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CAPÍTULO 4 – AS ENTREVISTAS COMO CONTRIBUTOS PARA UMA

4.1 A entrevista

Segundo Freixo (2010) “a entrevista é uma técnica que permite o relacionamento estreito entre entrevistador e entrevistado e o termo entrevista refere-se ao ato de perceber o realizado entre duas pessoas”. Acrescenta o autor que a entrevista,

como técnica para recolha de dados, apresenta vantagens e limitações. Como exemplos de vantagens retiram-se: as situações de poder ser utilizada para todos os segmentos da população (analfabetos ou alfabetizados); existir maior flexibilidade ao permitir ao entrevistador repetir ou esclarecer perguntas ou ainda formular as questões de forma diferente; oferecer maior oportunidade para avaliar atitudes e condutas; obter dados que não existem em fontes documentais e que podem ser relevantes ou significativos; ou obter informações mais precisas que são suscetíveis de serem comprovadas no momento. Por outro lado e na esfera das desvantagens ou limitações, estas poderão ocorrer por: uma deficiente expressão e comunicação entre as partes; deficiente interpretação do entrevistado quanto ao significado das questões; a possibilidade do entrevistado vir a ser influenciado pelo entrevistador; a reserva quanto à expressão da opinião do entrevistado por receio da sua posterior identificação e, finalmente, o gasto de tempo, que pode ser excessivo, aliado à pontual dificuldade da sua realização (FREIXO, 2010).

No processo de recolha de dados, para este estudo, foram observados alguns aspetos essenciais como sejam:

 O planeamento da entrevista com a definição clara do objetivo a ser alcançado (recolha de opinião sobre a participação em ambiente Web 2.0);  O conhecimento prévio dos entrevistados (foram selecionadas

personalidades com reconhecido mérito nos meios político, académico e científico e em Organizações da sociedade civil, nas quais se incluem as de caráter religioso, da defesa dos direitos humanos, da proteção ambiental, da organização autárquica e da comunicação social), que se mostravam

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vinculados a setores comprometidos, ainda que de forma diversa, com o objeto em estudo.

 Foi promovido o agendamento das entrevistas com antecedência para os entrevistados se prepararem, não podendo ser garantida confidencialidade (nem parecendo que tal se justificasse) e definido o guião das questões a formular.

 Os entrevistados (Tabela 7) tiveram inteira liberdade de opção entre a possibilidade do registo áudio da entrevista, para posterior transcrição, que expressamente autorizaram, ou poderem recorrer a respostas escritas.

Tabela 7 - Nome e perfis pessoais dos entrevistados Nome do entrevistado Função (Currículo resumido) Data da

entrevista

Forma da entrevista

Adelino Maltez

Doutor em Ciências Sociais, na especialidade de Ciência Política, pela Universidade Técnica de Lisboa UL;

Professor Catedrático no ISCSP da UL- grupo de Ciências jurídico-políticas;

Comentador político na estação televisiva SIC-N

2013-11-18 Escrito/mail

Padre Américo Aguiar

Vigário-Geral Diocese do Porto e responsável da

Diocese para a comunicação social 2013-10-14 Presencial

José Carlos Mota

Assistente do Departamento de Ciências Sociais, Políticas e do Território da UA.

Investigador do GOVCOPP

Domínios de investigação: Metodologias em Planeamento do Território; Planeamento Colaborativo e Movimentos Cívicos (entre outros) Fundador do Grupo online “Pensar o Futuro de Aveiro”

2013-09-16 Presencial

Luís Marques Mendes

Licenciado pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra

ex-Presidente do PSD

ex-deputado do PSD na Assembleia da República ex-membro do Governo de Portugal

Comentador político na estação SIC-N

2013-11-20 Escrito/mail

Maria Potes Barbas

Investigadora do CIDTFF da UA no âmbito da Tecnologia Educativa

Professora Coordenadora Principal na Escola Superior de Educação de Santarém

Doutora na especialidade de Comunicação Educacional Multimédia pela Universidade. Aberta Pós-doutorada em Tec. Educativa na UA

2013-11-14

Presencial

Sérgio Ribeiro

Ex-Deputado do PCP na Assembleia da República Ex-Eurodeputado do Grupo EUE/Esquerda Nórdica Verde, no Parlamento Europeu

Economista

2013-10-19 Escrito/mail

Eduardo Martins Dirigente da Secção Portuguesa da Amnistia Internacional

2013-12-10 Escrito/mail

João Nazário Diretor do semanário Jornal de Leiria 2013-12-12 Escrito/mail

Sara Campos Gabinete de Comunicação Externa da Quercus 2013-12-17 Escrito/mail

Sérgio Faria Sociólogo e investigador no ISCTE Editor do Blogue O Castelo

2013-10-26 Escrito/mail

Valter Ferreira Membro da equipa gestora do Portal “Lisboa

Participa” da CML 2013-09-17 Presencial

Nesta perspetiva, apresentam-se os dados recolhidos recorrendo à realização das várias entrevistas, através de uma matriz adaptada e organizada alfabeticamente, que se pretende permita organizar, agregar e categorizar os conteúdos e

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informações recolhidas, de forma a sistematizar a interpretação dos resultados obtidos, pois segundo BARDIN (2008), uma análise de conteúdo implica tratar o material e codificá-lo e segundo esta autora “a codificação corresponde a uma transformação dos dados em bruto do texto, transformação esta que, por recorte, agregação e enumeração, permite atingir uma representação do conteúdo ou da sua expressão, suscetível de esclarecer o analista acerca das características do texto” (BARDIN, 2008).

A matriz expressa nas Tabelas 8 e 9 apresenta-se dividida em quatro colunas consignando a ‘categoria’, ‘sub-categoria’, ‘unidade interpretativa do investigador’ e ‘unidade de contexto’, detalhando que na coluna ‘categoria’ se apresentam os eixos principais da entrevista, na coluna ‘sub-categoria’ agrupam- se as questões tratadas dentro de cada eixo principal, enquanto na coluna ‘unidade interpretativa do investigador’ encontram-se organizados os segmentos de conteúdo considerados como unidade base. Finalmente, na coluna unidade de contexto define-se a contextualização da ‘unidade interpretativa do investigador’, através da transcrição de fragmentos do teor da entrevista.

A versão integral das entrevistas, que recorreram a um guião no sentido de permitir obter dos entrevistados respostas às mesmas perguntas e possibilitando a sua comparação, encontram-se transcritas no Anexo 1 e foram realizadas no período compreendido entre 16 de setembro e 17 de dezembro de 2013.

Entendeu-se ainda ser relevante, em função da temática em estudo e do perfil dos entrevistados, conferir margem de liberdade aos mesmos para as respostas, estando em causa a partilha do detalhe de grande quantidade de informação, procurando criar-se um clima para a existência de total liberdade para expressar cabalmente as suas opiniões e sentimentos, com exclusão de quaisquer contingências circunstanciais, procurando a recolha de dados relevantes que pudessem vir a ser utilizados em sede de análise qualitativa.

Dado pretender-se recolher contributos com origem em diferentes áreas da ciência, da política ou da vivência social, as questões-base formuladas procuraram reunir requisitos específicos em função desses dois grandes grupos. Embora com origem diversa, mas concorrendo para um objetivo comum (encontrar respostas para a questão central de investigação), era expectável que as diferentes vertentes entrevistadas se complementassem, expressando diferentes ângulos e formas de organização da sociedade.

Assume-se assim, que este trabalho segue em linha com princípios focalizados no estudo do aprofundamento da democracia e da intervenção cívica e política.

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