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O Comportamento do Emprego nas Comunidades no período 1995-

CAPÍTULO 4 – MATERIAIS E MÉTODOS

4.9. O Comportamento do Emprego nas Comunidades no período 1995-

No que se refere à percepção dos entrevistados, sobre o comportamento do emprego, no período 1995-2001, nas suas respectivas localidades, que passaram a receber mais turistas, constatou-se a seguinte distribuição dos dados (ver Tabela 33) que reflete a ótica da própria população local e não simplesmente a dos gestores públicos.

• A maioria dos entrevistados, representada por 82 pessoas ou 45,50% do total geral, afirmou que houve uma pequena melhora no nível de emprego, no período. O local onde se registrou um número maior foi Flecheiras, com 20 pessoas (que representa 66,67% do total local), seguido de perto por Lagoinha, com 19 (ou 63,33% do total), constituindo nessas duas localidades a expressiva maioria que confirmou alguma melhora do nível de emprego, no decorrer da primeira fase do PRODETUR-CE. A comunidade onde se registrou um número menor nesse item, foi Paracuru, com 9 pessoas (ou 30,00% do total local), seguida de Pecém, com 10 pessoas (ou 33,33% do total local), exatamente onde se localizam os mais escolarizados e onde houve um grande refluxo no turismo, nos últimos anos.

• Constatou-se, também, um razoável número de entrevistados (do total geral) haver afirmado ter o nível de emprego estacionado (ou não mudou) em suas localidades

somando 46 pessoas, representando 25,55% do total geral. Desse total, o local que registrou o maior número foi Baleia, com 19 pessoas (ou 63,33% do total local), uma quantidade bastante expressiva para uma localidade que estaria com sua situação econômica num quadro de estagnação. Apesar do PRODETUR-CE ter contemplado aquela localidade, a situação em termos de emprego indicada pela própria população não se alterou, mesmo considerando que 11 pessoas (ou 36,67% do total local) afirmaram ter havido um pequeno crescimento do emprego, sendo eles limitados a umas poucas pousadas e restaurantes que lá se instalaram, no período.

• No se refere á afirmação de que houve uma redução no nível de emprego, no período, nessas localidades, a resposta prevalecente foi a de ter havido uma acentuada diminuição, com 23 pessoas assim respondendo (o que corresponde a 12,78% do total geral), sendo que a maioria absoluta se deu em Pecém, com 11 pessoas (ou 36,67% do total local), seguido de Paracuru, com 8 pessoas (ou 26,67%), reforçando a compreensão, que se sedimenta, sobre os impactos mais adversos das ações se refletirem nessas duas localidades, com a redução dos postos de trabalho, no período, apesar de ter ocorrido a construção do Porto de Pecém, no mesmo período, que deveria absorver toda a população ociosa dessas duas localidades mais próximas e até de Caucaia. Tal não ocorreu, pois a maioria da mão- de-obra que construiu o Porto veio de fora e ele provocou a redução do fluxo turístico na Comunidade de Pecém, além da destruição da sua bela praia.

• Ainda se referindo à redução no nível de emprego nas localidades, foi registrada a pequena diminuição de postos de trabalho, somando 12 pessoas e representando 6,67%, um número relativamente pequeno, mas que somado ao anterior totaliza 35 pessoas e representa 19,44% do total geral. Este percentual poderia muito bem expressar a quantidade média de desempregados dessas localidades (a situação só não está calamitosa porque existe uma teia social solidária nessas localidades que sustenta os mais necessitados, e a economia informal é muito significativa). O destaque nesse item ficou com as comunidades de Cumbuco/Lagoa do Barro e Paracuru com 4 pessoas (ou 13,33% do total local), seguidas de Pecém, com 3 pessoas (ou 10,00% do total local). Os locais em crise o estão por conta de mau planejamento do PRODETUR-CE, que não anteviu as

conseqüências nefastas que a dotação da infra-estrutura turística poderia provocar nas localidades receptoras, sobretudo por não ter havido participação das comunidades na concepção e execução do processo. Nas localidades de Lagoinha e Baleia, não se registrou afirmativa sobre geração de desemprego e, em Flecheiras, apenas uma pessoa afirmou que houve uma pequena diminuição no nível de emprego, o que pode significar um aumento do turismo nessas localidades.

• Foi registrado também que, para alguns, houve um grande aumento no nível de emprego, chegando a somar 17 pessoas (ou 9,44% do total geral), tendo como destaque a comunidade de Lagoinha, com 8 pessoas (ou 26,67% do total local). Isto é razoavelmente relevante mais uma vez mostrando que o turismo se expandiu, no lugar, e houve a absorção de uma parcela da mão-de-obra local, pois as obras de saneamento básico, em abril do corrente ano (com um atraso de 4 meses do término da primeira fase do Programa), ainda estavam em andamento e, segundo um funcionário da empresa contratada para fazer a obra, todos os empregados que executaram o serviço braçal era da comunidade. Isso é uma medida correta e louvável (ainda que, com empregos temporários). Outras obras estavam em curso, como a conclusão de um hotel extremamente mal localizado, na faixa de domínio de praia, e que, segundo algumas pessoas descontentes (que chegaram a dar depoimentos que foram gravados e serão relatados adiante) seria voltado a um público específico, (Gays, Lésbicas e Simpatizantes, os GLS). Além dos empregos gera muitas polêmicas na comunidade. A polêmica foi grande que depois de construído, por conta da pressão da comunidade, o hotel foi vendido para um empresário evangélico que tem dito que o público que ele irá atrair, preferencialmente, os evangélicos que reivindicam espaços de lazer, reservados aos seus praticantes. A respeito da problemática gerada pela informação que foi veiculada na comunidade, sobre a simples possibilidade de haver um espaço de hospedagem preferencialmente voltado a um grupo social que tem sido historicamente discriminado, os GLS, o que se evidenciou nas falas dos entrevistados foi a prevalência de uma concepção tradicionalista no tocante a orientação sexual que abomina e até amaldiçoa a existência de pessoas que não se definam como heterossexuais e não conseguem conviver respeitosamente no mesmo espaço público e privado. Essa questão está intimamente associada aos valores morais que são socialmente construídos e aceitos pela maioria da

sociedade e no contexto histórico brasileiro de uma maneira geral prevaleceu a concepção discriminatória contra esse grupo social que ainda predomina na Igreja Católica Apostólica Romana e essa situação vigora em comunidades pequenas como a de Lagoinha.

Tabela 33 – Percepção sobre comportamento do emprego entre 1995 – 2001 sob a ótica das amostras nas localidades de Cumbuco/Lagoa do Barro, Pecém, Paracuru, Lagoinha, Flecheiras e Baleia.

Comunidade/ Percepção sobre o emprego Aume ntou um pouco % Não mudou % Aumen tou muito % Diminuiu um pouco % Dimi nuiu Muito % Total Cumbuco/ Lagoa do Barro 13 43,33 8 26,67 2 6,67 4 13,33 3 10,00 30 Pecém 10 33,33 4 13,33 2 6,67 3 10,00 11 36,67 30 Paracuru 9 30,00 8 26,67 1 3,33 4 13,33 8 26,67 30 Lagoinha 19 63,33 3 10,00 8 26,67 - - - - 30 Flecheiras 20 66,67 4 13,33 4 13,34 1 3,33 1 3,33 30 Baleia 11 36,67 19 63,33 - - - - - - 30 Total e Média. 82 45,5 46 25,55 17 9,44 12 6,67 23 12,78 180

FONTE: Pesquisa direta.

4.10. O COMPORTAMENTO DOS PREÇOS NAS COMUNIDADES, NO PERÍODO