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2.2 Uma abordagem schumpeteriana: do inventor ao inovador

2.2.1 A destruição criativa

Retomemos as chaves analíticas sobre inovação e a função empresário em

Teoria do Desenvolvimento Econômico que como apresentamos introduz sua visão

políco-econômica em especial a Teoria de Ciclos Econômicos. Apresentaremos seu pensamento sobre inovação e empreendedorismo, batizado pelo autor de “destruição

criativa” e inspirado no conceito de Marx. Parece que o gosto de Schumpeter por dados, provando a dinâmica perturbante do mercado, o ajudou a construir seus conceitos de destruição criativa. De fato, já vemos aí a fonte onde o pensamento schumpeteriano alimentou suas ideias, assumidas pelo próprio autor como resgate ao termo originalmente cunhado por Marx.

De acordo com Schumpeter (1982), o desenvolvimento econômico depende, em última instância, da inovação tecnológica, da introdução e difusão de novas invenções geradoras de mudanças estruturais denomina das ‘destruição criativa’, em substituição a antigos hábitos de consumo por novos. O empresário inovador é o herói da saga do desenvolvimento econômico, por meio do qual a sociedade tem acesso a padrões de vida mais elevados. De acordo com Marx (1983a), a inovação é igualmente fundamental para o chamado desenvolvimento econômico, porém, não como resultante do pendor inovador de um grupo de empresários, mas como forma de aumentar a extração de mais-valia relativa do trabalhador, esta, por sua vez, origem do lucro. Dada a competição crescente entre capitais, ampliar a taxa de lucro é condição de sobrevivência das organizações (AMORIM; FREDERICO, 2008, p. 76).

Neste sentido, torna-se mister contextualizar o referido termo no pensamento de Marx. Antes, esboçaremos a Sociologia em Marx, em especial contextualizando o sistema capitalista em sua tessitura e o processo de transformação do dinheiro como capital. Para Marx (1996), um bem é um objeto externo, uma espécie de riqueza material, que satisfaz às necessidades humanas historicamente determinadas, realizadas por seu uso ou consumo. No capitalismo, uma sociedade que se organiza no mercado por meio da troca, a forma que esse bem assume é a mercadoria. Para sua definição, no entanto, é necessário analisar mais de perto sua estrutura, a saber: os dois fatores constitutivos, valor de uso e valor; o duplo caráter do trabalho nela representado; e a forma de valor ou valor de troca. A partir do estudo da estrutura da mercadoria – a forma original de riqueza material inerente ao capitalismo – podemos compreender a formulação de Marx em relação ao seu caráter fetichista. O “segredo” que a mercadoria carrega - o fetichismo da mercadoria - consiste na mediação das relações humanas por intermédio das mercadorias, a coisificação das relações sociais (MARX, 1996).

A mercadoria possui dois fatores que a constituem: pode satisfazer a alguma necessidade humana, isto é, possui valor de uso; e pode obter outras mercadorias em troca, o poder de permutabilidade que Marx deu o nome de valor. Como as mercadorias são trocadas umas pelas outras em proporções quantitativas

definidas, pode-se considerar que cada mercadoria possui um quantum de valor, determinado pelo quantum de trabalho despendido em sua fabricação. Toda a massa de mercadorias produzida num período pode ser vista como uma massa homogênea de valor, apesar de ser constituída por uma coleção heterogênea de valores de uso diferentes e incomparáveis. Como valor, as mercadorias são qualitativamente iguais, e só diferem quantitativamente no montante de valor que encerram. Como valor de uso, as mercadorias são qualitativamente diferentes, já que cada produto é específico e não pode ser comparado a outro.

O trabalho se representa nas mercadorias de forma dúplice. O trabalho que produz mercadorias pode ser considerado concretamente, como trabalho de um tipo particular, que produz um valor de uso particular (como a tecelagem é um tipo particular de trabalho que produz tecido); ou abstratamente, como a fonte de valor em geral, como trabalho abstrato. De acordo com a definição de Marx, “[...] somente a expressão de equivalência de diferentes espécies de mercadoria revela o caráter específico de trabalho gerador de valor, ao reduzir, de fato, os diversos trabalhos contidos nas mercadorias diferentes a algo comum neles, ao trabalho humano em geral” (MARX, 1996, p. 179).

O valor torna-se visível como valor de troca no instante em que as mercadorias se confrontam umas às outras no processo da troca. No decorrer desse processo, o valor de troca passa a ter uma existência independente de qualquer mercadoria específica sob a forma dinheiro, o equivalente geral estabelecido para mediar a troca entre mercadorias (o ouro, por exemplo). A quantidade de dinheiro pela qual uma determinada mercadoria pode ser comprada ou vendida é o seu preço. O preço das mercadorias tomadas separadamente pode variar em relação aos seus valores, que são medidos pela quantidade de trabalho abstrato nelas contido. Em média, ou no agregado, o preço total em dinheiro das mercadorias recém-produzidas é igual ao seu valor total.

No processo produtivo, o trabalho despendido na produção de mercadoria é o trabalho social. O produto não é consumido pelo seu produtor imediato, mas por alguma outra pessoa que o obtém por meio da troca. Os produtores de mercadorias dependem que outros produtores lhes forneçam, através da troca, os meios de produção e de subsistência que lhes são necessários. O trabalho que despendem na produção de mercadorias aparece para os produtores como seu

próprio trabalho privado, a que se aplicam de maneira independente da sociedade, para atender às suas necessidades e desejos particulares por meio da troca no mercado.

Segundo Marx (1996), a produção de mercadorias constitui uma relação social entre produtores. Essa relação coloca diferentes modalidades e quantidades de trabalho em equivalência mútua enquanto valores dentro da sociedade. Aos produtores, portanto, ela se apresenta como uma relação social que existe não entre eles próprios, produtores, mas entre todos os produtos de seus trabalhos. Essa coisificação das relações humanas é a contradição fundamental da produção de mercadorias. Define-se essa contradição como o fetichismo da mercadoria, o processo pelo qual os produtos do trabalho humano passam a aparecer como uma realidade independente, alheia e estranha àqueles que os criaram.

O fetichismo da mercadoria é o exemplo mais evidente do modo pelo qual as formas econômicas do capitalismo ocultam as relações sociais a elas subjacentes. Sua análise estabelece uma dicotomia entre aparência e realidade ocultada (sem que a primeira seja necessariamente falsa) que pode ser levada para a análise e discussão das relações sociais vividas como e sob a forma de relações entre mercadorias ou coisas. Citando Marx,

O misterioso da forma mercadoria consiste, portanto, simplesmente no fato de que ela reflete aos homens as características sociais do seu próprio trabalho como características objetivas dos próprios produtos de trabalho, como propriedades naturais sociais dessas coisas e, por isso, também reflete a relação social dos produtores com o trabalho total como uma relação social existente fora deles, entre objetos (1996, p. 198).

A extração de mais-valia é a forma específica que assume a exploração sob o capitalismo, a diferença específica do modo de produção capitalista, em que o excedente toma a forma de lucro e a exploração resulta do fato da classe trabalhadora produzir um produto líquido que pode ser vendido por mais do que ele recebe como salário. Lucro e salário são as formas específicas que o trabalho excedente e o trabalho necessário assumem quando empregados pelo capital. Mas o lucro e o salário são ambos dinheiro e, portanto, uma forma objetivada do trabalho que só se torna possível em função de um conjunto de mediações historicamente específicas onde o conceito de mais-valia é crucial.

apropriação da mais-valia por meio da exploração do trabalho assalariado. E o fluxo circular já descrito em Marx e no pensamento schumpeteriano parece ser searas de um revigorado circulo vicioso. Sombras reluzentes a um previsível retorno.

O mundo da circulação produtiva pode ser visto como se movimentando num círculo que o negócio, após completar suas transações sucessivas, retoma ao ponto de onde partiu. O início pode ser fixado no ponto em que o capitalista obteve as receitas por meio das quais seu capital retorna a ele; a partir desse ponto, passa de novo a recrutar seus trabalhadores e a lhes distribuir seu sustento, ou melhor, o poder de adquiri-lo, sob a forma de salário; a obter os artigos elaborados por eles, com os quais comercia; a levar esses artigos ao mercado e lá encerrar o ciclo dessa série de movimentos, ao vender e receber com a receita da mercadoria um reembolso de todo o seu dispêndio de capital (CHALMERS, 1832. p. 85 apud MARX, 1985, p. 115).

Os fluxos circularem em Schumpeter atribuem às inovações o conceito paradoxal do capitalismo, que na essência da destruição criativa é renovação e ao mesmo tempo aniquilação do modelo de produção anterior a nova combinação. Não obstante, vemos a criação de monopólios controladores das novas tecnologias que surgem como suspiros infindáveis de retorno ao que vimos em Marx.

Mas é importante compreender precisamente em que consistem essas consequências. Um tipo muito comum de crítica social, de que já tratamos, lamenta o declínio da concorrência e a assemelha ao declínio do capitalismo, em vista das virtudes que atribui à concorrência e aos defeitos que imputam aos modernos monopólios industriais. A monopolização, nesse esquema de interpretação é uma espécie arteriosclerose que mina as possibilidades da ordem capitalista através de um rendimento econômico cada vez menos satisfatório. Já estudamos acima as razões para rejeitar essa opinião. Economicamente falando, nem os argumentos em favor da concorrência nem contra a limitação do contrôle são tão fundamentados como a argumentação parece indicar. E, fracos ou fortes, deixam de lado o ponto importante.

Mesmo que a empresa gigante fosse administrada de maneira tão perfeita a ponto de despertar aplausos dos anjos no céu, as consequências políticas da concentração ainda seriam o que são. A

estrutura política de uma nação é profundamente afetada pela eliminação de um conjunto de emprêsas pequenas e médias de proprietário-gerentes, os quais, juntamente com seus dependentes, prepostos e contatos, pesam quantitativamente nas urnas e dominam o que podemos chamar de classe dos contramestres, o que nenhuma administração de grande empresa poderá fazer. A própria base da propriedade privada e da liberdade de contrato desaparece numa nação na qual os tipos mais vigorosos, mais básicos e mais importantes desaparecem do horizonte moral (SCHUMPETER, 1961, p. 176, grifo nosso).

Quem são estes anjos de Schumpeter? Seriam os mesmos anjos- investidores das startups? Que monopólios seriam estes? Quem está por trás destes? Do telégrafo ao telefone, do computador pessoal ao smarthphone. As respostas

podem ser conferidas no capítulo 4. Neste exemplo, substituição de um meio a outro, segue uma lógica comum de sobrevivência do capitalismo, monopolização da inovação e da destruição da tecnologia anterior. Ao inovador entendemos que “o ‘empresário’ é meramente o portador do mecanismo de mudança” (SCHUMPETER, 1988, p. 45).

É o produtor que, via de regra, inicia a mudança econômica, e os consumidores são educados por ele, se necessário; são, por assim dizer, ensinados a querer coisas novas, ou coisas que diferem em um aspecto ou daquelas em um aspecto ou daquelas que tinham o habito de usar (SCHUMPETER, 1988, p. 48).

Produzir é combinar: (1) introduzir de um novo bem; (2) um novo método de produção; (3) abrir novos mercados; (4) conquistar uma nova fonte de oferta de matéria-prima ou bens semifaturados; (5) visando ao estabelecimento de uma nova organização de qualquer indústria, como a criação de uma posição de monopólio. (SCHUMPETER, 1988, p. 48-49). Por produção entendemos:

Produzir significa combinar matérias e forças que estão ao nosso alcance (cf Capítulo I). Produzir outras coisas, ou as mesmas coisas com métodos diferentes, significa combinar diferentemente esses matérias e forças [...] O desenvolvimento, no sentido que lhe damos, é definidos então pela realização de novas combinações (SCHUMPETER, 1988, p. 48).

“Start! Empreenda!” são as vozes que ocoam do Vale do Silício a Pittsburgh, de São Paulo à Fortaleza. Quem as disseminam? O que pretendem? Ainda neste prisma, vemos que combinar visa monopolizar, controlar e retornar aos tradicionais modelos que um dia se provaram sucesso:

Em primeiro lugar [...] que as combinações novas sejam realizadas pelas mesmas pessoas que controlam o processo produtivo ou comercial a ser deslocado pelo novo. [...] Especialmente numa economia de concorrência, na qual combinações novas significam a eliminação das antigas pela concorrência [...] assim como toda uma série de outros fenômenos do ciclo econômico, do mecanismo da formação de fortunas privadas etc. (SCHUMPETER, 1988, p. 49).

Como regra, a nova combinação deve retirar os meios de produção necessários de algumas combinações antigas [...]

(SCHUMPETER, 1988, p. 49).

“Up?” Em essência, o que o estímulo ao empreendedorismo pretende falar aos jovens que se arriscam nas searas da reinvenção criativa? Inovar em Schumpter

é controlar e desestabilizar. Em ciclos de esperança e desespero. Ciclos de horrore. A melhor maquiagem às medonhas faces de desemprego:

[...] Não devemos nunca supor que a realização de combinações novas tem lugar pelo emprego de meios de produção que por acaso estejam sem ser usados [...] mas um grande índice de desemprego e apenas consequência de eventos não-econômicos (SCHUMPETER, 1988, p. 49).

Inventar, no entanto, está longe de inovar, como Schumpeter (ano) nos afere. Encontrar as formar de combinar ideias ao crédito torna-se divisor de águas nesta distinção. Retomar a um fluxo de crédito pode ser um dos fatores decisivos para esta distinção. “[...] o crédito é primariamente necessário às novas combinações e é por elas que ele força seu caminho dentro do fluxo circular [...] também se apodera das combinações antigas por razões obvias.” (SCHUMPETER, 1988, p. 51). Se o talento de combinar ideias, mão de obra e novos mercados ao crédito são inerentes aos inovadores, cabe aos banqueiros serem os possuidores das inovações. Dos inovadores?

O possuidor de riqueza, mesmo que seja a maior das cartéis, deve recorrer ao crédito se desejar realizar uma nova combinação, que não pode, como numa empresa esabelecida, ser financiada pelos retornos da produção anterior (SCHUMPETER, 1988, p. 51).

Inovadores são os agentes que alavancam os empreendimentos. Retomando J.B.Say, Schumpeter “[...] confere a função do empresário é combinar os fatores produtivos, reuni-los” (SCHUMPETER, 1988, p. 54). Schumpeter defende os limiares entre o capitalista e o empresário, a notar, o primeiro como proprietário do dinheiro e; mas defende que o acionista comum é um empresário, e descarta a concepção do “empresário como aquele que corre risco”. Entendemos melhor a visão de Schumpeter na nota de rodapé a seguir: “[...] o risco obviamente recai sempre sobre o proprietário dos meios de produção ou do capital - dinheiro que foi pago por eles, portanto nunca sobre o empresário [..]” p. 54. Seria o inovador-empresário um agente invisível? “A tendência é de que o empresário não tenha nem lucro nem prejuízo no fluxo circular [...] simplesmente ele não existe; mas em seu lugar há dirigentes de empresas ou gerentes de negócios [...]” (p. 55). O autor ainda desafia este paradoxo conceito. Segundo ele, “Pela mesma razão, a maior parte dos economistas, até o tempo do mais moço dos Mill, não conseguiu distinguir entre

capitalista e empresário porque o industrial de cem anos atrás era ambas as coisas” (p 55). Esclarece ainda:

‘Empreendimento’ à realização de combinações novas; chamamos ‘empresários’ os indivíduos cuja função é realizá-los [...] ‘empresários não são apenas aos homens de negócios ‘independentes’ [...]mas todos que de fato preenchem a função pela qual definimos o conceito, mesmo que sejam [...] empregados ‘dependentes’ de uma companhia, como gerentes, membros da diretoria etc.[...] ou mesmo tais como o controle da maioria das ações (SCHUMPETER, 1988, p. 54).

O empresário dos tempos mais antigos não só era, via de regra, também o capitalista, mas frequentemente era ainda - como ainda e hoje no caso dos esabelecimentos menores - seu próprio perito técnico, enquanto um especialista profissional não fosse chamado para os casos especiais. Da mesma forma era (ea inda é) muitas vezes seu próprio agente de compras e vendas, o chefe do seu escritório, seu próprio diretor de pessoal, e, as vezes, seu próprio consultor legal para negócios gerais, mesmo que na verdade, vida de regra, empregasse advogados (SCHUMPETER, 1988, p. 54).

Retomemos Schumpeter, mais especificamente a obra Can Capitalism

Survive?, na qual o autor credita ao sistema capitalista um similar processo de

autofagia, cerne do conceito de destruição criativa onde os otimistas preferem focar- se apenas nas benesses das ações empreendedoras inovativas. O autor reflete se um dia as necessidades econômicas da humanidade seriam de alguma forma completamente satisfeitas ao ponto de sanar os esforços produtivos. Seriam? Ao analisar o modo de produção informacional de Castells, observamos que este horizonte longe se faz35.

A hipótese de Schumpeter (2009) para esta questão é encontrado quando o autor entende que o estado de saciedade social está longe de ser findado e que “[...] à medida que são alcançados padrões de mais elevados de vida, automaticamente as necessidades se expandem e outras novam surgem ou são criadas [...]. O capitalismo sendo em essência um processo evolutivo, atrofiado torna-se” (SCHUMPETER, 2009 p. 133). Nesta tentativa de responder sobre o fim do modo de produção capitalista, dialogando em especial com Marx, vemos o papel do Estado que pode atuar de forma mais estacionária ou não no comando dos processos produtivos; afetando não apenas as iniciativas empreendedoras individuais quanto na lógica de obtenção de lucro que move as camadas burguesas “a classe burguesa que vive de lucros e juros, tenderia a desaparecer” (SCHUMPETER, 2009 p. 134). Ambiente propício a um modo de produção socialista, suplantado por uma visão mais previsível

e menos hipotética, onde o capital se reinventa em conjunto com as necessidades cíclicas e uma infindável satisfação alavancada por demandas e iniciativas tecnológicas. Retorno fúlgido a função do empresário, movidos pelas reluzentes bandeiras de progresso e desenvolvimento da ordem capitalista.

Em Schumpeter (1961, 2009) vemos que a função do empresário entendida por reformar ou revolucionar o sistema de produção por meios das combinações que falamos do início deste subtópico. Como exemplo, na obra original de Can Capitslism

Survive? - Capitalismo, Socialismo e Democracia36 - temos:

A construção das estradas-de-ferro na sua primeira fase, a produção de energia elétrica antes da I Guerra Mundial, o vapor e o aço, o automóvel e as aventuras dos tempos coloniais, fornecem exemplos espetaculares de gêneros de negócios que abarcam inúmeros outros menores, inclusive o de transformar em êxito uma determinada marca de salsicha ou escova de dentes. Esse tipo de atividade é primariamente responsável pelas altas intermitentes que revolucionar o organismo econômico e as periódicas recessões devidas ao efeito desorganizador de novo métodos e produtos (SCHUMPETER, 1961 p. 166).

Posicionar a inovação e se utilizar dela; bem como da tecnologia para garantir modelos novos modelos produtivos; novos mercados e mão de obras readaptadas a fim de mover a engrenagem do capital é a essência da função empresarial schumpeteriana. Conceitos contidos no modelo de produção horizontal das empresas em rede, como vemos em Castells? Podemos sobrepor a análises relativas as novas normatizações (ISOs) da indústria de software com as normas exigidas perfis profissionais como em Castillo? E os fundadores destas empresas juvenis de nosso estudo seriam maestros de uma sinfonia reinventada? As respostas serão encontradas no item 3.2. Retornemos a Schumpeter.

Decerto, podemos entender que Shumpeter (2009) já tenha sabido bem sobre as reinvenções cíclicas. Seu principal argumento pode ver visto com clareza no capítulo 8 da obra Can Capitalism Survive?37 onde o autor atribui ao sistema

capitalista a inerente autodestruição que “[...] arruina as suas próprias bases” (2009),

36 Nesta análise, utilizamos a obra original traduzida para o português da seguinte referência:

SCHUMPETER, Joseph Alois (1961). Capitalismo, Socialismo e Democracia. Rio de Janeiro: Ed. Fundo de Cultura.

37 Também encontramos na obra original traduzida em português no capítulo 12: SCHUMPETER,

da mesma forma que “destruiu o conjunto de instituições da sociedade feudal”38 (SCHUMPETER, 2009 p. 149). Neste sentido, o próprio sucesso de um empreendimento capitalista torna-se paradoxalmente mantido nas mãos de quem detêm primeiramente seu controle: os donos e viabilizados do capital. Teoria, não obstante da realidade de Steve Jobs, leitor ávido dos escritos schumpeterianos, e fundador da Apple, onde viu-se acorrentado pelas próprias armadilhas dos acionistas da empresa.

Em 24 de maio de 1985, numa reunião entre Jobs, John Sculley, presidente da Apple, e o corpo executivo da Apple, todos apoiaram firmemente Sculley. Com a restruturação planejada por Sculley, Jobs não ficaria com o controle de nenhuma divisão e nenhum encargo operacional, mas poderia ficar na empresa com o título de presidente do conselho e no papel de visionário dos