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A DISCUSSÃO CONTEMPORÂNEA DOS DIREITOS HUMANOS

3.2 A “Declaraç ã o Universal dos Direitos Humanos”

“Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo,

Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos resultaram em atos bárbaros que ultrajaram a consciência da Humanidade e que o advento de um mundo em que todos gozem de liberdade de palavra, de crença e da liberdade de viverem a salvo do temor e da necessidade foi proclamado como a mais alta aspiração do homem comum,

Considerando ser essencial que os direitos humanos sejam protegidos pelo império da lei, para que o ser humano não seja compelido, como último recurso, à rebelião contra tirania e a opressão,

Considerando ser essencial promover o desenvolvimento de relações amistosas entre as nações,

Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta da ONU, sua fé nos direitos humanos fundamentais, na dignidade e no valor do ser humano e na igualdade de direitos entre homens e mulheres, e que decidiram promover o progresso social e melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla,

Considerando que os Estados-Membros se comprometeram a promover, em cooperação com as Nações Unidas, o respeito universal aos direitos humanos e liberdades fundamentais e a observância desses direitos e liberdades,

Considerando que uma compreensão comum desses direitos e liberdades é da mais alta importância para o pleno cumprimento desse compromisso,

A ASSEMBLÉIA GERAL proclama a presente DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIRETOS HUMANOS como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta Declaração, se esforce, através do ensino e da educação, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas

progressivas de caráter nacional e internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância universal e efetiva, tanto entre os povos dos próprios Estados-

Membros, quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição.”

Artigo 1.

Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.

Artigo 2.

1. Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades

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Declaração dos Direitos Humanos, tal qual aparece nos arquivos da Assembléia das Nações Unidas. Adotada e proclamada pela resolução 217 A (III) da Assembléia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948. Internet: http://portal.mj.gov.br/sedh/ct/legis_intern/ddh_bib_inter_universal.htm

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estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, idioma, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.


2. Não será também feita nenhuma distinção fundada na condição política, jurídica o internacional do país ou território a que pertença uma pessoa, quer se trate de um território independente, sob tutela, sem governo próprio, quer sujeito a qualquer outra limitação de soberania.

Artigo 3.

Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.

Artigo 4.

Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravidão e o tráfico de escravos serão proIbidos em todas as suas formas.

Artigo 5.

Ninguém será submetido à tortura nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante.

Artigo 6.

Todo ser humano tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecido como pessoa perante a lei.

Artigo 7.

Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a

presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.

Artigo 8.

Todo ser humano tem direito a receber dos tribunais nacionais competentes remédio efetivo para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela lei.

Artigo 9.

Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.

Artigo 10.

Todo ser humano tem direito, em plena igualdade, a uma audiência justa e pública por parte de um tribunal independente e imparcial, para decidir sobre seus direitos e deveres ou do fundamento de qualquer acusação criminal contra ele.

Artigo 11.

1.Todo ser humano acusado de um ato delituoso tem o direito de ser presumido inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa.

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2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no momento, não constituíam delito perante o direito nacional ou internacional. Também não será imposta pena mais forte do que aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato

delituoso.

Artigo 12.

Ninguém será sujeito a interferências em sua vida privada, em sua família, em seu lar ou em sua correspondência, nem a ataques à sua honra e reputação. Todo ser humano tem direito à proteção da lei contra tais interferências ou ataques.

Artigo 13.

1.Todo ser humano tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das fronteiras de cada Estado.

2.Todo ser humano tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, e a este regressar.

Artigo 14.

1.Toda pessoa, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros países.

2.Este direito não pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente motivada por crimes comuns ou por atos contrários aos objetivos e princípios das Nações Unidas.

Artigo 15.

1.Todo ser humano tem direito a uma nacionalidade.

2.Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade.

Artigo 16.

1.Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer restrição de raça,

nacionalidade ou religião, têm o direito de contrair matrimônio e fundar uma família. Gozam de iguais direitos em relação ao casamento, sua duração e sua dissolução. 2.O casamento não será válido senão com o livre e pleno consentimento dos nubentes.

3. A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e tem direito à proteção da sociedade e do Estado.

Artigo 17.

1.Todo ser humano tem direito à propriedade, só ou em sociedade com outros. 2.Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade.

Artigo 18.

Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular.

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Artigo 19.

Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras.

Artigo 20.

1.Todo ser humano tem direito à liberdade de reunião e associação pacífica. 2.Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação.

Artigo 21.

1.Todo ser humano tem o direito de tomar parte no governo de seu país diretamente ou por intermédio de representantes livremente escolhidos.

2.Todo ser humano tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país. 3. A vontade do povo será a base da autoridade do governo; esta vontade será expressa em eleições periódicas e legítimas, por sufrágio universal, por voto 
 secreto ou processo equivalente que assegure a liberdade de voto.

Artigo 22.

Todo ser humano, como membro da sociedade, tem direito à segurança social e à realização, pelo esforço nacional, pela cooperação internacional e de acordo com a organização e recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua personalidade.

Artigo 23.

1.Todo ser humano tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego.

2.Todo ser humano, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho.

3.Todo ser humano que trabalhe tem direito a uma remuneração justa e satisfatória, que lhe assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com a

dignidade humana, e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social.

4.Todo ser humano tem direito a organizar sindicatos e neles ingressar para proteção de seus interesses.

Artigo 24.

Todo ser humano tem direito a repouso e lazer, inclusive à limitação razoável das horas de trabalho e férias periódicas remuneradas.

Artigo 25.

1.Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de

desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência fora de seu controle.

2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais. Todas as crianças nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção social.

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Artigo 26.

1.Todo ser humano tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta

baseada no mérito.

2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz.

3.Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que será ministrada a seus filhos.

Artigo 27.

1. Todo ser humano tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar do processo científico e de seus benefícios.

2.Todo ser humano tem direito à proteção dos interesses morais e materiais decorrentes de qualquer produção científica, literária ou artística da qual seja autor.

Artigo 28.

Todo ser humano tem direito a uma ordem social e internacional em que os direitos e liberdades estabelecidos na presente Declaração possam ser plenamente realizados.

Artigo 29.

1.Todo ser humano tem deveres para com a comunidade, em que o livre e pleno desenvolvimento de sua personalidade é possível.

2.No exercício de seus direitos e liberdades, todo ser humano estará sujeito apenas às limitações determinadas pela lei, exclusivamente com o fim de assegurar o devido reconhecimento e respeito dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer as justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade democrática. 3.Estes direitos e liberdades não podem, em hipótese alguma, ser exercidos

contrariamente aos propósitos e princípios das Nações Unidas.

Artigo 30.

Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada como o

reconhecimento a qualquer Estado, grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer atividade ou praticar qualquer ato destinado à destruição de quaisquer dos direitos e liberdades aqui estabelecidos.”

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Existe um lindo parque em Belo Horizonte onde, ao caminharem, os passeantes vão encontrando instalações nas quais estão escritos os direitos humanos138para queo caminhante, ao passo que avança, possa ler quais são seus direitos pelo simples fato de ter nascido. Primeiro uma leitura e logo outra, e mais outra, assim por diante. Recordo-me, com absoluta clareza, como me senti quando conheci esse parque, o que me fez pensar como devemos ser instruídos em relação aos nossos direitos. Deveríamos conhecê-los desde que aprendemos a andar, quando ainda somos pequenos. Assim, mais adiante, poderemos dialogar com eles e fazer as críticas que nos pareçam pertinentes, mas sempre com o fim de contribuirmos a participar de comunidades mais justas e respeitosas, diversas e inclusivas.

Saber em que consistem nossos direitos é algo que deveríamos compartilhar de forma transversal com todos os países. Ter conhecimento do que se discute em nossos acordos básicos de respeito mútuo como humanos e de que compartimos uma realidade comum frente à vida deveria ser uma prioridade internacional.

A beleza do entorno naquele parque era tão extraordinária como exuberante, mas que os direitos humanos estivessem ali expostos para serem vistos por todo mundo convertia a beleza em algo emocionante, porque trazia ao presente a utopia de uma possibilidade.

Se somos formados como cidadãos por nossos países, tendo em conta essas noções desde crianças, penso que nossa dignidade se veria reafirmada, na mesma medida em que se veria reforçada a dignidade do outro. Conforme tenho consciência sobre o valor da minha vida, tenho consciência do valor da vida do outro. Isto não garante que podemos evitar futuras desvergonhas ou injustiças, mas, ao menos, ninguém poderia se desculpar pela falta de conhecimento ao violar os preceitos desta declaração ou de uma nova e melhorada pela participação cidadã.

Se pudéssemos respeitar nossas diferenças a partir de uma perspectiva humanitária, que contemplasse a existência do outro como um bem comum e cuja vida fosse tão importante para mim como a minha própria, se fôssemos formados como

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Foi graças à Lúcia Fabrini, mãe de Verônica Fabrini (orientadora deste trabalho), que conheci este maravilhoso parque. Parque Municipal, na região central da cidade.

http://lugaresfavoritos.wordpress.com/2013/03/20/parque-municipal-de-belo-horizonte-oportunidade-de- descanso-e-lazer/

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cidadãos, tendo noções de compaixão mais profundas pela dor do outro, se soubéssemos de memória em que consistem os direitos humanos e por que eles devem ser respeitados, assim como sabemos a tabuada e o abecedário, se em nossas escolas ensinássemos mais respeito e tolerância, se entendêssemos a diversidade como algo positivo e se todos esses conhecimentos fossem tão valorizados e importantes como o conhecimento de equações e logaritmos, talvez pudéssemos nos converter em países verdadeiramente ricos.

A educação que recebe a maioria de nossas crianças, se é que tenham a possibilidade de recebê-la, responde a um modelo idealizado em plena revolução industrial, em que a eficiência, a ordem e a obediência, formatadas em modelos estandardizados de aprendizagem, foram exportadas pela Inglaterra aos Estados Unidos, para logo serem absorvidas como receita na América Latina.139 Em todas as partes do mundo, a hierarquia das matérias é comandada pelas matemáticas, a ciência e a linguagem verbal entendida como norma culta, deixando as artes em último lugar. A educação das humanidades e das artes deveria ser uma preocupação prioritária para nossos governos140,mas por que não são?

Algumas das respostas a essas interrogações têm a ver com o fato dos seres humanos serem um recurso fundamental para a produtividade e a geração de riquezas, estando orientados à eficiência dessa produtividade. As chamadas teorias da conspiração141 tentam explicações de como o poder governamental (dos governos em geral, mas do império norte-americano em particular) está ligado aos grandes consórcios e às corporações e como, juntos, definiram o decorrer dos acontecimentos políticos de outros países para se beneficiarem economicamente com suas

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Há um documentário argentino intitulado A Educação ProIbida, de 2012, que revisa como temos educado historicamente nossos filhos na América Latina. É um trabalho que devemos difundir entre professores e alunos , já que muda a perspectiva com que temos olhado para educação completamente, pois oferece uma radical mudança de perspectiva. www.youtube.com/watch?v=-1Y9OqSJKCc

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Ken Robinson, em Ted Talks, expõe sobre a urgência e a necessidade de potenciar as práticas e a visibilidadeda arte na educação do século 21. https://www.youtube.com/watch?v=wX78iKhInsc https://www.youtube.com/watch?v=iG9CE55wbtY

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Human Resourses: The engineering in the 20 th century :

https://www.youtube.com/watch?v=ZYQypyl3el4&index=3&list=PL05AACC0A660D098E The Power Principle: https://www.youtube.com/watch?v=RDZwHUlIiLI

The Coorporation: https://www.youtube.com/watch?v=Rue2-g5F82U La Doctrina del Shock: https://www.youtube.com/watch?v=Nt44ivcC9rg

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intervenções internacionais. Alguns exemplos disso se deram em países como Congo, Guatemala, Honduras, Chile, Nicarágua, El Salvador, Colômbia, Bolívia, Brasil, etc., com consequências trágicas para seus povos, que sofreram gravíssimas violações de seus direitos humanos e horrores inimagináveis, produto dessas intervenções.

Nenhum país está isento da intervenção dos Estados Unidos, não importa quão desimportante ele seja. De fato, são os países mais fracos e mais pobres que muitas vezes despertam a maior histeria.Tomemos o Laos em 1960, provavelmente o país mais pobre do mundo…Mas tão logo que, num nível social muito baixo, uma revolução começou a desenvolver-se lá, Washington submeteu o Laos a um “bombardeio secreto” assassino, virtualmente varrendo largas áreas povoadas em operações que, foi constatado, não tinha nada a ver com a guerra dos Estados Unidos que abalava o Vietnam do Sul. Grenada tem cem mil pessoas que produzem uma pequena castanha e difícilmente encontramos Grenada num mapa. Lá começou a acontecer uma leve revolução social e Washington rapidamente se movimentou para destruir o pacto. Se você quer um sistema global que seja subordinado às necessidades dos investidores dos EEUU, não pode deixar pedaços dele se desviarem. É espantoso como isto é claramente afirmado no documentário gravado, às vezes mesmo na gravação pública. Tomemos o Chile sob Allende. O Chile é um lugar satisfatoriamente grande, com muitos recursos naturais, mas, de novo, os Estados Unidos não iriam entrar em colapso se o Chile ficasse independente. Por que ficaríamos tão preocupado com ele? De acordo com Kissinger, o Chile era um “virus” que poderia “infectar” a região do mesmo modo que a Itália…Os planos dos EEUU, vindos do Secretário de Estado Dean Acheson dos últimos anos de 1940 até o presente, advertiam que “uma maçã podre pode estragar o tonel”. O perigo é que o desenvolvimento político-social “podre” pode se espalhar. Esta teoria do “tonel da maçã podre” é chamada a teoria do efeito dominó para o consumo público. Eles entendem que a ameaça real é o “bom exemplo”.142

Noam Chomsky, filósofo norte-americano, envolvido com o acontecer político e social da contingência mundial, é um dos intelectuais mais importantes e influentes do mundo ocidental. Durante anos, e independentemente de seu trabalho científico, tem sido um ativista social e incentivado um pensamento crítico em relação à política de Washington. Junto a Howard Zinn143, outro destacado professor, pensador e historiador dos Estados Unidos, tem promovido uma postura participativa do cidadão comum nos processos sociais. Publicaram inúmeros livros, sustentando uma crítica férrea em

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www.chomsky.info/books/unclesam01.htm

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Falecido em 2010, Howard Zinn escreveu mais vinte livros nos quais promoveu o conhecimento da história da desobediência civil, como ferramentas necessárias para a democracia.

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direção ao poder de Estado e sua estrutura hegemônica de funcionamento. Junto a outros ativistas, desenvolveram um pensamento “dissidente”, fazendo ver que a cidadania, como os meios de comunicação, funciona para favorecer as demandas das grandes corporações, muitas vezes mentindo e faltando às suas obrigações constitucionais. Continuamente, e cada vez com maior frequência, vemos como estão se realizando investigações jornalísticas independentes, que mostram o outro lado da moeda, o da história não oficial. Convidam os cidadãos, primeiro, a conhecerem a história, a que não está escrita, a das minorias e de seus movimentos sociais, e logo a participarem e a questionarem as decisões que seus governos tomam. Esses e outros pensadores geram uma mudança de mentalidade significativa, por sua resistência em aceitar, com credibilidade, as boas intenções com que têm atuado as diferentes administrações da Casa Branca. Casos como o do ciberativista Aaron Swartz144, o jovem gênio que acreditava na livre circulação do material acadêmico e que terminou cometendo o suicídio aos 26 anos, pressionado pela perseguição do governo norte- americano, e o caso de Edward Snowden145, que filtrou a espionagem (monitoração de meta dados), de que somos objetos por parte da CIA, evidenciam como eles e outros detratores do sistema político tiveram que pagar as consequências de sê-lo. Eles bem que poderiam parecer-se com Buckingham, Banquo ou Mutius, personagens shakespeareanos, que, inclusive tendo servido ao sistema, acabam perseguidos e castigados pelo poder de Estado, por se oporem às ações espúrias emanadas pela autoridade. Cabe se perguntar se a liberdade humana é, então, uma falácia.