda a construir de modo suavizado as medidas. A pergunta de FC feita a GB também inclui a retomada de parte da expressão referencial (34) com valor de verdade e, neste caso, demonstra a opinião da Folha de que, de fato, houve um descalabro fiscal ao longo dos governos do PT.

Nos casos (37) e (38), há o emprego de duas expressões definidas que operam uma recategorização metafórica na resposta de GB a FC. As políticas não seriam o remédio como sugere a pergunta (se as políticas não seriam necessárias frente ao descalabro fiscal), mas parte de uma doença. Este é mais uma categorização com valor axiológico negativo escolhido por GB para a construção desse objeto de discurso.

Comparemos agora os trechos (xii) e (xiii) com o trecho (xiv):

xii. GB – (...) a opção do governo Dilma - após ganhar as eleições - de adotar o programa derrotado nas urnas... o programa da austeridade o programa do ajuste fiscal... o proGRAma que levou o mundo ao abismo em dois mil e oito(39) e que agora todo mundo esquece e retorna sorridente achando que é a maior novidade do

mundo... né... de adotar esse programa... isto ACElerou o problema recessivo do país...

xiii. GB – (...) então essa política é uma política inconsequente...essa política de ajuste fiscal que levo::u ao aumento da recessão e que o Temer quer aprofundar e acelerar (40)... é uma política inconsequente de austericídio (41)... né... a saída pra crise poderia ter sido com... ampliação dos investimentos públicos... ampliação dos investimentos sociais... quem pagaria a conta? né... quem tem que pagar a conta é o andar de cima...

xiv. DM - [(...) a Ponte para o Futuro de Temer (42)... ele se baseia... a gente pode discutir longamente ele... mas ele se baseia numa ideia aritmética que a esquerda tem dificuldade pra entender... o país tem que viver dentro do seu orçamento...

Os dois primeiros trechos mostram a recorrência ao uso de estratégias que mantém a continuidade referencial e tópica do texto por meio de uma série de recategorizações com conotação negativa. Em (39), há um caso complexo em que a sequência de descrições definidas a princípio não parece retomar o objeto de discurso Uma ponte para o futuro, visto que há uma dependência em relação à expressão referencial anterior (a opção do governo

Dilma). Ainda assim, na continuidade do debate, o emprego de uma nova descrição definida

(40) sugere que ambas as expressões referenciais se relacionam ao mesmo evento do mundo. Há o entendimento de que Dilma (em seu segundo mandato) e Temer adotaram o mesmo programa, mas que, como mostra a segunda oração relativa em (40), a sutil diferença entre esses dois referentes (que categorizam a mesma política) é que o programa adotado por Temer é uma versão piorada do que já estava sendo feito.

As expressões definidas em ambos os casos apontam para um programa impopular (derrotado nas urnas), austero e historicamente fracassado, o que é inferível a partir dos modificadores que auxiliam na construção da noção de políticas de ajuste fiscal como responsáveis pela crise econômica mundial de 2008. Não por coincidência, o referente é ainda categorizado na descrição definida (41) por meio do adjetivo modificador inconsequente e pelo adjunto austericídio. O uso do indefinido, no caso de (41), parece se dar pela tentativa de sumarizar a série de refocalizações feitas até então. Apesar de se tratar de uma retomada, é também a rotulação de uma referência a uma prática política desastrosa praticada globalmente, sendo o evento A ponte para o futuro apenas uma manifestação mais local dessa prática.

Em contraste com esse tipo de categorização, mais explicitamente axiológica, há o emprego de uma descrição definida em (42). A neutralidade da expressão utilizada por DM, que não se trata de uma simples repetição lexical apenas pelo uso do adjunto modificador (que

dá uma autoria ao programa), nesse caso representa uma adesão positiva às propostas, especialmente na oposição feita às expressões referenciais anteriores. Essa adesão é comprovada pela progressão textual, e coloca mais uma vez as estratégias de referenciação como locus eficaz para a visualização das discordâncias e da falta de interesse em buscar acordos ou entendimentos, típico das disputas polêmicas. Apesar da polidez na conversação, na qual se respeitam os limites democráticos do gênero, não há uma intenção de colaborar para a construção referencial que exceda as regras e os princípios necessários para a continuidade da interação.

Por fim, mostraremos os seguintes trechos:

xv. GB - [eu sei eu concordo com voCÊ... agora a diferença deste pra uma política anterior e a política que você está defendendo que volte (43) é que só vai ser "bolsa empresário" e não vai ter nada do lado de CÁ... essa é a diferença...

xvi. GB – (...) quando eu tô falando aqui reclamando de corte de subsídio é porque programa social não funciona sem subsídio... né... agora com todas as contradições que esses programas tem... a ponte para o futuro... a política econômica puramente liberal que o Demétrio tá defendendo (44)... a política aqui...

xvii. GB - [isso é evidente... isso é evidente... a questão é... a questão é... como se faz a distribuição do orçamento... a ponte para o futuro propõe... a ponte para o passado(45) melhor dizendo... propõe que... se ajuste as contas pra caber no orçamento acabando com programas sociais... cortando direitos sociais...

Entre (xv) e (xvii), há mais recategorizações de GB que imprimem forte orientação argumentativa na construção deste objeto de discurso e dos sentidos do texto. Em (43) e em (44), duas expressões definidas não direcionam a atenção apenas para atributos internos do referente, mas para o posicionamento político de DM. Considerando o (co)ntexto, ambos os casos podem ser entendidos dentro de uma estratégia de desqualificação do adversário (AMOSSY, 2017), uma vez que DM é associado, em (44), a uma política neoliberal já textualmente construída como prejudicial e nefasta. Lembremos os dois campos político- ideológicos que travam a disputa nesse debate: GB é oriundo de um movimento abertamente de esquerda que luta por moradia digna e entende que é dever do estado fornecer subsídios para a qualidade de vida do trabalhador urbano; já DM colabora para um think tank que dissemina ideias e políticas econômicas neoliberais. Considerando ambos os contextos – global e local –como essenciais para uma análise ampla da interação, entendemos que um grupo tem o outro como inimigo no campo de polarização social e que a emergência da construção textual-interativa pode colaborar para a acentuação dessa animosidade. Ao associar, por meio de estratégias de referenciação, o objeto de discurso ao outro participante, GB o responsabiliza pelas consequências do retorno dessa política. Faz ainda uma diferença

entre a política de Dilma Rousseff, já criticada, e uma versão piorada e desenfreada dessa política.

Por fim, há o emprego da expressão referencial (45), na qual uma anáfora nominal altera toda a qualificação do evento por meio de um valorativo que expressa o sentido oposto ao original. Parece ser um caso de paráfrase que recategoriza profundamente o referente, ao atribuir a ele o valor de retrocesso e declínio. Uma visão oposta à que foi construída por DM e FC e que visa mostrar ao público que, apesar do termo que indica progresso e avanço, o programa na verdade representa retrocesso e perda de direitos já conquistados.

O diagrama a seguir mostra o levantamento da cadeia referencial concernente ao evento Pacote de ajustes fiscais/reformas econômicas. Diferentemente do caso anterior, a disputa não resulta na construção de dois objetos de discurso, mas em um mesmo objeto

construído a partir de dois extremos. As legendas sobre as estratégias de referenciação podem ser encontradas no capítulo metodológico do trabalho:

Fonte: Elaborado pelo autor. Legenda: GB (vermelho); DM (azul); FC (amarelo).

Como é possível ver a partir do diagrama, permanece o desacordo entre os participantes do debate. A disputa se dá principalmente pela manipulação da atenção para determinados aspectos do referente a partir dos polos do espectro político. O levantamento das cadeias referenciais aponta para as seguintes interpretações:

GB é o que mais se engaja na construção – negativa e contrária – do objeto de discurso

ponte para o futuro. Isso não é surpreende, pois, também neste caso, GB é o participante com

a voz mais dissonante dentre os atores do debate. Dentre as estratégias usadas por ele, se destacam as descrições definidas, cujos modificadores atribuem valor fortemente negativo aos aspectos desse projeto. Em um desses casos, GB focaliza a relação entre A ponte para o

futuro e o golpe (“o pacote que vem junto com o golpe”) para construir ambos como nocivos

e austeros. GB também categoriza esse objeto de discurso como parte de um conjunto de

políticas neoliberais que teria dado resultados negativos ao longo dos últimos anos e que

também havia sido adotado por Dilma em seu segundo mandato. Em seu projeto de dizer, ele busca associar o neoliberalismo à perda de direitos dos trabalhadores, que seria acentuada pela aprovação do programa. No total, são nove casos de expressões referenciais com valoração negativa contra cinco retomadas por repetição lexical, o que mostra o esforço em desqualificar e de mostrar ao público os possíveis impactos negativos da proposta.

As intervenções de FC e DM, por sua vez, seguem caminho oposto. Tentando construir um ethos de imparcialidade da Folha, FC utiliza expressões neutras, introduzindo o objeto de discurso e retomando-o por repetição lexical em dois casos. Entretanto, ele adere às opções lexicais de DM (“políticas de ajuste”) e afirma ter feito o governo Dilma um descalabro com as contas públicas. Ambos os casos podem ser entendidos como sinais de concordância ao outro participante. DM, por sua vez, retoma o objeto de discurso uma única vez por meio de repetição lexical e duas vezes por meio de descrição definida. Entretanto, em um desses casos, ele torna evidente a sua opinião de que são reformas “absolutamente necessárias” devido aos erros dos governos petistas. Assim, em um ambiente que parece ser mais alinhado aos seus posicionamentos, ele não parece precisar se esforçar para atribuir valores positivos ao projeto.

Reiteramos as conclusões parciais de que a construção do objeto de discurso é causa de grandes discordâncias. Ainda que a disputa não resulte na construção de dois objetos de

discurso concorrentes, o evento de mundo é passível de uma série de expressões referenciais que focalizam aspectos positivos ou negativos a partir dos lados polarizados. Não há também qualquer tentativa de se diminuírem as diferenças, e nenhum acordo ou resolução próxima é esperado a partir dessa interação.