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A Distribuição dos Níveis de Escolaridade dos Entrevistados

CAPÍTULO 4 – MATERIAIS E MÉTODOS

4.6. A Distribuição dos Níveis de Escolaridade dos Entrevistados

No que se refere à distribuição dos níveis de escolaridade dos pesquisados, foram obtidos os seguintes resultados (ver tabela 30):

¾A maior parcela dos entrevistados está inserida no nível de escolaridade do ensino fundamental incompleto, perfazendo um total de 90 pessoas, o que representa 50,00% total geral dos entrevistados, ficando como destaque Lagoinha, com 20 pessoas ou 66,67% do total local. Este resultado vai definir a condição de percepção ou de consciência dos graves problemas sócio-econômicas e ambientais enfrentados por cada comunidade, pois, desse grande contingente, a maioria só cursou até as três primeiras séries do ensino fundamental. Somente em Paracuru tem-se uma quantidade menor nessa faixa, com 10 pessoas ou 33,33% do total local.

¾Quanto ao número de analfabetos entrevistados, obteve-se um total de 38 pessoas, o que representa 21,11% do total, sendo que, deste total, destacaram-se com um maior número Cumbuco e Flecheiras, com 11 pessoas cada, representando 36,67% do total local. Tal índice é bastante elevado se se considera, para os dois casos, que a soma com o nível de ensino fundamental perfaz 24 pessoas, o que representa 80% do total de cada localidade (no caso de Baleia a esta soma chega a 26 pessoas ou 86,66% do total). Esses dados quando foram cruzados com os de faixa etária mostraram que esta baixa escolaridade concentra-se nas faixas de maior idade, acima de 36 anos, e por completo nos acima de 51 anos,

mostrando que as gerações que hoje se encontram na maturidade, não tiveram acesso à escola e, mesmo hoje com o programa Tempo de Avançar, essa dura realidade persiste. O percentual mais baixo aconteceu em Lagoinha, com 1 entrevistado, o que representou 3,33% do total local, mas, se se considerar o nível de escolaridade anterior (ensino fundamental incompleto) a situação ainda fica preocupante, porque somando-se os dois, chega-se a 21 entrevistados ou 70,00% do total local, nas proximidades das somas das médias de todas as amostras para as duas faixas, com 128 pessoas, ou 71,11% do total geral.

¾Já o número dos que concluíram o ensino fundamental foi o menos expressivo, com um total de 6 entrevistados, o que representa 3,33% do total geral. O destaque ficou com Pecém, com 3 entrevistados representando 10,00% do total local. Não foi registrado ninguém nessa faixa de escolaridade, em Cumbuco/Lagoa do Barro, Lagoinha e Flecheiras.

¾Os entrevistados que cursavam ou concluíram o ensino médio somados atingiram 39, representando 21,67% do total. O destaque ficou com Paracuru em que, somados os dois níveis, chegou-se a 13 pessoas, o que representou 43,33% do total local, resultado esse que mostra o peso do nível de escolaridade que tem uma sede em relação aos distritos, pois até as poucas escolas de ensino médio se encontram nas sedes municipais e raras são as que estão localizadas nos distritos. Coincidindo novamente, porem dessa vez num sentido inverso, tem-se Cumbuco/Lagoa do Barro e Flecheiras, com registros baixos, ambas com 4 pessoas (2 para cada nível de escolaridade), representando 13,33%, bem abaixo da média, só perdendo para Baleia com 2 entrevistados nos 2 níveis, o que perfaz a inexpressividade de 6,67% do total local e 1,11% do total geral. Isto reforça a tese de que a distância da sede a e falta de escolas de ensino médio nos distritos são fatores comprometedores para se obter melhor nível educacional nessas localidades.

¾No que se refere a pessoas que cursem ou que tenham concluído curso superior, registrou-se um total de 7 pessoas, o que representou 3,89% do total, sendo, portanto, um número bastante inexpressivo e que mostra uma condição de extrema exclusão relativa ao

ensino superior, pois em Caucaia, Paracuru, Trairi e Itapipoca já existem faculdades ligadas à UVA, UECE e outras faculdades particulares, mas todas oferecem cursos pagos que segregam a maior parte daqueles que concluem o ensino médio. O resultado destes dados mostra essa dura realidade, pois se tem em média 24 pessoas que concluíram o ensino médio, mas apenas 7 que cursam ou concluíram o ensino superior. Provavelmente, esta proporção de pessoas de nível superior representa a realidade da região, o que mostra um afunilamento muito grande no campo do ensino. Pode-se também questionar a qualidade do ensino público, já que a esmagadora maioria dos estudantes dessas localidades estão matriculados na escola pública e, seguramente, sentem dificuldades para enfrentar os exames vestibulares que proporcionam o acesso à universidade.

Tabela 30 – Distribuição dos níveis de Escolaridade das amostras de Cumbuco/Lagoa do Barro, Pecém, Paracuru, Lagoinha, Flecheiras e Baleia.

Comunidade/ Grau de Escolaridade Anal Fabe to % Ens Fund Incomp % Ens Fund Comp % Ens Méd Incomp % Ens Méd Comp % Ens Supe rior % Cumbuco/ Lagoa do Barro 11 36,67 13 43,33 - - 2 6,67 2 6,66 2 6,67 Pecém 2 6,67 17 56,67 3 10,00 3 10,00 5 16,66 - - Paracuru 4 13,33 10 33,33 1 3,33 5 16,67 8 26,67 2 6,67 Lagoinha 1 3,33 20 66,67 - - 3 10,00 5 16,67 1 3,33 Flecheiras 11 36,67 13 43,33 - - 2 6,67 2 6,67 2 6,66 Baleia 9 30,00 17 56,66 2 6,67 - - 2 6,67 - - Total e Média 38 21,11 90 50,00 6 3,33 15 8,33 24 13,34 7 3,89

FONTE: Pesquisa direta

Levantados os dados sobre o perfil dos moradores das seis comunidades inseridas na primeira fase do PRODETUR-CE, verificou-se uma leve predominância das faixas etárias de idades mais baixas, com 95 pessoas ou 52,78% nas faixas dos que têm entre 16 e 35 anos, sobre as faixas de idades mais altas, em que se tem 85 pessoas ou 47,22% do total geral, para os que a idade está acima dos 36 anos. Quanto às profissões detectadas na pesquisa, observou-se uma forte predominância das profissões tradicionais caracterizadoras do modo de vida litorâneo, quais sejam: Pescadores(as) e Artesãs(ãos), com 51 pessoas que representam 28,33% do total geral, profissões essas sem nenhum sustentáculo trabalhista legal, pois se encontram na informalidade e são praticadas de forma autônoma e complementadora de renda. As outras profissões que se poderia dizer serem novas e estarem no âmbito do amparo legal trabalhista, são as relacionadas aos Serviços Turísticos

leis trabalhistas, com assinatura da carteira de trabalho por parte dos Patrões, faltando, assim, poder de barganha dos trabalhadores, pelo menos, individualmente, e até por receios óbvios de perderem seu emprego. Netas novas profissões encontram-se 29 pessoas, o que representa 16,11% do total geral, sendo, portanto ainda pouco relevantes e representativas. Mas a situação de maior relevância, nesse aspecto da vida sócio-econômica dessas comunidades, foi o alto percentual de Estudantes (60 pessoas ou 33,33%) e de Desempregados (40 pessoas ou 22,22%), que somados alcançaram 100 pessoas, representando 55,55%, uma proporção muito elevada em se considerando que os jovens entrevistados já se situam na PEA e que, mesmo se encontrando na condição de estudantes, já poderiam estar inseridos no mercado de trabalho e não ficarem em ociosidade involuntária como realmente estão, já que as escolas públicas têm desestimulado os alunos ao estudo, à pesquisa e à reflexão transformadora de suas situações de vida e da realidade na qual estão imersos.

4.7. O GRAU DE COMPREENSÃO DOS ENTREVISTADOS SOBRE O