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A Situação de Saneamento Básico e das Condições de Saúde da

CAPÍTULO 4 – MATERIAIS E MÉTODOS

4.11. A Situação de Saneamento Básico e das Condições de Saúde da

ENTREVISTADOS.

A pesquisa buscou saber qual o grau de percepção dos entrevistados, em relação à situação da saúde da população no que se fere às condições de saneamento básico e aos serviços públicos, ao longo dos últimos seis anos, em cada uma das comunidades envolvidas no PRODETUR-CE 1a fase. Os resultados foram os seguintes (ver tabela 35):

• Na percepção de uma significativa parte dos entrevistados, houve uma pequena melhora nas condições de saúde. Isto foi indicado por 88 pessoas ou 48,88% do total geral, mas sem fazerem uma correlação direta com a oferta de saneamento básico e sim com os serviços de atendimento médico, nos postos de saúde e principalmente o atendimento domiciliar das equipes do PSF que coincidentemente foram implantadas nos últimos 3 anos em todo o Estado. Se num passado recente em quase todos esses lugares (com exceção para o Município de Paracuru) não havia nenhuma assistência médica, ou ela se dava de forma esporádica e absolutamente insuficiente, agora, mesmo continuando esporádica, já é feita a

domicílio, e assim, a população dirá que as condições de saúde melhoraram, mesmo que um pouco. Os próprios indicadores apontam para essa ligeira melhora, que ocorreu com a maior disponibilidade de recursos municipais a partir da constituição de Conselhos Municipais de Saúde. Tais recursos passaram a ser melhor geridos, por conta da inclusão dos atores sociais comunitários conscientes no processo de controle e fiscalização. O destaque ficou por conta da comunidade de Flecheiras, com 22 pessoas ou 73,33% do total local, uma alta proporção de entrevistados em relação ao total que afirmaram ocorrer essa melhora nas condições de saúde. Ora, quando se verifica o quadro real, uma grande parcela da população dessa localidade atualmente reside num bairro chamado Barreiro, sob as condições mais precárias possível, justamente por conta da saída de suas áreas, nas proximidades da praia, que vêm sendo compradas pelos empreendimentos turísticos e de segunda-residências, de ponta a ponta. Infelizmente, por causa da distância do núcleo urbano mais expressivo em termos de moradia e por só se ter descoberto que existia o referido local, após a coleta dos dados estar completa, não se tem a percepção desses moradores que poderiam ter outra visão (essas percepções pelo menos estão registradas nas entrevistas gravadas feitas com alguns pescadores). Outra localidade que se aproximou da anterior foi Lagoinha, com 21 entrevistados que representam 70,00% do total local, sendo bastante expressivo e mostra uma situação contraditória com a situação de pobreza e miséria encontrada nas áreas mais afastadas da região próxima à praia, apesar de se registrar a implantação do sistema de saneamento básico na localidade e essa melhora resultar do saneamento onde já foi implantado.

• Outro nível de percepção relevante foi o de que nada mudou, em termos de saúde nas localidades, nos últimos 6 anos, registrando-se 37 pessoas ou 20,56% do total geral. Trata-se de uma quantidade razoável, em se considerando que em muitos lugares a situação, nesse setor de carências básicas sociais, já era bem precária. O destaque se verificou em Baleia, com 11 pessoas, representaram 36,67% do total local, mostrando uma situação bastante incômoda que se registrou nas queixas quanto ao atendimento médico que é semanal e feito em lugares inadequados e incertos, além da falta de medicamentos, no posto de saúde na própria comunidade, sobre a instalação enganosa da rede de esgotamento sanitário e de abastecimento d'água.

• Foi registrada também a percepção de que houve grandes melhoras na situação de saúde da população, resultando em 29 pessoas ou 16,11% do total geral, que seriam talvez pessoas que receberam algum benefício direto dos profissionais ligados ao PSF e que, na certa, foram bem assistidas. Pecém foi o destaque, ficando com 11 pessoas ou 36,67% do total local, quantidade essa que reflete a melhor estruturação do sistema de saneamento básico existente, em função das obras de construção do Porto que requereram um Posto de Saúde melhor equipado e com mais médicos e outros profissionais da área de saúde.

• Em contraste com a situação anterior, foi registrada a percepção de que houve uma pequena diminuição nas condições de saúde das comunidades, que somaram 20 pessoas, representando 11,11% do total geral, tendo como destaque a comunidade de Paracuru com 9 pessoas que representam 30,00% do total local. Essas pessoas são as mais escolarizadas e bem informadas e ainda são as que lutam efetivamente por melhorias nas condições de vida, em nível local. Logo atrás, vem a Comunidade de Cumbuco/Lagoa do Barro, com 7 pessoas ou 23,33% do total, demonstrando a parcela mais desfavorecida das duas localidades, principalmente a de Lagoa do Barro que não dispõe sequer de um telefone comunitário, quanto mais de posto de saúde e de boa assistência médica, pois só os Buggys é que conseguem atravessar as dunas para se chegar a essa localidade que está absolutamente abandonada dos gestores públicos.

• Para concluir, se verificou que foi registrada a percepção de ter havido uma grande diminuição das condições de saúde, alcançando a soma pouco representativa de 6 entrevistados , sendo que 4 (ou 13,33% do total local) se localizaram em Pecém e 2 ( ou 6,67% do total local) no Cumbuco/Lagoa do Barro, confirmando a situação de descontentamento com o quadro atual da saúde, por conta da (do aspecto mais crítico) e do abandono institucional, em termos de políticas públicas inexistentes nessas duas localidades.

Tabela 35 - Percepção sobre a situação da saúde e saneamento básico, do período 1995 – 2001 sob a ótica das amostras das localidades de Cumbuco/Lagoa do Barro, Pecém, Paracuru, Lagoinha, Flecheiras e Baleia.