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A Estratégia 2020 e a Agenda Digital para a Europa

CAPÍTULO 2 – OS IMPACTOS NA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO

2.4 A Estratégia 2020 e a Agenda Digital para a Europa

Em 2010 a Comissão Europeia lançou a estratégia Europa 202078, (Figura 10), apontando-a no sentido da procura de soluções para a saída da crise e da preparação da economia da UE para os desafios da década seguinte e a Agenda

Figura 10 – Estratégia Europa 202079

Digital para a Europa80 (Figura 11), que incorporava a estratégia Europa 2020, veio realçar o papel que a utilização das TIC deveria desempenhar, caso a EU ambicionasse ver as suas propostas para 2020 concretizadas.

Esta agenda definia um roteiro no sentido de maximizar o potencial social e económico das TIC, com destaque para a Internet, um recurso considerado fundamental nas atividades económica e social, como sejam os negócios, o trabalho, o lazer, a comunicação e a livre expressão das ideias dos cidadãos europeus. Ao lançar a Estratégia Europa 2020 e no sentido de relacionar, numa perspetiva de interação, conceitos como administração pública, cidadania e mediação tecnológica, procurando estratégias que servissem de agentes

78 Documento síntese disponível em http://ec.europa.eu/information_society/digital-agenda/index_en.htm

(Consultado em 2011-05-20)

79 Fonte URL http://www.dges.mctes.pt/DGES/pt/Reconhecimento/Uni%C3%A3o+Europeia/

Estrat%C3%A9gia+Europa+2020/ (Consultado em 2012-11-02)

80 A Agenda Digital baseia-se nos resultados de amplas consultas, em particular sobre os elementos constantes

do Relatório de 2009 sobre a competitividade da Europa em matéria digital - COM (2009), na consulta pública lançada pela Comissão em 2009 sobre as futuras prioridades das TIC, nas conclusões do Conselho TTE de dezembro de 2009, na consulta sobre a estratégia Europa 2020 e na contribuição da ICT IndustryPartnership

para a estratégia respeitante à Europa digital da Presidência espanhola (2015.eu), o relatório de iniciativa do Parlamento Europeu sobre essa estratégia e a declaração acordada na reunião ministerial informal que teve lugar em Granada, em abril de 2010.

Todos estes documentos e iniciativas estão disponíveis no url http://ec.europa.eu/information_society /digital- agenda/index_en.htm (Consultado em 2011-05-20).

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facilitadores nesse relacionamento e que conduzissem à produção de conhecimento na área da democracia digital, a CE identificava áreas fundamentais

Figura 11 – Agenda Digital para a Europa81

para a intervenção como as que se relacionam com o crescimento inteligente para a promoção do conhecimento, como a inovação, a educação e a sociedade digital. A Agenda Digital para a Europa consistiu numa estratégia da UE para o crescimento da economia digital europeia até 2020, definindo políticas e ações que pudessem vir a maximizar a ‘revolução digital’ para todos e no seu lançamento a CE atribuía como objetivo geral da Agenda Digital, extrair benefícios económicos e sociais sustentáveis de um mercado único digital, com base na Internet rápida e ultra-rápida e em aplicações inter-operáveis. A crise económica e financeira, que ainda vai produzindo efeitos em Portugal, teria, segundo aquela Entidade, deitado por terra anos de progresso económico e social, tendo posto a descoberto as debilidades estruturais da economia europeia e o principal objetivo que se colocaria aos europeus resumia-se a três opções: “trabalhar mais, trabalhar mais tempo ou trabalhar de um modo mais inteligente”.

A Agenda Digital veio então formular propostas de ação, que a serem implementadas colocariam a Europa na rota de um crescimento inteligente, sustentável e inclusivo, propostas que preparariam as transformações de mais longo prazo decorrentes de uma sociedade cada vez mais ‘digital’ e ‘inteligente’ e através do estabelecimento de pontes entre os Estados da EU e os cidadãos. Este programa assumiu objetivos específicos, no sentido de virem a contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos europeus, produzindo um impacto diferenciado

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consoante as características sociais, esfera de interesses e atividade económica dos cidadãos. Refira-se a promoção de um mercado único digital que permitisse aos consumidores o livre acesso à generalidade dos serviços digitais, a garantia de um acesso ultra-rápido à Internet, capaz de fomentar uma maior utilização das ferramentas digitais em todas as áreas, o desenvolvimento e atualização das competências digitais de todos os cidadãos europeus, de modo a garantir que estes pudessem participar plenamente na sociedade digital e no mercado de trabalho, o reforço da utilização das tecnologias digitais no domínio dos cuidados de saúde, melhorando o alcance e a qualidade dos serviços prestados aos cidadãos, o estímulo à disseminação de soluções de governo eletrónico, a criação e consumo de conteúdos culturais mediante a utilização de ferramentas que não só aumentariam a divulgação e a distribuição desses conteúdos, como garantiriam uma proteção adequada aos respetivos autores, a garantia de uma maior segurança em linha, em particular para os utilizadores mais vulneráveis e o reforço da coesão regional através da difusão do acesso à Internet em todo o território europeu, abrangendo as comunidades rurais e remotas82.

Da iniciativa Agenda Digital para a Europa foi transposta para o espaço português, em novembro de 2010, a Agenda Digital 2015, reformulada em 2012 como nova Agenda Digital nacional – Portugal Digital – anunciada como um contributo para o desenvolvimento da Economia Digital e da Sociedade do Conhecimento, preparando, segundo o governo, o país para um novo modelo de atividade económica, centrado na inovação e no conhecimento, tendo como base a disponibilização de novos produtos e serviços de maior valor acrescentado, direcionados para os mercados internacionais. A Agenda Portugal Digital previa um forte envolvimento do sector privado, em especial do sector das Tecnologias de Informação e Comunicação, contemplando seis áreas de intervenção: o acesso à banda larga e ao mercado digital; investimento em Investigação e Desenvolvimento (I&D) e Inovação; melhorar a literacia, qualificação e inclusão digitais; combater a fraude e a evasão fiscais, contributivas e prestacionais; responder aos desafios da sociedade e investir no empreendedorismo e na internacionalização do setor das TIC (Figura 12).

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Figura 12 – Agenda Portugal Digital83

De grande relevância neste contexto foi a implementação, em fevereiro de 2013, do projeto ‘Diálogos com os Cidadãos’, uma série de debates públicos lançados pela Comissão Europeia com o objetivo de aproximar as instituições europeias dos cidadãos, encorajando-os a envolverem-se mais nos assuntos europeus. Os debates foram organizados por ocasião do Ano Europeu dos Cidadãos 2013, apostando na criação de bases para o estabelecimento de pontes entre os Estados e os cidadãos das países da EU, que se poderão traduzir em reais convites à participação ativa em diferentes níveis e áreas de intervenção. A propósito e no âmbito desta iniciativa, a Vice-Presidente da Comissão Europeia, Viviane Reding, participou em Coimbra, no dia 22 de fevereiro de 2013 num debate sobre as suas expectativas quanto ao futuro numa ação que decorreu na Universidade de Coimbra, durante duas horas, tendo sido estabelecidas ligações vídeo aos Açores, a Aveiro e a Esch-sur-Alzette, no Luxemburgo e abordados temas como a crise económica e o seu impacto na vida quotidiana das pessoas, os direitos dos cidadãos da EU e o futuro da União, debate que foi difundido em direto através da Internet e aberto à participação através do Twitter.

Foi com recurso aos ambientes digitais que, quer ao nível das instâncias comunitárias, quer dos governos nacionais, foram adotadas novas estratégias que permitiriam uma aceleração no sentido das tecnologias emergentes e da apropriação social do conhecimento e da informação de alcance global por parte dos cidadãos. No caso português e admitindo opinião diferente, surgiram oportunidades para a realização de pessoas e organizações, baseadas na criação e no benefício social decorrente do novo conhecimento em áreas com elevado potencial, ou através da expansão e do reforço das redes colaborativas. Estimulou- se a produtividade, a criatividade e a excelência e fomentou-se a internacionalização e a transferência do conhecimento em sede da SI e da SC, com resultados que o futuro irá determinar.

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Retira-se deste enquadramento continuarem a assumir as TIC um papel privilegiado entre os poderes e os cidadãos, um papel-chave nas relações sociais e nas políticas contemporâneas, onde a Internet chama a si uma influência determinante nos processos políticos e sociais, incrementando o interesse generalizado na sua utilização.