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1.3 O PROBLEMA DO RISCO NA MODERNIDADE

1.3.4 BSE: um caso exemplar

Os primeiros casos de BSE (Bovine Spongiform Encephalopathy) foram oficialmente reconhecidos em 1986, cujas características patológicas se parecem muito com uma encefalopatia espongiforme transmissível que é endêmica entre a população de ovelhas no Reino Unido. As encefalopatias transmissíveis são um grupo de doenças sempre fatais

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“Supondo que isso é típico de algumas fazendas dentro do Reino Unido (UK) e de uso de taxas de declínio a longo prazo por nós estimadas, pode ser que seja necessário manter as restrições em algumas fazendas por até 30 anos após o acidente de Chernobyl, o que é mais de 100 vezes do que se esperava inicialmente. Em algumas áreas da antiga União Soviética, o consumo de bagas da floresta, fungos e peixes (índice atual do Cs, 10-100 kBq quilograma), que contribuem significativamente à exposição de pessoas a radiação, será necessário ser restringido por pelo menos mais 50 anos.”

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“Nós acreditamos que é muito cedo para avaliar os impactos totais da exposição de radionuclide sobre a saúde humana ou das populações de plantas e animais. Particularmente, nós não sabemos todas as conseqüências possíveis da acumulação multigeracional de defeitos genéticos. Assim, com a aproximação do vigésimo aniversario do desastre de Chernobyl, devemos ser mais sensíveis às implicações a longo prazo, mais do que ficar sugerindo que a costa esteja desobstruída para o desenvolver novamente as zonas contaminadas. (...) Dado o longo período da latência para muitas doenças e o interesse crescente em rejuvenescer a indústria do poder nuclear, é imperativo que os estudos das populações afetadas continuem.”

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muito pouco tratado e compreendido que afeta humanos e animais. Sua variante humana é mais conhecida como CJD (Creutzfeldt-Jacob Disease).

Os cientistas do Ministério da Agricultura, Alimentação e Assuntos Rurais (MAFF) no Reino Unido suspeitavam que a BSE se originasse de ovelhas com scrapie49 e que havia sido transmitida através de alimento contaminado. Restos de ovelha, gado e outros animais eram rotineiramente incorporados na alimentação animal. Rapidamente, o alimento contaminado foi confirmado como o principal vetor da doença. Não ficou claro, entretanto, se a BSE derivava de fato do scrapie, ou de uma forma espontânea de encefalopatia espongiforme transmissível entre o gado, ou então de outra fonte.50 Ocorre que as dúvidas não paravam por aí. Não havia evidência de que comer carne de ovelha infectada com scrapie causasse CJD. O governo não estava certo de que o agente causador da BSE houvesse de fato derivado do scrapie e, além disso, mesmo se o scrapie patógeno tivesse infectado o gado, o governo não poderia afirmar com certeza que a BSE, por conseguinte, teria as mesmas características de transmissão que o scrapie. As evidências experimentais indicavam não ser possível predizer o que a variação de uma dada cepa de scrapie poderia se tornar, uma vez que havia infectado outras espécies. Mesmo assumindo que fosse patogênico para os humanos, o risco não era quantificável a ponto de se chegar a um parâmetro que estabelecesse um nível abaixo do qual pudesse ser ignorado. Assim que os primeiros casos de BSE foram diagnosticados, os altos funcionários do MAFF perceberam que a BSE apresentava possibilidade de risco para a saúde humana. Segundo o sub-secretrário do ministério,

we do not know whether (BSE) can be passed to humans....There is no evidence that people can be infected, but we cannot say there is no risk…we have to face up the

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“A scrapie é uma doença neurodegenerativa que faz parte do grupo das encefalopatias espongiformes transmissíveis, também conhecidas por doenças priônicas. Estas escefalopatias são causadas pelo acúmulo de uma proteína, a PrPsc, que se origina a partir de uma alteração estrutural após a tradução de uma proteína do hospedeiro, a PrPc. As causas da scrapie podem ser classificadas como sendo de origem genética, iatrogênica ou infecciosa, ou ainda esporádica.” (Grifo do original) Disponível em: http://www.zootecnia.ufc.br/dissertacao2002r.htm Acesso em: 10 jun. 2005.

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Estudo feito por cientistas britânicos sugere que material importado do sul da Ásia nos anos 1960 e 1970 com o objetivo de fabricar ração animal e fertilizante continha ossos e cartilagens humanas. De acordo com uma teoria controversa, os primeiros casos de BSE podem ter sido causados por ração animal contaminada por restos mortais humanos. Se eles estavam infectados por prions (um tipo de proteína) de doenças como CJD podem ter sido a causa da BSE. Alguns especialistas, entretanto, lançam dúvidas quanto a essa teoria. Seus autores admitem que suas provas são inconclusivas, mas argumentam que a teoria é suficiente para orientar uma investigação mais profunda do tema. Disponível em: http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=31132 Acesso em: 11 nov. 2005.

possibility that the disease could cross another species gap (BSE INQUIRY apud ZWANENBERG; MILLSTONE, 2002, p. 171).51 (Grifo do original)

Quando a epidemia rapidamente começou sua escalada no Reino Unido, o governo decidiu não tomar nenhuma medida regulatória, ao mesmo tempo em que restringiu a disseminação de qualquer informação sobre a doença. Como o Relatório Phillips, intitulado “The BSE Inquiry Report: The Inquiry into BSE and Variant CJD in the United Kingdon”52

concluiu, instalou-se uma política de confidencialidade. Segundo um funcionário do MAFF, em depoimento ao grupo que elaborava o relatório, havia a preocupação de não gerar pânico, evitar que a população em geral imaginasse que se sabia algo que ela não sabia. A maioria da comunidade científica, médicos, altos funcionários e ministros de outros departamentos governamentais não sabiam nada sobre a BSE até o início de 1988. A partir de Fevereiro de 1988, com a mídia dando mais atenção à nova doença do gado, altos funcionário do MAFF recomendaram aos seus ministros o abate e a política de compensação para o gado clinicamente doente e que estava sendo vendido como alimento para consumo humano. O ministro da agricultura rejeitou, por duas razões: não se sabia de onde viria o dinheiro para as compensações dos criadores, e a medida para conter a doença iria piorar a posição do país como exportador de carne, ao invés de melhorar.

A situação começou a mudar a partir de Março de 1988, com a adoção de medidas regulatórias, 17 meses após o MAFF ter sido pela primeira vez alertado sobre a BSE. O gado clinicamente afetado seria retirado da cadeia alimentar humana e animal, e os fazendeiros seriam compensados. O ministério anunciou também o banimento do uso de proteína ruminante potencialmente contaminada em alimento para ruminantes. Porcos e aves domésticas, entretanto, ainda poderiam consumir alimentos com proteína contaminada, embora ninguém soubesse se eram suscetíveis ou não à BSE. Em Junho de 1988 o veterinário chefe do MAFF admitiu privadamente a um colega que muitos deles desconheciam se porcos poderiam ser infectados, caso consumissem alimento com proteína ruminante que contivesse o agente da BSE ou escrapie. A conseqüência da decisão foi que, nos seis ou mais anos seguintes, ocorreu a contaminação cruzada entre alimento destinado ao gado e alimento

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"Nós não sabemos se (BSE) pode ser passada aos seres humanos... Não há nenhuma evidência de que as pessoas podem ser infectadas, mas nós não podemos dizer que não há risco... Nós devemos encarar a possibilidade de que a doença possa cruzar com outras espécies."

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Trata-se do resultado de uma investigação feita na Inglaterra sobre o problema da BSE, liderada por Lord Phillips. O relatório abordou o problema sob vários ângulos, a fim de identificar como ele foi tratado por cientistas e pelo governo e quais foram suas implicações, em especial sobre a relação entre ciência, governo e sociedade. Disponível em: http://www.bseinquiry.gov.uk Acesso em: 15 jan. 2006.

destinado a outros animais, estendendo a epidemia. O atraso em implementar as medidas regulatórias implicou que houvesse a exposição humana ao patógeno. Entre meados de 1988, quando foi determinado que o gado clinicamente contaminado fosse destruído, e final de 1989, um número estimado de 30000 cabeças que haviam passado pelo processo de incubação da BSE, pois é o período médio para que isso ocorra, havia sido consumido.

Apesar das evidências em contrário, o governo insistiu na versão de que a carne consumida era segura, levando a uma situação que dificultava a adoção de medidas para conter a epidemia. Internamente ao MAFF, os peritos haviam comunicado ao governo a impossibilidade de afirmar com segurança, em vista do estado do conhecimento disponível no momento, que não havia riscos à saúde humana no consumo de carne, leite ou lácteos de animais com BSE. As recomendações, entretanto, não foram tornadas públicas, devido a uma relação estreita que se estabeleceu entre o comitê de experts e funcionários do governo.

Scientists advising the British government on the outbreak of the bovine spongiform encephalopathy (BSE) epidemic in the late 1980s claim that they came under pressure from officials to endorse a statement on the safety of beef. They also admit they were uncomfortable about their relationship with civil servants and ministers.

(…) They said that a shortage of time to deal with pressing problems and a shortage of technical expertise had left SEAC53 working closely with the Ministry of Agriculture, Fisheries and Food (MAFF).

(…) It emerged that the draft SEAC report54 was also circulated to MAFF officials for comment. Asked whether he saw a possible conflict in the fact that departments expecting advice were contributing to it, Tyrrell said, "We had already sold the pass, having said we are going to be involved in doing things to help a CMO".55

He added: "We had given up the idea of trying to stand back and do nothing else but evaluate science at a distance and impartially." Tyrrell later rephrased his words, saying the committee members would have picked up changes to the document that they disagreed with. But he admitted to being worried about dropping from their advice the phrase: "No scientist would say there was no risk of eating beef". MAFF officials felt that certain statements were inflammatory, said Tyrrell, and were worried about public reaction (LODER, 1999, p. 450).56

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Spongiform Encephalopathy Advisory Committee, órgão do MAFF.

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Trata-se do documento no qual os peritos fizeram as recomendações.

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Chief Medical Officer.

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“Cientistas advertiam o governo britânico, na epidemia da Encefalopatia Eespongiforme Bovina (BSE) do final dos anos 80, que eles estavam sob a pressão dos funcionários para endossar uma afirmação sobre a segurança da carne. Admitiam também que se sentiam incomodados no seu relacionamento com os empregados civis e com os ministros

(...) Eles disseram que o tempo curto para lidar com a pressão dos problemas e uma falta de perícia técnica deixou a SEAC trabalhar proximamente com o ministro da agricultura, pescados e de alimentos (MAFF). (...) Surgiu a notícia de que o esboço do relatório da SEAC circulou também entre os funcionários do MAFF para comentários. Perguntado se viu um possível conflito no fato de que os departamentos esperavam um conselho, Tyrrell disse, "nós já tínhamos nos envolvido, ao fazer coisas para ajudar a CMO".

Considerando que o governo alegava que sua afirmação sobre a segurança da carne consumida estava baseada em dados científicos, quando foi necessário tomar medidas para conter a doença, os experts foram cuidadosamente selecionados, excluindo-se aqueles que não assentiam com a política do ministério ou com as restrições em disseminar informações a respeito da doença. Como um funcionário do MAFF afirmou à comissão Phillips:

You have to turn to external bodies of try to give some credibility to public pronouncements, you are very dependent therefore on what the Committees then find... Really the key to is setting up the Committee, who is on it, and the nature of their investigations” (apud ZWANENBERG; MILLSTONE, 2002, p. 178).57

A equipe de pesquisadores foi severamente controlada. Experimentos chave nunca foram executados ou foram seriamente atrasados, informações foram ocultadas, dados e materiais nem sempre foram compartilhados com outros pesquisadores. Um experimento crucialmente importante para detectar se o gado alimentado com ração deliberadamente infectada com scrapie adquiria BSE não foi iniciado antes de 1996. Desde que a BSE foi notificada, todos os cérebros de gado infectado tornaram-se propriedade do MAFF, e o ministério sempre mostrou relutância em fornecer material patogênico aos cientistas nos Estados Unidos.

Com o surgimento de evidências científicas sempre menos tranqüilizadoras, somado à dificuldade do ministério de controlar a divulgação de informação e devido a ações independentes de alguns atores, a versão do MAFF foi sendo progressivamente desacreditada. A política ministerial ruiu quando, em Março de 1996, uma nova variante de CJD, agora conhecida como vCJD, surgiu no Reino Unido, e a SEAC chegou à conclusão de que o consumo de alimento infectado pela BSE era a causa mais provável.

A seqüência de eventos que levaram ao problema da BSE no Reino Unido apresenta características próprias dos riscos de alta conseqüência. Há uma universalização dos efeitos, rompendo com a idéia de que as divisões da sociedade em classes tornam os Ele acrescentou: "nós tínhamos desistido da idéia de tentar ficar para trás e não fazermos nada mais, mas avaliamos a ciência à distância e imparcialmente." Tyrrell repetiu mais tarde suas palavras, dizendo aos membros do comitê que teria identificado mudanças no documento das quais discordavam. Mas admitiu estar preocupado com relação à frase: "Nenhum cientista diria que não havia nenhum risco de comer a carne". Os funcionários do MAFF perceberam que determinadas afirmações eram incendiárias, disse Tyrrell e estavam preocupados com a reação pública.”

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"... você tem que se voltar para corpos externos e tentar dar alguma credibilidade a pronunciamentos públicos, conseqüentemente você é muito dependente daquilo que os comitês acham... De fato, a chave é ajustar o Comitê, quem está nele, e a natureza de suas investigações "

indivíduos imunes aos riscos, uma vez que todos comem carne, embora alguns mais outros menos, é verdade. O enfrentamento dos efeitos do risco é que depende da posição de classe.

Ficou patente que os sistemas peritos não podiam tranqüilizar a população quanto às conseqüências advindas do consumo de carne contaminada, impotente que era para estimar os riscos à saúde humana. O membros da SEAC “admit that, as a result of the current insufficient effort to detect BSE in the sheep population, decisions on public health measures are based on uncertainty rather than science.” (BUTLER, 1998, p. 6-7).58 O problema se agravou quando foi revelado que, pela pressão de funcionários do governo, os cientistas foram complacentes com a política de omitir informações que reveladoras dos riscos a que a população estava submetida, ingerindo carne proveniente de uma cadeia alimentar composta por gado contaminado com a BSE. O resultado foi o abalo da confiança do público nos sistemas peritos.

It is easy, with the benefit of hindsight, to criticize scientists for not making more of a fuss about the control that MAFF exerted over research, and for failing to dispel the continuing ‘BSE is scrapie’ complacency. But to do so would ignore the political and financial climate of the day. In the late 1980s and early 1990s, British agricultural and veterinary research was being ‘restructured’ — a euphemism for being cut to the bone. No surprise, then, that many scientists were keeping their heads down, not wishing to be identified as troublemakers. Given the damage caused by the BSE affair, however, we now know the dangers of keeping silent. Of course, the main victims are those whose lives have been tragically cut short by a horrific disease. But science, too, has suffered. With ministers having consistently claimed that they were following the best scientific advice, even while subtly misrepresenting its message, scientists — particularly those working for government — have come to be seen by the British public as part of the problem. It will take much work to regain public trust (NATURE, 2000, p. 929).59

Considerando que a decisão do MAFF de não divulgar informações sobre a doença estava relacionada à sua intenção de proteger a indústria alimentícia, essa postura dos experts deixou transparecer ao público em geral que a ciência estava do lado dos interesses

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“Admite-se que, em conseqüência do atual esforço insuficiente em detectar BSE na população dos carneiros, as decisões sobre medidas de saúde pública estão baseadas na incerteza mais do que na ciência.”

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“É fácil, com o benefício da visão restrospectiva, criticar cientistas para não criar caso a respeito do controle que o MAFF exercia sobre a pesquisa e sobre as falhas em dissipar a continuidade da BSE. Mas, sendo assim, ignoraria o clima político e financeiro do momento. No final dos anos 80 e inicio dos 90, a pesquisa da agricultura e veterinária britânica estava sendo ‘reestruturada’ - um eufemismo para estar cortando no osso. Nenhuma surpresa, muitos cientistas abaixavam a cabeça, não desejando ser identificados como causadores de problemas. Dados os danos causados pelo caso da BSE, entretanto, nós sabemos agora os perigos de manter-se silencioso. Naturalmente, as principais vítimas são aquelas cujas vidas foram tragicamente cortadas por uma doença horrível. Mas a ciência, também, sofreu demasiadamente. Com os ministros que constantemente afirmavam que seguiam os melhores conselhos científicos, mesmo enquanto deturpavam sua mensagem, cientistas - particularmente aqueles que trabalham para o governo - foram vistos pelo público britânico como a parte do problema. Levará muito tempo para ganhar novamente à confiança do público.”

econômicos das corporações, ao invés de contribuir para o aumento do bem-estar da população, que se sentiu traída em sua confiança.

No wonder the public felt betrayed when on 20 March 1996 they were told by the same government that a handful of deaths from a new variant of Creutzfeldt-Jakob disease (vCJD), an invariably fatal neurodegenerative condition, were probably linked to BSE (ALDHOUS, 2000, p. 3-5).60

Essa conclusão contribui para reforçar a idéia de que a ciência não é uma esfera independente de outras, e que seu funcionamento é afetado por regras provenientes de outras esferas da sociedade, como a política e a economia, pois os interesses tornam-se cruzados. Nessa direção, outra conseqüência do problema da BSE foi a demanda por maior abertura da ciência para o debate público, fundamentada na idéia de que o segredo, embora necessário muitas vezes para o desenvolvimento proveitoso do conhecimento científico, pode ter custos altos que não compensam seus efeitos positivos

The readiness of society to understand and anticipate precautions depends in turn on the openness of debate on risk and the scientific advice given. Openness has drawbacks. Complex issues may be misunderstood or misrepresented. Moreover, genuine damage may be done to those who, in all innocence, lose some of their livelihood or reputation through the enhanced perception of risk. But those penalties must be weighed against the costs of secrecy: that the science itself is undermined if not discussed openly, and that a public which suspects it has been kept in the dark and thereby misled may overreact to the sudden announcement of profoundly bad news (NATURE, 1998, p. 1).61

Os danos causados pela CJD aos indivíduos que contraíram a doença são irreversíveis, mesmo porque há muitas controvérsias sobre suas causas, o que agrava a sensação de impotência quanto a uma possível reversão dos prejuízos à saúde humana. Essa é outra característica dos riscos de alta conseqüência: a dificuldade da ciência de fazer frente às conseqüências do risco e reverter seus efeitos.

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“Sem sombra de dúvida o público sentiu-se traído quando em 20 março 1996 foi dito pelo mesmo governo que muitas das mortes provinham de uma nova variante da doença de Creutzfeldt-Jakob (vCJD). Uma condição neurodegenerativa invariavelmente fatal, esteve provavelmente ligada à BSE.”

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“A prontidão da sociedade para compreender e antecipar precauções depende por sua vez da abertura do debate do risco e do conselho científico dado. A abertura tem inconvenientes. Questões complexas podem ser mal entendidas ou deturpadas. Além disso, os danos genuínos podem ser feitos àqueles que são, no todo, inocentes, perdem alguns de seus meios de subsistência ou reputação com a percepção realçada do risco. Mas tais prejuízos devem ser contrabalançados em relação aos custos do segredo: a própria ciência é minada se não é