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4. Enquadramento Operacional

4.1 Área 1 – Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem

4.1.1 Conceção e Planeamento do Ensino

4.1.1.6 Plano de Aula

O PdA traduz-se como o nível de planeamento mais específico, expressando os conteúdos delineados nos níveis de planeamento mais abrangentes (PA, MEC, UD). De acordo com Bento (2003), cada aula deverá providenciar um contributo específico, que tenha como objetivo assistir o processo de E/A concebido no PA, na UD e na programação de toda a escolaridade. Assumindo assim uma função concreta, que espelhe os objetivos propostos a atingir, nos níveis de planeamento anteriores. Devendo ainda existir uma forte congruência entre a UD e o PdA. De maneira a que este contribua para o desenvolvimento do ensino, através de orientações singulares, guiando o professor em cada uma das aulas (Metzler, 2000).

Desta forma, antevendo já a elaboração constante dos PdA, ao longo de todas as semanas de EP, foi importante a criação de um modelo fixo logo no início do ano letivo. Contendo todos os elementos necessários, para uma orientação consciente das aulas e do processo de E/A. Assim, os PdA elaborados seguiram uma estrutura usualmente utilizada, organizando-se em três partes diferenciadas: inicial, principal e final (Bento, 2003). No entanto, os mesmos também continham um cabeçalho com informações generalizadas, que permitiam situar cada aula, em relação ao restante planeamento. Contendo elementos como o nº da aula, o local, o material necessário, a UD e a respetiva aula da mesma, as funções didáticas e ainda os objetivos (gerais e específicos). Assumindo-se como elementos que permitiam contextualizar cada

aula, dentro de um panorama mais amplo. Assistindo-me assim na condução e acompanhamento do processo de ensino. Tornando-se fatores importantes numa prática com o MPD. Onde as modalidades e os conteúdos se alteram aula após aula e dentro da própria aula. Sendo necessária uma noção clara dos objetivos gerais e específicos de cada modalidade, em todos os momentos.

Relativamente à parte inicial do PdA, apesar de esta apenas representar uma pequena porção do mesmo e da aula em si, a sua função é fundamental. Pois dedicava-se ao registo e controlo das presenças, mas sobretudo, ao enquadramento dos alunos com os objetivos e situações da aula. Permitindo igualmente verificar a disponibilidade da turma para a aprendizagem, através de uma conversa inicial, geralmente num clima mais informal. Algo que considero bastante importante. Constituindo-se como um momento, ao qual fui atribuindo cada vez mais importância, à medida que o ano foi passando. Pois é o primeiro contacto da aula com os alunos e permite desenvolver o relacionamento com os mesmos. Ao mesmo tempo que, possibilita acessar o estado dos alunos e reformular a aula em função disso, se tal se revelar necessário. Para além deste encargo, a parte inicial pretende também ser o momento para a ativação geral dos alunos. Efetuando-se exercícios com funções gerais (principais grupos musculares e articulações) e específicas consoante a modalidade a abordar. Permitindo assim preparar os alunos a nível fisiológico e psicológico, para a exercitação que se seguirá. No que respeita a este momento de “aquecimento”, procurei desde o início do ano, definir um conjunto de exercícios base, que foram efetuados com regularidade, consoante a modalidade a abordar. Uma decisão motivada pela otimização da gestão e organização das aulas. Pois desta forma, os alunos adquiriram uma rotina de ativação geral, sabendo rapidamente quais os exercícios a efetuar e a estrutura dos mesmos. Algo que se revelou fulcral na fase final do ano, com a implementação do MED e com a promoção da autonomia dos alunos, em momentos como o “aquecimento”.

Já no que concerne à fase principal da aula, esta é a que se destaca pela sua extensão e pelos exercícios contidos na mesma. Consistindo na fase que

pretende desenvolver as funções didáticas e respetivos conteúdos, propostos para o PdA. Constitui-se igualmente como a parte onde “o professor tem a tarefa de realizar os objetivos e de transmitir os conteúdos propriamente ditos (…), pelo que é aqui que as suas capacidades metodológicas são particularmente colocadas à prova” (Bento, 2003, p.158). Desta forma, a seleção dos exercícios para exercitar os conteúdos propostos é uma tarefa de grande importância. Pois o entendimento e aquisição dos mesmos por parte dos alunos estão dependentes da mesma. Revelando-se como a tarefa onde tive mais dificuldades na elaboração do PdA. Pela procura constante das melhores situações de aprendizagem, que visassem o desenvolvimento dos conteúdos pretendidos. Em conjunto com a sua adequação aos espaços de aula, ao número e nível dos alunos, ao material disponível e à manutenção dos níveis de motivação. Não sendo de todo, uma tarefa a executar de forma leviana e sem a consciencialização de todos estes fatores. Pois a qualidade e contextualização dos exercícios está diretamente associada à mesma.

Quanto à fase final do PdA, esta consiste num momento de retorno à calma e de reflexão. Procurando reduzir a intensidade imposta nos exercícios da fase principal e efetuar um reflexão com a turma. Onde eram relembrados os principais conteúdos e objetivos a reter da aula, assim como, os pontos positivos e negativos da mesma. Procurando efetuar um transferência para a aula seguinte e uma conexão com a mesma. Este foi também um momento que selecionei para promover o relacionamento e cooperação entre os alunos. Através da execução do grito de turma, concebido no início do ano. Pois, por vezes, devido ao teor competitivo das aulas e à separação por níveis ou equipas, geravam-se exaltações entre os alunos. Servindo este momento, como uma forma de serenar os ânimos e de retornar à normalidade das relações entre os alunos.

O PdA revelou-se como um verdadeiro documento orientador da minha prática, no quotidiano do EP. Estando constantemente em contacto com o mesmo, quer na sua elaboração, na realização e ainda na reflexão das aulas. Constatando-se a sua importância a nível da aplicação de todo o planeamento e da sua proximidade com o processo de lecionação. Para mim, foi realmente

um guião em todas as aulas. Necessitando mesmo de ter todas componentes, incluindo todas as repartições de tempo e a instrução, explícitas no PdA. Pois sempre regi a minha prática, estando bastante dependente do mesmo, devido à noção de que o tinha estruturado de forma consciente e devidamente regida. Algo que numa fase inicial do ano letivo, levou a situações de insucesso em determinados exercícios. Devido à necessidade que sentia, em me manter fiel ao planeado previamente. Não providenciando oportunidade aos alunos, para estes interiorizarem as rotinas e componentes dos exercícios.

Contudo, à medida que as aulas foram decorrendo, aprendi que o plano deve ser um esboço para a própria aula. Não devendo o professor ficar limitado ao mesmo, em detrimento da aprendizagem dos alunos, para apenas cumprir com o planeado. Pois é importante consciencializarmo-nos de que a aprendizagem dos alunos é o grande foco de toda a lecionação. Tornando-se necessária a capacidade de refletir na ação, para conseguirmos liderar um processo de E/A de qualidade e com sucesso. Uma capacidade que fui desenvolvendo ao longo do EP e à medida que as aulas decorreram. Permitindo adequar determinados exercícios às situações que ocorriam em cada momento, potencializando assim os mesmos. Através da observação das necessidades reveladas pelos alunos e da reflexão após a mesma. Algo que não aconteceria, se apenas regesse a prática pelo PdA.

Ainda assim, o PdA é um documento que deverá ser sempre considerado para a lecionação das aulas. Devendo aliar-se à reflexão na ação, para incrementar a qualidade do processo de E/A. Adequando as situações planificadas à realidade experienciada, de modo a encontrar a resposta mais adequada para as necessidades apresentadas pelos alunos.