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A Distribuição das Categorias de Atores Locais entrevistados

CAPÍTULO 4 – MATERIAIS E MÉTODOS

4.3. A Distribuição das Categorias de Atores Locais entrevistados

Considerando a distribuição das categorias de atores locais entrevistados das seis comunidades (ver tabela 27), observou-se a predominância da categoria Pescador(a), com 38 pessoas, o que equivale a 21,11% do total, sendo que o número dos que se declararam Estudantes foi o maior, chegando a 60 ou 33,33% do total geral das amostras. O destaque maior se deu em Cumbuco com 16 entrevistados ou 53,33%, representando a maioria absoluta da amostra local, e isso se deve ao %to de haver uma altíssima população jovem

na localidade que, em sua maioria, já estaria na idade produtiva e reprodutiva. É assim que foi detectada uma alta incidência de gravidez precoce e prostituição infanto-juvenil, encoberta pelas autoridades e aceita pelos donos dos hotéis e pousadas e, também, pela própria comunidade local que tem grande dependência do turismo (mesmo que se sujeite aos caprichos sexuais de criminosos, sejam eles, brasileiros ou estrangeiros).

O número de desempregados (foram inclusos nesse item as donas de casa e os aposentados por se levar em consideração a condição de não atividade para a produção) foi bastante expressivo, chegando a 40 pessoas ou 22,22% do total, proporção bastante alta para uma região que recebeu investimentos massivos em infra-estrutura para alavancar o turismo local, nos últimos sete anos. Se esse percentual das amostras representar o índice de desemprego da região, a situação se tornaria muito preocupante para os gestores públicos locais, estaduais e até nacionais, exigindo a soma de esforços urgentes, no sentido da reversão desse quadro dantesco em termos de sobrevivência humana (a situação mais dramática estaria acontecendo no Pecém, onde, dos 30 entrevistados, 12 ou 40,00% estariam desempregados. Isso tudo, como eles disseram, aconteceu depois do final da construção do Porto que gerou um grave quadro social).

As outras categorias de atores locais que estariam de alguma forma relacionadas com o turismo como buggeiros, camareiras de hotel, garçon(ete)s, cozinheira(o)s, taxistas e outras, que foram classificadas com Serviços Turísticos, somaram 21 pessoas ou 11,67% do total. A localidade que se destacou nessa categoria foi Lagoinha, com 6 pessoas ou 20,00% do total local. Em considerando a categoria Artesã(ão), foram entrevistadas 13 pessoas, o que representou 7,22% do total local, com um destaque para a comunidade de Baleia, com 4 pessoas ou 13,33% do total local. Em Paracuru não foi encontrado ninguém ligada a essa categoria, o que não significa que se possa inferir, que na comunidade com um todo não existam representantes da categoria. Sendo atores locais tradicionais e secularmente existente na zona costeira cearense, caracterizada pelas rendeiras, bordadeiras, artesãs(ãos) e artistas de um modo geral, têm-se pistas que indicam uma perda das tradições culturais, representadas por esses modos de produzir seu espaço de vida e por um desinteresse e desestímulo ao repasse de tais saberes às novas gerações dessas localidades. A categoria

Caseir(a)o foi a que representou uma menor incidência, ficando com 8 pessoas ou 4,45% do total, tendo uma incidência semelhante em todos os lugares, o que mostrou um desaquecimento do setor de segunda residência. Isto, em alguns lugares, como Pecém, Cumbuco e Paracuru, se deve à saturação dos fluxos de turistas e à destruição das belezas cênicas representadas pelas praias, dunas e mangues, o que vem afugentando os veranistas dessas localidades.

Tabela 27 – Distribuição das categorias de atores locais das amostras de Cumbuco/Lagoa do Barro, Pecém, Paracuru, Lagoinha, Flecheiras e Baleia.

Categoria/ Comunida des Pescad or (a) % Arte (ão) % Serviços turísti cos % Cas eiro (a) % Estu dante % Desem prega do(a) % Total Cumbuco/ Lagoa do Barro 5 16,67 2 6,67 3 10,00 1 3,33 16 53,33 3 10,00 30 Pecém 4 13,33 1 3,33 2 6,67 1 3,33 10 33,33 12 40,00 30 Paracuru 7 23,33 - - 5 16,67 1 3,33 10 33,33 7 23,33 30 Lagoinha 6 20,00 3 10,0 0 6 20,00 2 6,67 7 23,33 6 20,00 30 Flecheiras 6 20,00 3 10,0 0 2 6,67 2 6,67 10 33,33 7 23,33 30 Baleia 10 33,33 4 13,3 3 3 10,00 1 3,33 7 23,33 5 16,67 30 Total e Média. 38 21,11 13 7,22 21 11,67 8 4,45 60 33,33 40 22,22 180

FONTE: Pesquisa direta.

4.4. A SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA DAS COMUNIDADES E A ESTRUTURA DA RENDA FAMILIAR DOS ENTREVISTADOS

Em se tratando dos níveis de Renda das amostras coletadas, os resultados foram os seguintes (ver tabela 28):

¾ A faixa de Renda que vai de zero a dois salários mínimos (SM) foi a que predominou de forma absoluta com 130 pessoas ou 72,22% maior índice encontrado nessa pesquisa. Dentro dessa faixa cabe maior destaque para Cumbuco/Lagoa do Barro (essa última com todas as pessoas dentro da faixa) e Baleia com 25 ou 83,34% do total local;

¾ A outra faixa engloba de 2,1 salários mínimos a 5 salários mínimos, representando 22,22% do total pesquisado. O destaque aqui fica por conta da comunidade

de Pecém que registrou 9 pessoas ou 30,00% do total local e este resultado se deve ao fato de a construção do Porto ter aumentado a renda média da comunidade. Seguindo de perto, vem Lagoinha, com 8 pessoas ou 26,67% do total local, o que também mostra um certo aumento da renda média dessa localidade.

¾ Na faixa intermediária, em que se poderia dizer estar a classe média dessas localidades, o resultado é inexpressivo, somando 10 pessoas ou 5,56% do total geral, merecendo menção as localidades de Paracuru e Lagoinha, com 3 pessoas cada ou 10,00% do total local, sendo que uma é sede municipal e a outra teve um crescimento expressivo do turismo.

¾ Nas outras duas faixas superiores não foi encontrado nenhum morador que, pelo menos, se declarasse estar dentro das faixas de ganho familiar acima de 10 salários mínimos, fato bastante preocupante em relação à questão da melhoria da renda familiar que se suporia ter-se elevado com a implementação do PRODETUR-CE 1a fase. Apesar de se não poder, com isso, inferir que não existam moradores dessas localidades com rendas familiares inseridas nessas faixas, se existirem, se pode afirmar com maior segurança que são uma minoria ínfima em termos puramente quantitativos, e reveladora de um alto nível de concentração de renda nesses lugares. Isto, em princípio, colocaria em xeque o modelo de desenvolvimento em que se sustenta o PRODETUR-CE, indicando suas limitações quanto às possibilidades de superação do quadro de pobreza e exclusão que se constituiu, nos últimos anos, na região litorânea ocidental do Ceará.

Tabela 28 – Níveis de Renda Familiar das amostras de Cumbuco/Lagoa do Barro, Pecém, Paracuru, Lagoinha, Flecheiras e Baleia.

Comunidade/ Faixa de Renda 0 a 2 SM % 2,1 a 5 SM % 5,1 a 10 SM % 10,1 a 20 SM % 20,1 Acima % Total Cumbuco/ Lagoa do Barro 25 83,34 4 13,33 1 3,33 - - - - 30 Pecém 20 66,67 9 30,00 1 3,33 - - - - 30 Paracuru 20 66,67 7 23,33 3 10,00 - - - - 30 Lagoinha 19 63,33 8 26,67 3 10,00 - - - - 30 Flecheiras 21 70,00 7 23,33 2 6,66 - - - - 30 Baleia 25 83,34 5 16,66 - - - - - - 30 Total e Média. 130 72,22 40 22,22 10 5,56 - - - - 180