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4. Enquadramento Operacional

4.1 Área 1 – Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem

4.1.1 Conceção e Planeamento do Ensino

4.1.1.5 Unidade didática

A UD assume-se como o segundo nível de planeamento, efetuada após o PA e previamente ao plano de aula (PdA). É através da UD, que o planeamento do ensino começa a especificar-se. Focando-se por meio da mesma, nos conteúdos a lecionar em cada uma das modalidades. Como está descrito por Bento (2003, p.75), as UDs constituem-se como “unidades

fundamentais e integrais do processo pedagógico e apresentam aos

professores e alunos etapas claras e bem distintas de ensino e aprendizagem”. Também de acordo com Metzler (2000), assim que o planeamento da UD é efetuado, a restante planificação dos PdA torna-se cada vez mais facilitada, à medida que a UD e as aulas progridem. Algo que eu experienciei ao longo do EP, sentindo uma grande necessidade de completar as UDs o mais cedo possível. Pois foi o nível de planeamento, que para mim, norteou o quotidiano experienciado no contexto escolar. Através da assistência com o

direcionamento dos conteúdos, aula após aula. Interligando os PdA, com os níveis mais abrangentes do planeamento. Em conjunto com a manutenção da ênfase, nos objetivos específicos para cada modalidade.

Dessa forma, foi elaborada uma UD para cada uma das modalidades, previamente ao início da lecionação das mesmas. Estas UDs consideraram todas as variáveis já descritas ao longo deste relatório, para além de, se basearem no MEC de Vickers (1990). Mais especificamente, no módulo 4 desta proposta metodológica. O qual determina a sequência e extensão dos conteúdos. E é precisamente este “simples” ato de determinar e organizar os conteúdos a lecionar, que possibilita todo o desenvolvimento da prática pedagógica. Para além de permitir que seja uma primeira fase de aplicação prática do conhecimento do conteúdo e por sua vez, do conhecimento pedagógico do conteúdo. Quer seja fortemente influenciada pelos programas e formação inicial (Barrett & Collie 1996; Kutame, 2002), quer pela experiência, desenvolvimento profissional ou currículo específico da escola (Barrett & Collie 1996; Schempp et al., 1998). Facultando desta forma, uma esquematização e estruturação dos conteúdos a lecionar. Considerando já o conhecimento sobre os mesmos e objetivando a forma, como os mesmos poderão ser aplicados, no contexto prático de aula/exercitação.

Assim, procurei cumprir com uma sequência e estrutura lógico-específica dos conteúdos, organizando a matéria de ensino de uma forma metodológica e processualmente correta. Com o objetivo de unificar e articular da melhor forma os conteúdos e funções a desenvolver em cada aula. (Bento, 2003) De maneira a que existisse uma linha orientadora do processo de E/A, durante o seu desenvolvimento, ao longo das diferentes aulas. Não sendo estas apenas unidades isoladas e sem qualquer relacionamento com os objetivos específicos, de cada modalidade.

No que concerne propriamente à construção e desenvolvimento das UDs, os fatores considerados para o seu delineamento foram: a modalidade, a AD, o número e duração das sessões, o espaço designado, os conteúdos/comportamentos a desenvolver e as funções didáticas. Um fator que permitiu uma maior agilidade e facilitação na construção das UDs, foi o facto de

ser uma tarefa já desempenhada no contexto das didáticas específicas, na formação inicial. Assim como a AD dos alunos, efetuada previamente à elaboração das UDs. O que permitiu ter uma noção clara das capacidades e nível dos alunos, em cada uma das modalidades.

A sua construção também foi fortemente influenciada pelo tipo de modalidade a desenvolver (coletiva ou individual). Nomeadamente pelo tipo de abordagem e conceção a aplicar em cada uma. No caso dos JDC e de badminton, foi efetuada uma abordagem do topo para a base. A qual se baseia em destacar o “todo”, neste caso, o jogo. Em detrimento do trabalho técnico isolado, por etapas crescentes. Objetivando o entendimento dos princípios e processos do mesmo, inserindo o trabalho técnico dentro desse contexto, entendendo assim o seu propósito (Vickers, 1990). Onde o ensino do jogo e a aproximação do contexto formal foram sempre componentes privilegiadas. Adaptando-se as habilidades técnicas a este contexto. De modo a ser uma prática integrada e consciencializada da sua importância.

“Apesar de a turma se encontrar num nível baixo de aptidão, onde ainda está bastante presente o jogo anárquico, a abordagem desta modalidade será do topo para a base, baseando-se no ensino do jogo para a compreensão. Ou seja, serão enaltecidos os conteúdos táticos, em vez dos técnicos e de um ensino mais “tradicional”. No entanto, os conteúdos técnicos serão desenvolvidos e reforçados mais situacionalmente, durante os exercícios, apesar de não serem o principal objetivo dos mesmos. Pressupõem-se assim que, através deste dinamismo e mais oportunidades de jogo, provêm mais contactos com a bola e que os alunos adquiram uma maior cultura tática e conhecimento do jogo.

É através do jogo que se possibilita aos praticantes desenvolverem um maior gosto pela prática, indispensável para que tenham sucesso. O aumento de situações que acrescentem o número de contactos com a bola (modificações por representação) e o êxito dos praticantes são possibilitadas através de formas facilitadoras do jogo (adaptações regulamentares). Os jogos reduzidos que têm presentes essas adaptações são meios de excelência na aprendizagem da modalidade. Porque possibilitam um maior número de situações de êxito. Revelando-se fulcral a presença do jogo em todas as aulas.”

Nas UDs das modalidades coletivas, no que respeita ao 3º período, foi privilegiada a exercitação e consolidação dos conteúdos previamente lecionados. Ao invés do acréscimo de novos conteúdos mais complexos. Algo efetuado com o propósito de no final do ano letivo, destacar ainda mais o processo de jogo e de competição. Deixando assim em aberto, a possibilidade da implementação de um modelo de ensino diferenciado. Algo que ficou dependente do nível de aptidão que, os alunos revelariam nessa mesma fase do ano. Assim como, de uma eventual melhoria a nível do cumprimento das regras de segurança e funcionamento da aula. Algo que acabou por ocorrer. Permitindo que existisse um aprofundamento do meu DP e um enriquecimento da experiência de EP.

Já no que respeita às modalidades individuais e em contextos fechados (ginástica/judo/dança), estas foram planificadas segundo uma abordagem da base para o topo. A qual contrasta exatamente com a do topo para a base. Onde o realce é dado às componentes técnicas. Com uma complexidade crescente à medida que se vai exercitando, de maneira a conseguir atingir-se o “todo” (esquema/coreografia/técnica de projeção). (Vickers, 1990). Algo necessário, devido às particularidades e complexidade deste tipo de modalidades.

“ Relativamente ao método de abordagem desta modalidade, este será maioritariamente baseado num modelo da base para o topo. Pois, trata-se de uma modalidade predominantemente individual, onde a técnica e os elementos (conteúdos) básicos são bastante importantes, para o desenvolvimento de elementos (conteúdos) mais complexos. Sendo este um facto transversal a todas as vertentes da ginástica. Motivo pelo qual é uma das modalidades mais exigentes e onde os alunos revelam ter maiores dificuldades. Nesta modalidade, as adaptações dos exercícios, através da criação de progressões para cada elemento (conteúdo) são um recurso valioso e recorrente. Pois permitem ao aluno desenvolver as suas capacidades até ao momento, em que conseguem executar os elementos corretamente. Onde a exercitação constante dos conteúdos é fundamental, para um desenvolvimento nesta modalidade e para os objetivos serem atingidos. Pois de outra forma, será bastante difícil de conseguir evoluir na ginástica.”

Através de um planeamento mais abrangente do ensino, centrando-se na conceção didática da UD, cria-se uma estrutura base para uma realização do ensino de sucesso. Assim como, para a formação e desenvolvimento consciente dos conhecimentos fundamentais. Apenas possibilitado por um trabalho continuado e devidamente orientado, para um objetivo (Bento, 2003). Onde o processo de reflexão também é um elemento fundamental, para o bom desenvolvimento e readaptação das UDs. Objetivando sempre um processo de E/A, adequado às necessidades dos alunos em cada momento. Procurando encontrar as soluções e estratégias mais apropriadas, para o desenvolvimento dos alunos. De maneira a que estes consigam atingir os objetivos designados.