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A controvérsia sobre os OGMs: fatos e interpretações

1.3 O PROBLEMA DO RISCO NA MODERNIDADE

1.3.5 A controvérsia sobre os OGMs: fatos e interpretações

O debate internacional sobre os OGMs está ligado aos impactos sobre a percepção pública da ciência causados pelos eventos relacionados à BSE. Após esses fatos, houve uma ampliação da problematização a respeito dos limites de um modelo de ciência que se limita a comunicar riscos aos atores sociais. As conseqüências do problema da BSE levaram a questionamentos sobre a extensão em que o processo de definição dos conteúdos da pesquisa científica é orientado pela potencialidade de risco que nela pode estar contida.

O debate sobre OGMs envolve os mais diversos atores com diferentes pressupostos e posições a favor e contra sua pesquisa, comercialização e utilização de transgênicos.62 Para Guivant (2004, p. 1), “novos desenvolvimentos da ciência e da tecnologia, especialmente na área de biotecnologia, têm colocado novos desafios referentes a como deve ser o processo decisório sobre políticas de ciência e tecnologia envolvendo incertezas [grifo nosso].”. Como conseqüência desses desenvolvimentos gerou-se conflitos entre atores com visões de mundo diferenciadas sobre a segurança dos produtos transgênicos. Isso sugeriu que a participação de atores externos à esfera da ciência pode estar situada em etapas mais próximas ao início do trabalho científico.

Nesse contexto, dois estudos realizados na Inglaterra, conduzidos por pesquisadores da Universidade de Lancaster, devem ser destacados. Um é “Uncertain world: genetically modified organisms, food and public attitudes in Britain” (1997), de Grove-White, Macnaghten, Mayer e Wynne, e o outro “Wising up: the public and new technologies” (2000), de Grove-White, Macnaghten e Wynne. Ambos os trabalhos enfatizam a necessidade de uma reavaliação do processo pelo qual os indivíduos, na condição de afetados pelas inovações resultantes do conhecimento científico, são comunicados dos riscos inerentes a elas, o que põe

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Utilizamos OGMs e transgênicos como sinônimos. Resumidamente, são organismos que tiveram seu DNA alterado devido à transferência de material genético de outro organismo.

na ordem do dia o tema da participação pública na ciência e da relação entre leigos e sistema perito.

Outra contribuição relevante na literatura internacional que trata dos OGMs provém de um estudo intitulado “The politics of GM food: risk, science and public trust”, realizado na Grã-Bretanha pelo Programa de Mudança Ambiental Global da ESRC.63 Segundo o relatório, uma melhor ciência é necessária, porém não suficiente para superar a desconfiança do público em relação aos produtos transgênicos. Os governos devem melhorar as formas de tomar decisão sobre novas tecnologias quando seus efeitos de longo prazo são desconhecidos, através de tentativas para ampliar a participação pública na produção dessas decisões.

Dentre os estudos feitos em vários países sobre os riscos dos OGMs à saúde humana e ao meio ambiente, analisaremos alguns deles, tendo em vista sua importância e notoriedade. O primeiro foi conduzido por Arpad Pusztai, pesquisador do Rowett Research Institute, Escócia. Em 1998 ele divulgou pela imprensa, antes de publicar em revista científica, resultados de um estudo, mostrando que ratos que haviam consumido batatas geneticamente modificadas apresentavam danos no sistema imunológico, má formação do cérebro, fígado e rins. A pesquisa foi criticada, e sua punição foi draconiana. O estudo foi interrompido, sua equipe de trabalho debandou, e seus dados foram confiscados. A Royal Society constituiu um grupo para avaliar os resultados do estudo, e a conclusão apontou a inexistência de evidência convincente de efeitos adversos à saúde derivados do consumo de batatas geneticamente modificadas. A equipe também afirmou que foram encontradas falhas em muitos aspectos do design, execução e análise, tornando cientificamente inválida qualquer conclusão obtida através do estudo. Pusztai afirmou que havia mais dados, além daqueles incluídos na revisão de seu trabalho, mas ele não mostrou quais eram.

The panel says that the slight differences that Pusztai claimed to have detected between rats fed predominantly on GM and non-GM potatoes could not be interpreted, because of the technical limitations of the experiment and incorrect use of statistical tests. The panel also points out that, even if the experiment had been done skillfully, it would not be justifiable to draw conclusions about whether GM foods generally are harmful to human beings. “Each GM food must be assessed individually,” says the report. Problems with the Pusztai data include a relative lack of information on how the GM and control diets differed in detailed composition. The GM potatoes used contained almost 20 per cent less protein than unmodified potatoes, and rats in the long-term feeding study were given additional protein to avoid starvation. The Royal Society panel suggests that the observed effects could have been caused by the supplementary diet being inadequate or incomplete.

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Its report says that Pusztai’s work attempted to cover too much ground with the information available. The society says its review of internal Rowett institute documents was “entirely appropriate” given that these are now in the public domain (LODER, 1999, p. 188).64

O caso adquiriu notoriedade pela importância das conclusões e pelo envolvimento da Royal Society, com toda sua representatividade científica desqualificando os resultados. O trabalho de Pusztai foi mais um ingrediente na controvérsia sobre os riscos dos OGMs para a saúde humana e o meio ambiente, fornecendo subsídios para os grupos contrários à liberação de produtos geneticamente modificados. É nesse sentido que deve ser compreendido, como parte de uma controvérsia.

Na mesma perspectiva, outro estudo causou impacto na comunidade científica internacional. Em um ensaio de laboratório observou-se que larvas da borboleta monarca, alimentadas com pólen de milho transformado com material genético da bactéria Bacillus thuringiensis (Bt), apresentaram crescimento mais lento e taxa de mortalidade mais elevada do que larvas não alimentadas com material transformado geneticamente. (LOSER; RAYOR; CARTER, 1999, p. 214).

Em uma pesquisa realizada no Reino Unido foi demonstrado que houve transferência de genes de uma planta geneticamente modificada para uma erva daninha, tornando-a igualmente resistente ao herbicida criado para eliminá-la, pois adquiriu as características da planta modificada geneticamente para resistir a esse herbicida.65

Os dois trabalhos abordam uma questão importante quando se lida com transgênicos, o problema da polinização. O pólen da planta geneticamente modificada carrega consigo as características do DNA modificado e, como o estudo mostrou, causa alteração em outras plantas que não eram alvo da modificação genética, levando a alterações não projetadas

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“O painel diz que as ligeiras diferenças que Pusztai afirmou ter detectado entre os ratos alimentados predominantemente com batatas GM e não-GM não poderiam ser interpretadas, por causa das limitações técnicas do experimento e do uso incorreto de testes estatísticos. O painel indica também que, mesmo se a experiência tivesse sido feita habilidosamente, não seria justificável extrair conclusões sobre se os alimentos GM geralmente são prejudiciais aos seres humanos. "Cada alimento GM deve ser avaliado individualmente," diz o relatório. Os problemas com os dados de Pusztai incluem uma falta relativa de informação sobre como as dietas GM e de controle diferiram na composição detalhada. As batatas GM usadas contêm quase 20 por cento a menos de proteína do que batatas não modificadas, e aos ratos no estudo alimentados por um longo período foi dado proteína adicional para evitar a fome. O painel da Sociedade Real sugere que os efeitos observados poderiam ter sido causados pela dieta suplementar que está inadequada ou incompleta. Seu relatório diz que o trabalho de Pusztai tentou ir além do que podia com a informação disponível. A sociedade diz que sua revisão dos documentos internos do instituto Rowett foi ‘inteiramente apropriada’ dado que estes são agora de domínio público.”

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Disponível em: www.genewatch.org/CropsAndFood/Charlock%20fses%20epg_1-5-151.pdf Acesso em: 07 ago. 2005.

no meio ambiente. Uma das dificuldades de controle reside no fato de como evitar que o vento ou as abelhas carreguem o pólen.

Em meados de 2005 foram divulgados os resultados de um estudo realizado pela empresa Monsanto, e mantidos em segredo, mostrando que ratos alimentados com milho alterado geneticamente apresentaram rins menores e variações na composição de seu sangue. Segundo o relatório, os problemas de saúde não apareceram em outro conjunto de roedores, alimentados com produtos não-modificados. (LEAN, 2005).66 De acordo com os grupos contrários à liberação de OGMs, os resultados da pesquisa confirmam as conclusões da investigação de Pusztai, reforçando a sua posição no debate com os defensores da liberação de transgênicos, pois as conclusões são muito similares. Se levarmos em conta, entretanto, as observações do grupo criado pela Royal Society para avaliar o trabalho de Pusztai, reforça-se a idéia de que o debate sobre os riscos dos OGMs à saúde humana e o meio ambiente, na verdade, é caracterizado pela controvérsia entre grupos pró e contra a imediata liberação, ambos fundamentados na ciência.

Outro evento que adquiriu notoriedade e causou preocupação de vários segmentos da sociedade (NATURE, 2005, p. 807) foi a descoberta de que uma variedade de sementes da empresa de biotecnologia Syngenta, possuía genes que causam resistência à ampcilina. A porta-voz da firma, Sarah Hull, declarou que esse gene não era ativo em plantas que haviam crescido a partir daquelas sementes. Segundo os críticos, trata-se de um escândalo o fato de que nem a empresa nem a agência de proteção ambiental nos Estados Unidos tenham comunicado a presença do gene. De acordo com Hull, a companhia não fez menção da presença porque “it wasn’t relevant to the health and safety discussion. (...) They’ve been studied extensively, and they pose no risk to humans or animals.”67 Michael Rodemeyer, diretor do “The Pew Initiative on Food and Biotechnology”, um think-tank situado Washington DC, afirma que a presença de tais genes dificilmente faria com que essa planta fosse vista como insegura nos Estados Unidos, mas acrescenta que ela poderia causar problemas na Europa. A agência de proteção ambiental dos Estados Unidos afirmou que a empresa comunicou que o gene era parte de uma investigação em andamento. Segundo Margaret Mellon, líder de um programa para alimentos e meio ambiente na Union of Concerned Scientists, de Washington DC, referindo-se à Syngenta a às agências

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Disponível em: http://agenciact.mct.gov.br/index.php/content/view/25989.html Acesso em: 23 mai. 2005.

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“Isso não era relevante para a discussão da saúde e da segurança. (...) Eles estudaram extensivamente e disseram não haver riscos para humanos ou animais.”

governamentais, “there are lots and lots of unanswered questions,and the longer they remain,the less confidence people are going to have in the technology and in the regulatory system.”(MACILWAIN, 2005, p. 548).68

No que se refere à questão dos riscos dos OGMs para a saúde humana, a OMS69 publicou trabalho no qual afirma que não há evidência científica suficiente para afirmar que os transgênicos sejam uma das causas.

los alimentos GM actualmente comercializados en el mercado internacional han superado las evaluaciones de riesgos en diversos países y no es probable que presenten riesgos para la salud humana, ni se ha demostrado que lo hagan (OMS, 2005, p. iii).70

Em 2000 o “US National Research Council” (NRC), braço da National Academy of Sciences, divulgou estudo afirmando que não havia evidência de que alimentos geneticamente modificados para resistir a pestes apresentavam riscos especiais à saúde humana e ao meio ambiente. Em outras palavras, OGMs e não OGMs implicam os mesmos riscos. Apesar disso, o estudo recomendava que as agências governamentais intensificassem a regulamentação de alimentos geneticamente modificados. Como exemplo, a Environmental Protection Agency (EPA), dos EUA, deveria reconsiderar duas exceções que excluíam algumas proteínas e genes de plantas sexualmente relacionadas das regulações que a agência impôs sobre plantas geneticamente modificadas resistentes a pestes. “Although the committee believes that generally the system is working well, we have identified needed improvements,” afirmou Perry Adkisson, presidente do grupo criado pela NRC. (MACILWAIN, 2000, p. 693)71

As conclusões do trabalho foram criticadas pelos grupos contrários à liberação de OGMs, afirmando que o estudo era tendencioso, baseando-se no argumento do conflito de interesses, visto que parte dos integrantes do grupo de peritos possuía fortes ligações com a indústria de biotecnologia. Segundo Andrew Kimbrell, diretor do Centro para Segurança Alimentar, sediado em Washington,

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“Existem muitas questões não respondidas, e quanto mais elas permanecem assim, menos confiança as pessoas têm na tecnologia e no sistema regulatório.”

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Organização Mundial da Saúde.

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“Os alimentos GM atualmente comercializados no Mercado internacional superaram as avaliações de riscos em diversos países e não é provável que apresentem riscos para a saúde humana, nem foi demonstrado que os tenham”

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“Embora o comitê acredite que geralmente o sistema trabalha bem, nós identificamos a necessidade de melhorias.”

the [academy] should hold the highest standards of independent scientific reporting, but this study absolutely does not meet those standards (...) The blatant conflicts of interest with the biotech industry put this study in the category of ‘paid-for science’ (MACILWAIN, 2000, p. 693).72

Oito dos 12 membros do grupo receberam subvenções da indústria. De acordo com ele, “the academy allows itself to take outside money from corporations (…) its panels are biased towards a corporate stance.” (MACILWAIN, 2000, p. 693).73 Um porta-voz da Academia Nacional de Ciências negou que as contribuições tinham qualquer impacto sobre a composição da equipe ou seus resultados. Outro integrante do grupo contrário à liberação, Dennis Kucinich, afirmou que seis dos membros da equipe nomeada pela NRC receberam fundos para pesquisa da indústria de biotecnologia ou haviam dado consultoria ou realizado legalmente trabalho em nome das empresas. Um dos integrantes, Fred Gould, segundo Kucinich, recebeu financiamento de pesquisa da Monsanto e da Mycogen. Gould alega que ele também recebe dinheiro da Union of Concerned Scientists e de um grupo conservacionista, a Audubon Society. (MACILWAIN, 2000, p. 693).O caso se assemelha ao da BSE devido à relação estreita entre cientistas e organizações não científicas. Nessa última situação a proximidade é entre pesquisadores e empresas de biotecnologia. No caso da BSE foi confirmada a submissão dos peritos aos interesses políticos e econômicos que nortearam as decisões dos funcionários do MAFF, levando a prática dos cientistas para um lugar distante daquele preconizado pelo discurso da objetividade da ciência. Resta saber se o mesmo ocorreu ou não na elaboração do estudo do NRC.

Estudo semelhante àquele feito no Reino Unido para avaliar o impacto da transgenia sobre populações não-alvo foi conduzido no México e publicado em 2001 por Quist e Chapela (2001). As conclusões apontaram para a constatação da presença de construções de DNA transgênico em espécies nativas de milho que crescem nas montanhas remotas de Oaxaca, parte do centro Mesoamericano de origem e diversificação desta planta. O trabalho foi criticado e mereceu uma correção de seus autores, notadamente quanto aos procedimentos técnicos.

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“A (academia) deveria manter os mais altos padrões dos relatórios científicos independentes, mas este estudo, em absoluto, se encontra naqueles padrões. (...) Os flagrantes conflitos de interesses com a indústria de biotecnologia coloca este estudo na categoria de pago para a ciência’.”

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“A academia permite-se conseguir dinheiro de corporações. (...) Seus painéis apresentam um viés pró- posição das corporações.”

Our original publication contained two separate conclusions derived from two methodological approaches. First, using PCR, we detected the presence of three distinct transgenic DNA sequences in maize landraces in Oaxaca, Mexico1. Second, we attempted to establish the genomic context of transgene insertion using i-PCR. The criticisms raised by Metz and Fütterer and by Kaplinsky et al. relate principally to our second statement. (...) By using standardized mixtures of transgenic and non-transgenic maize, dot-blot hybridization suggests a ratio of transgenic to non-transgenic kernels in criollo cobs of the order of 1:100, as we had previously suggested1 and as was confirmed by Mexican government studies1. This DNA-hybridization study confirms our original detection of transgenic DNA integrated into the genomes of local landraces in Oaxaca (QUIST; CHAPELA, 2002, p. 602).74

Outra pesquisa, entretanto, afirma que não foi detectada a presença de transgenes construídos industrialmente.

We sampled maize seeds from 870 plants in 125 fields and 18 localities in the state of Oaxaca during 2003 and 2004.Wethen screened 153,746 sampled seeds for the presence of two transgene elements from the 35S promoter of the cauliflower mosaic virus and the nopaline synthase gene (nopaline synthase terminator) from Agrobacterium tumefaciens. One or both of these transgene elements are present in all transgenic commercial varieties of maize. No transgenic sequences were detected with highly sensitive PCR-based markers, appropriate positive and negative controls, and duplicate samples for DNA extraction. We conclude that transgenic maize seeds were absent or extremely rare in the sampled fields (ORTIZ-GARCÍA, 2005, p. 1). 75

Apesar disso, os autores são cautelosos: “evidence that transgenes are rare or absent in the sampled area should not be extrapolated to other regions of Mexico without quantitative data, nor is the current situation likely to remain static.” (ORTIZ-GARCÍA, 2005, p. 5).76

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“Nossa publicação original continha duas conclusões separadas derivadas de duas aproximações metodológicas. Primeiramente, usando PCR, nós detectamos a presença de três seqüências transgenicas distintas do DNA em milho landraces em Oaxaca, Mexico. Segundo, nós tentamos estabelecer o contexto genômico da inserção do transgene usando i-PCR. As criticas levantadas por Metz e Fütterer e por Kaplinsky et al. relacionan- se principalmente a nossa segunda indicação. (...) Usando misturas padronizadas do milho transgênico e não transgênico, a hibridização sugere uma razão do transgênico em relação às sementes não transgênicas das espigas criolas da ordem de 1:100, como nós tinhamos previamente sugerido e como foi confirmado por estudos do governo Mexicano. O estudo da hibridização do DNA confirma nossa detecção original do DNA transgênico integrada dentro dos genomas de landraces locais em Oaxaca.”

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“Nós provamos sementes de milho de 870 plantas em 125 campos e 18 localidades no estado de Oaxaca durante 2003 e 2004. Wethen selecionou 153.746 sementes como amostra para a presença de dois elementos do transgene apartir do promotor 35S do vírus mosaico da couve-flor e do gene nopaline sintase (terminal do nopaline sintase) do Agrobacterium tumefaciens. Um ou ambos destes elementos do transgene são apresentados em todas as variedades comerciais de milho transgênico. Nenhuma seqüência transgênica foi detectada com os marcadores altamente sensíveis de PCR-based, controles positivos e negativos apropriados, e amostras duplicadas para a extração do DNA. Nós concluímos que as sementes transgênicas do milho eram ausentes ou extremamente raras nos campos de amostragem.”

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“Evidência que trangenes são raros ou ausentes nas áreas de amostra não deveriam ser extrapoladas para regiões do México sem dados quantitativos, nem a atual situação provavelmente permanecerá estática.”

O debate em torno dos OGMs é marcado pela divergência de dados a respeito dos seus riscos à saúde humana e ao meio ambiente. Existe, entretanto, uma controvérsia sobre o tema surgida desde o momento em que a transferência de DNA se tornou uma atividade controlada pelas indústrias de biotecnologia e utilizada e larga escala, como é o caso da soja, notadamente a variedade Roundup Ready (RR), da Monsanto. De tempos em tempos somos surpreendidos por notícias a respeito da transgenia. Pode ser um rato com orelhas desproporcionais ou porcos fosforescentes. Chegamos a um ponto de desenvolvimento de capacidades técnicas e científicas em que o cardápio é variado e servido à la carte.

A combinação entre o horizonte de eventos traduzidos em inovações e a divergência entre os dados quanto aos seus efeitos sobre o homem e a natureza estimulou o surgimento de grupos e movimentos sociais contrários à imediata liberação comercial de produtos geneticamente modificados pelas agências reguladoras. Do outro lado há a fusão dos interesses de parte da comunidade científica e das empresas que trabalham com o desenvolvimento de produtos transgênicos, pois tanto os pesquisadores como as indústrias estão interessadas na imediata autorização da atividade de transferência genética, a princípio por razões diferentes. De um lado os cientistas aspiram desenvolver pesquisas nessa área, de