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A EF é uma disciplina que se destaca fortemente das restantes. Obviamente através do trabalho corporal, do movimento e dos jogos desportivos (Graça, 2012). Para além do local onde as aulas decorrem, também ser diferenciado. Criando um contexto imprevisível e com diversas variáveis a gerir. O facto de a disciplina ser uma, de apenas duas, que acompanham todo o currículo escolar dos alunos, não deverá ser esquecido, nem abordado levianamente (Graça, 2012). É preciso reafirmar as razões que justificam esse facto, de modo a não caírem em esquecimento.

Assim, para mim a EF deverá ajudar os jovens no seu processo de aprendizagem e desenvolvimento motor. Na descoberta e crescimento das suas capacidades e habilidades físicas. Sobretudo, deverá contribuir para a fomentação do prazer pela prática desportiva, dando ferramentas aos alunos, para a praticarem autonomamente, durante toda a sua vida (Siedentop, Hastie & Van der Mars 2011). Aliando-se ao desporto e utilizando-o como veículo, para a formação integral dos jovens. Pois permite a prosperidade de valores, de regras e de componentes comportamentais (Rosado, 2009). Sendo estes, elementos cruciais para o futuro pessoal, social e profissional dos alunos.

Enquanto professor estagiário e futuro professor de EF, o meu compromisso foi e será o de assistir os alunos no seu processo de formação holística. Onde a principal missão trata-se de incutir um gosto pelo desporto e exercício físico, através do mesmo sentimento, perante a disciplina de EF. Uma ação que só será alcançada, através de uma preocupação constante com a formulação do processo de E/A. Onde a partilha dos conhecimentos apreendidos através da formação na área desportiva, tanto na licenciatura em

ciências do desporto como no mestrado de ensino, é fundamental. Mas igualmente, pelas experiências como nadador e treinador de competição. Permitindo que aproveite esta cultura desportiva, na qual estou envolvido desde novo, para difundir o afeto que tenho pela prática desportiva e os valores que a regem. Retribuindo desta forma, pelo crescimento possibilitado pela mesma.

Na minha opinião, o ensino da educação física deverá ser centrado nos alunos e no desporto, através do jogo. Procurando considerar o nível individual de cada aluno, para todo o processo, posicionando-me assim numa perspetiva mais construtivista do ensino. As quais se baseiam no facto de os alunos serem elementos ativos e construtores do próprio conhecimento, em detrimento de serem elementos passivos que recebem e absorvem informação proveniente de outros (Cobb, 1994). Contudo, reconheço a dificuldade na implementação de estratégias relativas a esta crença. Como refere Graça (2004), o desporto para todos não é desporto de medida única; é desejavelmente mais de medida para cada qual, o que é coisa simples de dizer, ingénua de prometer, mas muito difícil de levar à prática.

Esta minha forma de encarar a EF penso que está relacionada com o facto, de ao longo de todo o meu percurso como aluno, ter estado sujeito a modelos instrucionais bastante diretivos e centrados no professor. De acordo com Almeida e Fernsterseifer (2007) um dos motivos que leva à escolha da área da EF é a relação com a mesma disciplina na escola. Um relacionamento que não afeta apenas de forma positiva, mas também pelo lado negativo. Onde a vontade de instituir novas ações e contribuir para o desenvolvimento da EF é uma das formas de seleção da área profissional (Gomes et al., 2014). Assumindo-se este como um período de socialização antecipatória em que futuros professores se familiarizam com as tarefas de ensino e formulam uma avaliação das práticas dos seus professores, distinguindo quais as boas práticas e o profissional ideal (Schempp, 1989).

Admito que a curto prazo, será muito difícil concretizar em todos os seus domínios, uma conceção do ensino deste tipo. No entanto, ao longo do ano de EP objetivei começar a explorar os potenciais da mesma. Assim como, os

limites de diversas estratégias e modelos de ensino no contexto prático e no seu alcance com os alunos. Isto, recorrendo às particularidades que considerei mais importantes em cada momento, relativamente aos diferentes modelos de ensino. De maneira a que estivessem em consonância com o contexto da turma e com as caraterísticas específicas dos alunos.

Pois nenhum modelo de ensino é o mais correto ou o ideal. Tudo depende da forma como o mesmo será usado e se está enquadrado com a conjuntura das aulas, dos alunos e das suas capacidades (Metzler, 2000). No entanto, determinadas metodologias poderão ser úteis e causar impacto no processo de E/A se forem devidamente implementadas. As quais poderão ser baseadas em vários modelos de ensino, extraindo as estratégias dos mesmos, que assumimos poderem auxiliar o processo de E/A e o sucesso dos alunos na disciplina.

Algo que não é novo e se realiza tanto no contexto real de ensino, como em investigações no âmbito da educação: “A necessidade de abordar o domínio do conhecimento do conteúdo, já foi de certa forma respondida através de alianças entre o MED e outros modelos instrucionais (…) Nestas unidades híbridas, a estrutura da aula seguiu princípios do MED (equipas fixas, competição formal e atribuição de funções aos alunos), enquanto as tarefas da aula seguiram a estrutura didática de outro modelo instrucional” (Araújo, Mesquita & Hastie, 2014, p.885).

Entendo que este será o caminho a seguir pois, cada vez mais, os jovens estão habituados a assumir um protagonismo nos diversos ambientes da sua vida. Onde as tecnologias de informação e a sociedade atual possibilitaram um controlo e gestão desses contextos a cada indivíduo. Para além de, existir um fluxo de informação que se multiplica a cada segundo. Tornando-se essencial, a integração dos alunos no processo de E/A, como elementos centrais e colaboradores do mesmo. De modo a que a aprendizagem seja significativa, útil e motivadora para eles. Torna-se assim necessário criar espaços com valor onde os estudantes possam falar e os professores “recalibrem os ouvidos”, para conseguirem compreender o que eles estão a dizer, redirecionando as

suas ações em resposta àquilo que os alunos expressam. (Cook-Sather, 2006, 2009; Schultz, 2003)

Este será um sistema de melhoria constante, onde procurarei sempre o incremento das condições e dos métodos aplicados, para que os alunos tenham sucesso. Mas para tal, terá de se analisar o processo de E/A, para entender se o mesmo foi eficaz e realizado com êxito. Onde a evolução dos alunos será sempre um dos fatores mais importantes para tal. Neste ano de EP, uma das ferramentas fundamentais para este aspeto foi a observação por parte dos colegas de NE. Os quais providenciaram indicações valiosas, para poder melhorar a minha intervenção perante os alunos e em todo o processo de E/A.