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Dados estatísticos referentes ao uso da Internet em Portugal e no espaço

CAPÍTULO 2 – OS IMPACTOS NA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO

2.10 Dados estatísticos referentes ao uso da Internet em Portugal e no espaço

Observando um dos objetivos expressos na introdução deste estudo, nomeadamente quanto à caraterização do uso das TIC no contexto dos Estados da EU e mais objetivamente, em Portugal, parece pertinente recorrer a algumas referências estatísticas disponibilizados pelo ‘OberCom – Observatório da Comunicação’ e pelo Eurostat, que apresentaram dados recolhidos respetivamente no âmbito do Inquérito ‘Sociedade em Rede 2013’, quanto à primeira entidade, e relativos a 2012, no que se refere à segunda.

Relativamente aos dados disponibilizados pelo OberCom, referentes a 2013, verificou-se que o número de acessos à Internet nos agregados domésticos em Portugal tem vindo a subir de forma regular nos últimos anos, tendo-se verificado, no entanto, entre 2012 e 2013 um aumento de apenas 0,2 pontos percentuais, dos 57,0% para os 57,2%. Em termos de tipos de ligação, os lares portugueses encontram-se ligados, na sua maioria, por Cabo (28,5%), Banda Larga ADSL (11,1%) e Fibra ótica (9,9%), referindo o mesmo relatório que tal como no resto da Europa, a utilização de Internet em Portugal tem vindo a sofrer aumentos consistentes ao longo dos anos e essa tendência verificou-se também em 2013, face ao ano de 2012, em termos de acesso nos agregados domésticos (Gráfico 6).

Gráfico 6 - Acesso à Internet nos agregados domésticos, em Portugal, entre 2011 e 2013122

122 Fonte - OberCom – Observatório da Comunicação (Inquérito Sociedade em Rede 2013) (Consultado em

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Segundo o estudo do Eurostat, no espaço europeu a grande maioria das famílias e indivíduos utiliza a internet, o que permite que os utilizadores acedam a informações e serviços a qualquer momento e em qualquer lugar. O uso da Internet móvel tornou-se ainda mais popular, especialmente entre os mais jovens, com o surgimento de novos dispositivos móveis como os smartphones e os tablet’s, Segundo este estudo do Eurostat123 (último divulgado por aquela Entidade e referente ao ano de 2012),124aproximadamente 60% da população jovem da UE27 (com idade entre 16-24 anos) utilizava a internet em equipamentos móveis.

No trabalho do OberCom é revelado que a referida tendência de subida abrandou significativamente face ao aumento verificado entre 2011 e 2012, no número de acessos nos lares portugueses. Entre 2011 e 2012 o número de acessos subiu em 5,8 pontos percentuais, dos 51,2% em 2011 para os 57,0% em 2012. Em 2013, a percentagem de acessos era de 57,2%, face a uma percentagem de agregados sem acesso de 42,5%, ou seja, verificou-se um aumento de 0,2 pontos percentuais face a 2012, entre os agregados com ligação à Internet. Em termos de tipo de ligação, verificava-se que em 2013 existia uma predominância de ligações por Cabo entre os agregados Portugueses com ligação à Internet, onde 28,5% dos inquiridos tinham ligação de Internet por Cabo em casa, sendo que apenas 9,9% estavam ligados através de Fibra Ótica, tecnologia mais recente mas tendencialmente associada a mensalidades mais elevadas que o Cabo ou o ADSL (Gráfico 7).

Gráfico 7 - Que tipo de ligação à Internet tem em casa?” - Portugal, em 2013125

123 Disponível em http://epp.eurostat.ec.europa.eu/portal/page/portal/information_society/data/database

(consultado em 2014-04-15

124 Segundo o Eurostat os Dados de 2012 são baseadas em dados agregados selecionados e transmitidos

pelos Estados-Membros e outros países. Uma atualização da cobertura do banco público de dados com todas as características estava prevista para 2013 (o que ainda não se verificou). O inquérito abrangeu domicílios com pelo menos um indivíduo com idade na faixa 16-74. Os agregados familiares foram questionados sobre o acesso à Internet por qualquer membro do agregado familiar em casa, as pessoas sobre o última vez do uso da internet, frequência e local de utilização, o uso móvel, atividades e competências eletrónicas.

125 Fonte - OberCom – Observatório da Comunicação (Inquérito Sociedade em Rede 2013) (Consultado em

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O estudo do Eurostat adianta que a percentagem de indivíduos na UE que costumava aceder à internet em 2012 era de 73% com cerca de um terço a utilizaram a rede em dispositivos móveis, longe de casa ou no trabalho.

Verificavam-se diferenças significativas no uso da Internet móvel entre os vários países da União, tendo sido registadas taxas de utilização de computadores ou dispositivos portáteis através de redes de telefonia móvel ou sem fio superiores a 50% em seis Estados-Membros como foram os casos da Dinamarca, Irlanda, Luxemburgo, Países Baixos, Finlândia e Suécia, enquanto essas ações ficaram abaixo dos 20% na Bulgária, Itália, Hungria, Lituânia e Roménia.

Retornando a Portugal o estudo da OberCom revelava uma presença ainda forte das ligações por Banda Larga Fixa (11,1% dos inquiridos) e uma percentagem também expressiva de ligações por Banda Larga Móvel (7,4%), cuja principal característica de atração face às restantes possibilidades era precisamente, o facto de poder acompanhar o utilizador onde quer ele vá, num país em que a cobertura 3G se encontra largamente disseminada, salvo algumas regiões menos povoadas do interior português. A ligação Dial-up, claramente obsoleta face às restantes, totalizava 0,2 pontos percentuais.

Apurando os valores sobre a utilização de Internet, verificava-se que 55,2% dos inquiridos utilizavam a Internet, contra 44,8% que não utilizavam. Entre os não utilizadores, é de salientar que 6,5% deixaram de utilizar a Internet em 2013 e 38,3% nunca utilizaram este recurso (Gráfico 8).

Gráfico 8 - “É utilizador de Internet?”, em Portugal, em 2013126

126Fonte - OberCom – Observatório da Comunicação (Inquérito Sociedade em Rede 2013) (Consultado em 2014-05-02)

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O acesso em banda larga que permite maior velocidade durante a navegação e a realização de múltiplas atividades aos utilizadores revelou uma proporção de domicílios na UE com acesso dessa tipologia, de 76% em 2012, que se traduziu num aumento de 6 pontos percentuais em relação a 2010. Registou-se que na UE- 27, 72% dos domicílios tinham acesso à banda larga em casa, um aumento de 11 pontos percentuais em comparação com 2010, refere o Eurostat (Tabela 6).

A percentagem de acessos à Internet variou entre os Estados-Membros, desde mais de 90% dos domicílios na Dinamarca, Países Baixos, Luxemburgo e Suécia, para abaixo de 55% na Bulgária, Roménia e Grécia. De realçar que se verificavam disparidades significativas na receção de banda larga na EU, com uma taxa de cerca de 50% das famílias com o serviço na Bulgária, Grécia e Roménia, embora a Bulgária e a Roménia apresentassem um grande crescimento com as ligações de banda larga nesses países a dobrar entre 2010 e 2012, enquanto entre 2008 e 2012, o maior crescimento, mais de 30 pontos percentuais, foi registado na República Checa, Roménia e Eslováquia.

Tabela 6 - Acesso à Internet e Internet de banda larga em domicílios no espaço europeu (%) ano 2012127

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Quanto à utilização de Internet em dispositivos móveis, esta continuava a ser, de acordo com os dados apresentados pelo OberCom, minoritária. Em 2013, 38,5% dos inquiridos diziam ter utilizado dispositivos móveis (telemóvel, smartphone ou

tablet) para ver televisão, ouvir música, ouvir rádio, ler livros, ler jornais e revistas e jogar videojogos, contra 61,0% que diziam não o fazer (Gráfico 9).

Gráfico 9 - “Utiliza a Internet em dispositivos móveis?” Portugal em 2013128

Segundo o estudo do Eurostat, os Indivíduos na faixa de idades entre 16-74 anos fizeram mais uso dos dispositivos portáteis, incluindo os smartphones e os tablet’s, tendo a proporção de jovens com idades entre 16-24 a utilizar dispositivos portáteis (47%) para o acesso à internet, sido 7 pontos percentuais superior aos que utilizavam computadores portáteis (40%). Em geral, cerca de um terço dos indivíduos na UE27 usaram dispositivos móveis para aceder à Internet em casa ou no trabalho, sendo que a parcela de uso de internet móvel por jovens estava em 58% quase cinco vezes superior do que a quota de 12% para a população com idade entre 55-74 (Gráfico 10).

(% de indivíduos)

Gráfico 10 - Indivíduos que utilizaram a Internet em casa ou no trabalho, por faixa etária e tipo de dispositivo móvel – 2012129

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Quanto à frequência com que os utilizadores recorreram à Internet, o estudo da OberCom revela que a utilização por parte dos inquiridos no âmbito deste inquérito foi feita, essencialmente, de forma diária. 72,9% da amostra afirmou utilizar a Internet diariamente, sendo que 13,2% disse fazê-lo 3 ou 4 vezes por semana e 9,6% 1 ou 2 vezes por semana. 2,8% disseram utilizar a Internet pelo menos 1 vez por mês e apenas 1,0% dos inquiridos afirmou recorrer a este media menos de uma vez por mês (Gráfico 11).

Gráfico 11 - “Com que frequência utiliza a Internet?”, em Portugal, em 2013130

Segundo o estudo do Eurostat, cerca de 60% dos indivíduos na UE utilizou a Internet diariamente e sete em cada dez indivíduos usaram a Internet pelo menos uma vez por semana. Essas ações quanto aos indivíduos que utilizaram a internet foram regularmente acima dos 80% em seis Estados-Membros: Dinamarca, Luxemburgo, Países Baixos, Finlândia, Suécia e Reino Unido, estando as mesmas ações abaixo dos 60% em sete Estados-Membros: Bulgária, Grécia, Itália, Chipre, Polónia, Portugal e Roménia (Gráfico 12).

(% de indivíduos)

Gráfico 12 - Indivíduos que utilizaram a Internet pelo menos uma vez por semana em 2012131

De acordo com o Gráfico 13, 98,0% dos internautas portugueses utilizadores de redes sociais tinham perfil criado na rede Facebook. 13,7% possuíam perfil na rede

129 Fonte - Eurostat (Statistics in focus) (Consultado em 2014-05-02) 130 Fonte – Eurostat (Statistics in focus) (Consultado em 2014-05-02) 131 Fonte (idem)

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Google+ e 10,4% na rede Hi5, seguidos de Twitter, LinkedIn e Badoo (com percentagens de 9,0%, 7,5% e 3,2%, respetivamente).

Gráfico 13 - “Em que sites de redes sociais tem perfil criado?”- Portugal, em 2013132

Quanto à situação para o mesmo parâmetro, à escala europeia, verifica-se uma correspondência quanto à liderança (Facebook), seguido do Twitter, Linkdin, Pinterest e Google+.

O estudo do Eurostat revelou também que a maioria dos utilizadores da Internet recorre frequentemente ao uso do e-mail, tendo procurado informações sobre bens e serviços, lido notícias on-line e usado o serviço de internet banking. Ainda segundo o mesmo documento, nove em cada dez utilizadores da Internet comunicaram através de e-mail estando os media sociais a desempenhar um papel cada vez mais importante na comunicação para fins privados. Um em cada dois utilizadores da Internet colocou mensagens nos media sociais e mais de 80% procurou informações sobre bens e serviços, tendo mais de 60% lido notícias online

em jornais ou revistas. O estudo revelou ainda que outros usos populares são os serviços bancários na Internet e o uso associado de viagens e serviços para 54% e 50% dos utilizadores, de respetivamente).

Segundo a mesma fonte, um em cada dois utilizadores da Internet na faixa de idade entre 55-74 recorre aos serviços online disponibilizados pela banca. Quanto às comunicação por e-mail estas registaram importância semelhante para os utilizadores da Internet em todas as faixas etárias com as ações dos utilizadores

por e-mail a variaram ligeiramente de 86 % no grupo etário dos 55-74 a 92 % na

faixa etária 16-24. Maiores diferenças na utilização verificam-se entre as populações mais jovens e mais velhos. Atividades como comunicação nos media

sociais, ouvir Webrádios, ou assistir a televisão Web, bem como jogos, filmes ou

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música e upload de conteúdos para Websites atraíram mais de metade dos jovens utilizadores da Internet com idade entre 16-24 anos (Gráfico 14).

(% de indivíduos)

Gráfico 14 - Tipificação do uso da Internet na EU - 2012133

Resumo do capítulo 2

O enquadramento teórico envolvente deste estudo é complementado, em grande medida, pelo vasto espetro legislativo e orientador da EU e nomeadamente pelas Organizações governamentais do Estado português, o que evidencia uma clara tendência para o reconhecimento e aproveitamento do potencial da Internet pelo poder político, qualquer que seja a sua esfera de influência.

As iniciativas da União Europeia para a Sociedade Informação, definiram linhas de atuação e programas para a Administração Pública que conduziram a que os países membros dirigissem a sua atenção para o rápido desenvolvimento do governo eletrónico, permitindo inferir que mesmo em diferentes cenários, parece ser possível projetar um plano de interação de raíz digital para áreas de premente atualidade e relevância social, que poderiam encontrar no processo de participação eletrónica um mecanismo mais facilitador, no sentido do incremento da sua

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influência para as questões cívicas emergentes, ou recorrentes, em contraponto com os meios de comunicação tradicionais, que exigem investimentos financeiros pesados e que na fórmula em que se movimentam no teatro social, pouca disponibilidade manifestam para um acesso intensivo dos cidadãos, ou dos seus grupos de opinião.

Este processo, aparentemente também de empowerment social com recurso a meios eletrónicos, poderá assumir-se como um elemento vital no apoio às associações locais, aos grupos de cidadãos organizados por causas sociais e em geral ao próprio Estado democrático, proporcionando fórmulas participativas agregadoras e de manifesto interesse público. Acredita-se que as plataformas colaborativas poderiam refutar o preconceito de que a rede dificilmente servirá os interesses dos cidadãos, antes ou em paralelo com os dos Estados, acreditando- se também que desse relacionamento se poderiam retirar melhores práticas, conducentes a também melhores processos de interação entre os governos, as administrações e os cidadãos.

A democracia representativa, no quadro do desenvolvimento da SI, descobriu novas formas de relacionamento com as TIC, a par de idêntico posicionamento da sociedade civil, sendo os serviços baseados na Internet utilizando tecnologia Web 2.0 cada vez mais populares enquanto plataforma que permite às comunidades de interesses baseadas na rede mundial de computadores, colaboração e serviços interativos.

No mundo da Web 2.0, a colaboração está mais presente do que nunca através da partilha de informação relevante entre pessoas, instituições governamentais ou da sociedade civil, imersas no mesmo ambiente, trocando ideias, opiniões e processos de relacionamento social. É assim cada vez mais comum uma vivência coletiva mediada por meio de um conjunto de ferramentas digitais entre comunidades. A informação é um bem precioso e que se tornou imprescindível face ao imediatismo típico das nossas sociedades e a própria educação e formação, não apenas das pessoas como da própria consciência coletiva, encontra na Web 2.0 conceitos para que as transformações sociais continuem a ocorrer de forma fluída e responsável. Vivemos um contexto de mobilização para as causas sociais com base na participação e na interatividade, principais recursos no sentido da mobilização de todos os que se preocupam com os assuntos que a todos também dizem respeito. São disso exemplo os casos citados no âmbito dos OP’s, hoje disseminados um pouco por todo o mundo.

Uma das vantagens notórias da implementação de iniciativas com base na Web 2.0 é que os encargos financeiros necessários para a solução técnica podem ser extremamente baixos ou mesmo inexistentes, pois, de forma global, existe a possibilidade de utilizar ferramentas já disponíveis na Internet, sem que sejam necessários investimentos em infraestruturas. Porém, no sentido de um

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aproveitamento dos efeitos potenciais do uso da Web 2.0, é de extrema importância definir estratégias prevendo o uso das várias ferramentas disponibilizadas, o que possibilita que se possam abrir novos canais participativos entre governantes e governados, levando estes a usufruir de uma capacidade interventiva, que não sendo de todo determinante no processo de decisão, estimularia a ação no sentido colaborativo.

Quanto ao papel que compete às organizações definidoras das políticas públicas, que terão por princípio a obrigação de estabelecer relações de proximidade com os cidadãos, divulgando ações cívicas e de caráter político inerentes à governação, ele poderá desenvolver-se no contexto de uma relação dialogante entre os órgãos do Estado e os cidadãos, realçando-se que este processo de comunicação pública institucional deveria tender a assumir um papel proativo em prol do interesse coletivo, criando um fluxo comunicativo entre as instituições e a sociedade, manifestando abertura à participação dos cidadãos. Enquanto a comunicação governamental existe no sentido da prestação de contas por parte do Estado, a comunicação política serviria para a abordagem de temas políticos. Já quanto à comunicação pública esta diz respeito à interação e ao fluxo de informação relacionados com assuntos do interesse coletivo, logo a participação, a transparência, o diálogo e o interesse público são alguns de seus requisitos, no sentido de contribuir decisivamente para a uma cidadania ativa e para o fortalecimento da democracia.

A emergência da SI em Portugal vem na linha e usufruiu das vantagens de um processo de globalização que permitiu a redefinição do espaço público tendo a Internet ampliado a sua esfera de ação através da implementação de um conjunto de ferramentas amigas do interesse público e das sociedades, como já era descrito na Tabela 1. O mundo já não vive sem a Web e não é possível contornar o seu impacto.134 É neste contexto que se constata que o ambiente Web 2.0, enquanto instrumento de intervenção cívica assumiu-se como de extraordinária importância quer ao nível do exercício das liberdades individuais, quer no âmbito das organizações que podem fazer dessas ferramentas um veículo para abrir à sociedade civil novos espaços de debate e de partilha de experiências com vista não apenas à melhoria do debate público, como na procura das melhores soluções, seja à escala local ou em contexto global.

Vindos do fórmulas profundamente burocratizadas, que caraterizaram as últimas décadas, esperam os cidadãos poderem as ferramentas digitais reunir a capacidade, fiabilidade e eficácia que permitam rapidez e flexibilidade nos procedimentos, uma diminuição dos tempos de resposta às solicitações, um

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acréscimo de autonomia e uma mais eficaz gestão da informação e da comunicação por parte da Administração Pública.

Assim como a tecnologia tem a capacidade de fazer deslocar o poder e a política, igualmente se poderá arrogar de se situar no centro das preocupações políticas.

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