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O Grau de Influência do Turismo na vida das pessoas das

CAPÍTULO 4 – MATERIAIS E MÉTODOS

4.16. O Grau de Influência do Turismo na vida das pessoas das

Situação das manifestações culturais Pioraram pela falta de incentivos % Melhoram pelos incentivos recebidos % Não se alteraram % Total Cumbuco/Lagoa do Barro 6 20,00 4 13,33 20 66,67 30 Pecém 27 90,00 - - 3 10,00 30 Paracuru 8 26,67 12 40,00 10 33,33 30 Lagoinha 23 76,67 - - 7 23,33 30 Flecheiras 20 66,67 3 10,00 7 23,33 30 Baleia 8 26,66 2 6,67 20 66,67 30 Total e Média 92 51,11 21 11,67 67 37,22 180

FONTE: Pesquisa direta.

4.16. O GRAU DE INFLUÊNCIA DO TURISMO NA VIDA DAS PESSOAS DAS COMUNIDADES NA ÓTICA DOS ENTREVISTADOS

Foi elaborada uma pergunta aberta, com a finalidade de se detectarem as influências diretas das atividades turísticas, desenvolvidas e incentivadas nos últimos seis anos, nas vidas das pessoas escolhidas, nas amostras de cada comunidade. A finalidade dessa pergunta deriva da tentativa de se mensurar o grau de influência no cotidiano de vida das pessoas, sabendo que a construção de estradas asfaltadas permitiu o aumento no fluxo de veículos, em áreas que eram de difícil acesso, como Pecém, Lagoinha, Flecheiras e Baleia. Por isso, o turismo passa a ser considerado como emergência sistêmica que se somou às outras atividades outrora existentes, no sentido de comprometê-las, pelo desaquecimento e desinteresse dos moradores locais pelas antigas ocupações profissionais, como a pesca, ou, outro lado, constituindo-se num reforço à auto-afirmação maior, como meio de valorização e possível integração de todas as atividades econômicas, sejam elas novas ou antigas. O resultado obtido foi o seguinte (ver tabela 40):

• A maioria dos entrevistados, representada por 83 pessoas ou 46,11% do total geral, afirmou que o turismo não alterou em nada a vidas delas, podendo também dizer que continuam desenvolvendo as mesmas atividades que antes e não têm, em sua maioria, nenhum interesse em se envolverem em atividades relacionadas ao turismo. Todavia, os desempregados e os mais jovens mostraram-se estar dispostos a trabalhar no setor. O destaque ficou com Baleia, registrando 20 pessoas (ou 66,67% do total local), sendo uma quantidade significativa que mostra uma situação de não envolvimento da maioria da população com o turismo. Ou, então, não houve um crescimento significativo do mesmo. As razões podem ser observadas nas outras localidades que registraram altas opções da alteração da vida das pessoas pelo turismo, ocorrendo em Cumbuco/Lagoa do Barro a menor incidência, com 10 pessoas (ou 33,33% do total local), que é um número razoável, considerando-se que a maioria mora em Lagoa do Barro, aonde não vai nenhum turista, mas que, independentemente disso poderiam estar ligadas ao ambiente turístico de Cumbuco.

• Houve o registro de pessoas que afirmaram terem passado por influências positivas causadas pelo o turismo, durante o período referido, sendo estas identificadas nas oportunidades de trabalhos informais, na época da alta estação. O próprio movimento de pessoas novas foi indicado como coisa positiva e as obras de infra-estrutura foram apontados como influenciadoras positivas nas vidas de 58 pessoas que representam 32,22% do total geral, uma quantidade razoável e se justifica pela distribuição heterogênea dos entrevistados. Em Cumbuco, registrou-se a maior incidência dessas afirmativas que somaram 16 pessoas (ou 53,34% do total local), uma quantidade muito expressiva, considerando-se que lá foram entrevistadas 17 pessoas, o que significa que o turismo já transformou a vida da comunidade, direta ou indiretamente. Em contrapartida, identificou- se uma baixa incidência em Baleia, com 5 pessoas (ou 16,66% do total local), número que evidencia um fluxo turístico mais diminuto e conseqüentemente uma menor influência do turismo na vida das pessoas.

• Houve o registro de 39 pessoas (ou 21,67% do total geral) que afirmaram ter o turismo, praticado em suas localidades no período em estudo, provocado influências

negativas nas vidas delas, na forma de aumento excessivo dos preços, maior especulação imobiliária na região, sujeira nas praias e na comunidade, poluição sonora causada por carros particulares que, em qualquer lugar, ligam potentes caixas de som, trios elétricos nas festas e micaretas, aumento da insegurança devido ao surgimento de furtos, brigas entre “gangues” locais ou exógenas e, juntamente com elas, a maior incidência do uso de drogas por jovens e até da prostituição infantil que ainda persiste, como alguns entrevistados afirmaram. Tais fatos são até mesmo de conhecimento público, sem que ninguém tome as providências cabíveis face aos abusos contra o futuro das meninas dessas comunidades pesquisadas. O destaque maior foi Flecheiras, com 9 pessoas (30,00% do total local), onde se verificaram todas as alegativas acima citadas, mostrando um bom número de pessoas insatisfeitas com a forma como foi desenvolvido o turismo por lá, nos últimos 6 anos.

"(...) o PRODETUR é como um rolo compressor, ele vai destruindo as comunidades onde passa, por mais que o governo diga que ele é uma coisa boa que vai gerar emprego, renda e tudo mais, se isso acontece, é para uma minoria. Porque eu estive presente na avaliação do PRODETUR, em São Gonçalo do Amarante, no Paracuru e em Trairi e vi a questão da desigualdade social, porque só é benéfico para alguns. Praticamente, em Flecheiras, as pessoas beneficiadas foram as que vinham de fora, donos de hotéis e pousadas (...)” (Gláucia Sena, Ex-Presidente da Associação de Desenvolvimento Comunitário de Flecheiras, 30/04/2001, depoimento registrado na pesquisa participante).

• Em contraposição, verificou-se a menor incidência em Baleia, com 5 pessoas (ou 16,67% do total local), um número que não é alto, porém preocupa, pelo fato do fluxo turístico ser menos intenso e, com isso, os problemas deveriam ser menores e as influências negativas não tão relevantes para as pessoas, que, coincidentemente, foram às mesmas que fizeram as leituras mais críticas da sua realidade.

Tabela 40 – Percepção sobre o grau de influência direta do turismo, no período 1995 – 2001, nas vidas das amostras das comunidades de Cumbuco/Lagoa do Barro, Pecém, Paracuru, Lagoinha, Flecheiras e Baleia. Comunidade/ Grau de influência do Turismo Trouxe influências Negativas % Não influenciou % Trouxe Influências Positivas % Total Cumbuco/Lagoa do Barro 4 13,33 10 33,33 16 53,34 30 Pecém 8 26,66 14 46,67 8 26,67 30 Paracuru 6 20,00 15 50,00 9 30,00 30 Lagoinha 7 23,33 11 36,67 12 40,00 30 Flecheiras 9 30,00 13 43,33 8 26,67 30 Baleia 5 16,67 20 66,67 5 16,66 30 Total e Média 39 21,67 83 46,11 58 32,22 180

4.17. A PERCEPÇÃO DOS ENTREVISTADOS SOBRE A MUDANÇA DA RENDA