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A E MENDA C ONSTITUCIONAL N 30, DE 13 DE SETEMBRO

No documento Precatórios: problemas e soluções (páginas 112-116)

DE 2000, EO REGIME DOSPRECATÓRIOS

Aos 13 de setembro de 2000, novamente com o intuito de forçar as Fazendas ao pagamento dos precatórios, minorando as dificuldades

4 7 O montante das obrigações de pequeno valor foi definido no art. 17, § 1º, da Lei nº

10.259 (“Dispõe sobre a instituição dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais no âmbito da Justiça Federal”), nos seguintes termos: “Art. 17. (omissis). § 1º. Para os efeitos do § 3º do art. 100 da Constituição Federal, as obrigações ali definidas como de pequeno valor, a serem pagas independentemente de precatório, terão como limite o mesmo valor estabelecido nesta Lei para a competência do Juizado Especial Federal Cível (art. 3º, caput)”. O art. 3º, caput, por sua vez, dispunha: “Art. 3º. Compe- te ao Juizado Especial Federal Cível processar, conciliar e julgar causas de competência da Justiça Federal até o valor de sessenta salários mínimos, bem como executar as suas sentenças”.

4 8 DOU de 13.7.2003: “Art. 17. Tratando-se de obrigação de pagar quantia certa, após

o trânsito em julgado da decisão, o pagamento será efetuado no prazo de sessenta dias, contados da entrega da requisição, por ordem do Juiz, à autoridade citada para a causa, na agência mais próxima da Caixa Econômica Federal ou do Banco do Brasil, independentemente de precatório. (...). § 2º. Desatendida a requisição judi- cial, o Juiz determinará o seqüestro do numerário suficiente ao cumprimento da decisão. § 3º. São vedados o fracionamento, repartição ou quebra do valor da execução, de modo que o pagamento se faça, em parte, na forma estabelecida no § 1º deste artigo, e, em parte, mediante expedição do precatório, e a expedição de precatório complementar ou suplementar do valor pago. § 4º. Se o valor da execução ultrapas- sar o estabelecido no § 1º, o pagamento far-se-á, sempre, por meio do

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CAPÍTULO 3

de seus credores, foi promulgada a Emenda Constitucional n. 30 (“Al- tera a redação do art. 100 da Constituição Federal e acrescenta o art. 78 no Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, referente ao pagamento de precatórios judiciários”), trazendo importantes modifi- cações na forma de extinção das dívidas da Fazenda Pública.

Essa emenda deu nova redação aos §§ 1º, 2º e 3º do art. 100, acres- centando-lhe os §§ 1º-A, 4º e 5°, bem como o art. 78 ao Ato das Dis- posições Constitucionais Transitórias – ADCT.

Após a entrada em vigor da emenda, que se deu na data de sua publi- cação,49 o art. 100 da Constituição passou a ter a seguinte redação:

Art. 100. À exceção dos créditos de natureza alimentícia, os pa- gamentos devidos pela Fazenda Federal, Estadual ou Municipal, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim.

§ 1º. É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de direito público, de verba necessária ao pagamento de seus débi- tos oriundos de sentenças transitadas em julgado, constantes de precatórios judiciários, apresentados até 1º de julho, fazendo-se o pagamento até o final do exercício seguinte, quando terão seus valores atualizados monetariamente.

§ 1º-A. Os débitos de natureza alimentícia compreendem aque- les decorrentes de salários, vencimentos, proventos, pensões e suas complementações, benefícios previdenciários e indeniza- ções por morte ou invalidez, fundadas na responsabilidade civil, em virtude de sentença transitada em julgado.

§ 2º. As dotações orçamentárias e os créditos abertos serão con- signados diretamente ao Poder Judiciário, cabendo ao Presiden- te do Tribunal que proferir a decisão exeqüenda determinar o pagamento segundo as possibilidades do depósito, e autorizar, a requerimento do credor, e exclusivamente para o caso de preteri-

precatório, sendo facultado à parte exeqüente a renúncia ao crédito do valor exceden- te, para que possa optar pelo pagamento do saldo sem o precatório, da forma lá prevista”.

JORNADADEESTUDOS

mento de seu direito de precedência, o seqüestro da quantia necessária à satisfação do débito.

§ 3º. O disposto no caput deste artigo, relativamente à expedição de precatórios, não se aplica aos pagamentos de obrigações de- finidas em lei como de pequeno valor que a Fazenda Federal, Estadual, Distrital ou Municipal deva fazer em virtude de sen- tença judicial transitada em julgado.

§ 4º. A lei poderá fixar valores distintos para o fim previsto no § 3º deste artigo, segundo as diferentes capacidades das entida- des de direito público.

§ 5º. O Presidente do Tribunal competente que, por ato comissivo ou omissivo, retardar ou tentar frustrar a liquidação regular de precatório incorrerá em crime de responsabilidade.

Com a nova redação dada ao § 1º, a partir da vigência da Emenda Constitucional n. 30, impediu-se, expressamente, o “congelamento” dos valores a pagar, uma vez que estes devem ser atualizados quando do pagamento. Afastou-se, assim, a nefasta prática adotada pelas Fa- zendas de pagar os precatórios pelo seu valor nominal, pois determina a emenda que o precatório sofra correção monetária entre a data de sua inscrição e o efetivo pagamento.

Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a correção não abrange juros moratórios. Na oportunidade do julgamento do RE nº 305.186–SP, realizado em 17.9.02, a 1ª Turma do Supremo Tribu- nal Federal, acompanhando voto do Ministro Ilmar Galvão, entendeu não serem os juros devidos

[...] no período compreendido entre a data da expedição e a data do efetivo pagamento do precatório judicial, no prazo cons- titucionalmente estabelecido, em vista da não-caracterização, na espécie, de inadimplemento por parte do Poder Público. Em julgamento posterior, levada a questão a Plenário, decidiu-se, por maioria – vencidos os Ministros Carlos Velloso e Marco

Aurélio –, que os juros não eram devidos.50 Entendeu o Plenário,

na esteira do voto condutor do acórdão da lavra do Ministro Gilmar Mendes, que

5 0 Cf. RE nº 298.616-0 – SP, rel. Min. Gilmar Mendes, j. 31.10.02, DJ 3.10.03.

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CAPÍTULO 3

[...] o próprio texto constitucional determinava prazo para pa- gamento do precatório, qual seja, até o final do exercício seguin- te. Assim, somente no caso de seu descumprimento poder-se-ia falar em mora e, em conseqüência, nos juros a ela relativos, como penalidade pelo atraso no pagamento.

Entendeu-se, destarte, somente serem devidos juros, caso o paga- mento não se fizesse no prazo estabelecido pela Constituição, isto é, até o final do exercício seguinte. Estabeleceu-se, assim, a regra geral para o pagamento dos precatórios.

Inovou, ainda, o Constituinte, no § 1º do art. 100, ao determinar que fossem incluídas nos orçamentos as verbas necessárias ao paga- mento de sentenças “transitadas em julgado”. De fato, o dispositivo desobriga as Fazendas do pagamento de valores estipulados em sen- tenças sujeitas a recurso, uma vez que estes não precisam ser incluídos no orçamento. O pagamento, assim, seria “gasto sem autorização”, o que é constitucionalmente vedado. Essa inovação, por conseguinte, alterou toda a jurisprudência relativa à expedição de precatórios an- tes de transitada em julgado a sentença, como se pode ver pelos se- guintes arestos:

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO ESPECIAL. PRECATÓRIO. ATIVIDADE ADMINISTRATIVA.

1. Tratando-se de execução provisória iniciada antes da edição da EC n. 30/00 não há a exigência do trânsito em julgado como condição para expedição do precatório. (Precedentes).

[...]

3. Agravo regimental a que se nega provimento. (STJ, 1ª Turma, AgRg no AG nº 544.364-SP, rel. Min. Denise Arruda, j. 19.8.04, DJ 20.9.04, p. 189).

PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO PROVISÓRIA CON- TRA A FAZENDA PÚBLICA DE VALORES INCONTRO- VERSOS. EMENDA CONSTITUCIONAL N. 30, DE 13.9.2000.

1. É cediço que, na obrigação de pagar quantia certa, o procedi- mento executório contra a Fazenda é o estabelecido nos arts. 730 e 731 do CPC que, em se tratando de execução provisória, deve ser compatibilizado com as normas constitucionais.

JORNADADEESTUDOS

2. Os parágrafos 1º, 1º-A, ambos com a redação da EC nº 30, de 13.09.2000, e 3º do art. 100 da Constituição, determinam que a expedição de precatório ou o pagamento de débito de peque- no valor de responsabilidade da Fazenda Pública, decorrentes de decisão judicial, mesmo em se tratando de obrigação de na- tureza alimentar, pressupõem o trânsito em julgado da respecti- va sentença.

3. Outrossim, às execuções iniciadas após a edição da Emenda Constitucional n. 30, já a exigência do trânsito em julgado como condição para a expedição do precatório. (Precedente da 1ª Turma do STJ; REsp 331.460, DJ de 17/11/2003).

4. Destarte, in casu, além de preenchido o lapso temporal, na parte relativa ao quantum incontroverso, inexigível é a imutabilidade do julgado, a permitir, segundo a novel técnica de efetividade, o le- vantamento da quantia incontroversa, sob a via do precatório. 5. Recurso especial provido. (STJ, 1ª Turma, REsp n. 591.368-RR, rel. Min. Luiz Fux, j. 1º.10.2004, DJ 25/10/04, p. 232).

4. DISTINÇÃO ENTRE PRECATÓRIOS COMUNS E

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